Ciência
21/11/2014 às 05:31•3 min de leitura
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão ficou bastante conhecido com seus pilotos de aviões que carregavam explosivos e faziam ataques suicidas aos navios dos Estados Unidos. Eles ficaram popularmente conhecidos como kamikazes (kami quer dizer Deus e kaze quer dizer vento, que pode ser entendido como Vento Divino), apesar de o nome oficial desses soldados ser Tokubetsu Kogekitai, ou em português, Unidade de Ataque Especial.
Você já imaginou como os japoneses selecionavam esses soldados que iriam morrer? Eles realmente desejavam morrer pelo país, como muitos acreditavam, ou eram forçados pelo governo? Além disso, por que o Japão resolveu utilizar técnicas tão drásticas de ataque? Algumas dessas perguntas vamos procurar responder aqui.
Em primeiro lugar, precisamos entender que o exército japonês estava bastante desesperado com o desfecho que os confrontos militares estavam tomando. O inimigo estava em maior número e estava no controle de tecnologias que o Japão não dominava no momento. Em 1942, mais pilotos foram mortos do que treinados, o que exigiu novos recrutas que não eram tão experientes e que tinham que voar em aeronaves já ultrapassadas se comparadas às inimigas.
Base dos Estados Unidos atingida por kamikazes
Além disso, morrer antes de ser derrotado é algo que está (ou pelo menos estava) intrinsecamente ligado à cultura do país. Por exemplo, os soldados eram instruídos a cometer suicídio se fossem capturados pelo inimigo. O Capitão Motoharu Okamura foi o primeiro oficial do exército que propôs o uso dos kamikazes – e inclusive expressou o seu desejo de liderar um desses ataques suicidas.
Contudo, não foi em um desses ataques que o Capitão Okamura morreu, porém com um tiro que ele disparou em si próprio depois de se sentir culpado pelo envio de centenas de jovens japoneses à morte – o culto à morte foi bastante divulgado no país para que as pessoas se voluntariassem. O vice-almirante Takijiro Onishi também foi um dos responsáveis por defender as táticas suicidas com o uso de aviões, o que só deu mais poder ao plano.
No início dos registros do período, diversos jornais apontavam que existiam muito mais voluntários para se sacrificar pelo país do que aviões disponíveis. Entretanto, hoje sabemos que esses voluntários provavelmente não eram tão voluntários assim. Eles eram recrutados principalmente em universidades e, caso não se apresentassem, eram tidos como covardes e sofriam todo o tipo de insulto. Além da pressão do governo, os familiares também os pressionavam veementemente.
Quando os soldados deviam anunciar se eram voluntários, ouviam um discurso extremamente patriótico e de como deviam se sacrificar pelo imperador. Como essas questões eram muito importantes, poucos tinham coragem de não se voluntariar e sofrer as consequências desse ato considerado covarde. Os kamikazes recebiam os mais variados tipos de instruções, sendo que eles também carregavam pistolas nos aviões para se suicidar caso não morressem nos ataques.
O treinamento também ficou conhecido por não ser nem um pouco agradável, já que os próprios soldados sofriam os mais variados tipos de agressões se se recusassem a voar. Hoje, algumas pessoas comparam os kamikazes com os homens-bomba islâmicos, algo que diversos antropólogos afirmam estar bastante errôneo, já que os japoneses eram recrutados pelo exército do país e não tinham como alvos civis.
O modelo de avião mais utilizado foi o Mitsubishi A6M Zero, porém outros também foram usados. Os pilotos só deviam lançar os seus aviões às bases americanas se as condições de tempo estivessem boas, já que eles eram instruídos a não desperdiçar suas vidas se não fosse com o objetivo de impactar o inimigo de modo bem sucedido. Se não encontrassem os navios americanos, eles eram orientados a voltar ao território japonês e aguardar pelo próximo possível alvo.
É estimado que mais de três mil kamikazes cometeram suicídio na Segunda Guerra Mundial. No total, 47 navios americanos foram afundados com esses ataques, sendo que 4900 marinheiros morreram e aproximadamente 4800 ficaram feridos. O exército japonês preparou mais ataques kamikazes aos Estados Unidos se eles se aproximassem do litoral do país. Entretanto, os americanos ameaçaram o Japão de total destruição caso não se rendessem – o que resultou nas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Depois desse trágico episódio, os japoneses se renderam.