Entenda a relação entre a 1ª Guerra Mundial e as Revoluções Russas

03/05/2022 às 08:003 min de leitura

As Guerras Mundiais estão entre os eventos mais importantes da história mundial, assim como as Revoluções Russas. Mas você sabia que esses eventos estão intimamente ligados — e, sem um, os outros talvez não tivessem acontecido?

Pois é! Para começar, é essencial entender que é mais correto falar de "Revoluções Russas", no plural. Isso porque há pelo menos três levantes que merecem destaque na história do país, nas primeiras décadas do século XX.

O primeiro, em 1905, ocorreu depois das derrotas acachapantes do Império Russo — até então uma potência militar —, na guerra com o Japão. Nessa época, o país estava se modernizando e começando sua industrialização, muito depois de outras potências europeias. Com isso, existia uma classe operária urbana maior para reclamar por direitos.

Além disso, a monarquia czarista estava em decadência, com líderes que não tinham prestígio, mas não abriam mão do poder, bem como denúncias de corrupção e má gestão. A Rússia foi o último país do continente a deixar de uma ser monarquia absolutista, com a criação da primeira constituição e do primeiro parlamento, a Duma, em 1906.

Manifestações em 1905 abriram caminho para as Revoluções Russas de 1917Manifestações em 1905 abriram caminho para as Revoluções Russas de 1917

Decadência sem fim

Os levantes que acabamos de relatar acontecem bem antes da Primeira Guerra Mundial, que tem início em 1914. Mas eles é que abrem caminho para as Revoluções de 1917 — em meio ao conflito e intimamente ligado a ele. 

Em resumo: o Império Russo já era impopular e, ainda por cima, resolveu entrar em uma guerra sem muito preparo para isso. Logo nos primeiros meses, o exército já sofreria derrotas colossais, como na Batalha de Tannenberg, quando os russos tiveram mais de 30 mil baixas — ainda que seu contingente fosse maior. 

Nos anos seguintes, a situação piorou cada vez mais. Com a industrialização tardia, o Império Russo tinha armas antiquadas e pouca competência logística. Assim, faltava de tudo nos frontes de batalha e milhares de soldados morriam a cada derrota.

Culpando seus generais pelos sucessivos fracassos na Guerra Mundial, Nicolau resolve entrar pessoalmente no conflito, comandando os exércitos russos. É a última pá de cal na monarquia.

O czar Nicolau II entrou na Guerra, mas só piorou as coisas (Imagem: Wikimedia Commons)O czar Nicolau II entrou na Guerra, mas só piorou as coisas (Imagem: Wikimedia Commons)

Da guerra às revoluções

Nicolau se achava um grande estrategista militar e tinha absoluta convicção de seu direito de governar o Império Russo — afinal, ele era o czar! Isso estava totalmente distante da realidade do país, na época. Com novas derrotas, não havia mais ninguém que ele pudesse culpar pelo fracasso do exército e sua popularidade só diminuía. 

Enquanto estava no fronte, Nicolau deixou a czarina Alexandra em seu lugar, no governo. Ela tinha origem alemã (país inimigo da Rússia na guerra) e sofria muita influência de um místico, Grigori Rasputin — odiado e considerado um charlatão, por muitos. 

Além disso, pesava bastante para a população as baixas na Guerra — que já somavam milhões de mortes — e falta de alimento nas grandes cidades. Não que a produção tivesse diminuído: o desastre na logística e a má gestão financeira é que faziam os russos passarem fome. 

Em março de 1917 (ou fevereiro, segundo o calendário usado pelo país na época), a população chega num limite. Milhares de mulheres saem às ruas para protestar contra a fome, pedir o fim da guerra e a renúncia do czar. Grande parte dos soldados enviados para conter os protestos resolve se juntar a eles. É a primeira Revolução Russa de 1917.

Protestos eclodiram nas cidades russas, em 1917, estimulados pelo fracasso na Guerra (Imagem: Wikimedia Commons)Protestos eclodiram nas cidades russas, em 1917, estimulados pelo fracasso na Guerra (Imagem: Wikimedia Commons)

O fim do Império Russo

Em meio às tensões, a elite russa e os parlamentares da Duma aconselham o czar Nicolau a abdicar do trono. Ele aceita fazer nisso a contragosto, segundo historiadores, entregando seu posto ao irmão, Michael. Só que este não quis ascender ao trono. 

Então, instalou-se uma crise, onde existiam dois governos na Rússia: o "Governo Provisório", dos liberais da Duma, e o Soviete de Petrogrado, liderado por socialistas que se organizavam desde os primeiros levantes, no início do século. Um governo não confiava no outro e os dois discordavam em um ponto importante: a Guerra.

Os sovietes exigiam a saída imediata da Rússia da Primeira Guerra Mundial. E isso motivou os alemães a darem uma "ajudinha" para esse lado do conflito: eles enviaram Vladimir Lenin, que estava exilado na Suíça, de volta para a Rússia. Lá, em outubro de 1917 (novembro, pelo nosso calendário), ele liderou a segunda Revolução — que daria poder aos sovietes.

Ainda naquele ano, a Rússia assinaria um armistício com a Alemanha. Mas isso não significou a paz no novo país, que ainda enfrentaria uma Guerra Civil pelos próximos anos — até que, já em 1922, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) fosse instaurada.

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