Ciência
23/07/2021 às 09:30•3 min de leitura
As Olimpíadas de Tóquio 2020 (que mesmo acontecendo em 2021 ainda mantêm o 2020 no nome) começam oficialmente nesta sexta, 23 de julho. Logo, mais de 11 mil atletas, de cerca de 200 países, já estão na capital japonesa para participar de competições em 46 modalidades diferentes.
Quase todos os esportes demandam algum equipamento, mas apenas um depende do auxílio de um animal: o hipismo (e o pentatlo moderno, é claro, que é um conjunto de esportes que inclui o hipismo). Nesse contexto, como é a preparação dos cavalos? Eles também são atletas? E o mais importante: eles também ganham medalha?
O cavalo Baloubet du Rouet, de Rodrigo Pessoa, trouxe um ouro para o Brasil em Atenas 2004.
Sim, os cavalos que competem no hipismo olímpico recebem até mais preparação do que os atletas humanos. Para começar, eles são criados para o esporte desde antes de nascer, com seleção genética de cavalos para competição: aqueles que descendem de linhagens vencedoras tendem a ser melhores.
Os futuros campeões recebem todo o suporte para crescerem bem desde quando são potrinhos, com alimentação especial e outros cuidados. Porém, eles só começam a competir mesmo quando chegam aos 8 ou 9 anos (que é a idade mínima aceita nas Olimpíadas). Antes disso, eles são adestrados e aprendem a saltar.
Os cavalos costumam competir em alto nível por um tempo entre 10 e 15 anos, quando são aposentados — e alguns continuam trabalhando como reprodutores.
Um pequeno vencedor em formação. (Imagem: Cavalus/Reprodução)
Assim como os atletas humanos, os cavalos também precisam de treinos físicos e muito cuidado com a alimentação. Portanto, os veterinários montam uma dieta específica para cada um dos animais, com rações que tenham a quantidade certa de proteína, gordura e energia — já que cada animal tem as próprias demandas. Eles também tomam suplementos de vitaminas, proteínas etc.
Desse modo, os treinos físicos também dependem de cada cavalo e cavaleiro. O brasileiro Marlon Zanotelli contou à Globo Rural que seu cavalo, Edgar, faz passeios matinais na floresta e almoça todos os dias às 12h30, sendo montado no fim do dia. É importante praticar os saltos e as outras rotinas que o cavalo precisará realizar durante as provas.
A estrela do hipismo brasileiro, Edgar, e o seu humano, Marlon Zanotelli, podem trazer medalha para o Brasil. (Imagem: Folha de São Paulo/Reprodução)
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Marlon conta que o cavalo Edgar é peça-chave em seu desempenho nas Olimpíadas: foi com ele que o cavaleiro começou a se destacar em competições. Como o cavalo era de um haras, o atleta brasileiro tinha medo que ele fosse vendido e Marlon tivesse que ir para Tóquio sem o companheiro. Porém, no início do ano, um empresário holandês amigo adquiriu Edgar e o cedeu para Marlon.
A jornada do grande atleta de quatro patas para Tóquio não é fácil. Edgar vive na Bélgica e vai até a Alemanha de caminhão, onde cumpre quarentena (contra doenças equinas) e permanece treinando. Depois, encara a viagem de avião até Tóquio, sempre acompanhado por tratadores e veterinários. Segundo Marlon, Edgar é um cavalo experiente e já viajou bastante, por isso não fica estressado no avião.
Esperamos que a dupla traga uma medalha para nosso país em Tóquio, nas disputas que começam no próximo sábado. E sim! Os cavalos também recebem reconhecimento oficial por seu desempenho no hipismo: não é uma medalha, de fato, mas uma fita bem bonita das Olimpíadas.
Um grande atleta de quatro patas com sua fita de bronze, dos jogos do Rio. (Imagem: US Equestrian/Twitter)