Sabia que no passado os ricos contratavam pessoas como enfeites de jardim?

29/09/2014 às 06:322 min de leitura

Se você assistiu “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, certamente se lembra do duende de jardim, que Amélie “rouba” do pai e pede para que uma amiga aeromoça tire fotos do duende em diversos lugares do mundo. Não é de hoje que duendes de jardim fazem sucesso de uma forma ou de outra. Na verdade, antes dos duendes de gesso ou porcelana, alguns ricaços do século 18 costumavam contratar pessoas para enfeitar seus jardins.

Parece mentira, mas alguns aristocratas ingleses em 1700 começaram a pagar para que pessoas ficassem em seus jardins. Aliás, pessoas de jardim chegavam a trabalhar nesse “ramo” por anos.

Se hoje carros importados, bolsas caras e marcas podem ser considerados indicadores de status social e poder aquisitivo, em tempos mais remotos, quando todas as charretes eram iguais, os jardins de quem tinha grana e estava em alguma colocação nobre na sociedade eram a forma que essas pessoas encontravam de deixar claro que tinham dinheiro. A ostentação não é, portanto, um fator contemporâneo.

Contrato

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Aristocratas ingleses já não se contentavam apenas em cultivar lindos pomares e jardins. Tinha dinheiro mesmo aquele que poderia pagar para que uma pessoa ficasse em pé, vestida de algum personagem específico ou não, entre um arbusto e outro. Esses “duendes humanos” chegavam a morar no local onde trabalhavam, em pequenas casas ou até cavernas.

Os contratos de trabalho tinham a duração média de sete anos e, durante esse tempo, o funcionário não era autorizado a cortar o cabelo, tomar banho ou falar. Essas pessoas eram pagas também para andar pela vizinhança, descalças e carregando itens como uma ampulheta ou a Bíblia. A ideia era mais ou menos ter “um Adão para chamar de seu” em uma espécie de reprodução do Jardim do Éden.

Se você acha que a aristocracia inglesa foi quem inventou a moda, saiba que na verdade, os ingleses só retomaram uma prática muito mais antiga. Sabe-se, por exemplo, que o Imperador romano Adriano construiu para si mesmo uma espécie de convento. Alguns séculos depois, Papa Pio IV criou um lugar de fuga, aonde ia para meditar. Com o passar dos anos, esse conceito de “um lugar para meditar” se transformou em um jardim com pessoas como parte da decoração. Ah, a humanidade...

Status social + Jardim do Éden + melancolia

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Naquela época, os “duendes” recebiam entre 400 e 600 libras por ano de trabalho, o que era bastante dinheiro. A questão do pagamento em si é até normal. A pergunta que fica é: por que uma pessoa iria querer alguém sem tomar banho ou cortar o cabelo durante sete anos vivendo no jardim de casa?

A palavra chave para essa pergunta é: melancolia. Além de mostrar que tinham dinheiro para pagar pelo serviço dos eremitas, os aristocratas do século 18 tinham um interesse especial em simbolizar reflexões espirituais e sacrifícios pessoais. Para tal, nada de meditar ou se sacrificar, afinal era possível pagar para que uma pessoa “visualmente melancólica” ficasse no jardim de casa e representasse a personalidade melancólica do dono da residência.

Contratar eremitas era o mesmo, por exemplo, que pagar para que alguém fique sem comer quando você está pensando em fazer dieta. E aí, essa é ou não é uma das profissões antigas mais bizarras de todas?

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