Ciência
25/04/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 25/04/2024 às 12:00
Peixes existentes há 55 milhões de anos oferecem um exemplo curioso de como os animais marinhos se reproduziram — ou melhor, se adaptaram para não desaparecer das águas. Naquela época, o planeta era bem diferente de como se apresentava atualmente, com um clima mais quente, o que desafiava de forma muito mais intensa a vida no mar.
Para alguns dos peixes que pertencem à ordem Lophiiformes, também conhecidos como peixes-pescadores ou tamboris, essa foi uma regra de sobrevivência. Suas diferentes formas consagraram às espécies do passado a capacidade de emitir luz para atrair suas presas com maior facilidade na escuridão completa das profundezas oceânicas.
Ao reconstruir a filogenia animal, novas informações foram obtidas por pesquisadores. E o estudo do tamboril do grupo Ceratioidea mostra como ele conseguiu se aproveitar desse cenário desfavorável de formas incomuns.
Com tantas espécies desaparecendo, a reprodução dos peixes também era afetada. Adaptar-se, portanto, seria o requisito para a sobrevivência. Segundo um estudo recente, que está em fase de pré-impressão, esses animais foram bem-sucedidos nesse sentido. Em seu trajeto, eles passaram a habitar águas mais profundas, da chamada zona bentônica, o que tem como paralelo o que os ancestrais das baleias modernas fizeram em meio ao seu percurso evolutivo — retornaram ao oceano após viver um período em terra firme.
Os pesquisadores acreditam que, como resultado desse período vivendo mais afastados, com menos opções de alimentos à sua disposição, esses peixes desenvolveram uma forma atípica — e consideravelmente "tóxica" — de se reproduzir.
Para se ter ideia disso, animais machos, mesmo quando em menor dimensão, buscavam se prender às fêmeas para se reproduzir. Antes que essa relação fosse conhecida, décadas atrás, parecia que apenas se tratava de um peixe junto de seus filhotes, mas a investigação mostrou que a natureza da relação entre esses animais, na verdade, era bem distinta. Mas, afinal, quais fatores contribuíram para isso?
Havia casos em que a diferença de tamanho era significativa, com peixes apresentando um tamanho quase cem vezes menor que o das fêmeas. Assim, os peixes acabavam se fundindo ao corpo delas, numa relação de parasitismo sexual.
Segundo os pesquisadores, deficiências no sistema imunológico desses peixes seriam a explicação para essa modalidade de parasitismo. Afinal, sem a ação desse sistema, os machos puderam se fundir ao corpo das fêmeas sem serem atacados pelas células de defesa.