Saúde/bem-estar
24/04/2023 às 10:00•2 min de leitura
Aqui no Brasil, "atirei o pau no gato" costuma ser apenas uma cantiga e quem realmente fizer mal ao pobre bichano pode ser penalizado por isso. Mas, em uma cidade da Nova Zelândia, os maus tratos contra os gatinhos não apenas foram tolerados, como incentivados.
A comunidade de North Canterbury, na ilha sul do país, organizou uma disputa de quem mata mais gatos... Para crianças! A ideia era que os jovens menores de 14 anos usassem um rifle de pressão para matar o máximo possível de gatinhos. Quem conseguisse o maior número de carcaças levaria o prêmio de 250 dólares neozelandeses — cerca de R$ 775, na cotação de 2023.
É claro que existia uma justificativa "nobre" para isso, pelo menos na visão dos organizadores — o objetivo era angariar recursos para a escola local e diminuir a enorme população de gatos de rua, que frequentemente caça os passarinhos nativos da região. Mas, como os críticos da proposta ponderaram, existem outras maneiras de salvar os pássaros, como castrar os gatos (para que eles não se reproduzam tanto) ou levá-los para dentro de casa, como pets.
Aliás, esse foi um dos principais problemas da proposta: muitas pessoas estavam com medo de que seus gatos de estimação pudessem ser atingidos pelos tiros. Até porque os rifles de pressão usados na competição causam muita dor antes de matar o pobre bichano.
A organização respondeu dizendo que desclassificaria qualquer criança que levasse um gato com microchip. Mas de que adiantaria, se o gatinho já estivesse morto? E, como dito, para que matar todos os gatos de rua de forma tão cruel?
Fonte: GettyImages
A competição de quem mata mais gatos foi organizada no âmbito da Competição de Caça de North Canterbury — que é um absurdo por si só. Com a justificativa de ajudar os passarinhos, os moradores se reúnem para matar todo tipo de animal, de gambás a coelhos.
E isso inclui as crianças, claro. O maior prêmio da competição, além dos 250 dólares para as crianças que matam gatos, é uma picape.
Mas foi só quando a organização incluiu a matança de gatinhos que o caso tomou maiores proporções, virando notícia no mundo todo. Entidades como a SPCA (Sociedade Neo-Zelandesa para a Prevenção da Crueldade com Animais, em tradução livre) fizeram protestos e milhares de críticas nas redes sociais, até que a organização voltou atrás. Não sem se fazer de vítima, afirmando que estava sendo cancelada pelos justiceiros da internet, obviamente.
Antes dessa desistência, contudo, a competição rolou por quatro dias. E o que os donos de gatos mais temiam, aconteceu: uma criança atirou em um gatinho doméstico, que morreu de infecção. O gato era castrado e microchipado, portanto não oferecia risco para os pássaros.
Nos comentários do comunicado de cancelamento (que estão restritos aos seguidores, aliás), há muitas pessoas defendendo a iniciativa, dizendo que os gatos selvagens causam bastante dano à comunidade, aos pássaros e às fazendas... Mas voltamos ao comentário anterior: não há uma maneira melhor de resolver esse problema do que rifles de ar?