Ciência
29/07/2014 às 08:13•5 min de leitura
Apesar da pompa e circunstância que reveste os fatos históricos em grande parte dos livros didáticos, não é preciso ser um grande gênio para imaginar que boa parte trajetória humana foi composta de acasos, excentricidades e momentos de franca estupidez. Mas não apenas isso: na verdade, caso confira a lista abaixo — organizada pelo site list25 —, é bem provável que você encontre algo desmentindo uma “verdade histórica” sagrada.
Sobretudo quando se trata do senso-comum. Um exemplo? Há uma tendência de comparar a mortandade provocada pela Segunda Guerra Mundial ao primeiro conflito. Mas você sabia que cada uma das guerras mais sangrentas protagonizadas pela China mataram muito mais do que a Primeira Grande Guerra?
No departamento de excentricidades, há cabeças de amantes decapitadas — e mantidas pelas esposas infiéis, a título de castigo —, há faraós que arrastavam para tumba todos os seus seguidores (vivos ou mortos) e há também a curiosa prática de esfregar urina nos dentes. Enfim, sem mais, confira abaixo 25 fortes indícios de que a história humana não foi construída apenas de glórias e valores férreos (pelo menos de acordo com a moral vigente).
“Democracia é com ‘c’ ou com ‘ss’?”, pode-se imaginar perguntando um dos membros da Convenção de Filadélfia, enquanto redigia o que é considerado um dos mais sagrados baluartes da política moderna — dependendo da porção do globo em que você esteja, naturalmente. Bem, mas, seja como for, fato é que há diversos erros de ortografia e gramática ao longo do documento.
Até o início do século XIX, caso um soldado rangesse os dentes de frio, suspirando pela amada e pelo aconchego do lar, havia pelo menos um consolo bizarro: seria muito provável que a sua dentição acabasse preenchendo os espaços na boca de algum comerciante abastado — embora com péssima higiene bucal.
Não, provavelmente os seres humanos ainda não contavam com toda a criatividade atual na chamada “Era do Gelo” (sim, é daí que vem o nome do desenho). Entretanto, mesmo sem frases como “este crânio é de uso exclusivo de um corintiano”, fato é que, sim, as cacholas humanas eram usadas como copos à época.
Flávio Vegécio não poderia estar mais certo com a frase acima. De fato, estima-se que, durante os últimos 3 mil anos, a humanidade contou com apenas 240 anos de paz. Sim, nós somos uma espécie encrenqueira.
A chamada “Rebelião de Na Lushan” ocorreu durante a dinastia Tang, em meados do século VIII. Em coisa de cinco anos, a guerrilha conseguiu ceifar cerca de 40 milhões de almas — aproximadamente um sexto da população mundial.
Ao pensar em domínios de proporções bíblicas, é comum que muita gente traga à memória o Império Romano. Não por acaso, já que, no seu auge, o referido império se estendeu por mais de 6,5 milhões de quilômetros quadrados. Entretanto, em uma lista dos “mais-mais”, esse valor ocupa apenas a 19º posição — desconsiderando-se o domínio bélico e cultural, naturalmente, o que dificilmente poderia ser medido.
Eis aqui um bom exemplo de extensão imperial. Em seu auge (480 a.C.), o Império Persa cobriu aproximadamente 44% da população mundial. O chamado “Império Aquemênida” se estendia do Vale do Indo, no Leste, até a Trácia e a Macedônia, na fronteira nordeste da Grécia — chegando mesmo a controlar o Egito posteriormente.
Naturalmente, o Império Persa (acima) guarda o recorde absoluto quando se trata de extensão populacional. Na verdade, mesmo o outrora gigantesco Império Britânico chegou a ter sob sua bandeira “apenas” 20% da população mundial.
Pois é, os sacramentos dos EUA não foram construídos apenas por pessoas ruins de gramática e ortografia. De fato, elas também eram medíocres em design — ou pelo menos assim considerou o professor de Robert Heft. A bandeira estadunidense surgiu de um projeto escolar que levou “B-“ (entre 7,5 e 6,7). Quando o trabalho foi escolhido para representar a nação, o mesmo professor sabiamente alterou a nota para “A” (um belo e “redondo” 10).
Eis aqui um bom exemplo de “sorte no azar”. O filósofo pré-socrático Górgias de Epirus estava a alguns segundos de acompanhar sua falecida mãe ao paraíso platônico... Quando alguém ouviu um choro, vindo de dentro do ventre da defunta. Enfim, grande parte da filosofia pré-socrática é devida ao bom ouvido de alguém.
Eis aqui uma bela forma de contra-argumentar quem se recorda apenas das mortandades associadas às guerras mundiais do século passado: entre as dez guerras mais sanguinolentas da história da humanidade, sete foram lutadas na China.
De fato, cada uma das duas mais mórbidas matou mais gente do que a Primeira Guerra Mundial.
O chamado Pony Express foi um correio a cavalo colocado em funcionamento nos EUA em 1860. O respeitável serviço vencia o território selvagem e as intempéries para ligar Saint Joseph (Missouri) e Sacramento (Califórnia) e daí até os anais da História. Não obstante, o serviço se manteve ativo por apenas 19 meses, quando então deu lugar às linhas de telégrafo transcontinentais — o que não o eliminou das lendas do Oeste Selvagem, naturalmente.
O general mexicano Antonio López de Santa Anna é hoje conhecido, sobretudo, por sua vitória na famosa Batalha do Álamo — evento determinante para o desfecho da chamada Revolução do Texas (EUA), ocorrida durante o ano de 1836. Durante o referido embate, Santa Anna acabou ferido na perna, sendo necessária a amputação. A ocasião foi marcada com pompa e circunstância dignas do velório de um dignitário estatal.
Na época do Antigo Egito, sempre que um faraó morria, todos os seus servos e animais precisavam ir com ele para a tumba — normalmente enterrados ainda com vida.
Entretanto, havia ainda um último favor que o servo podia fazer pelo seu soberano: a fim de evitar que as moscas cobrissem os respeitáveis restos mortais do soberano, os servos eram enterrados recobertos de mel — o que parecia muito mais atraente aos insetos, que pouco se importavam com a hierarquia do banquete.
Talvez alguém pudesse argumentar que a urina tem, de fato, capacidades de limpeza dental — embora seja difícil de acreditar em qualquer benefício para o hálito. Entretanto, fato é que na Roma Antiga o “produto” era, de fato, utilizado para escovar os dentes.
Após descobrir as escapadas de sua mulher, Pedro, o Grande, foi à desforra: decapitou a cabeça do pobre diabo do amante. Adicionalmente, ainda fez sua mulher manter a azarada cachola no quarto, devidamente preservada.
Ok, essa talvez até seja bem conhecida. Mas isso não torna o fato menos pitoresco: caso chegassem à iminência de uma captura pelo inimigo, os samurais japoneses cortavam a própria barriga com a espada, espalhando os intestinos — em uma cena que dificilmente seria encontrada em obras de arte do Japão Feudal.
Não, não se trata de um título de filme da Sessão da Tarde. De fato, a prática de levar animais ao tribunal foi corriqueira durante a Idade Média. Caso provada a culpa, porcos, vacas e ovelhas poderiam ser sentenciados à morte — um destino não muito diferente do que normalmente é reservado, afinal.
Pelos idos do século XIX, era bastante comum que as pessoas, eventualmente, fossem enterradas ainda com vida. Na verdade, tão comum que se passou a instalar um mecanismo que permitia ao morto prematuro acionar uma sineta. É de se perguntar quantas unhas foram perdidas antes que alguém tivesse a ideia, entretanto.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os mongóis serviram como prova viva (por algum tempo) de que o período das cavalarias havia passado. Em confronto direto com uma divisão da infantaria alemã, 2 mil mongóis tombaram... E absolutamente nenhum alemão foi morto.
Ainda com os mongóis, eis aqui uma prática curiosa: os soldados tacavam fogo na gordura dos inimigos vencidos, utilizando-a como arma contra outros inimigos.
Alexandre, o Grande, foi famoso tanto por suas vitórias quanto por suas excentricidades. Entre elas, uma prática que acabou sendo adotada posteriormente por vários estados: a interceptação das cartas enviadas por soldados às suas famílias. Caso nada de positivo fosse encontrado na missiva, o sujeito era sumariamente executado.
O rei Goujian de Yue se tornou conhecido por colocar fileiras de criminosos à frente dos seus destacamentos antes das batalhas. Quando o confronto estava prestes a começar, os sujeitos cortavam a própria cabeça — em uma das armas de terror psicológico mais controversas da História. O exército de Goujian tinha que parecer composto de doidos varridos aos olhos do inimigo.