Ciência
09/06/2018 às 08:00•2 min de leitura
Se você é do tipo que já começa a tremer só de pensar em fazer a consulta periódica com o odontologista, está na hora de tomar coragem antes de agendar. Caso contrário, seus dentes podem estar em risco.
Não que eles sejam psicopatas malucos que querem sair mexendo na sua boca sem permissão, nada disso. É que agora temos evidências científicas de que esses profissionais — assim como todos os seres humanos — são influenciados diretamente pelas sensações de quem convive com eles. Quando estamos vivenciando determinadas emoções, nosso corpo emite odores específicos que são sentidos pelos outros.
E o que isso tem a ver com os dentistas especificamente? É que a pesquisadora italiana Valentina Parma, da SISSA (Escola Internacional de Estudos Avançados de Trieste), investigou a categoria para entender o impacto da ansiedade das pessoas sob os procedimentos, já que odontologistas realmente dão nos nervos de muita gente.
Ela utilizou uma metodologia bastante inusitada, mas que ajudou a relacionar os odores do corpo dos pacientes ao índice de erros dos profissionais.
Depois de selecionar 24 pacientes voluntários, todos estudantes de universidade, a pesquisadora pediu que eles entregassem aos cientistas duas camisetas — uma usada durante um exame estressante, e outra no decorrer de uma palestra calma.
As peças de roupa foram molhadas com um produto que mascara odor e apresentadas a alunos de Odontologia, que disseram não saber distinguir quais haviam sido usadas em situações tensas e quais não.
Depois, o grupo de futuros dentistas fez procedimentos testes em manequins usando as roupas. Curiosamente, o desempenho deles foi significativamente pior quando estavam "atendendo" os bonecos que vestiam as blusas impregnadas com o cheiro do medo.
Isso levou os investigadores a perceberem que, embora não consigamos sentir fisicamente odores específicos relacionados ao medo, algo no nosso corpo acaba sendo influenciado diretamente pela ansiedade e pelo nervosismo alheios, provavelmente por causa de alguma molécula envolvida nessa troca hormonal.
Agora, os pesquisadores devem avançar com o estudo, com o objetivo de analisar se o impacto é o mesmo em profissionais já experientes e avaliar outras áreas, como as consultas médicas.
Com essa descoberta, fica evidente que é preciso encarar a cadeira do consultório com segurança para garantir o sucesso dos procedimentos. Mas como superar o medo do dentista?
Tomar um bom banho e passar perfume antes de ir ao dentista seria uma solução? Na verdade, isso não vai necessariamente resolver o problema, já que no próprio estudo as roupas foram submetidas a um spray antiodor e, mesmo assim, os estudantes foram afetados. E a cientista também não vislumbra a possibilidade de desenvolver um desodorante antiestresse ou algo do gênero — embora fosse uma boa ideia, não é?
A solução continua sendo a clássica: respirar fundo, controlar a ansiedade e confiar no profissional que você escolheu para cuidar da sua saúde bucal. Com sorte, ele terá mãos firmes e não vai se influenciar pelo seu nervosismo.
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