Por que o Brasil não aguentaria uma guerra?

04/08/2021 às 06:142 min de leitura

Em uma entrevista de 2012, o Exército brasileiro declarou que eles usam fuzis do modelo FAL, fabricado pela empresa brasileira Imbel, que têm mais de 45 anos de uso. Além disso, mais de 120 mil peças de artilharia do arsenal militar já têm cerca de 30 anos de uso.

Com 92% dos equipamentos de comunicação obsoletos, dos quais 87% deles estão inutilizáveis, o Exército tem munição para apenas uma hora de guerra, conforme informou o general da reserva Maynard Marques de Santa Rosa, ex-secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa.

“Nossa artilharia, carros de combate e grande parte do armamento foram comprados nas décadas de 1970 e 1980”, declarou o general Carlos Alberto Pinto Silva, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter). “Existe a ideia errônea de que não há ameaça, mas se ela surgisse, não daria tempo de reagir”.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Para Carlos Alberto, o estado pueril das Forças Armadas é o retrato do quanto o órgão não é valorizado no país. Nos últimos 10 anos, o Brasil investiu apenas 1,5% de seu PIB em defesa, segundo os dados fornecidos pelo Ministério.

A situação do Exército brasileiro em nada se parece com o daquele que lutou na Segunda Guerra Mundial, expulsando as tropas de Adolf Hitler que sobraram no norte da Itália. Em janeiro de 1945, os soldados brasileiros conseguiram dominar as cidades de Massarosa, Camaiore e Monte Prano.

(Fonte: Tecnoblog/Reprodução)(Fonte: Tecnoblog/Reprodução)

O Brasil também participou da Guerra do Paraguai e venceu a Guerra dos Farrapos. Apesar de ter perdido durante a Guerra da Cisplatina, o Brasil desempenhou uma participação fundamental durante a Primeira Guerra Mundial ao enviar médicos para socorrer seus aliados feridos evacuados da frente de batalha.

A Estratégia Nacional de Defesa (END) assinada em 2008, prevendo o reaparelhamento imediato das Forças Armadas do Brasil, não teve muito impacto ao tentar repaginar a instituição para buscar projeção internacional e conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Nove anos após a entrevista dada pelo general Maynard Marques de Santa Rosa, é reconhecido pelos estudiosos de ciência política que a Defesa brasileira precisa ser modernizada, visto que o país ainda não aguentaria nenhum tipo de ataque.

No entanto, todo o investimento que o atual presidente Jair Bolsonaro encaminha para a instituição é destinado exclusivamente para gastos primários (salários, aposentadorias e outros), como ficou claro no documento enviado ao Congresso em 31 de agosto de 2020, com a proposta de R$ 110,7 bilhões — para o Exército brasileiro continuar servindo como fachada.

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