Ciência
08/08/2022 às 09:00•3 min de leitura
“Alguém de seu status prestará atenção aos sonhos de uma mulher e aos presságios de homens tolos?”. A pergunta do general e político Decimus Junius Brutus Albinus a Caio Júlio César nada tinha de ironia. Era parte de um plano de conspiração que terminaria com a morte do líder máximo dos romanos.
Estátua de Júlio César (Fonte: Gettyimages)
César considerava Brutus um amigo, afinal, era um militar de sua confiança e companheiro de armas. Então, o chefe romano não viu mal nenhum na indiscrição do homem.
Na manhã do dia 15 de março de 44 a.C. o Senado estava em sessão. Os políticos aguardavam ansiosamente a presença César na reunião. Mas ele decidiu não ir supostamente devido a problemas de saúde. No entanto, a real motivação foi uma série de maus presságios que perturbaram sua esposa, Calpúrnia.
A pergunta estratégica de Brutus e sua insistência convenceu César a deixar de lado os pressentimentos da esposa e a comparecer à sessão do Senado, mesmo que fosse para anunciar seu adiamento.
(Fonte: Wikipedia/ Reprodução)
O que César não sabia, é que cerca de 60 conspiradores o esperavam na sala de reuniões no Teatro Pompeu, onde atualmente fica o Largo di Torre Argentina, em Roma, com adagas escondidas sob as vestes. Brutus sabia de tudo o que estava por vir, afinal, era um dos líderes da trama assassina.
Ao longo de sua vida, Júlio César teve vários títulos, como Cônsul Vitalício, Censor Vitalício, Ditador Perpétuo e até Pontífice Máximo. Ganhou fama e consolidou seu poder por meio de várias campanhas e conquistas, incluindo incursões na África, Egito (teve um filho com Cleópatra) e Espanha.
A morte de César no Teatro Pompeu. (Fonte: Wikipedia/ Reprodução)
Seu plano de unificação envolvia acabar com a república e instaurar uma monarquia. À medida que assumia sucessivamente o consulado, ampliava seus poderes em direção ao que desejava.
Contudo, quando ele se declarou ditador perpétuo, tanto seus inimigos quanto seus aliados ficaram preocupados: algo deveria ser feito para parar o ditador.
Lúcio Tílio Cimbro, que havia apoiado César em uma guerra civil, se aproximou da cadeira dourada onde estava sentado o líder romano para falar com ele. As relações entre ambos estavam azedas, sendo que pioraram depois que o líder exilou o irmão do senador.
O Assassinato de César por Karl von Piloty, 1865. (Fonte: Wikipedia/ Reprodução)
Cimbroe se ajoelhou diante de César antes que a reunião começasse e pediu perdão em nome de seu irmão. Para César, um pedido de clemência não era algo prioritário. Ele ignorou o apelo de Cimbro dizendo ao senador que em outra ocasião consideraria a questão.
Porém, ao se levantar, Tílio Cimbro agarrou a toga de César, chocando não apenas o Ditador Perpétuo, mas muitos dos que estavam presentes. O movimento absurdo e até blasfemo do senador não foi por acaso: ele era um dos conspiradores. E ao agarrar as roupas de César, seja para segurá-lo em sua cadeira ou para deixar seu pescoço mais exposto, estava dando o sinal combinado para o início do assassinato.
O primeiro a dar um passo à frente foi Publius Casca, que tal como Cimbro, era um ex-apoiador de César que ficou desiludido com o estadista. O ditador romano teria chegado a segurar seu braço e Casco gritou por ajuda para seus colegas conspiradores, que cercaram César e começaram a esfaqueá-lo.
(Fonte: Wikipedia/ Reprodução)
Naquele 15 de março de 44 a.C., Júlio César foi perfurado 23 vezes de acordo com o historiador romano Eutrópio. Seus assassinos eram colegas políticos que o ajudaram a moldar a política e o governo de Roma, sem contar aqueles que podiam ser considerados amigos.
Reza a lenda que a última frase de César foi um simples questionamento “Et tu, Brute?”, expressão que significa "até tu, Brutus?" ou “e tu, Brutus?”. Aqui, ele se referia ao seu sobrinho, Marcus Junius Brutus, que além de ter laços de sangue, também era filho adotivo do ditador e um dos assassinos.
Júlio César foi cremado diante de uma multidão que colocou fogo em revolta no fórum romano e seus arredores. No local de cremação, foi erguido posteriormente um templo do qual, hoje, sobrou apenas o altar, que pode ainda ser visitado em Roma.
Com a morte de César, uma longa série de guerras civis provocaram o fim da República Romana e o nascimento do Império Romano. O primeiro imperador dessa nova era foi o sobrinho-neto de César, Otaviano Augusto, outro familiar que havia sido adotado pelo ex-ditador romano.