Ciência
07/01/2019 às 05:00•3 min de leitura
“Olho por olho, dente por dente”: com certeza você já ouviu essa expressão e até pode ter a utilizado ao planejar uma ‘vingacinha’ inocente para alguém, algo parecido também com a famosa “pagar na mesma moeda”. De fato, a frase é amplamente conhecida mundialmente, mas você sabe de onde ela surgiu?
As antigas leis que exigiam penalidades similares ao crime cometido são frequentemente consideradas como bárbaras e excessivamente punitivas. No entanto, muitas sociedades seguiam esse caminho, pois elas foram estabelecidas a fim de conter, e não promover, a vingança desproporcional.
O princípio da justiça capturado pela expressão "olho por olho, dente por dente" é chamado lei de talião (ou lei de retaliação), que foi criada na Mesopotâmia. Em resumo, a lei exige que o agressor seja punido em igual medida do sofrimento que ele causou.
Imagem da pedra com o código, que está no Museu do Louvre, em Paris Fonte da imagem: Shutterstock
A lei de talião é encontrada em muitos códigos de leis antigas. Ela pode ser encontrada nos livros do Antigo Testamento do Êxodo, Levítico e Deuteronômio. Mas, originalmente, a lei aparece no código babilônico de Hamurabi (datado de 1.770 antes de Cristo), que antecede os livros de direito judeus por centenas de anos.
O rei Hamurabi foi responsável pela compilação dessas leis de forma escrita (em pedras), quando ainda prevalecia a tradição oral. Ao todo, o código tinha 282 artigos a respeito de relações de trabalho, família, propriedade, crimes e escravidão. Dentre elas, a lei do talião.
O código é um dos mais antigos conjuntos de leis escritas já encontrados, e um dos exemplos mais bem preservados deste tipo de documento da antiga Mesopotâmia.
O monólito — talhado em rocha de diorito e com 2,25 metros de altura — com as leis foi encontrado por uma expedição francesa em 1901, na região da antiga Mesopotâmia correspondente à cidade de Susa, atual Irã. O bloco de rocha com o código encontra-se atualmente no Museu do Louvre, em Paris.
Topo da pedra do Código de Hamurabi Fonte da imagem: Reprodução/The Latin Library
O código já começa dizendo a que veio e a primeira lei apontava: “Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não puder provar, então que aquele que enganou deve ser condenado à morte”.
O conjunto de leis também aplicava que se um homem arrancar o olho do outro, este deverá também ter o olho arrancado. Se o caso envolveu dentes quebrados de alguém, quem causou também deveria ter esse fim. Daí o nome da tal famosa lei do "olho por olho, dente por dente".
Algumas leis do código também condenavam algum tipo de roubo, traição ou apropriação com a pena de morte. Dessa forma, não era necessariamente uma punição igual ao crime. Em alguns casos, o infrator era apenas forçado a pagar financeiramente as suas vítimas proporcionalmente à gravidade da situação.
Nessa época, porém, em alguns locais não se trabalhava com dinheiro. Então, a compensação vinha em forma de produtos agrícolas ou serviços prestados. Confira abaixo algumas dessas leis (bastante curiosas) do Código de Hamurabi. Se você quiser conferir o código completo com as 282 leis, acesse aqui.