Artes/cultura
15/03/2018 às 07:31•3 min de leitura
Arriscar a própria vida nos campos de batalha não é uma tarefa para qualquer um, portanto, é compreensível que os soldados tenham algumas superstições para driblar a má sorte e, sempre que possível, a morte, né? Pois, apesar de hoje em dia não se falar muito sobre as crendices que circulavam entre os militares, na época das grandes guerras mundiais elas eram pra lá de populares. Sarah Cooper, do site War History Online reuniu algumas delas em um interessante artigo — e nós do Mega achamos que seria legal dividir com você. Confira:
Segundo Sarah, uma das superstições que se tornaram bem famosas entre os soldados foi uma que surgiu durante a Guerra da Crimeia, que ocorreu entre 1853 e 1856. Na época, começou a circular o rumor de que se três soldados usassem o mesmo fósforo para acender seus cigarros, um deles — ou o terceiro a usar o palito — acabaria ferido ou morto em combate.
(Centenary of World War I in Orange)
Alguns dizem que esse papo foi inventado por um sueco chamado Ivan Krueger, que era dono de uma fabricante de palitos de fósforos — que espalhou a história para garantir que mais palitos fossem vendidos. Por outro lado, há quem acredite que a superstição já existia e o espertão só se aproveitou da crendice dos soldados para ganhar dinheiro.
Uma das batalhas mais memoráveis da Primeira Guerra Mundial foi a Batalha de Somme, na França, travada entre junho e novembro de 1916. De acordo com Sarah, a cidade mais próxima das linhas de frente era a cidade de Albert — onde se encontra a Basilique Notre-Dame de Brebières, uma basílica coroada com a estátua da Virgem Maria segurando o Menino Jesus em direção ao céu.
(La Basilique)
Essa estátua (toda dourada, como você pode ver na imagem acima) podia ser vista a grande distância e, durante a guerra, acabou sendo danificada e quase caiu — ficando inclinada em cima da torre. Pois começou a circular um papo de que quando a Virgem caísse, a Alemanha venceria a guerra e o conflito terminaria. E não é que os alemães capturaram Albert e rolou um bombardeio que acabou derrubando a estátua de vez!?
No fim, tudo não passava de crendice mesmo, já que Albert foi recapturada pelos britânicos quatro meses mais tarde e, de três meses depois disso, aconteceu o Armistício de Compiègne — isto é, a assinatura do tratado entre a Alemanha e os Aliados que pôs um fim na guerra. Então, a igreja foi reconstruída, a estátua recolocada em seu lugar e lá ela permanece até hoje.
Não estamos nos referindo a projéteis, mas doces mesmo. De acordo com Sarah, o Exército dos EUA fornece aos seus soldados refeições conhecidas pela sigla MRE — de Meal Ready to Eat ou Refeição Pronta para Comer em tradução livre — e, entre os itens, os militares incluem balas chamadas Charms que, traduzindo para o português, pode significar “encantos” ou “feitiços”.
(Candy Crate)
Pois existe a crença de que se um soldado comer as balinhas durante a patrulha, o “tempo” pode virar, especialmente se alguém comer uma bala verde. Assim, para evitar tempestades e temporais, os oficiais evitam os doces — porque faz todo sentido, né? Aliás, existem relatos de militares norte-americanos que já jogaram esses confeitos contra os inimigos com o intuito de lançar a má sorte a eles.
Enquanto a maioria dos supersticiosos foge de gatos pretos — coitados dos bichanos —, os pilotos da Primeira Guerra Mundial costumavam pintar esses animais em suas aeronaves para espantar a má sorte. Aliás, teve um piloto norte-americano que fazia questão de voar com um empalhado preso ao seu avião! O nome do cara era Edwin Parsons e ele considerava o bicho seu talismã.
(Wikimedia Commons/French Air Service)
Segundo Sarah, Parsons não saia do solo sem seu gato preto e dizia que o animal inclusive o tinha livrado de tomar um tiro durante uma de suas missões. E, certa vez, quando seu avião acabou destruído — junto com o gato —, o piloto se recusou a voar até que não encontrasse um substituto para o bicho empalhado.
Todo mundo já ouviu falar de Manfred von Richthofen, o lendário piloto alemão que entrou para a História como um dos mais respeitados ases de todos os tempos e ficou conhecido como Barão Vermelho. Ele ganhou o apelido por insistir em pintar seu avião de vermelho — algo que ele fez para comemorar sua nomeação como comandante do esquadrão Jasta 11.
(New Historian)
Mas, voltando ao assunto das superstições, dizem que os pilotos alemães eram pra lá de supersticiosos e uma crendice comum entre eles era a de que dava azar ter seus retratos clicados antes de sair para as missões. Dizem que Richthofen, ao contrário dos demais ases da época, fazia questão de ter o seu registrado antes de partir. Além disso, ele não decolava se não estivesse usando sua jaqueta e lenço “da sorte” — amuletos que não o protegeram para sempre, visto que, infelizmente, o Barão Vermelho foi morto em combate em 1918. Ou seria culpa da mania de ser do contra na hora de ter sua foto capturada?
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