Por que os médicos já acreditaram que barbas evitavam doenças?

18/06/2023 às 13:002 min de leitura

A barba possui um longo histórico, já tendo sido considerada desde impura até um traço de divindade. Data dos tempos pré-históricos o cultivo de longas barbas, primeiro para se manter aquecido, depois para se proteger de golpes no rosto – e também como forma de intimidação. Para várias culturas, a barba significou muito, se tornando traço identitário, entrando e saindo de moda várias vezes ao longo dos séculos.

Foi no século XVIII que cresceu a ideia de que o excesso de pelo facial não é saudável ou que pode causar má saúde, fruto da modernização da medicina, uma vez que a barba poderia acumular vários tipos de vetores de doenças.

Por outro lado, em algum momento do século XIX, os médicos vitorianos acreditaram que barbas preveniam doenças!

A tendência "saudável"

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

No início dos anos 1800, a barba era associada a classes trabalhadoras e considerada a alguém que não tinha modos, por isso os homens da elite eram facilmente distinguidos dos trabalhadores braçais. Isso só começou a mudar na segunda metade do século XVIII, durante a era vitoriana.

Os homens começaram a cultivar bigodes, cavanhaques e costeletas de maneira tímida, até que, de repente, até bigodes falsos eram vendidos para aqueles que não queriam esperar crescer um. Foi no século XIX que os pelos faciais ocuparam oficialmente o centro do palco, tornando-se um sinal máximo de classe, sofisticação, moda e até de saúde.

Antes disso, os próprios médicos foram os primeiros a condenarem o uso da barba, alegando que carregava resíduos corporais considerados "nocivos", e que podiam infectar facilmente as pessoas. Além de querer parecer um homem mais elegante e com o mesmo ar de autoridade máxima que os paladinos emoldurados em quadros que estavam lutando nas guerras, os vitorianos seguiam a recomendação dos médicos de que a saúde seria preservada pela cultivação abundante de pelos faciais.

Desviando da sujeira

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Tudo o que o período vitoriano não conheceu foi saúde, quando esgoto corria a céu aberto em cidades abarrotadas de gente, sob uma nuvem de poluição causada pela queima indiscriminada de carvão no sistema fabril.

Adicionado a essa mistura tóxica de fatores, estava a crescente preocupação sobre como os germes funcionavam e viajavam, algo que estava começando a ser estudado naquela época. Uma vez que os médicos sabiam que os problemas de saúde eram transmitidos pelo ar, eles achavam que a barba poderia funcionar como uma espécie de filtro para o ar ruim, impedindo que as doenças chegassem até a pessoa.

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Acreditava-se, então, que uma barba espessa capturaria as impurezas antes que pudessem entrar no corpo. Alguns viam isso como uma forma de impedir infecções ou dores de garganta, por exemplo, especialmente para aqueles que precisavam falar muito em público.

A edição de 1894 do Gloucestershire Notes and Queries, apontou que o condado de Gloucester foi o primeiro na Grã-Bretanha a abraçar a barba e encorajar que outros homens fizessem isso em prol dos benefícios à saúde. A matéria de 23 de janeiro daquele ano trazia um relato de um Sr. William Johnston afirmando que foi induzido pelo seu médico, J.P. Hearne, a deixar a barba crescer para evitar seu problema constante com dores de garganta.

À medida que os homens foram percebendo que pelos faciais em nada impacta positivamente na saúde, as barbas voltaram ao ciclo de ganhar e perder influência e popularidade. E até hoje é assim.

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