Ciência
04/11/2024 às 18:00•3 min de leituraAtualizado em 04/11/2024 às 18:00
Nos últimos 70 anos, as taxas de natalidade caíram no mundo todo. Basta notar que, nos anos 1950, uma mulher costumava ter 5 filhos, mas esse número caiu rapidamente para 2 em poucos anos. Em certos países, como a Sérvia, a natalidade em 2023 era de 1,1.
Embora haja ainda pessoas que ainda tenham muitos filhos (entre elas, celebridades como o empresário Elon Musk, que "encomenda" a sua prole), o fato é que cada vez nasce menos gente. Embora existam alguns movimentos que se dedicam a tentar reverter essa tendência, o fato é que muito provavelmente essas taxas continuarão caindo. A seguir, revelando as possíveis razões dessa queda.
Ter um filho é caro. Quem é pai e mãe provavelmente sabe bem disso, mas o fato é que os próprios serviços de saúde, incluindo os valores do parto no sistema particular, estão cada vez mais altos.
O custo de um nascimento vai crescendo de acordo com sua complexidade. O mais simples é o parto vaginal normal. Mas caso uma cesárea seja necessária (o que acontece em cerca de 30% dos casos), o preço vai subindo.
Há ainda o movimento que estimula a fazer os partos em domicílio para cortar despesas, mas nem sempre é uma opção segura (dados mostram que é duas vezes mais provável que os bebês morram nesse tipo de parto). Além disso, se os pais resolverem contratar uma parteira ou uma doula, o investimento vai aumentando, podendo ficar até mais caro do que tê-lo em uma maternidade.
Em algumas regiões do mundo, como no Reino Unido, registrou-se um aumento de até 50% nas taxas de problemas congênitos de saúde em bebês. Isso acaba acarretando um aumento da mortalidade, uma vez que esses problemas podem apontar a doenças fatais.
Já na América, essa taxa cresceu aproximadamente 10% a cada ano – hoje, cerca de 2,9% dos bebês nascem com algum defeito congênito. Obviamente, nada disso quer dizer que essas crianças não mereçam crescer de maneira digna, mas sim que elas estão mais propensas a falecer na infância, somando-se à queda da taxa de natalidade.
Muitos estudos científicos têm constatado que as mulheres que vivem em áreas muito poluídas acabam tendo menos bebês. Uma pesquisa realizada com 18.000 casais na China descobriu que aquelas que viviam em áreas urbanas densas eram 20% menos capazes de conceber após um ano de tentativas.
Já nos Estados Unidos, um estudo de 2019 que envolveu 632 mulheres descobriu que as que viviam em ambientes com altas concentrações de partículas finas no ar, fenômeno típico em áreas urbanas, perderam seus óvulos e se tornaram inférteis mais cedo na vida.
Os homens também são suscetíveis a danos causados pela poluição. Um estudo feito na Universidade Hebraica de Jerusalém observou uma queda de 2,6% por ano da fertilidade de homens que viviam em áreas mais contaminadas.
Por fim, temos um aspecto cultural: em muitas partes do mundo, aumenta o número de pessoas que simplesmente escolhem não ter filhos. Alguns pesquisadores chamam essa tendência de "movimento antinatalista" e observam que ele tem se tornado cada vez mais popular.
Os dados estatísticos evidenciam isso. Em 2006, havia 9 milhões de mulheres adultas sem filhos em idade fértil nos Estados Unidos. Já em 2022, o número havia saltado para 21,9 milhões.
Soma-se a isso outros aspectos sócio-econômicos, como a decisão de muitas mulheres de priorizar suas carreiras para depois pensar em filhos. Só que, quando a mulher atinge os 40 anos, o risco de sofrer um aborto espontâneo pode crescer até 50%. E tudo isso acaba levando, claro, à diminuição das taxas de natalidade globais.