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10/03/2021 às 03:00•3 min de leitura
A questão de quem é mais inteligente, se o homem ou a mulher, é imensamente colocada. Contudo, na minha opinião devemos antes perguntar quais as diferenças ao nível cerebral entre um e outro, pois essas são reais.
Começando pelos padrões de conexões entre os neurônios, há diferença entre os dois gêneros, sendo que os homens têm cerca de 30% mais conexões entre os neurônios. Por outro lado, o cérebro das mulheres é menor do que dos homens em cerca de 12%, mas isso não define a inteligência como um todo. O fluxo sanguíneo e a proporção de substância cinzenta das mulheres são mais avantajados.
Outra diferença a considerar é que as mulheres têm maior densidade de neurônios nas regiões relacionadas à linguagem enquanto que nos homens esta maior densidade verifica-se na região da lógica e espacial. Quando a mulher fala, os dois lados do lobo frontal são ativados, já no homem apenas o lado esquerdo.
Podemos ainda observar que o hipocampo (região relacionada a memória) das mulheres é maior do que dos homens, já a amígdala (reguladora das emoções e memórias relacionadas a emoção, comportamentos sociais e excitação sexual) é menor em cerca de 10%. Mas nenhum estudo define que o tamanho da amígdala está relacionado ao homem ser mais agressivo e impulsivo, estando isso mais relacionado ao hormônio, no caso do homem a testosterona. Na mulher o estrógeno a faz mais delicada. Mas essas condições comportamentais também estão relacionadas com quantidade de testosterona recebida no útero por parte da mulher.
A principal diferença entre os dois gêneros, no entanto, é o cromossomo Y, que afeta a anatomia e comportamento.
Embora essa seja a pergunta que todos fazem, não podemos responder de forma tão leviana e pragmática. Não há o mais inteligente até porque QI varia entre cada indivíduo — você pode ter uma mulher com o QI lógico maior que de um homem mesmo quando, normalmente, os homens possuem a região da lógica melhor desenvolvida. As mulheres têm conexões mais abundantes entre os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, e os homens têm melhores conexões dentro de cada hemisfério.
Podemos dizer que o homem tem a região da lógica mais bem desenvolvida e a mulher tem um melhor desenvolvimento cognitivo. Ambos estão relacionados à inteligência. Eles têm a percepção do todo e elas são melhores em observar os detalhes.
Essa discussão, porém, já não cabe mais nos dias de hoje. Por mais que a sociedade busque motivos para tentar comparar, seja para uma tentativa real de igualdade ou para um aproveitamento de uma possível desigualdade como argumento, já é claro que as profissões estão de acordo com as facilitações intelectuais assim como desenvolvimento e adaptação para inclusão.
Os hormônios foram responsáveis por um domínio masculino em quase todo período evolutivo humano, mas a evolução do hormônio também está relacionada ao processo evolutivo, assim como nosso cérebro. De acordo com a evolução e desenvolvimento intelectual, finalmente estamos chegando a uma nova transformação, onde ambas inteligências se integram para uma nova evolução cujo resultado apenas supomos, mas mediante a nossa lógica atual, num córtex pré-frontal mais bem desenvolvido, podemos dizer que é necessária.
O mais forte se determinou na evolução, mas a definição de forte em músculos não define o forte no emocional, como não define o mantenimento da espécie. Nossa sobrevivência é um resultado desta “parceria" homem e mulher e nos “encaixes” da inteligência e personalidade, e assim vamos nos moldando de acordo com essa evolução e seu tempo.
As diferenças nos cérebros e na produção de hormônios determinam as distinções comportamentais, assim como hábitos, personalidades e funções de cada gênero na sociedade. A plasticidade cerebral e as nuances relacionadas às variações na condição intelectual e produção hormonal deixam a caracterização dessas diferenças dos gêneros de acordo com o indivíduo, diluindo assim a diferença e determinando-a de forma singular independentemente do gênero.
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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University; Mestre em psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio, Unesco; Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal; Três Pós-Graduações em neurociência; cognitiva, infantil, inteligência artificial, Pós-Graduação em Psicologia Existencial e Antropologia, todas pela Faveni do Brasil; Especialização em Propriedade Elétrica dos Neurônios em Harvard, Neurociência Geral em Harvard; Especialista em Nutrição Clínica pela TrainingHouse de Portugal; Idealismo Filosófico e Visões do Mundo – Universidade Autônoma de Madrid, Introdução à Filosofia da Passagens Escola de Filosofia, História de La Ética pela Universidad Carlos III de Madrid, MBA em Psicologia Positiva – Autorrealização, Propósito e Sentido de Vida – PUC RS.