Saúde/bem-estar
03/05/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 03/05/2024 às 10:00
Um impressionante acervo com mais de 400 mil horas de gravações de programas de TV, distribuídas por cerca de 71 mil fitas. É o que acumulou a americana Marion Stokes ao longo de aproximadamente 30 anos.
Nascida em 1929, ela foi bibliotecária, ativista dos direitos civis e produtora de TV. Seu interesse por registrar a programação televisiva começou por volta de 1975, quando ela adquiriu o primeiro gravador de vídeo Betamax para gravar séries, documentários e o noticiário do dia.
Especula-se que Stokes tenha iniciado o trabalho de arquivamento das fitas em 1977, mas foi a partir de 1979 que ela passou a fazer gravações diariamente, 24 horas por dia, até a sua morte em dezembro de 2012. A obsessão pelos registros se aprofundou com a cobertura da crise dos reféns no Irã.
Ela chegou a usar oito televisores, que ficavam ligados o dia inteiro conectados aos gravadores, realizando a troca das fitas Betamax e VHS a cada seis ou oito horas, dependendo da duração, o que exigia adaptações nos compromissos diários. O trabalho teve a participação do marido dela, John Stokes Jr., em vários momentos.
De acordo com o filho de Marion Stokes, Michael Metelits, sua mãe tinha medo que detalhes históricos noticiados na TV desaparecessem para sempre. Por isso, ela decidiu gravar os programas de forma obsessiva, garantindo que todos pudessem ver como uma determinada história foi relatada originalmente, evitando a disseminação de informações falsas.
Mas com o passar do tempo, ela começou a ter problemas com o acervo, pois a coleção não cabia mais em seu apartamento. A solução foi usar o dinheiro arrecadado com o investimento em ações da Apple para comprar nove apartamentos, usados exclusivamente para armazenar as fitas, segundo o All That’s Interesting.
Falando na Maçã, Marion, que era uma acumuladora compulsiva, também tinha obsessão pelos dispositivos da marca mesmo antes de a empresa se tornar gigante. Ela possuía um total de 192 computadores Macintosh, que ficavam armazenados em um depósito climatizado e acabaram vendidos no eBay após a sua morte.
As mais de 71 mil fitas pertencentes a Marion Stokes foram doadas ao projeto Internet Archive, que ficou responsável pela conservação e digitalização do material para disponibilização online gratuita, tarefa que deve durar vários anos. Foram necessários quatro contêineres para transportá-las até a sede da instituição, em São Francisco (EUA).
O documentário Recorder: The Marion Stokes Project foi lançado em 2019 contando um pouco mais sobre a obsessão da arquivista em preservar a história da televisão americana.