A 'terapia' selvagem que os adolescentes dizem parecer abuso

23/03/2023 às 11:323 min de leitura

Ao visitar os sites das principais organizações que oferecem a chamada "terapia selvagem" nos EUA, é possível que você não veja nada de suspeito. A maioria não deixa em nada a desejar em comparação a uma clínica convencional ou fazendas especializadas em tratamentos de saúde mental. Mas as similaridades parecem acabar por aqui.

Recentemente, os abusos por trás dessas entidades viralizaram graças a uma série de depoimentos de ex-participantes no TikTok. Nas fontes, deste artigo você poderá conferir alguns deles.

Mas a coisa toda não é nova, de alguns anos para cá surgiram até movimentos contando com o apoio de famosos, como Paris Hilton, sobre o que as terapias selvagens, ou na selva, escondiam. E os traumas causados por elas.

Como funciona na teoria

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Na maioria dos casos a terapia selvagem é voltada para jovens problemáticos. Nesse grupo estão inclusos aqueles com problemas com drogas até os que apresentam algum transtorno de saúde mental, como ansiedade ou depressão.

O nome faz uma clara referência aos ambientes onde essas “terapias” acontecem: na selva ou em desertos. A ideia seria ajudar esses jovens com problemas a enfrentarem melhor suas condições por meio de um contato mais direto com a natureza, disciplina e, claro, com a ajuda de profissionais treinados em saúde mental. Para tornar mais efetivo o tratamento, tais jovens também são afastados de dispositivos eletrônicos, como smartphones. O contato com os pais é feito de forma programada e monitorada.

O outro lado da história

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Imagine ser acordado no meio da noite por pessoas estranhas e ser levado para não se sabe onde nem por qual motivo? Parece um sequestro, mas esse é um padrão praticado por boa parte das terapias selvagens. Já nesse momento, é retirado de você tudo o que te conecta com o mundo.

Algumas instalações são um pouco menos dramáticas: você sabe para onde está indo e, teoricamente, o que vai acontecer com você. Contudo, como apontamos no início deste artigo, para parte dos participantes eles saíram piores do que quando entraram nos programas que, aliás, não são nada baratos, considerando que custam uma média de US$10 mil dólares por mês.

Kathleen Reilly tinha 16 anos quando passou pela experiência de ser levada no meio da noite. Segundo a jovem, boa parte do tempo era passado com seu grupo composto de 8 a 12 pessoas em barracas no meio da floresta.

Os participantes eram acompanhados por três funcionários, que não tinham formação alguma em uma área terapêutica e eram os responsáveis pelas atividades diárias.

Em um relato seu para a imprensa dos EUA, Reilly, diz que seu grupo chegou a ficar 17 dias sem banho. A higiene básica, segundo ela, era uma negação constante.

Daniel Stearns compartilhou em seu perfil do TikTok imagens e uma série de observações sobre as experiências as quais foi submetido. Ele relata que, além dos abusos emocionais, eram praticamente forçados a abandonar suas identidades. Em um de seus vídeos, ele conta que um de seus amigos dessa época tinha se suicidado recentemente.

Uma TikToker relatou que ficou ainda mais traumatizada, pois ao chegar ao acampamento, foi obrigada a ficar nua, com os instrutores rindo enquanto ela se despia. Detalhe: a TikToker em questão havia sido vítima de abuso sexual.

Paris Hilton. (Fonte: GettyImages)Paris Hilton. (Fonte: GettyImages)

Paris Hilton está entre as famosas que, também, afirmam ter sofrido abusos em um campo de terapia na selva. De acordo com a atriz, socialite e modelo, nos 11 meses em que esteve em uma dessas instalações quando era adolescente, foi frequentemente abusada física e mentalmente pela equipe. Inclusive, a observavam tomar banho e costumavam puni-la, deixando-a em confinamento completamente nua.

Por fim, fica a questão: se é algo tão problemático (e tão antigo) porque ninguém tomou alguma providência ainda? 

Não existe uma única resposta. Contudo, se observa bastante presente o fato de muitos pais quererem que seus filhos virem “homens e mulheres de verdade” quando, na realidade, precisam é de um psiquiatra. 

Ou apenas desejam se livrar deles de alguma maneira e por consequência, dos problemas que eles carregam. Também estamos falando de uma indústria milionária, muitas vezes, funcionando com o aval de governos estaduais, que por algum estranho motivo fingem não ver os abusos cometidos por “terapeutas” só de nome. 

No vídeo abaixo (inglês), Bhad Bhabie, rapper norte-americana, é outra famosa que conta suas experiências com a terapia na selva:

De alguma forma, esses relatos sobre a terapia na selva lembram muito o tema dos abusos cometidos nos grupos de escotismo nos EUA e contado na série documental Escoteiros: A História Oculta. Ou seja, sabem que existem, mas acham mais fácil esconder e deixar que as vítimas sofram com os danos causados.

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