Saúde/bem-estar
21/01/2018 às 03:00•3 min de leitura
Se pararmos para pensar, existem dezenas de sinônimos para a palavra “prostituta”, e se pararmos para pensar um pouco melhor, nenhum deles é positivo. Contudo, apesar de a atividade sempre ter sido marginalizada de alguma forma ao longo da História, a verdade é que muitas profissionais do sexo se apoiaram em seus talentos para conquistar um espaço no mundo.
Muitas dessas mulheres inclusive se tornaram ilustres, e entre elas surgiram artistas, imperatrizes, revolucionárias e até mesmo santas. Assim, que tal conhecer um pouco da vida de algumas das meretrizes mais famosas que já existiram?
Chamada Jeanne-Antoinette Poisson, “Madame de Pompadour” — concubina que amava as artes e a ciência — foi uma influente cortesã de Versailles. Sua especialidade era açoitar seus clientes enquanto eles estavam atados, e o Rei Luís XV se tornou um grande fã de seus castigos. Contudo, a dominatrix, apesar de ter caído nas graças do monarca, teve que enfrentar a forte concorrência da Duquesa de Chateauroux, outra favorita do rei.
E Pompadour não mediu esforços para se livrar da adversária, apelando para a magia negra e até para o uso de veneno! A duquesa, com medo, acabou desistindo da competição e foi viver em um convento. Mas a cortesã não era tão má assim, e uma prova disso foram as palavras que Voltaire escreveu após a sua morte — em 1764 —, perguntando-se como é que toda a França não chorava, pois se aquele era o século das luzes, isso, em parte, era graças a ela.
O nome real desta famosa prostituta era Margaretha Zelle, e ela iniciou suas atividades após se separar do marido alcóolatra e abusivo. Sem qualquer qualificação ou meios, Mata Hari — que era originária dos Países Baixos — começou a se prostituir até conseguir dinheiro suficiente para se mudar a Paris. Lá, Margaretha começou a carreira como dançarina exótica, e não demorou muito até ela se tornar uma sensação na cidade e em outros países europeus.
Mata Hari costumava se apresentar quase nua e, sua beleza combinada às elaboradas histórias que contava sobre seu passado, deixavam os homens completamente fascinados. Com o tempo — que não perdoa ninguém! —, a dançarina foi abandonando a carreira nos palcos para se dedicar apenas a entreter homens ricos e poderosos.
Infelizmente, depois de ser acusada de espionagem, Mata Hari foi executada por um pelotão de fuzilamento em 1917, embora até hoje não se saiba ao certo se ela realmente atuava como agente secreto ou não.
Nascida em Creta no século 6, Teodora emigrou para Constantinopla para fugir da miséria, onde começou a trabalhar em um prostíbulo ainda criança. Graças aos seus talentos e grande beleza, a jovem cobrava caro por seus serviços e, com apenas 19 anos de idade, já era dona de seu próprio bordel. No entanto, a beldade se converteu ao cristianismo, abandonando sua antiga profissão para se tornar uma fiandeira em um ateliê próximo ao palácio.
Lá Teodora conheceu ao — então — príncipe Justiniano, que se apaixonou por ela. Os dois se casaram e, após o herdeiro se tornar Imperador, a jovem se transformou em Imperatriz. No entanto, ela não se esqueceu do passado, decretando uma série de leis em favor das mulheres e meretrizes, permitindo que elas pudessem se divorciar e possuir propriedades, além de impor a pena de morte aos acusados de violência sexual.
Além disso, Teodora aboliu a escravidão sexual e abriu um convento no quais as ex-prostitutas podiam aprender novos ofícios para que pudessem sobreviver sem ter que exercer a antiga profissão.
Filha de um modesto casal de artistas franceses, Victorine sonhava em se tornar pintora e, aos 16 anos, começou a trabalhar posando como modelo. No entanto, a necessidade a levou à prostituição, e a moça acabou indo trabalhar em um dos bordeis mais famosos de Paris. Victorine se tornou amante e musa de Édouard Manet, que ficou enfeitiçado pelos seus cabelos acobreados e a imortalizou em diversos quadros.
Entre os mais famosos estão “Olympia”, que você pode ver acima, e “O almoço sobre a relva”, ambos atualmente em exposição no Museu d’Orsay de Paris. Outras obras do pintor com Victorine como protagonista estão expostas no Metropolitan Museum of Arts, de Nova York, e no Museum of Fine Arts de Boston, mas a musa não se limitou a apenas posar nua para artistas famosos.
Victorine aprendeu a técnica com seu protetor e, depois de alguns anos, também começou a pintar. Um de seus quadros, conhecido como “Um burguês de Nuremberg”, inclusive chegou a conquistar certa notoriedade.
Também conhecida como “Santa Maria Egípcia” — ou, ainda, Egipcíaca —, Maria viveu entre os séculos 4 e 5 e começou a trabalhar como prostituta pelas ruas de Alexandria aos 12 anos. Segundo os relatos, ela gostava bastante do que fazia. Contudo, um belo dia, após 17 anos de dedicação a essa vida, Maria soube que ocorreria uma grande peregrinação em Jerusalém, e ela, que não era boba, viu nessa ocasião uma ótima oportunidade para conseguir clientes.
Aliás, para realizar a viagem, a prostituta ofereceu seus favores sexuais pelo caminho. Mas, após chegar a Jerusalém, algo incrível aconteceu. Maria teria sido visitada pela Virgem Maria, que disse à Egípcia que ela encontraria paz do outro lado do Rio Jordão. A mulher obedeceu e, depois de cruzar o rio e vagar pelo deserto, abandonou a vida de meretrício e passou décadas rezando em solidão.
Dizem que um ano antes de morrer, um religioso — que depois ficaria conhecido como São Zósimo da Palestina — a encontrou sozinha no deserto, nua e com a pele escurecida pelo sol. Ele a cobriu com seu manto, e Maria, em troca, contou a ele sua história, descrevendo as visões que teve e os anos que passou como prostituta. Quando retornou ao mosteiro onde vivia, Zósimo relatou o encontro com a mulher, que hoje é venerada como a patrona das penitentes.
*Publicado em 21/8/2014