O homem que viajou do Reino Unido até a Austrália como “encomenda a cobrar”

06/04/2015 às 04:303 min de leitura

Imagine que você se encontra em um país estrangeiro, mas não tem nenhum dinheiro para voltar para casa. O que você faria? Pois em meados da década de 60, o atleta australiano Reg Spiers se viu nessa mesma situação, e a solução que ele encontrou para ir embora foi, como mínimo, inusitada.

Azar olímpico

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De acordo com Jason Caffrey da BBC, Reg era um promissor atirador de dardos do time australiano, e havia ido até Londres para se recuperar de uma lesão antes de competir nas Olimpíadas de Tóquio de 1964. Contudo, logo ficou claro que o atleta não conseguiria se restabelecer a tempo e, desesperado para conseguir dinheiro para voltar para casa, Reg resolveu arranjar um emprego no aeroporto da capital inglesa.

Infelizmente, o australiano acabou sendo roubado, e como queria chegar a Adelaide — onde vivia com a família — para o aniversário da filha, foi obrigado a tomar medidas desesperadas. O atleta trabalhava para uma companhia de transporte aéreo de cargas, e sabia que era possível enviar encomendas cujo frete só era cobrado no momento da entrega.

Além disso, Reg havia visto inúmeros animais sendo enviados de um país a outro dessa forma, e conhecia as dimensões máximas das cargas que podiam ser enviadas por meio de frete aéreo. Assim, o australiano convenceu um amigo a ajudá-lo a construir uma caixa para que ele pudesse ser despachado até seu país — a cobrar.

Caixote sob medida

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A caixa tinha que medir exatamente 1,5m x 0,9m x 0,75m, e o tal amigo, sabendo que Reg ia seguir adiante com a loucura de ser enviado como encomenda até a Austrália, construiu uma caixa que, além de atender as especificações do atleta, permitia que ele pudesse se sentar com as pernas esticadas e, ainda, se deitar com os joelhos dobrados.

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A abertura e o fechamento do caixote podiam ser controlados pelo lado de dentro, e em seu interior havia correias para que Reg mantivesse o corpo relativamente seguro enquanto a encomenda era carregada e descarregada. O australiano ainda empacotou com ele comida enlatada, uma lanterna, cobertor, travesseiro e um par de garrafas de plástico — uma com água e a outra para suas eventuais necessidades.

Para evitar suspeitas, a “encomenda” foi identificada como sendo um carregamento de tinta endereçado a uma companhia de sapatos fictícia na Austrália, e o trajeto envolveu algumas paradas pelo caminho. Antes de partir, o envio sofreu um atraso de 24 horas em Londres devido a um forte nevoeiro, e Reg só pode sair para esticar as pernas depois de o avião finalmente decolar.

Trajeto interminável

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A primeira parada foi em Paris e, depois de a caixa ser carregada em outro avião, a encomenda seguiu viagem até Mumbai, na Índia. Uma vez lá, Reg foi deixado de cabeça para baixo durante quatro horas “assando” ao sol, e para suportar o calor infernal, decidiu ficar completamente nu em seu esconderijo. Já pensou se o australiano tivesse sido pego nessa situação?

Após ser novamente carregado em outro avião, Reg seguiu viagem até o aeroporto de Perth, na Austrália, e depois de passar três longos dias dentro da caixa, o atleta chegou ao seu destino. O custo de uma encomenda tão “pesada” era, na verdade, superior ao do valor de uma passagem comum. Mas, na falta de dinheiro no bolso, Reg preferiu se preocupar com o pagamento uma vez chegasse até sua casa.

De encomenda a celebridade

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O australiano esperou que a caixa fosse deixada no terminal de cargas antes de sair, e saiu do aeroporto tranquilamente sem que ninguém percebesse. Aliás, a história só ficou conhecida depois que o amigo de Reg — o que construiu a caixa em Londres —, desesperado por não ter notícias do australiano, decidiu alertar a mídia, e o atleta inclusive acabou virando uma celebridade na época.

No fim das contas, a companhia aérea decidiu não cobrar nada pelo transporte da “encomenda”, e Reg conseguiu chegar a tempo para o aniversário da filha — além de viver uma bela história para contar para os netos. No entanto, ainda bem que a aventura do australiano aconteceu na década de 60, pois, se tivesse sido hoje, ele certamente teria sido detectado pelos sistemas de segurança dos aeroportos e se veria em um grande apuro.

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