Ciência
12/05/2024 às 19:00•3 min de leituraAtualizado em 12/05/2024 às 19:00
O conceito de micronação talvez não seja tão claro para todos. Trata-se de regiões do mundo que se autodenominam países, porém um tanto diferentes do que entendemos desse conceito. Esses espaços não são oficialmente Estados reconhecidos, mas desejam ser. A história mostra que esse é um fenômeno global, não restrito a uma área do mundo.
As razões para que um grupo de pessoas decida lutar pela soberania do local em que residem são as mais diversas, e motivam protestos e conflitos onde ocorrem. Enquanto vemos o Comitê Olímpico Internacional (COI) reconhecer territórios como Kosovo, e um plebiscito na Catalunha por sua independência, também podemos rir com outras micronações e suas histórias cômicas.
Dependendo de quem responda, Eastport pode ser um bairro da cidade norte-americana de Annapolis, no estado de Maryland, ou a micronação República Marítima de Eastport. De maneira irônica, os habitantes da região declararam independência em 1988, após o governo local fechar temporariamente a ponte levadiça que ligava o bairro ao restante da cidade.
Desde então, desenvolveram uma bandeira, símbolos e uma "cultura local" alimentada com bastante humor, mas um tanto de ressentimento. Parte desse incômodo surgiu à época que Eastport foi uma cidade independente, entre 1888 e 1951, quando foi anexada por Annapolis.
A República da Molossia já foi conhecida por diferentes nomes, incluindo Províncias Unidas da Utopia. Ela é uma micronação que se autoreivindica um Estado soberano, ainda que possua pouco mais de 44 quilômetros quadrados, na área rural de Dayton, cidade localizada em Nevada.
Fundada em 1998 por Kevin Baugh, Molossia ela é fruto das terras adquiridas por ele. Sem nenhuma razão aparente, além de parecer querer ganhar com o marketing de seu espaço, Baugh administra seu "país" enquanto segue pagando impostos ao estado de Nevada — o que ele chama de "ajuda externa a um governo estrangeiro".
O Principado de Sealand é uma das micronações com histórias mais bizarras que conhecemos. Tudo começou com uma plataforma offshore localizada no Mar do Norte, construída pelos britânicos durante a Segunda Guerra Mundial. Quando a guerra terminou, a estrutura, que era usada para transmissão de rádio, continuou lá sem qualquer vigilância. Por conta disso, alguns operadores de rádios piratas assumiram o local e começaram a usar as máquinas.
Tudo mudou quando, em 1967, um homem chamado Paddy Roy Bates e sua família foram até lá e reivindicaram o local. Por um bom tempo, eles permaneceram na plataforma, resistindo às tentativas da Marinha Real Britânica de retomar o controle da torre.
Só que, em 1987, o Reino Unido estendeu oficialmente o alcance de suas água, e a plataforma deixou de ser offshore, sendo então tecnicamente acoplada ao território britânico. Contudo, os habitantes do local dizem que lá é o Principado de Sealand, e que vivem em uma nação com sua própria soberania.
O curioso é que a plataforma, obviamente, não tem água natural, nem terra arável, mas produzia até pouco tempo os próprios passaportes. Em 2012, Paddy Roy Bates faleceu e seu filho Michael foi "decretado" o presidente do local. E dizem que todos os dias ele ainda recebe pedidos de emissão de passaportes para Sealand.
A República Independente de Naminara compreende uma ilha fluvial em formato de meia-lua localizada em Chuncheon, província de Gangwon, na Coreia do Sul. Ela foi criada em 1944, após a construção da barragem de Cheongpyeong, que conteve parte da correnteza do rio Han do Norte.
Em 1965, a ilha foi comprada por um homem chamado Min Byungdo, que queria transformar um local em um resort de férias. Deu certo por um bom tempo. Até que, em 2001, um homem chamado Kang Woo Hyon assumiu o cargo de CEO da empresa de turismo que comandava a ilha.
Desde então, o sujeito focou sobretudo em eliminar os aspectos do resort que considerava mais "hedonistas", colocando o foco no turismo ambiental mais profundo. Com isso, nascia a chamada República Naminara.
Liderada por Kang, a micronação oferece cursos de reciclagem, monitoramento ambiental e atividades de ecoturismo, além de manter parcerias com a UNESCO e a UNICEF para eventos literários e artísticos. Em 2006, Kang Woo Hyon declarou que a ilha passava a se chamar República Independente de Naminara, e começou a emitir passaportes. Contudo, vale lembrar que, oficialmente, a Coreia do Sul jamais "liberou" a ilha de seu domínio.