Ciência
19/12/2014 às 13:49•4 min de leitura
Você já parou para pensar sobre alguns dos objetos e estruturas que existem espalhados pelo mundo e que contam com milhares de anos? Exemplos são os inúmeros círculos de pedra com mais de 5 mil anos que podem ser encontrados por toda a Grã Bretanha e parte da França, além de outros exemplares muito mais antigos. Mas e os povos que construíram esses monumentos, você já parou para pensar neles também?
Apesar das várias teorias sobre como muitas das estruturas da antiguidade foram construídas, a verdade é que não existem respostas definitivas sobre as técnicas empregadas — e as possíveis explicações muitas vezes são impressionantes. Afinal, de onde é que os construtores teriam tirado o conhecimento necessário para conseguir tamanhas proezas, já que eles eram considerados como “primitivos”?
Uma das teorias, apresentada ao longo de uma série de livros do pesquisador e historiador alternativo Michael Tsarion, sugere a existência de uma cultura superavançada — a chamada “Civilização Um” — que, durante a pré-história, teria transmitido os ensinamentos necessários aos nossos antepassados, guiando o progresso tecnológico e científico da humanidade.
Segundo Tsarion, durante várias gerações os arqueólogos acreditaram que os círculos de pedra e outros monumentos pré-históricos haviam sido construídos por tribos pouco sofisticadas para cumprir funções ritualísticas pagãs desconhecidas. No entanto, análises mais minuciosas dessas estruturas revelaram que, na verdade, esses construtores primitivos eram excelentes astrônomos e matemáticos que não receberam o crédito merecido por suas obras.
Afinal, veja, por exemplo, o caso do monumento acima, chamado Thornborough Henges. Localizado no condado de Yorkshire, na Inglaterra, esse sítio foi construído há mais de 5,5 mil anos e pré-data as pirâmides do Egito. Suas pedras apresentam um alinhamento astronômico perfeito. Construtores primitivos?
Monumento megalítico localizado em Portugal
Tsarion alega que os povos conseguiram desenvolver métodos de medição baseados no Sistema Solar para construir incontáveis sítios sagrados por toda a Europa, como os círculos de pedra que mencionamos anteriormente. Quem primeiro percebeu que havia uma relação entre as medições e o Sistema Solar foi o engenheiro escocês Alexander Thom.
Em meados da década de 50, depois de realizar levantamentos em 600 sítios da Inglaterra, Gales, Escócia e da região da Bretanha, na França, Thom descobriu que os antigos povos que habitavam essas regiões se baseavam em uma unidade de medida que ficou conhecida como “Jarda Megalítica”.
Essa unidade de medida é equivalente a 0,83 metro e, segundo Thom, foi empregada na construção de estruturas do megalítico de uma ponta a outra da Grã Bretanha. E as diferenças métricas entre uma estrutura e outra são tão diminutas que elas não seriam detectadas através de estudos estatísticos. Para o engenheiro, uma das explicações seria a existência de uma espécie de “quartel general” que fornecia os modelos utilizados para construir os círculos.
Pedras Ales, localizadas na Suécia
Thom não foi o único a sugerir a existência de uma civilização avançada que treinou o resto da humanidade, transmitindo conhecimentos em ciência e tecnologia e abrindo o caminho para o fim da pré-história. Pesquisas posteriores sugerem que os construtores dos monumentos espalhados pelas Ilhas Britânicas usaram uma unidade de medida equivalente a 1/10 mil de milímetro, que seria uma unidade fundamental quando consideramos astros como a Lua, o Sol e a Terra.
Segundo Tsarion, a jarda megalítica é, na verdade, um método de mensuração geodético derivado da geometria da própria Terra, mais especificamente, baseado na circunferência polar do planeta. E esse método de mensuração tem uma história bem interessante...
Os astrônomos minoicos — que habitaram a ilha de Creta há cerca de 4,3 mil anos — consideravam que os círculos contavam com 366 graus em vez de 360. Essa ideia está associada com a forma como esses astrônomos mediam a passagem do tempo, já que calculavam que cada ano tinha 366 dias e não 365.
Isso porque os minoicos contabilizavam a duração de um dia sideral — que corresponde ao período de tempo que a Terra leva para completar uma revolução completa sobre seu eixo, que é medido através da observação de uma estrela específica no decorrer de duas noites consecutivas.
Esse período é 236 segundos mais curto do que um dia solar e, ao longo de um ano inteiro, a soma desses segundos resulta em exatamente um dia extra, ou seja, o 366° dia do ano. Assim, os minoicos consideravam cada rotação da Terra como sendo um grau do grande “círculo celeste”, portanto, para esses povos fazia sentido que os círculos tivessem 366 graus. E foi a partir daí que as unidades de medida utilizadas pelos antigos teriam surgido.
O mais interessante é que aparentemente outros povos empregaram a mesma unidade de medida em diversas partes do mundo. Segundo Tsarion, muitos pesquisadores alegam que a jarda megalítica foi utilizada por muitas culturas, e diversas evidências de seu emprego foram observadas por todo o planeta.
Além dos habitantes das Ilhas Britânicas e da Grécia, o povos do Vale do Indo — originários principalmente da Ásia Meridional — também utilizavam a mesma unidade de medida, embora a chamassem de “gaz”. E é aqui que Tsarion levanta a questão de como esse conhecimento teria sido difundido. Existiria algum tipo de comunicação entre os povos naquela época ou, ainda, será que essas civilizações tiveram um mesmo “professor”?
Tsarion propõe a existência de um grupo de supercientistas que teria treinado diferentes culturas ao redor do mundo, permitindo uma aceleração do desenvolvimento global. Segundo ele, os responsáveis por isso foram os integrantes da “Civilização Um”, uma civilização extremamente avançada e culta composta por indivíduos que habitavam verdadeiros paraísos próximos às regiões do polo norte há milhares de anos.
"Stonehenge" no Amapá
O historiador também propõe que no passado os povos não reconheciam as fronteiras entre regiões e países da mesma forma como fazemos hoje em dia e que existiam “pontes” que interligavam todos eles. Portanto, isso explicaria o motivo de estruturas semelhantes e construídas com base nas mesmas unidades de medida estarem presentes em várias partes do mundo — inclusive aqui no Brasil, como parece ser o caso do Stonehenge brasileiro no Amapá!
E mais: Tsarion vai ainda mais longe, sugerindo que, na verdade, ao contrário da crença atual de que a civilização humana se espalhou pelo mundo do leste para o oeste, o movimento pode ter ocorrido a partir do oeste, mais precisamente, da Europa. Como prova, o autor cita diversos monumentos e estruturas extremamente antigas, assim como a presença de vestígios de povos europeus em locais improváveis.
Segundo disse, existem várias lendas relacionadas com as viagens de europeus à América muito antes de Cristóvão Colombo e da comunicação habitual entre esses povos. Além disso, Tsarion menciona a descoberta de múmias caucasianas de 3,8 mil anos na China, assim como a presença de povos indo-europeus — os Pazyryk —, que tinham olhos azuis e supostamente viveram (também) na China por volta do ano 1,8 mil a.C.
Outro exemplo citado foi a descoberta no Peru de múmias com mais de 600 anos de pessoas brancas de suposta origem europeia. Acredita-se que elas pertenciam ao povo Chachapoya, composto por indivíduos altos e com pele e cabelos claros que comandaram um vasto império nos Andes entre os anos de 800 e 1500, mas que desapareceram depois de serem dominados pelos Incas. Curioso, não é mesmo?
E você, caro leitor, tem alguma teoria de como as civilizações do passado desenvolveram seu conhecimento em matemática, astronomia e engenharia? Acredita que povos de várias partes do mundo simplesmente fizeram suas descobertas simultaneamente ou que eles se comunicavam de alguma forma? Não deixe de compartilhar suas ideias conosco nos comentários!