Esportes
26/11/2024 às 15:00•2 min de leituraAtualizado em 26/11/2024 às 15:00
Os oceanos sempre foram fonte de histórias misteriosas, mas poucas são tão curiosas quanto essa. Nos anos 1960, um grupo de submarinistas relatou ouvir algo parecido com um pato grasnando nas profundezas do Oceano Antártico. Esse som estranho, apelidado de “bio-duck” intriga cientistas desde então e gerou mais perguntas do que respostas.
Afinal, o que seria capaz de produzir esse som peculiar? Décadas de gravações e pesquisas mostraram que o fenômeno não era isolado e acontecia em várias partes do Oceano Antártico, especialmente próximo à Austrália e Nova Zelândia. E agora, parece que finalmente desvendamos esse mistério sonoro.
Em 1982, uma equipe de pesquisadores que mapeava sons marinhos captou o enigmático “bio-duck” enquanto trabalhava no Oceano Antártico. O som consistia em sequências repetitivas de quatro pulsos, que pareciam imitar o grasnar de um pato. Ross Chapman, pesquisador da Universidade de Victoria, se juntou ao estudo anos depois e ficou intrigado: “Era tão repetitivo que parecia impossível ser algo biológico”, explicou.
O mistério cresceu quando os cientistas notaram que o som vinha de múltiplos “locutores”. Quando um fazia o “quá-quá”, os outros ficavam em silêncio, como se estivessem ouvindo. Depois, o primeiro parava, e outro tomava a vez. “Parecia uma conversa organizada”, disse Chapman, que comparou a situação a uma reunião educada — só que entre criaturas subaquáticas.
Sem nenhuma confirmação visual de quem eram esses “conversadores”, as hipóteses começaram a surgir. Poderiam ser criaturas desconhecidas ou até fenômenos físicos? Mas foi só em 2014 que uma ideia ganhou força: talvez o som fosse produzido pela baleia-minke-antártica, uma espécie que habita justamente aquelas águas.
Para testar a teoria, os cientistas compararam gravações do “bio-duck” com sons produzidos pelas baleias-minke-antártica. E bingo! A similaridade era evidente. Frequência, duração e padrão dos sons combinavam, confirmando que esses “patos subaquáticos” eram, na verdade, mamíferos marinhos.
Além de solucionar o mistério, a descoberta trouxe um benefício prático. Entender como essas baleias se comunicam ajuda na preservação da espécie, especialmente em um mundo onde a poluição sonora e as mudanças climáticas ameaçam seus habitats. Monitorar os “quá-quás” agora pode fornecer dados valiosos sobre seus movimentos e comportamento.
A conclusão também mostra o quão surpreendente é o mundo natural. De fenômenos aparentemente inexplicáveis a descobertas fascinantes, o caso do “bio-duck” é um lembrete de que a ciência, assim como o oceano, está cheia de surpresas. E agora sabemos: até mesmo as baleias têm suas conversas diárias — ou, quem sabe, suas fofocas entre um mergulho e outro.