Artes/cultura
27/03/2017 às 09:31•4 min de leitura
A Idade Média sempre exerceu — e continua exercendo — um grande fascínio no imaginário dos apaixonados pela História mundial. Se você é um desses loucos por essa época, deve saber que o período também é uma das inspirações favoritas para filmes épicos, livros, séries e até jogos por ser tão rica em sua trajetória.
O período na história europeia que compreendeu do século V ao XV foi repleto de marcantes acontecimentos, sendo que a Idade Média trouxe grandes mudanças nos costumes da humanidade e acarretou revoluções que causaram imenso impacto na forma estrutural política e social.
Para ter uma ideia, o crescimento demográfico teve um grande avanço e, com isso, o comércio ressurgiu com mais força, fazendo com que o Feudalismo se consolidasse ainda mais. Em meio a todos esses acontecimentos, reinos e impérios perpetuavam guerras por territórios que muitas vezes poderiam durar anos a fio em batalhas frequentes.
E, sim, para esses conflitos, como também para exercer o papel de guerreiro líder da nobreza, os cavaleiros marcaram a História com grandes jornadas de bravura na Idade Média. Para ser um cavaleiro medieval não bastava só vontade. Além de ter de dominar grande habilidade militar nos campos de batalha, muitos dos cavaleiros já vinham de “linhagem” de oficiais privilegiados pela realeza e treinavam para isso desde criança.
Ser cavaleiro era coisa seríssima, minha gente! Além de todo treinamento de luta corporal, espada e o domínio dos cavalos, o cavaleiro precisava seguir um código de conduta e de honra que ia além do comportamento nas batalhas, contando também para a socialização. Ou seja, se vacilasse fora do “trabalho”, isso poderia causar problemas a ele.
Então, concluído o treinamento que se estendia por muitos anos, o cavaleiro tinha seu título concedido em uma cerimônia especial, como você vê em alguns filmes, em que algum integrante da nobreza apoia a espada nos ombros, braço e pescoço do nomeado.
Aqui no Mega Curioso você já teve a oportunidade de conhecer 6 dos cavaleiros mais célebres da Idade Média — como o Rei Arthur, Ricardo Coração de Leão e El Cid —, e, agora, vamos mostrar mais quatro que se tornaram muito famosos na História. Confira abaixo.
Sir Henry Percy (1364-1403), conhecido como “Hotspur” (impetuoso, ardiloso) devido ao seu temperamento, foi uma dos cavaleiros que marcaram a Idade Média em consequência à sua forte atuação na Inglaterra e França. Assim como vários dos cavaleiros da época, Henry começou cedo a sua trajetória. Tanto que foi nomeado pelo rei Eduardo III com apenas 13 anos de idade, junto com os futuros reis Ricardo II e Henrique IV.
Depois de passagens pela Irlanda e Prússia ainda adolescente, Henry foi se especializando ainda mais no ofício de cavaleiro. E, aos 21 anos, acompanhou o (já então) rei Ricardo II em sua expedição à Escócia, onde provou as suas habilidades militares, dando ainda mais credibilidade aos seus “chefes” da nobreza.
Suas principais características eram a rapidez em se antecipar aos inimigos e prontidão nos ataques, quando ganhou o apelido citado acima. Logo, Henry foi enviado à França, onde a sua reputação de guerreiro impetuoso cresceu a cada batalha. Ficou por muitos anos ainda em territórios franceses até retornar à Inglaterra em 1395.
Foi depois disso que sua vida de glórias passou a desmoronar. Apesar de sua posição privilegiada em seu serviço ao rei Ricardo e depois servindo ao sucessor Henrique IV, Henry e seu pai, que passou a acompanhá-lo nas expedições, passaram a ser hostilizados pelo rei, que estava descontente em alguns aspectos. Então, em 1403, Percy e sua família se rebelaram contra Henrique IV, mas levaram a pior e foram mortos pelas forças reais na Batalha de Shrewsbury.
Considerado o maior cavaleiro francês de sua época, Bertrand du Guesclin (1320-1380) foi tido como um verdadeiro herói nacional e líder militar durante a primeira parte da Guerra dos Cem Anos.
Além de suas habilidades de luta em campo, Bertrand era extremamente inteligente e estudava muito sobre estratégias de guerrilha, sendo que começou a utilizá-las com muito sucesso em alguns conflitos. Um deles foi a batalha de Rennes (em 1364) em que a tática foi evitar batalhas estabelecidas com os ingleses até que os franceses tivessem vantagem suficiente para derrotá-los. E funcionou!
A atuação de Bertrand chamou a atenção do rei da França, Carlos V, que enviou o cavaleiro para outra batalha contra Carlos II de Navarra, na qual também foi vitorioso. A carreira de Bertrand então seguiu com outras guerras em território francês e na Espanha, onde foi capturado pelos ingleses, mas logo foi resgatado pelo rei Carlos V.
Bertrand morreu durante uma expedição militar em Languedoc em 1380 e, devido ao seu serviço à realeza, ele foi enterrado em Saint-Denis no túmulo dos reis da França. Até seu coração é mantido na basílica de Saint-Sauveur em Dinan.
Considerado um verdadeiro mito da Guerra dos Cem Anos, John Hawkwood (1323–1394) foi um dos cavaleiros mais famosos e bem sucedidos da Idade Média. Muitos até duvidavam da sua existência e até como se tornou cavaleiro, mas o fato é que sua atuação como soldado foi testemunhada na época com admiração e amplamente comentada.
Hawkwood participou da Batalha de Crécy em 1346 e da Batalha de Poitiers em 1356. E foi logo depois desses acontecimentos que esse cavaleiro ingressou na Companhia Branca, um famoso exército de mercenários, com quem rumou para a Itália em 1361 e passou a ser líder desses soldados. Já na Itália, Hawkwood liderou lutas nas cidades de Milão e também em Florença, onde encerrou a sua carreira. Em 1394, Hawkwood morre em Florença, sendo enterrado em Duomo com honras em uma cerimônia.
Tido como um dos mais importantes e respeitados cavaleiros do seu tempo, William Marshal (1147-1219) serviu nada mais nada menos do que cinco reis da Inglaterra! Foram eles: Henrique II, seus filhos o "Rei Jovem" Henrique, Ricardo I (Coração de Leão), John e Henrique III (filho de John).
Conhecido por sua bravura nas batalhas, William, conde de Pembroke, começou cedo no serviço ao rei Henrique II, que lhe deu como cargo ser um guardião de seu filho mais velho em 1170. Alguns anos mais tarde, os filhos do rei se rebelaram contra ele, mas William permaneceu fiel a Henrique II e ajudou-o a acabar com o conflito.
Quando outro grande cavaleiro da época, Ricardo Coração de Leão, filho de Henrique II, se tornou rei, ele manteve William ao seu lado, o que foi de grande valia. Tudo porque em uma ocasião em que Ricardo se ausentou, William impediu que o próprio irmão de Ricardo, John, tomasse o trono.
Porém, depois da morte de Ricardo em 1199, William ajudou John na sucessão e se tornou um dos seus mais próximos conselheiros. William Marshal morreu em 14 de maio de 1219 em Caversham, sendo enterrado em Temple Church, em Londres, onde seu túmulo pode ser visto até hoje.
*Este texto foi redigido por Claudia Borges via N-Experts.
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