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Cosplay animal: biólogos usam técnicas de disfarce para realizar pesquisas

08/07/2015 às 08:163 min de leitura

Entender o comportamento animal muitas vezes pode ser bastante complicado. Algumas espécies simplesmente temem a presença humana e mudam o seu modo de agir quando sentem que tem alguém por perto. E não precisa necessariamente ser uma pessoa: qualquer animal diferente pode mudar os hábitos de um bando de outra espécie.

Para contornar essa situação, alguns pesquisadores tomaram medidas drásticas para poderem passar despercebidos pelos animais. Vale desde disfarces bizarros até mudança do próprio cheiro corporal – algumas espécies têm o olfato muito mais apurado do que imaginamos.

Por isso, selecionamos seis histórias de biólogos que toparam o desafio de se transformar em outros bichos a favor da ciência:

1. Grou-americano

Na década de 1940, existiam apenas 22 exemplares vivos do grou-americano. A espécie estava praticamente extinta, mas os biólogos têm conseguido recuperar a sua existência através de técnicas que podem soar bastantes diferentes para quem não entende do assunto.

Atualmente, em cativeiro, são cerca de 100 grous-americanos sendo cuidados e treinados para voltar à vida selvagem. E para fazer com que os pássaros não se confundam, seus tratadores usam fantoches da espécie para entrar nas jaulas e alimentar os animais.

Além disso, os biólogos também ensinam a esses exemplares de cativeiro as técnicas para a migração. Com o uso de um ultraleve, eles voam fantasiados com os animais de verdade para mostrar a direção a ser seguida. O trabalho dos biólogos já dura 14 anos, e atualmente já existem 500 exemplares de grou-americano em seu habitat natural. Porém, a maior dificuldade ainda está em ensiná-los a criar ninhos e cuidar dos próprios filhotinhos.

Cientista com seu ultraleve ensinando os grous-americanos a voar

2. Lince-pardo

Apesar de não ser considerada uma espécie em extinção, o lince-pardo requer um cuidado especial e um monitoramento de sua caça e comércio desde que a 1963 com a Convenção de Washington, que teve o objetivo de assegurar o bem-estar de plantas e animais selvagens.

Desde 1994, um estudo realizado na Califórnia (EUA) pretende reintegrar linces-pardos criados em cativeiro para a vida selvagem. E o trabalho requer dedicação de corpo, alma e... olfato. Isto é: não basta apenas se vestir como um grande lince-pardo, andar de quatro e não “falar” com os filhotes, é preciso que os bichinhos realmente acreditem que os humanos são seus pais. Para isso, os tratadores chegam a se molhar com a urina do animal para convencer os bebezinhos de que eles são reais.

Biólogo fantasiado segura filhotes de lince-pardo

3. Alce

O casal Joel Berger e Carol Cunningham queria descobrir como a vida dos alces nos EUA estava sendo afetada com o declínio de seus predadores naturais, como os lobos e ursos-pardos.

Eles queriam colocar esterco e urina desses animais perto de grupos de alces, mas não conseguiam se aproximar dos bandos sem afugentá-los. Eles tentaram de tudo, até que pediram para um designer que trabalhou nos filmes da saga “Star Wars” desenvolver um uniforme de alce para os dois.

Resultado: Joel assumiu a parte da frente do figurino e sua esposa a parte traseira. Com isso, eles não só conseguiram enganar os animais, como chegaram a ficar cara a cara com os alces. Eles descobriram que em regiões onde os predadores estão diminuindo, a urina e as fezes de lobos e ursos-pardos não causa nenhuma reação nos alces.

Entretanto, no Alasca, onde os predadores ainda são bastante comuns, a reação foi bem diferente. Os dejetos de lobos deixaram os alces extremamente alertas. Já o esterco de urso fez os animais “surtarem”!

Joel e Carol enquanto realizam sua pesquisa no Alasca

4. Pinguins

Parece meio óbvio que vestir uma pessoa de pinguim e tentar enganar um bando desses animais de que ela é apenas um gigante da sua espécie não iria funcionar. Para isso, os pesquisadores criaram um robozinho fantasiado de pinguim para coletar dados de sensores cardíacos anexado a alguns dos bichinhos.

O problema desses sensores é que eles só conseguem enviar o sinal a uma distância muito curta, e a presença humana deixa as aves muito agitadas. Com o robô-pinguim, os pesquisadores não tiveram qualquer sinal de rejeição – diferente de eles próprios tentarem coletar os dados dos sensores, que causava uma histeria nos animais.

Antes de enviar o robô fantasiado, os pesquisadores tentaram com robôs normais. Até que funcionou, mas as aves ainda ficaram um pouco desconfiadas e estressadas, alterando o resultado da pesquisa.

Robozinho-pinguim não assustou os animais de verdade

5. Panda

Na China, os cientistas estão unindo esforços para introduzir no meio selvagem os pandas criados em cativeiro. Como se trata de uma espécie que possui uma baixa taxa de natalidade, o risco de extinção dos pandas é bastante alto.

Os biólogos da Reserva Wolong raramente se mostram como humanos para os filhotes: eles preferem estar sempre fantasiados. Não se sabe, entretanto, a eficácia desse tipo de tratamento, mas pelo menos os bichinhos não assimilam a figura humana como a que provém alimentos e proteção.

Biólogos em fantasias de panda cuidam de filhote da espécie

6. Crocodilo

Cientistas notaram um grande aumento do número de morte de peixes no rio Mara, no Quênia, e não sabiam qual poderia ser a causa dessa alteração. Eles desconfiaram que os hipopótamos da região poderiam estar contaminando as águas ao transformar o rio em um imenso vaso sanitário. Mas como conseguir se aproximar desses animais sem causar um distúrbio muito grande e nem colocar a vida dos biólogos em risco?

A solução foi criar um barco-crocodilo para enganar os hipopótamos e conseguir coletar amostras do local onde estavam os imensos animais. A estratégia funcionou, e os cientistas conseguiram provar que era o cocô dos hipopótamos que estava causando a morte em massa dos peixes. 

Pesquisadores construíram um barco em formato de crocodilo para a pesquisa

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