Ciência
24/11/2024 às 20:00•2 min de leituraAtualizado em 24/11/2024 às 20:00
Além de alimentar o imaginário das pessoas “normais”, os jatinhos particulares dos ricos e famosos estão também alimentando as emissões anuais de carbono na atmosfera. Uma pesquisa recente mostrou que o CO2 proveniente da aviação privada aumentou 46% entre 2019 e 2023, ou seja, uma poderosa ajudinha no aquecimento global.
Embora não seja surpresa para ninguém que poucas pessoas têm jatinhos particulares, a pesquisa descobriu que só 0,003% da população mundial tem um jato para chamar de seu. No entanto, somente em 2023, essa turminha bombeou 15,6 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, o que é mais do que a produção de países como a Eslovênia ou a Lituânia.
Publicada na revista Communications Earth & Environment, a pesquisa também mostrou a diferença entre um ultrarrico e um cidadão comum: é que o primeiro consegue produzir 500 vezes mais CO2 por ano do que a média dos demais.
As emissões de jatos particulares se revelaram mais “ricas” em CO2 durante grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo da FIFA 2022, no Catar, e , por incrível que pareça, para as negociações climáticas da COP28, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Os 644 voos privados para discutir melhorias no clima global, na COP28, despejaram 4,8 mil toneladas de CO2 na atmosfera.
Outro mito que a pesquisa ajudou a desfazer foi que a maioria dessas viagens é a negócios. Não é. Os picos da aviação privada foram para destinos populares de férias, com viagens ocorrendo nos fins de semana, ou seja, chegadas às sextas-feiras e partidas aos domingos. Para os pesquisadores, "os motivos de viagem são dominados pelo lazer".
Os pesquisadores da Universidade Linnaeus, na Suécia, e da Universidade de Ciências Aplicadas de Munique, na Alemanha, analisaram dados de 18.655.789 voos privados realizados entre 2019 e 2023. Depois, calcularam as emissões de CO2 de cada voo, combinando o consumo de combustível da aeronave com a duração e trajetória do voo.
Um dado perverso da pesquisa é saber que a maior parte da aviação privada no mundo é utilizada por apenas 256 mil pessoas com o "patrimônio líquido ultra-alto", o que significa uma média de US$ 123 milhões e uma riqueza combinada de US$ 31 trilhões, ou um terço do PIB mundial.
Quanto à origem dos jatos, a maioria deles vem dos EUA, que concentram 68,7% dos jatos particulares registrados no mundo. Já o segundo lugar, com 927 aeronaves privadas, vai para o Brasil, vice-campeão mundial em voos de jatinhos e, portanto, segundo maior emissor de CO2 na atmosfera da Terra nessa categoria.