Ciência
27/04/2024 às 19:00•2 min de leituraAtualizado em 27/04/2024 às 19:00
Pesquisadores italianos afirmam ter achado o local exato em que o filósofo Platão foi enterrado, resolvendo um mistério que durava vários séculos. A descoberta foi anunciada no dia 23 de abril pelo papirologista da Universidade de Pisa (Itália), Graziano Ranocchia, líder da equipe.
As informações sobre a área em que fica a sepultura do famoso filósofo e matemático grego foram identificadas em papiros encontrados no sítio arqueológico de Herculano. Assim como a vizinha Pompeia, a antiga cidade romana foi destruída pela erupção do Vesúvio, ocorrida no ano 79 d.C.
Os documentos em questão faziam parte de um conjunto composto por mais de 1,8 mil rolos de pergaminhos localizados nas ruínas da Vila dos Papiros, no século XVIII. Acredita-se que esta vila tenha pertencido ao sogro do imperador Júlio Cesar e abrigava uma extensa biblioteca na época da tragédia provocada pelo vulcão.
Decifrar os pergaminhos carbonizados pelas cinzas vulcânicas era uma tarefa complicada de realizar. No entanto, Ranocchia e seus colegas contaram com a ajuda da inteligência artificial e outras soluções avançadas para transcrever parte do conteúdo dos documentos, trabalho que já revelou detalhes antes indisponíveis sobre Platão.
Até então, especialistas sugeriam que o local de descanso final de um dos maiores pensadores da antiguidade era em alguma parte da antiga Academia de Platão, no subúrbio de Atenas, apontada como a primeira universidade ocidental. Mas não se sabia a localização exata do túmulo.
Segundo o papirologista responsável por decifrar os documentos recuperados de Herculano, a sepultura está localizada em um jardim privado da Academia. Ela fica nas proximidades do espaço sagrado dedicado às musas da mitologia grega, também chamado de Museion.
A Academia de Platão começou a funcionar em 386 a.C. e foi o lar de diversos intelectuais, como Aristóteles e Heráclides. A velha escola acabou destruída pelo ditador romano Sula em 86 a.C., quando ele invadiu e conquistou a capital grega.
Além de informações sobre o enterro de Platão, os pergaminhos guardam outros detalhes a respeito da sua vida. Os pesquisadores descobriram, por exemplo, que o filósofo foi vendido como escravo em 399 a.C. ou 404 a.C., durante a conquista de Egina pelos espartanos, e não em 387 a.C. como se supunha anteriormente.
No momento, apenas 30% do texto dos papiros foram decifrados pelos pesquisadores, que esperam solucionar ainda mais mistérios a respeito do filósofo e da época em que ele viveu. O trabalho de análise dos documentos carbonizados começou em 2021 e deve ser concluído até 2026.