Artes/cultura
25/04/2024 às 15:31•3 min de leituraAtualizado em 25/04/2024 às 15:31
Portugal comemora os 50 anos da Revolução dos Cravos nesta quinta-feira (25), movimento que derrubou a ditadura militar estabelecida desde 1926, dando início à redemocratização do país. A ação também contribuiu para o fim da Guerra Colonial travada contra nações africanas.
Na época da revolução, Portugal vivia sob o regime ditatorial do Estado Novo, que entrou em vigência no ano de 1933, na sequência do golpe de estado de 1926. O país era liderado por António de Oliveira Salazar, que ficou no poder até 1968, quando foi obrigado a se afastar devido a problemas de saúde, falecendo pouco tempo depois.
O período, conhecido como Salazarismo, foi marcado pelo autoritarismo e alinhamento com as práticas da ideologia fascista italiana, resultando no cerceamento dos direitos individuais e da liberdade de expressão. Com a ausência de Salazar, Marcelo Caetano assume o poder prometendo melhorias que não aconteceram.
Foi neste cenário que o movimento ocorrido no dia 25 de abril de 1974, também chamado de Revolução de Abril, começou a ganhar força, alguns meses antes. Aproveitando a fraqueza política de Caetano e a crescente insatisfação popular, os opositores do regime se uniram para dar fim a ele.
Diferente de outros movimentos revolucionários registrados no século passado, a Revolução dos Cravos foi liderada por militares que formaram o Movimento das Forças Armadas (MFA). O grupo, composto em sua maioria por capitães associados à esquerda portuguesa, tinha o apoio de políticos, intelectuais, artistas e de parte da população.
Na madrugada de 25 de abril de 1974, integrantes do MFA solicitaram às rádios que tocassem a música “Grândola, Vila Morena”, do cantor José Afonso. Era uma espécie de senha para a população, indicando que eles estavam em marcha e tomariam as ruas de Lisboa, com o objetivo de exigir a deposição do então primeiro-ministro, Marcelo Caetano.
Embora tenha havido alguma tensão entre os revolucionários e os militares que defendiam a continuidade do regime, inclusive com ameaças de disparos de tanques e explosões de granadas, o processo foi majoritariamente pacífico. Horas depois, Caetano anunciou sua renúncia.
A população, que havia ido às ruas protestar contra a ditadura e apoiar os líderes do movimento, comemorou a queda do regime junto com os militares. Neste momento, apareceram os primeiros cravos vermelhos, distribuídos por Celeste Caeiro, que eram colocados pelos soldados nos canos de suas espingardas — vem daí o nome Revolução dos Cravos.
Após o fim da ditadura Salazarista foi instituída a Junta de Salvação Nacional, que ficaria responsável por governar Portugal durante a transição para a democracia. No entanto, este processo até a remoção de todos os resquícios do período de autoritarismo foi bastante turbulento, incluindo tentativas de volta ao poder de entusiastas de Salazar.
O primeiro escolhido pela Junta para comandar o país foi o general Antônio Spínola, nomeado presidente no dia seguinte. Mas ele não se mostrou disposto às mudanças radicais que a maioria desejava, mantendo alguns presos políticos e defendendo a continuidade da polícia política, entre outras medidas polêmicas.
Spínola tentou tomar o poder em duas ocasiões, mas suas ações foram neutralizadas, levando-o a entregar o cargo e fugir. Tais tentativas de golpe resultaram na criação do Conselho da Revolução (CR), que atuou na realização de acordos com partidos políticos, viabilizando as eleições para a Assembleia Constituinte.
A votação aconteceu em 25 de abril de 1975, com o órgão iniciando os trabalhos em junho. Após alguns meses de tensão política, a Assembleia aprovou a nova Constituição de Portugal, em abril de 1976, que consagrava o princípio da igualdade, a liberdade de imprensa e religiosa e os direitos trabalhistas, sociais e culturais.
Ramalho Eanes foi o primeiro presidente português eleito democraticamente após a Revolução dos Cravos, iniciando o mandato em julho de 1976.