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Conheça os procedimentos bizarros realizados antes das próteses de silicone

22/05/2019 às 10:303 min de leitura

No último século, a Medicina evoluiu nos mais diferentes aspectos, e com certeza um dos mais marcantes está relacionado às técnicas de cirurgia plástica. A preocupação com um corpo “perfeito” fez com que novas técnicas cirúrgicas surgissem, e hoje é bastante difícil encontrar quem nunca tenha se submetido a algum tipo de intervenção cirúrgica estética ou pelo menos conheça alguém que tenha passado por isso.

Entre os procedimentos mais requisitados, está o implante de próteses de silicone nos seios – estima-se que seja o segundo tipo de cirurgia mais realizado em todo o planeta. Nem sempre foi assim, logicamente, e conhecer as origens desse tipo de procedimento, que é o que você vai fazer agora, é algo interessante e um pouco assustador também.

A primeira cirurgia

Vincenz Czerny foi um aclamado cirurgião dos anos de 1890, reconhecido como um dos precursores das técnicas de cirurgia plástica. Em 1895, ele realizou um procedimento bizarro em uma cantora de 41 anos que tinha um tumor no seio esquerdo.

Preocupada com a remoção do tumor e com a sua forma física depois do procedimento, ela pediu para que o médico a ajudasse de alguma maneira. Czerny acabou encontrando outro tumor, do tamanho de uma maçã, na região abdominal da paciente e, para resolver o problema, simplesmente retirou esse tumor e o transferiu para o seio da paciente. Sim, foi exatamente isso mesmo que ele fez, você não leu errado.

Por mais bizarra que a ideia seja, considerando a época sobre a qual estamos falando e as técnicas usadas pelo médico, pode-se dizer que a reconstituição foi “sofisticada”. A técnica de Czerny foi copiada por médicos de vários países nas primeiras décadas do século 20, e era comum que mulheres se submetessem a cirurgias que inseriam materiais como parafina, bolas de vidro, esponjas, cartilagem bovina e lã em seus seios.

O médico Vincenz Czerny

As consequências desse tipo de procedimento? Horríveis, é claro. Na medida em que as cirurgias aumentavam, cresciam os casos de inflamações, necroses, embolias pulmonares, problemas de fígado, coma e, óbvio, morte.

Nas décadas de 1940 e 1950, foram difundidas ainda mais as ideias relacionadas a um “corpo feminino perfeito”, cujo padrão era simples, porém dificilmente encontrado em sua forma natural: cintura fina, seios fartos e bumbum avantajado. Marilyn Monroe era a verdadeira musa do momento, e seu corpo cheio de curvas era o objetivo das mulheres de então. O interesse pelos procedimentos cirúrgicos para o aumento dos seios só crescia.

Não havia, ainda, uma prótese considerada ideal por todos os médicos, e alguns profissionais implantavam diferentes tipos de esponjas em suas pacientes, mas elas apodreciam em questão de semanas e provocavam inflamações severas e inúmeros outros problemas de saúde.

A obsessão por seios avantajados alcançou as mulheres japonesas durante a Segunda Guerra Mundial. Na época, as orientais chegavam a injetar silicone industrial em seus seios, sempre na tentativa de adequar o próprio corpo aos padrões de beleza dos EUA. O resultado? Necrose, infecções, morte.

A primeira prótese mamária de silicone foi fabricada somente em 1961, e a primeira a receber o implante foi uma cadelinha chamada Esmeralda. Depois de algumas semanas, Esmeralda teve os pontos da cirurgia removidos e estava bem, sem qualquer problema aparente.

No ano seguinte, Timmie Jean Lindsey se tornou a primeira pessoa a receber o mesmo implante de silicone. Em uma entrevista concedida depois do procedimento, Lindsey contou que nunca havia cogitado a ideia de aumentar o tamanho dos seios e que, quando procurou ajuda médica, o que queria mesmo era remover uma tatuagem do peito. Foi então que os médicos perguntaram se ela gostaria de realizar o procedimento cirúrgico.

Se aceitasse passar pelo processo, Lindsey seria “compensada” pela equipe médica com outro procedimento cirúrgico para as orelhas – essa cirurgia ela realmente tinha interesse em fazer. “Quando eu voltei da anestesia, era como se um elefante tivesse sentado em meu peito, mas, quando eles tiraram os curativos depois de 10 dias, meus seios estavam lindos. Todos os jovens médicos estavam em pé à minha volta para olhar a obra-prima”, disse Lindsey à BBC.

No final da década de 1960, além das próteses de silicone, as mulheres podiam também optar pelos implantes salinos, que foram mais bem desenvolvidos ao longo dos anos, para evitar rupturas e esvaziamento.

Ainda que as próteses já estivessem sendo mais bem estudadas e desenvolvidas, foi somente em 1976 que a exigência com relação à qualidade dos aparelhos cirúrgicos começou a ser levada em conta. Ainda assim, muitos procedimentos eram considerados questionáveis, e em 1977, pela primeira vez, uma mulher ganhou uma causa judicial contra uma fabricante de próteses. O implante dela acabou rompendo, e diversos problemas de saúde vieram desde então.

Na época, ela foi indenizada e recebeu US$ 170 mil, mas o caso foi pouco divulgado. Ainda assim, o número de mulheres pedindo indenizações por rupturas e outros problemas relacionados aos implantes só crescia, assim como aumentou a preocupação a respeito desse tipo de procedimento.

Só em 1988 os implantes de silicone passaram a fazer parte de uma categoria médica que exige que, antes de utilizados, eles tenham sua segurança comprovada. Os anos iam passando e, em 1991 ainda não havia dados suficientes para comprovar que esse tipo de material era totalmente seguro e não causava mal ao corpo humano. Em contrapartida, mais e mais mulheres processavam os fabricantes devido a rupturas e problemas de saúde.

Com o aumento de processos judiciais, a recomendação de silicone passou a ser apenas para casos de extrema necessidade de reconstituição de mama. Mais de uma década depois, novas próteses e pesquisas finalmente concluíram que os implantes podem, sim, ser feitos de forma segura.

O procedimento passou a ser visto cada vez mais como normal e inofensivo – só para você ter ideia, em 2011 foram realizadas quase 150 mil cirurgias desse tipo somente no Brasil. Vale lembrar que, em alguns casos, é necessário realizar a troca de prótese depois de alguns anos. Tudo em nome de um busto avantajado.

*Publicado em 27/01/2016

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