Ciência
27/06/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 27/06/2024 às 08:00
Os ataques aos navios no Mar Vermelho, liderados pelos houthis, têm acontecido com frequência desde novembro de 2023, resultando em sequestros e naufrágios de embarcações comerciais e mortes de tripulantes. Até mesmo navios militares como o porta-aviões Eisenhower, dos Estados Unidos, estão na mira do grupo.
Surgido na década de 1990 no Iêmen, o grupo armado responsável por tomar e afundar os navios recebeu o nome em homenagem ao fundador, Hussein al-Houthi. A milícia defende a população muçulmana xiita do país.
Com o apoio do Irã, eles controlam boa parte do território iemenita e se rebelaram contra o governo em 2014, forçando o então presidente, Abdrabbuh Mansour Hadi, a fugir para o exterior. Temendo que o país se tornasse uma área de apoio aos rivais iranianos, a Arábia Saudita formou uma coligação militar para enfrentar os rebeldes.
Os embates entre os dois lados deram início a uma das piores crises humanitárias do mundo, exigindo a intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU) para mediar uma trégua iniciada em 2022, enquanto tentam negociar um acordo de paz.
Os ataques dos houthis no Mar Vermelho têm como objetivo pressionar Israel a colocar fim à guerra na Faixa de Gaza, como afirmou o porta-voz do grupo, Mohammed Abdulsalam, em dezembro. Identificados com a causa palestina, eles passaram a mirar embarcações mercantes ligadas a Israel, que iam ou partiam de lá.
Como Estados Unidos e Reino Unido dispararam ataques ao Iêmen em janeiro, na tentativa de conter as ofensivas dos rebeldes, também se tornaram alvo. Desde então, os membros do movimento começaram a atacar as embarcações americanas e britânicas navegando pela região.
Especialistas acreditam que essas ações contribuem para aumentar a popularidade dos “partidários de Deus” ou Ansar Allah, como o grupo também é conhecido, levando ao recrutamento de mais integrantes. Além disso, forçaria outros países a negociar com os houthis, mesmo que eles não sejam representantes oficiais do Iêmen.
O bloqueio no Mar Vermelho liderado pelo grupo do Iêmen tem gerado sérios prejuízos para as empresas que dependem desta via, responsável por até 15% do comércio marítimo global. Grandes operadores logísticos estão evitando a região com medo dos ataques dos houthis, escolhendo rotas muito mais longas.
Como resultado dos desvios, os custos do transporte aumentaram consideravelmente, assim como os riscos de escassez de produtos, principalmente para o final do ano. Atrasos, cancelamentos de viagens e congestionamentos nos portos de Singapura, Xangai e Barcelona também se tornaram frequentes nos últimos meses.