Ciência
21/01/2014 às 11:12•2 min de leitura
Você se lembra de uma matéria postada aqui no Mega Curioso sobre um inacreditável achado realizado por arqueólogos norte-coreanos? Segundo informações da agência estatal do país, os cientistas teriam descoberto a toca de um unicórnio no subsolo de um templo de Pyongyang. A notícia virou piada e entrou para a longa lista de disparates que já foram divulgados pelos norte-coreanos, afinal todo mundo sabe que esses seres não existem.
Mas... espere. Será que os unicórnios algum dia existiram ou, ainda, se nunca existiram mesmo, de onde é que as lendas sobre essas criaturas surgiram? As descrições mais comuns retratam esses animais como seres que podiam voar e que eram imortais, além de contarem com o icônico chifre com incríveis poderes de cura.
Pinturas rupestres em Lascaux Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
Segundo o site Today I Found Out, a primeira figura de unicórnio de que se tem notícia foi encontrada nas cavernas Lascaux, na França, e teria sido pintada em 15 mil a.C. Contudo, apesar de a criatura desenhada contar com dois chifres — e provavelmente representar um antílope ou touro —, na época em que foi achada os descobridores pensaram que o animal retratado tinha um chifre só.
Com respeito aos registros escritos, o primeiro data do século 4 a.C., e aparece em um texto de autoria de um médico e historiador grego chamado Ctésias. Durante suas viagens pela Pérsia, Ctésias teria ouvido contos sobre um poderoso animal selvagem tão grande quanto um cavalo que teria o corpo todo branco e a cabeça vermelha, além de contar com olhos azuis e um único chifre multicolorido.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
Outros relatos famosos são os de Marco Polo — que descreveu os unicórnios como “brutos e feios” — e Genghis Khan, que teria se recusado a invadir a Índia depois de se deparar com uma dessas criaturas. Contudo, segundo os historiadores, os animais que essas pessoas viram provavelmente nada mais eram do que rinocerontes. Conforme explicaram, na hora de descrever as “bestas” nos países de origem, os viajantes se baseavam nos familiares cavalos.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
Os unicórnios também são descritos na bíblia (pelo menos na versão do Rei Jaime da Inglaterra), embora se acredite que a menção seja um caso de erro de tradução. Quando o Velho Testamento foi traduzido do hebraico para o grego, apesar de não existirem referências a unicórnios na Torá — a bíblia judaica —, há alusões a um animal (extinto ou quem sabe o órix-da-arábia) que normalmente era desenhado de perfil, aparecendo com os chifres sobrepostos.
Em grego, essas criaturas foram descritas como “monokeros”, e a palavra foi traduzida para o latim como “unicornos”. Assim, graças a uma interpretação equivocada de um desenho antigo, um animal de carne e osso acabou se transformando em uma criatura mitológica. Por último, ainda existe mais uma possível origem para a lenda sobre a existência dos unicórnios! Ela estaria relacionada a um mamífero marinho chamado narval.
Fonte da imagem: Reprodução/Save the Narwhals
Os narvais são “parentes” das baleias e golfinhos, habitantes as águas geladas do Ártico canadense e da Groelândia. Eles contam com um grande dente — e não um chifre — de marfim na cabeça e, para os que acreditam que os unicórnios existiram um dia (como os norte-coreanos), uma possibilidade é a de que os narvais tenham sido criaturas terrestres que, ao se sentirem ameaçadas pelos humanos, evoluíram para sobreviver no mar.
No entanto, geneticamente falando, os narvais são muito mais próximos das belugas e dos botos do que dos cavalos, o que invalida a teoria “evolutiva”. Portanto, respondendo à pergunta do título desta matéria — sobre se os unicórnios existiram algum dia —, todas as evidências disponíveis parecem dizer que não.