Imagem de Tatiana Tarasoff e a mente de seu stalker no megacurioso

Em 1969, a obsessão de Prosenjit Poddar revolucionou a lei norte-americana e depois de vários outros países

<p>Um estudo publicado em 2012 na revista <em>Agression and Violent Behavior</em>, definiu que as motiva&ccedil;&otilde;es por detr&aacute;s da mente de uma pessoa que possui impulsos de persegui&ccedil;&atilde;o incluem uma cren&ccedil;a ilus&oacute;ria em um destino rom&acirc;ntico a dois, uma necessidade de recuperar um relacionamento passado, um desejo s&aacute;dico de atormentar a v&iacute;tima ou uma hiper identifica&ccedil;&atilde;o psic&oacute;tica com essa e o desejo de substitui-la. Psicologicamente, os <em>stalkers</em> acabam sendo afetados por diversos quadros cl&iacute;nicos, como desordens de personalidade, dist&uacute;rbios psic&oacute;ticos, ilus&oacute;rios e esquizofr&ecirc;nicos.</p>
<p>Em alguns casos, a erotomania costuma se desenvolver no comportamento da mente perseguidora. O&nbsp;transtorno &eacute; marcado pela convic&ccedil;&atilde;o irreal de que o objeto de desejo dessa pessoa est&aacute; tamb&eacute;m secretamente apaixonado por ela. O indiv&iacute;duo cria falsas comprova&ccedil;&otilde;es que o levam a tirar essas conclus&otilde;es, como acreditar que o outro se comunica com ele atrav&eacute;s de gestos de postura, contatos visuais e cumprimentos.</p>
<p>No outono de 1968, a estudante Tatiana Tarasoff foi uma das maiores v&iacute;timas da mente de um stalker.</p>
<h2>Eu te encontrei</h2>
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<figure class="image"><img alt="" height="770" src="http://citydt.com/getimg.php?imgurl=http://mmbiz.qpic.cn/mmbiz_jpg/ur8ldomcUppfn1SxVfEClAzX9SmibOfNeViciacjXdkTqsWHKgEZZP6lubmGRqHnHY4jbSMMma3icbhOZVDxib1MSGw/640?wx_fmt=jpeg" width="564" /> <figcaption>(Fonte: Citydt/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
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<p>Em 1967, Prosenjit Poddar era um estudante de engenharia naval intercambista de Bengal, na &Iacute;ndia. O garoto possu&iacute;a uma mente t&atilde;o brilhante para os estudos que foi o primeiro indiano do sistema de casta Dalit &ndash; trabalhadores pobres e bra&ccedil;ais desprezados pela sociedade &ndash; que conseguiu&nbsp;ganhar o seu direito de estudar no exterior. Foi em setembro do mesmo ano que ele conseguiu uma vaga na Universidade da Calif&oacute;rnia, em Berkeley, como estudante em per&iacute;odo de gradua&ccedil;&atilde;o.</p>
<p>No entanto, por detr&aacute;s dos muitos anos dedicados aos livros, havia um garoto t&iacute;mido, com baixa-autoestima e que jamais havia compartilhado de um momento com nenhuma garota. Ele nunca havia beijado ou tido rela&ccedil;&otilde;es sexuais, quanto mais se apaixonado.</p>
<p>Numa tarde de outono de 1968, j&aacute; com os seus 22 anos, Poddar estava fazendo aulas de dan&ccedil;a folk no mesmo pavilh&atilde;o onde morava na universidade, quando viu pela primeira vez a russa Tatiana Tarasoff, de 18 anos de idade, e os primeiros sintomas de suas ilus&otilde;es infectaram o seu sistema quase que imediatamente. Os dois conversaram e chegaram a formar um par durante a aula e isso foi mais do que o suficiente para alarmar todas as mais precoces fantasias do rapaz. Quando esse voltou para o seu quarto na rep&uacute;blica, ele escreveu para os seus pais que havia encontrado uma pessoa e de que o casamento poderia estar pr&oacute;ximo. A partir da&iacute;, a sua obsess&atilde;o s&oacute; cresceu.</p>
<h2>Voc&ecirc; e nada al&eacute;m de voc&ecirc;</h2>
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<figure class="image"><img alt="" height="455" src="http://people.brandeis.edu/~teuber/tarasoff.gif" width="487" /> <figcaption>(Fonte: People Brandeis/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
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<p>Filha de imigrantes russos que se mudaram primeiro para o Brasil e depois para os Estados Unidos, Tatiana Tarasoff vivia sob a superprote&ccedil;&atilde;o dos pais e o regime de total controle das r&eacute;deas de sua vida. Ela era proibida de usar maquiagem, &agrave;s vezes at&eacute; mesmo de se vestir como desejava e&nbsp;tinha os hor&aacute;rios e lugares para onde ia controlados por eles. Dessa forma, a jovem criava uma rede de mentiras para conseguir ter o m&iacute;nimo de autonomia o poss&iacute;vel e escapar da vista de Alex Tarasoff, seu irm&atilde;o mais velho, incumbido de levar e busc&aacute;-la em&nbsp;todos os lugares.</p>
<p>Tatiana foi contagiada com a gentileza e o jeito manso de Prosenjit Poddar e, aos poucos, foi se aproximando cada vez mais dele, que tamb&eacute;m foi fazendo o mesmo. A garota come&ccedil;ou a retribuir as gentilezas dele e a demonstrar que queria criar um elo de amizade, sobretudo por ver como o jovem era sozinho e exclu&iacute;do daquela realidade totalmente diferente. Eles iam ao cinema, sa&iacute;am para comer e praticavam&nbsp;outras atividades juntos.</p>
<p>Enquanto isso, Poddar interpretava essa companhia como um desejo m&uacute;tuo da garota. Por vezes, Tatiana at&eacute; chegou a cruzar o limite de amizade e demonstrar um interesse mais &iacute;ntimo, instigada por toda a sua priva&ccedil;&atilde;o, dando margens que foram interpretadas como poss&iacute;veis chances de eles estarem juntos, alimentando ainda mais os sonhos mais selvagens do garoto. Em vista disso, Poddar montou um sistema de grava&ccedil;&atilde;o em seu quarto para ter supostas provas concretas e indiscut&iacute;veis de que ela o amava. Por&eacute;m, tudo o que Tatiana confessava era sobre suas priva&ccedil;&otilde;es, amenidades&nbsp;e de como existia um garoto que ela gostava.</p>
<p>Quando ele ofereceu um sari &ndash; roupa t&iacute;pica indiana &ndash; para Tatiana, como s&iacute;mbolo de um compromisso formal, ela se assustou e falou que n&atilde;o gostava dele da mesma forma que ele. E, &agrave; medida que a jovem foi se distanciando cada vez mais, o afeto dele s&oacute; aumentou.</p>
<h2>Voc&ecirc; precisa voltar para mim</h2>
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<figure class="image"><img alt="" height="400" src="https://www.nps.gov/common/uploads/place/nri/20170726/places/003C88FE-1DD8-B71B-0B8A68A81762F616/003C88FE-1DD8-B71B-0B8A68A81762F616.jpg" width="638" /> <figcaption>(Fonte: Nps.gov/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
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<p>N&atilde;o fazia sentido na cabe&ccedil;a de Poddar&nbsp;que Tatiana n&atilde;o queria estar mais com ele, principalmente depois de terem sa&iacute;do tanto e conversado sobre intimidades de suas vidas. Sendo assim, ele continuou a tentar faz&ecirc;-la mudar de ideia a todo custo, aparecendo na casa dela, ligando por diversas vezes sem parar, seguindo ela pelos lugares e surgindo&nbsp;sem ser convidado.</p>
<p>Nos meses seguintes sem a presen&ccedil;a da garota, Prosenjit Podar sucumbiu a uma profunda depress&atilde;o, deixando de ir ao trabalho, a faculdade, de tomar banho, comer e sair de casa. Imerso em desespero, ele se aproximou de Alex Tarasoff, chegando a se mudar para poder ficar mais perto da irm&atilde; do garoto. Os picos de &oacute;dio mortal que faziam t&ecirc;-lo vontade de incendiar&nbsp;a casa de Tatiana Tarasoff se misturavam com uma eloqu&ecirc;ncia apaixonada.</p>
<p>Nas f&eacute;rias de ver&atilde;o de 1969, Tatiana Tarasoff viajou para o Brasil e o jovem enlouqueceu de vez apenas por n&atilde;o poder a inspecionar de perto ou saber onde a encontrar. Ele teve uma crise nervosa t&atilde;o grande que teve que ser hospitalizado e medicado. Por sugest&atilde;o de um amigo pr&oacute;ximo, ele acabou aceitando a sugest&atilde;o de uma assist&ecirc;ncia psicol&oacute;gica.</p>
<p>Prosenjit Poddar come&ccedil;ou a visitar o consult&oacute;rio do Dr. Lawrence Moore, psic&oacute;logo do Hospital Memorial Cowell, em Berkeley. Durante as sess&otilde;es semanais, ele confidenciou toda a sua hist&oacute;ria e come&ccedil;ou a expressar as suas vontades de matar Tatiana, por n&atilde;o aguentar mais ficar longe dela. Ele disse que planejava comprar uma arma e depois esfaque&aacute;-la. Para ele, n&atilde;o havia vida enquanto n&atilde;o pudesse t&ecirc;-la.</p>
<p>&Agrave; essa altura, o diagn&oacute;stico do m&eacute;dico foi de que o rapaz sofria de esquizofrenia paranoica aguda e grave, embora aparentasse um estado racional e equilibrado. Lawrence Moore ficou preocupado e se perguntou v&aacute;rias vezes se deveria quebrar o sigilo m&eacute;dico e contar &agrave;s autoridades sobre a amea&ccedil;a que o garoto representava. Por&eacute;m, ele apenas pediu que Poddar jurasse que interromperia qualquer v&iacute;nculo com a garota.</p>
<p>Em seguida,&nbsp;o jovem parou de visitar o consult&oacute;rio do m&eacute;dico.</p>
<h2>Eu n&atilde;o consigo viver enquanto voc&ecirc; existir</h2>
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<figure class="image"><img alt="" height="490" src="http://standardtimespress.org/wp-content/uploads/2016/12/case_law_gabel-e1418344194994.jpg" width="1000" /> <figcaption>(Fonte: Standard Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
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<p>Na noite do dia dia 27 de outubro de 1969, certo de seus sentimentos e absorto num tormento interno, Prosenjit Poddar tocou a campainha da casa de Tatiana Tarasoff. A garota atendeu a porta e, aos berros, ordenou que ele fosse imediatamente embora e a deixasse em paz. Contudo, o jovem apenas sacou o rev&oacute;lver e o descarregou na dire&ccedil;&atilde;o dela. Em p&acirc;nico, Tatiana correu, mas Poddar a perseguiu at&eacute; conseguir agarr&aacute;-la. Ent&atilde;o sacou a faca de cortar carne e golpeou a garota por oito vezes para &ldquo;acalm&aacute;-la&rdquo;, segundo ele mesmo declarou.</p>
<p>Depois de consumado o crime, ele entrou na casa da garota e fez uma liga&ccedil;&atilde;o para a pol&iacute;cia: &ldquo;Eu acabei de matar a minha namorada&rdquo;.</p>
<p>Tatiana morreu assim que chegou ao hospital. Poddar foi considerado culpado pelo homic&iacute;dio e condenado a cinco anos de pris&atilde;o. No entanto, o advogado recorreu &agrave; senten&ccedil;a e um novo juiz concordou em libertar Prosenjit Poddar sob a condi&ccedil;&atilde;o de que ele seria deportado para a &Iacute;ndia e proibido de voltar aos Estados Unidos.</p>
<p>N&atilde;o conformados com a pena e o fato de que a Lei poderia ter evitado o crime, os pais de Tatiana insistiram e fizeram da morte da filha o caso <em>Tarasoff vs. Regentes da Universidade da Calif&oacute;rnia,</em> levando-o at&eacute; &agrave; Suprema Corte da Calif&oacute;rnia. S&oacute; em 1976, ap&oacute;s anos de intensos debates e delibera&ccedil;&otilde;es com a Associa&ccedil;&atilde;o Americana de Psicologia, foi determinado&nbsp;que os psicoterapeutas t&ecirc;m o dever de romper o sigilo paciente x terapeuta, uma vez que proteger v&iacute;timas em potencial e a seguran&ccedil;a p&uacute;blica &eacute; mais importante do que o compromisso com o cliente. O profissional pode cumprir o seu dever perante &agrave; Lei notificando a pol&iacute;cia, avisando a v&iacute;tima pretendida ou tomando outras medidas razo&aacute;veis.</p>
<p>Apesar da grande controv&eacute;rsia no &acirc;mbito m&eacute;dico, a Lei de Tarasoff, conhecida como Dever em Proteger (Duty to Warn), foi adotada em muitos estados norte-americanos e possui&nbsp;legisla&ccedil;&otilde;es semelhantes em v&aacute;rios outros pa&iacute;ses, dando menos oportunidades que outras pessoas tenham o fim de Tatiana.</p>

thumb-image-2024-02-29T14:04:24.187Z

Tatiana Tarasoff e a mente de seu stalker

Imagem de Homem morre após ser baleado por própria armadilha caseira no megacurioso

Ronald Cyr, de 65 anos, não resistiu aos ferimentos causados pelo seu dispositivo criado para impedir possíveis invasões a sua casa

<p>As autoridades do&nbsp;estado de Maine, nos Estados Unidos, foram surpreendidas com uma trag&eacute;dia inusitada no dia de A&ccedil;&atilde;o de Gra&ccedil;as. Ronald Cyr, 65 anos, ligou para o setor de atendimento da pol&iacute;cia de Van Buren alertando ter sido baleado. Ao chegar no local, os policiais descobriram que o disparo tinha sido resultado de uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/invencoes-malucas/39309-sujou-policia-de-londres-testa-armadilha-que-deixa-ladrao-com-a-pele-verde.htm?fb_comment_id=734442279905621_8463362" style="color:blue; text-decoration:underline">armadilha</a> plantada pelo pr&oacute;prio morador na tentativa de evitar poss&iacute;veis assaltos em seu domic&iacute;lio.&nbsp;</p>

<figure class="image"><img alt="" height="1281" src="https://mega.ibxk.com.br/2019/12/16/16223258125412.jpg" width="1920" />
<figcaption>(Fonte: Pixabay)<br />
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<p>Os param&eacute;dicos chegaram &agrave; casa de Ronald Cyr junto a pol&iacute;cia para prestar assist&ecirc;ncia m&eacute;dica. Entretanto, o homem n&atilde;o resistiu aos ferimentos causados pela bala e acabou falecendo. Ao vasculhar a cena do incidente, a pol&iacute;cia descobriu um dispositivo na porta de entrada criado pelo pr&oacute;prio Cyr, onde uma arma estava acoplada com o objetivo de efetuar um disparo em uma eventual tentativa de invas&atilde;o domiciliar. Em outra busca mais aprofundada, os oficiais descobriram mais alguns dispositivos espalhados pelo im&oacute;vel e decidiram acionar o <a href="https://www.megacurioso.com.br/armas/36642-cientistas-treinam-abelhas-para-encontrar-minas-terrestres.htm?fb_comment_id=598794786810871_108764863" style="color:blue; text-decoration:underline">esquadr&atilde;o antibombas</a> de Maine para auxiliar na opera&ccedil;&atilde;o.</p>

<p>Ap&oacute;s as investiga&ccedil;&otilde;es &agrave; casa de Ronald Cyr nas primeiras horas do dia 29 de Novembro, as autoridades decretaram a causa da morte como &quot;resultado de um disparo n&atilde;o intencional de um de seus dispositivos caseiros&quot;.</p>

<h2><strong>Pedido de ajuda ignorado</strong></h2>

<figure class="image"><img alt="" src="https://mega.ibxk.com.br/2019/12/16/16222248596407.jpg" />
<figcaption>(Fonte: Unsplash/Jenna Anderson)<br />
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<p>Segundo os irm&atilde;os de Cyr, Mark e Lorraine, o homem j&aacute; havia alertado h&aacute; muito tempo sobre o desaparecimento de ferramentas e tintura para carro em meio aos seus pertences. Para eles, o irm&atilde;o j&aacute; tinha conversado com as autoridades a respeito do caso, mas a pol&iacute;cia &quot;o tratou como se fosse sen&iacute;l&quot;, disse Mark. A fam&iacute;lia entende que o falecido irm&atilde;o tinha medo de poss&iacute;veis invas&otilde;es domiciliares e, como a pol&iacute;cia n&atilde;o teria tomado qualquer tipo de atitude sobre o caso, ele resolveu tomar conta da situa&ccedil;&atilde;o com as pr&oacute;prias m&atilde;os.&nbsp;</p>

<p>Ronald Cyr teria instalado cercas e <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/111104-homem-vigia-o-proprio-gato-com-camera-de-seguranca-e-resultado-e-hilario.htm">c&acirc;meras de vigil&acirc;ncia</a> no objetivo de aumentar a prote&ccedil;&atilde;o de sua casa durante os &uacute;ltimos anos. Por&eacute;m, de tempos para c&aacute;, ap&oacute;s n&atilde;o se sentir seguro o suficiente, o homem resolveu acrescentar armadilhas ao seu lar. &quot;N&oacute;s n&atilde;o &eacute;ramos a favor dele fazer esse tipo de coisa porque ele nunca esteve habituado com armas&nbsp;&mdash; s&eacute;rio, esse n&atilde;o era o forte dele&nbsp;&mdash; mas ele estava muito frustrado&quot;, completou Lorraine.</p>


thumb-image-2024-02-29T14:04:23.962Z

Homem morre após ser baleado por própria armadilha caseira

Imagem de Gordon Stewart Northcott e os crimes do galinheiro de Wineville  no megacurioso

O tamanho do rastro das atrocidades deixado pelo garoto de 17 anos fez Wineville ter o nome mudado para Mira Loma em 1930

<p>Nascido no in&iacute;cio da virada do s&eacute;culo, em 6 de novembro de 1906, na cidade de Bladworth, no Canad&aacute;, Gordon Stewart Northcott tinha um passado t&atilde;o cheio de sombras quanto a sua fam&iacute;lia. Tentar reconstrui-lo a partir de como a sua vida era antes de entrar na adolesc&ecirc;ncia&nbsp;&eacute; pisar em um campo minado de falta de dados e mentiras, principalmente por sua heran&ccedil;a patol&oacute;gica de mentir.</p>
<h2>Meu pequeno deus</h2>
<div><img alt="" src="http://criminalia.es/wp-content/gallery/asesinos-n/Gordon-Northcott/Gordon-Northcott-46.jpg" />
<p>(Fonte: Criminalia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</p>
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<p>Cyrus George e Sarah Louise se casaram em 12 de agosto de 1886, mas se passaram v&aacute;rios anos at&eacute; que a primog&ecirc;nita da fam&iacute;lia, nomeada Winnifred Northcott, nascesse, depois que Sarah teve cinco abortos espont&acirc;neos. Com ela veio Willie, o t&atilde;o sonhado e idealizado filho homem. A vida da m&atilde;e passou a ser dedicada a ele, deixando Winnifred de lado e aos cuidados do pai.</p>
<p>Nascida em agosto de 1869, Sarah Louise vinha de uma fam&iacute;lia muito religiosa, ultrapassando a fronteira do fanatismo e alcan&ccedil;ando uma obsess&atilde;o que a fazia fantasiar constantemente com uma vida angelical e divina, que apenas piorou conforme foi envelhecendo. Os pensamentos restritivos e altamente doutrinadores dela colidiram com o ate&iacute;smo de Cyrus no momento em que as crian&ccedil;as vieram ao mundo, causando a separa&ccedil;&atilde;o do casal depois de 5 anos juntos.</p>
<p>Eles acabaram reatando logo que Willie morreu de pneumonia. Sarah entrou em uma espiral de dor e depress&atilde;o profunda que a fez questionar Deus e amaldi&ccedil;o&aacute;-lo por ter tirado o seu beb&ecirc;. Assim que descobriu que estava gr&aacute;vida novamente, o &oacute;dio da mulher ultrapassou todos os limites.</p>
<p>Cyrus a aconselhou a matar a crian&ccedil;a a todo o custo, antes que se desenvolvesse no &uacute;tero dela e tir&aacute;-la se tornasse perigoso demais para a sua sa&uacute;de. Desse modo, Sarah se atirou de locais altos, andou por horas a cavalo, foi chutada e espancada pelo marido com golpes na barriga &mdash; a determina&ccedil;&atilde;o era tanta que Cyrus chegou a quebrar uma v&eacute;rtebra da mulher.</p>
<div><img alt="" height="606" src="https://i.pinimg.com/originals/cc/9d/61/cc9d615b30c77a097bf5e8eb9db23a02.jpg" width="800" />
<p>(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</p>
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<p>Eles n&atilde;o conseguiram evitar a evolu&ccedil;&atilde;o da crian&ccedil;a, como se fosse algo predestinado, e Gordon acabou nascendo. No momento em que Sarah colocou os olhos no filho pela primeira vez, tudo voltou a ela: a devo&ccedil;&atilde;o, o amor e a adora&ccedil;&atilde;o. Estava viva novamente.</p>
<p>Durante a cria&ccedil;&atilde;o, o instinto superprotetor&nbsp;de Sarah excedia qualquer limite considerado normal para uma m&atilde;e, bem como o tipo de rela&ccedil;&atilde;o que ela desenvolveu com Gordon &agrave; medida que ele foi amadurecendo. A filha mais velha, Winnifred Northcott, n&atilde;o existia para a mulher. Todo o seu tempo e a sua aten&ccedil;&atilde;o eram voltados para o garoto; ela o paparicava e dava tudo o que ele pedia, realizando cada vontade sem questionar. Sarah<span style="background-color: transparent;">&nbsp;fez Gordon crescer dentro de um sonho&nbsp;em que disciplina e regras n&atilde;o eram aplicadas a ele jamais, e ela</span><span style="background-color: transparent;">&nbsp;se assegurava de proteg&ecirc;-lo de qualquer priva&ccedil;&atilde;o ou algo que pudesse faz&ecirc;-lo minimamente infeliz.</span></p>
<p>E em adi&ccedil;&atilde;o a esse zelo todo e parte das proje&ccedil;&otilde;es internas dela, Sarah o vestia com roupas de homem adulto, tanto quanto com saias e vestidos. Em um dia ela o tratava com altas doses de feminilidade, como se esse fosse uma garota, e no outro como um menino, tanto na roupa quanto nas conversas.</p>
<h2>Voc&ecirc; muda como a gente muda?&nbsp;</h2>
<div><img alt="" src="http://www.thecriminalcode.com/wp-content/uploads/2017/06/northcott.jpg" />
<p>(Fonte: The Criminal Code/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</p>
</div>
<p>Aos 10 anos de idade, Gordon alegou ter sido apresentado &agrave;s pr&aacute;ticas sexuais pelo pr&oacute;prio pai, que o estuprava regularmente e o abandonava em sua cama &agrave; noite com uma sensa&ccedil;&atilde;o de vazio. Ele n&atilde;o entendia muito bem o que sentia, tampouco sabia o que pensar sobre, embora toda&nbsp;manh&atilde; o homem o tratasse normalmente, carregasse-o nas costas e pedisse para que o ajudasse a fazer tarefas de pai e filho.</p>
<p>Com um temperamento altamente nervoso, violento e incontrol&aacute;vel, o desgosto e a raiva que Cyrus alimentava por Gordon envolviam diversos fatores. Um deles foi quando o jovem atingiu a puberdade e Sarah passou a abandonar a vida conjugal de quase 40 anos para ficar mais tempo ao lado do filho e estreitar maliciosamente o amor doentio e pervertido que o homem via acontecer. O fato de Gordon ter hipertricose (doen&ccedil;a que faz os pelos do corpo crescerem excessivamente) dava-lhe uma apar&ecirc;ncia mais "viril" aos olhos de Cyrus e igualmente bestial, primitiva. De certa forma, l&aacute; no fundo, o pai sentia que havia algo de errado por tr&aacute;s do sorriso debochado e do olhar dissimulado do garoto.</p>
<p>Por volta dos 15 anos de idade, Gordon j&aacute; tinha desenvolvido um gosto apurado por m&uacute;sica, em especial as mais tristes, que eram exatamente o reflexo de como ele se sentia por dentro, al&eacute;m de serem as&nbsp;que o inspiravam mais. N&atilde;o demorou muito para que ele come&ccedil;asse a trabalhar em teatros como pianista e em outros lugares em que podia se isolar. Por onde quer que o jovem andasse, por&eacute;m, evitava ao m&aacute;ximo o contato com adultos, porque n&atilde;o se sentia confort&aacute;vel na presen&ccedil;a deles nem sabia como interagir. "Era um constante mal-estar", revelou em uma das partes de seu depoimento.</p>
<p>Em agosto de 1924, quando, por motivos financeiros, Cyrus decidiu se mudar com a fam&iacute;lia para Los Angeles, as suspeitas de que havia algo de errado com o filho come&ccedil;aram a se confirmar.&nbsp;Enquanto estava na escola, Gordon se envolveu em alguns crimes, geralmente pequenos furtos e brigas de rua. Durante o&nbsp;tempo que morou na Arroyo Seco Avenue, o seu nome foi centro&nbsp;de&nbsp;um esc&acirc;ndalo de rela&ccedil;&otilde;es sexuais &agrave;s escondidas com cinco garotos. Todos acabaram sendo&nbsp;presos, menos Gordon, mais uma vez por falta de provas. Ele sabia mentir&nbsp;<span style="background-color: transparent;">muito bem, e isso o ajudou a escapar de v&aacute;rias oportunidades de ser legalmente acusado.</span></p>
<h2>Indo atr&aacute;s de carne</h2>
<div><img alt="" src="https://4.bp.blogspot.com/-fpAgF0X6l7c/WMSr6Yw1ijI/AAAAAAAAA54/EQreWwL7-w0pGyi7eOo2Rt_mz44TiWpKACLcB/s1600/Serial%2BKiller%2BGordon%2BNorthcott2.jpg" />
<p>(Fonte: Nintudo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</p>
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<p>Em abril de 1926, segundo o pr&oacute;prio Gordon, ap&oacute;s 2 anos abastecendo ideias e vontades assassinas e ped&oacute;filas que s&oacute; ele sabia que tinha, j&aacute; aos 17 anos de idade, ele pediu que o pai comprasse um terreno para que ele fizesse&nbsp;um rancho e pudesse criar galinhas.&nbsp;Surpreso com o pedido repentino do filho, Cyrus acatou o desejo dele e comprou um lote em uma &aacute;rea rural situada na cidadezinha de Wineville, no condado de Riverside.</p>
<p>Pensando em um bra&ccedil;o direito que o auxiliaria&nbsp;mais em seus planos diab&oacute;licos do que em comandar a fazenda, Gordon viajou at&eacute; Saskatoon, para a casa da irm&atilde;, e levou consigo o sobrinho, Sanford Clark, de apenas 13 anos de idade. Depois disso, o garoto n&atilde;o voltou mais. Al&eacute;m de n&atilde;o permitir que Sanford fosse &agrave; escola, Gordon o obrigava a levantar &agrave;s 5h para cumprir todas as necessidades do rancho. O menino era espancado oito vezes ao dia, regularmente, por pura divers&atilde;o, e monitorado, espancado e estuprado pelo av&ocirc;.</p>
<p>Terrivelmente, Cyrus n&atilde;o s&oacute; embarcou nas aventuras do filho s&aacute;dico e predador como tamb&eacute;m o apoiou. Segundo o pr&oacute;prio homem, foi a maneira que ele encontrou de poder retomar minimamente o la&ccedil;o que tinha com Sarah, uma vez que Gordon tinha algo ao que podia se dedicar inteiramente. Ele sa&iacute;a de carro e trazia de cinco a dez garotos para que o filho "os fizesse" &mdash; referindo-se aos estupros.</p>
<p>Isso era o que Gordon fazia todos os dias. Um atr&aacute;s do outro. Quando o pai estava ocupado, ele mesmo ia atr&aacute;s de "carne fresca", como dizia para Sanford. Todas as v&iacute;timas eram atra&iacute;das,&nbsp;abusadas e depois largadas em algum lugar da cidade.</p>
<h2>Tudo pelo meu pequeno deus</h2>
<div><img alt="" src="http://www.theoccultmuseum.com/wp-content/uploads/2017/06/A-Family-Affair-Gordon-Northcott-and-the-Wineville-Chicken-Coop-Murders-1.jpg" />
<p>(Fonte: The Occult Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</p>
</div>
<p>Essa pr&aacute;tica durou 2 anos, at&eacute; que em 1&ordm; de fevereiro de 1928 Gordon voltou para a fazenda com um jovem latino-americano de nome desconhecido. Ele o trancou no galinheiro, da mesma forma que costumava fazer com o sobrinho, e o deixou l&aacute; durante 1 semana inteira, permitindo que sa&iacute;sse&nbsp;apenas para ser estuprado. Cansado, Gordon matou o jovem com v&aacute;rias machadadas e o decapitou. Depois, obrigou Sanford a queimar a cabe&ccedil;a em uma fornalha externa que havia na casa, enquanto ele mesmo cavou um buraco, colocou os restos do corpo e jogou cal por cima.</p>
<p>Em 10 de mar&ccedil;o do mesmo ano, com a ajuda de Sarah, Gordon sequestrou Walter Collins, de 9 anos de idade, que ia para o cinema sozinho quando foi capturado. Presa no galinheiro sem &aacute;gua e comida, a crian&ccedil;a foi torturada e violentada at&eacute; que desmaiasse de exaust&atilde;o e tivesse as partes &iacute;ntimas em carne viva.</p>
<p>Sabendo da repercuss&atilde;o do desaparecimento do menino e&nbsp;temendo que Gordon fosse denunciado por ele se fosse libertado, foi Sarah quem decidiu que a crian&ccedil;a precisava morrer. A mulher desferiu machadadas na cabe&ccedil;a de Collins, juntou os restos mortais e desapareceu com eles.</p>
<p>Em 16 de maio de 1928, os irm&atilde;os Nelson e Lewis Winslow, de 10 anos e 12 anos, respectivamente, tamb&eacute;m terminaram atr&aacute;s da porta do galinheiro de Wineville e tiveram o mesmo tr&aacute;gico fim que as outras duas crian&ccedil;as: estuprados, espancados at&eacute; a morte, desmembrados e enterrados sob muita cal.</p>
<h2>A &uacute;ltima m&uacute;sica</h2>
<div><img alt="" src="https://d1dd4ethwnlwo2.cloudfront.net/wp-content/uploads/2019/06/Screen-Shot-2019-06-06-at-9.33.36-AM-1200x667.png" />
<p>(Fonte: Live Play Eat/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</p>
</div>
<p>Quando as cartas que Gordon escrevia para a irm&atilde;, garantindo que Sanford e a vida no rancho estavam bem, n&atilde;o a convenceram mais, ela decidiu ver com os pr&oacute;prios olhos o que estava acontecendo. Winnifred viajou at&eacute; Wineville e finalmente se encontrou com o filho depois de 2 longos anos.&nbsp;O horror de Sanford e o medo de que a m&atilde;e fosse embora sem ele o fizeram&nbsp;confessar absolutamente toda a verdade oculta. Horrorizada, Winnifred n&atilde;o pensou duas vezes em pegar o filho, viajar de volta para a sua cidade e denunciar os pais e o irm&atilde;o para as autoridades.</p>
<p>Sarah e Gordon foram presos em 19 de setembro de 1928. A m&atilde;e foi condenada pelo assassinato de Walter Collins, tendo Sanford como testemunha ocular do crime. Ela foi condenada &agrave; pris&atilde;o perp&eacute;tua com chance de recorrer &agrave; liberdade condicional ap&oacute;s 12 anos de encarceramento. Cyrus foi institucionalizado em uma cl&iacute;nica psiqui&aacute;trica e acabou se suicidando.</p>
<p>Depois de 27 dias de julgamento, em 8 de fevereiro de 1929, Gordon Stewart Northcott foi condenado por tortura, estupro e pelo assassinato do garoto latino-americano e dos irm&atilde;os Winslow. Ele foi sentenciado &agrave; morte. Na noite em que seria enforcado, em outubro de 1930, Gordon tocou a sua m&uacute;sica favorita, <em>Song of the Songs</em>, um c&acirc;ntico b&iacute;blico e calmo em contraste a sua jornada f&eacute;rvida, col&eacute;rica, repleta de acordes dissonantes como o fio da navalha de seu machado ao entrar em contato com a carne daquelas crian&ccedil;as.</p>

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Gordon Stewart Northcott e os crimes do galinheiro de Wineville

Imagem de O estranho desaparecimento de Bobby Dunbar  no megacurioso

Em 1912, o garoto de 4 anos desapareceu por oito meses e retornou como uma outra pessoa

<p>A hist&oacute;ria de Robert Clarence Dunbar, &ldquo;Bobby&rdquo;, nascido em abril de 1908, come&ccedil;ou quando os seus pais, Lessie e Percy Dunbar, decidiram escapar um pouco das altas temperaturas de onde moravam em Opelousas, no estado de Louisiana. Numa &eacute;poca em que n&atilde;o existia ar-condicionado, a &uacute;nica maneira de conseguir sobreviver ao morma&ccedil;o do ver&atilde;o era procurando ref&uacute;gio em lagos, rios ou riachos fora da cidade, e foi exatamente o que a fam&iacute;lia decidiu fazer.</p>
<p>No dia 22 de agosto de 1912, Lessie e Percy Dunbar pegaram os tr&ecirc;s filhos e viajaram at&eacute; o Lago Swayze, situado em St. Landry Parish, onde costumavam passar os fins de semana em uma cabana que os pertencia na &aacute;rea de acampamento. A manh&atilde; de uma sexta-feira, 23 de agosto, come&ccedil;ou com um lindo dia ensolarado e a promessa de que a fam&iacute;lia toda se divertiria, e assim o fizeram.</p>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="419" src="https://louisianadigitallibrary.org/islandora/object/ull-lsa:1039/datastream/JPG/view" width="600" /> <figcaption>(Fonte: Louisiana Digital Library/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>Mais tarde, quando j&aacute; anoitecia, Percy Dunbar deixou a sua cabana para trabalhar em um projeto e depois decidiu se juntar a um grupo de amigos que estavam pescando n&atilde;o muito longe de onde ele estava acampado com a fam&iacute;lia. Quando o homem voltou para a sua cabana, a primeira imagem que se deparou foi de Lessie envolta em perturba&ccedil;&atilde;o&nbsp;e com os seus outros dois filhos&nbsp;mais novos ao seu redor. Ela ent&atilde;o deu a terr&iacute;vel not&iacute;cia:</p>
<p>Bobby Dunbar, o primog&ecirc;nito deles de apenas quatro anos de idade, havia desaparecido.</p>
<h2>Em busca de Bobby: oito meses sem voc&ecirc;</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" src="http://viplocal.com.au/wp-content/uploads/2016/07/Bobby-Dunbar.jpg" /> <figcaption>(Fonte: Viplocal/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>Rapidamente, o casal procurou as autoridades e uma busca massiva teve in&iacute;cio. A princ&iacute;pio, os policiais e at&eacute; mesmo Percy e Lessie Dunbar temiam que Bobby tivesse escorregado e ca&iacute;do dentro do lago, por isso boa parte da equipe se concentrou em inspecionar a &aacute;gua. Em menos de 24 horas, a hip&oacute;tese de um afogamento come&ccedil;ou a ser repensada quando encontraram o bon&eacute; do garotinho em meio as &aacute;rvores e num ponto&nbsp;muito afastado das margens perigosas do lago.</p>
<p>A pequena cidade ferveu de empatia pelo desespero dos pais, principalmente de Lessie, que ficou doente de culpa e sentia como se tivesse matado o pr&oacute;prio filho por conta de seu leve descuido. Solidarizados, centenas de volunt&aacute;rios come&ccedil;aram a surgir para ajudar a encontrar qualquer pista que pudesse determinar o paradeiro de Bobby. Em duas semanas de ca&ccedil;ada, eles conseguiram encontrar apenas algumas pegadas ao longo dos trilhos da ferrovia, o bon&eacute; de Bobby e um de seus sapatos.</p>
<p>Desesperados em eliminar por definitivo qualquer sombra de d&uacute;vida ou possibilidades, eles decidiram dinamitar o lago para ver se o corpo do garotinho estava enroscado na lama acumulada no fundo, visto que o Lago Swayze era uma esp&eacute;cie de p&acirc;ntano, com muita alga e terra. Contudo, a &uacute;nica coisa que boiou foi a carca&ccedil;a mutilada de um cervo.</p>
<p>Embora a pol&iacute;cia estivesse chegando &agrave; derradeira conclus&atilde;o de que Bobby havia ca&iacute;do e se afogado no lago, ou de alguma maneira se perdido na floresta cerrada nas cercanias do local, o casal ainda estava convencido de que o filho estava vivo. Percy apostava em um sequestro e estava t&atilde;o determinado a descobrir que chegou a oferecer uma recompensa de U$1.000 a quem pudesse ter visto o pequeno Bobby ou at&eacute; o encontrasse.</p>
<h2>Meu Bobby&nbsp;&eacute; voc&ecirc;?</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="507" src="https://cdn.mamamia.com.au/wp/wp-content/uploads/2018/02/01151711/bobby-2-650.jpg" width="650" /> <figcaption>(Fonte Mamamia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>Em oito meses, com a esperan&ccedil;a dos pais extremamente fragilizada, o desaparecimento de Bobby Dunbar j&aacute; havia se tornado um caso nacional, com a foto dele estampada em milhares de jornais e revistas espalhadas por outras partes dos Estados Unidos. Ainda assim, tudo apontava para um beco sem sa&iacute;da de falta de informa&ccedil;&otilde;es.</p>
<p>At&eacute; que no dia 21 de abril de 1913, as autoridades entraram em contato com Percy e Lessie Dunbar com a not&iacute;cia surreal de que haviam encontrado uma crian&ccedil;a em Foxworth, Mississipi, durante uma blitz policial numa rodovia, cujas caracter&iacute;sticas f&iacute;sicas batiam com as de Bobby. O garoto estava acompanhado de um homem chamado William Cantwell Walters, natural da Carolina do Norte.</p>
<p>Imediatamente, o casal viajou de trem para o Mississipi em busca de confirmar a identidade do garoto. Depois de passar dois dias fazendo perguntas e&nbsp;examinando detalhadamente o corpo do menino para&nbsp;comparar marcas, os pais chegaram &agrave; conclus&atilde;o que aquele de fato era o Bobby deles, principalmente com o filho mais novo, Alonzo, reconhecendo o irm&atilde;o. Ainda que nem mesmo Bobby tenha atendido pelo pr&oacute;prio nome quando foi chamado pela fam&iacute;lia, os oficiais decretaram que a crian&ccedil;a estava livre para embarcar no primeiro trem de volta &agrave; sua vida.</p>
<p>Enquanto isso, por&eacute;m, durante o interrogat&oacute;rio do poss&iacute;vel sequestrador, William Walters, uma hist&oacute;ria diferente era contada. Segundo o homem, aquela crian&ccedil;a era o filho leg&iacute;timo de uma mulher chamada Julia Anderson Floyd, que trabalhava na casa de sua fam&iacute;lia, e que havia permitido que o filho estivesse com ele. Mas a pol&iacute;cia n&atilde;o acreditava em sua vers&atilde;o, afinal de contas os pais haviam reconhecido o garoto.</p>
<p>N&atilde;o demorou muitos&nbsp;dias para que Julia Anderson fosse informada e viajasse&nbsp;de Barnesville, na Carolina do Norte, at&eacute; Louisiana para reclamar que aquele Bobby que haviam reconhecido, na verdade&nbsp;se tratava de seu filho, Charles Bruce Anderson.</p>
<h2>Devolva o meu filho</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="482" src="http://cdn.lifedaily.com/wp-content/uploads/2017/06/16-bobby-dunbar-story.jpg" width="740" /> <figcaption>(Fonte: Diply/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>A pol&iacute;cia resolveu dar a Julia o benef&iacute;cio da d&uacute;vida e permitiu que ela identificasse o garoto, por&eacute;m o fato de ela ter levado mais do que imediatamente para reconhecer o pr&oacute;prio filho quando ficou frente a frente com este, foi o suficiente para as autoridades terem certeza de que ela era uma impostora e mentirosa. Julia tentou persuadi-los dizendo que n&atilde;o via o garoto h&aacute; trezes meses, embora, em depoimento, tenha dito que havia o entregado para Walters por apenas dois dias de viagem.</p>
<p>O caso foi levado ao tribunal e, desde o princ&iacute;pio, nenhuma condi&ccedil;&atilde;o estava favor&aacute;vel &agrave; Julia Anderson. Ela havia tido tr&ecirc;s filhos sem uma rela&ccedil;&atilde;o est&aacute;vel &mdash; o que era algo malvisto para a &eacute;poca &mdash;, sendo que foram erguidas fortes acusa&ccedil;&otilde;es de que um deles era de seu chefe, o pai de William Walters. Em adi&ccedil;&atilde;o a isso, havia tamb&eacute;m a indiscut&iacute;vel quest&atilde;o de que Julia n&atilde;o havia feito nada enquanto os 13 meses&nbsp;que&nbsp;o menino ficou desaparecido&nbsp;na companhia de William.</p>
<p>Julia Anderson seguiu alegando que a crian&ccedil;a era sua e que estava sendo sequestrada pelos Dunbars ao ser mantida com eles. O juiz, no entanto, concedeu a tutela legal e total do garoto a Leslie e Percy Dunbar. Enquanto considerou William Cantwell Walters culpado por sequestro &mdash; crime de alt&iacute;ssima gravidade&nbsp;em Louisiana naquele tempo &mdash; e chegou a ficar preso por dois anos.</p>
<h2>Bobby do come&ccedil;o ao fim</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" src="https://iluminasi.com/img/thumb/banner-bobby-dunbar-kisah-menakutkan-seorang-budak-yang-hilang-dan-kemudiannya-kembali-sebagai-anak-baru-3228.jpg" /> <figcaption>(Fonte: Iluminist/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>O garoto foi criado como Bobby Dunbar durante toda a sua vida. Quando adulto, ele deu entrevistas a v&aacute;rios jornais contando como a sua inf&acirc;ncia foi incr&iacute;vel, apesar daquele pequeno transtorno que passara ainda pequeno. Bobby disse que se lembrava de quando foi levado por Walter e todos os meses que passara longe da fam&iacute;lia, com Julia e William repetindo constantemente que ele n&atilde;o era filho de Percy e Leslie, de que ele era um Walter. As mem&oacute;rias eram poucas e n&atilde;o muito claras por conta do tempo, mas&nbsp;ainda ecoavam no fundo dele.</p>
<p>O homem acabou se casando, teve quatro filhos e, depois de sepultar os pais, foi a sua vez de acolher a morte em 1963, sendo deitado em seu t&uacute;mulo sob&nbsp;o nome de Robert Clarence Dunbar.</p>
<p>No ano de 2004, o filho de Bobby, Robert Dunbar Jr, sabendo de toda essa heran&ccedil;a familiar e depois de muito tempo convivendo com algumas d&uacute;vidas, se uniu ao seu primo, o filho de Alonzo Dunbar, e finalmente realizaram um teste de DNA. O resultado definiu de que os dois homens n&atilde;o possu&iacute;am nenhum grau de parentesco. Bobby Dunbar n&atilde;o era Bobby Dunbar, mas na verdade Charles Bruce Anderson.</p>
<p>Por gera&ccedil;&otilde;es, um lado da &aacute;rvore geneal&oacute;gica havia enraizado suas hist&oacute;rias familiares em um grande e irrevers&iacute;vel erro. As perguntas se empilham: o que aconteceu com o verdadeiro Bobby Dunbar naquela noite de 23 de agosto de 1912? Ele se afogou e foi devorado por crocodilos no Lago Swayze? Leslie e Percy Dunbar fizeram algo de errado e usaram disso como uma grande fachada para encobrir um poss&iacute;vel crime? Afinal, de onde vieram as mem&oacute;rias de &ldquo;Bobby&rdquo; a respeito de um sequestro por parte dos Walters que n&atilde;o existiu?</p>
<p>A &uacute;nica certeza de tudo isso &eacute; de que Julia Anderson foi enterrada depois de anos em profunda depress&atilde;o sabendo que s&oacute; havia falado a verdade, apesar de tudo.</p>

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O estranho desaparecimento de Bobby Dunbar 

Imagem de Os cruéis experimentos da Prisão Holmesburg no megacurioso

Em um dos maiores escândalos dos Estados Unidos, testes químicos, biológicos e radioativos foram executados em milhares de presos

<p>A linha m&eacute;dica de evolu&ccedil;&atilde;o possui um passado obscuro com rela&ccedil;&atilde;o aos testes realizados em humanos sem o seu consentimento. Pessoas pobres, doentes mentais e prisioneiros formavam a tr&iacute;ade dos principais grupos que sofreram as descobertas e os avan&ccedil;os em busca de uma modernidade que at&eacute; chegou a salvar milhares de pessoas, por&eacute;m &agrave;s custas da morte e da dor de mais milhares dessas, que eram enxergadas como seres &agrave; margem da sociedade.</p>
<p>Os soldados tamb&eacute;m constitu&iacute;am uma parcela dos que eram usados como ratos de laborat&oacute;rio, uma vez que a maioria deles era frequentemente submetida a dosagens de drogas e rem&eacute;dios que visavam estimular ou aprimorar o metabolismo&nbsp;para criar m&aacute;quinas mort&iacute;feras que sobrevivessem &agrave;s agruras da guerra.</p>
<p>Depois dos campos de concentra&ccedil;&atilde;o durante o nazismo, que deram origem &agrave; pr&aacute;tica, os centros prisionais foram os maiores alvos dos experimentos em seres humanos. E isso exatamente pelo fato de que homens e mulheres eram abandonados l&aacute; por conta de seus crimes &mdash; ou n&atilde;o &mdash; e acabavam automaticamente sendo desumanizados&nbsp;e deixando de ser contemplados tanto pelo governo quanto pela sociedade. Se estavam morrendo ou n&atilde;o, isso era indiferente, facilitando qualquer atividade considerada anti&eacute;tica.</p>
<h2>Sangue, rebeli&atilde;o e experimentos</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="624" src="https://constantinereport.com/wp-content/uploads/2016/07/Holmesburg_Prison-1024x624.jpg" width="1024" /> <figcaption>(Fonte: The Constantine Report/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p><span style="background-color: transparent;">Por tr&aacute;s das verdadeiras muralhas que eram os muros e dos pavilh&otilde;es da constru&ccedil;&atilde;o em formato de estrela-do-mar fundada em 1896, a pris&atilde;o Holmesburg, localizada no estado da Pensilv&acirc;nia, lidera a lista de uma das mais not&oacute;rias e violentas pris&otilde;es da hist&oacute;ria dos Estados Unidos.</span></p>
<p>Entre os 1,2 mil ocupantes, havia os piores criminosos do pa&iacute;s, mas tamb&eacute;m pessoas que foram despejadas l&aacute; ilegalmente sob penas jamais formalmente julgadas &mdash; fosse por conta de alguma tramoia, preserva&ccedil;&atilde;o de sigilo governamental ou por&nbsp;meios de corrup&ccedil;&atilde;o do sistema da &eacute;poca.</p>
<p>Com a vida prisional totalmente nas m&atilde;os dos internos, relat&oacute;rios de 1970 comprovam as sangrentas rebeli&otilde;es que se tornavam verdadeiras guerras, matando mais presos do que realmente era contabilizado. A frequ&ecirc;ncia delas acontecia exatamente pela falta de supervis&atilde;o, geralmente tamb&eacute;m como forma de retalia&ccedil;&atilde;o &agrave;s sess&otilde;es de espancamentos e viol&ecirc;ncia que os tornavam ainda mais incontrol&aacute;veis e revoltados. Com uma popula&ccedil;&atilde;o carcer&aacute;ria composta por 85% de homens negros, um m&eacute;todo de tortura envolvia prender v&aacute;rios deles sob o sol para que &ldquo;perdessem a cor do crime&rdquo; e tivessem a pele descolorada pela quentura.</p>
<p>Al&eacute;m dessas pr&aacute;ticas, existem registros dos estupros em massa e do desaparecimento de v&aacute;rios inspetores, diretores e outros chefes que comandavam Holmesburg, mortos em emboscadas arquitetadas pelos pr&oacute;prios presos. Alguns corpos desapareceram dentro da pris&atilde;o, e apenas algumas partes foram encontradas.</p>
<p>Em meio a tudo isso, os experimentos cient&iacute;ficos coexistiam mais ou menos desde 1950 com a chegada do m&eacute;dico dermatologista Albert Montgomery Kligman, considerado o pioneiro do tratamento da acne e tamb&eacute;m o Josef Mengele de Holmesburg.</p>
<h2>Acres de pele</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="465" src="http://pragmaticobotsunite2018.com/wp-content/uploads/2017/04/evil-science-kligman.jpg" width="800" /> <figcaption>(Fonte: Pragmatic Obots Unite/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p><span style="background-color: transparent;">Esse foi o nome que o autor Allen Hornblum deu ao seu livro-den&uacute;ncia sobre as atrocidades que aconteciam por tr&aacute;s das paredes da institui&ccedil;&atilde;o e em refer&ecirc;ncia &agrave; fala de Kligman com rela&ccedil;&atilde;o aos presos: &ldquo;Tudo o que eu via diante de mim eram acres de pele. Era como um fazendeiro vendo um campo f&eacute;rtil pela primeira vez&rdquo;.</span></p>
<p>Para os experimentos dermatol&oacute;gicos, o m&eacute;dico Albert Kligman pedia para que a equipe encaminhasse para a sala de testes sempre tr&ecirc;s homens negros e tr&ecirc;s brancos. E embora n&atilde;o tivessem muita op&ccedil;&atilde;o de escolha, como forma de demonstrar gratid&atilde;o pela contribui&ccedil;&atilde;o deles, eram pagos com cigarros, que tamb&eacute;m era considerado a moeda prisional, ou no m&aacute;ximo US$ 2 por dia. Eles ent&atilde;o eram vestidos com pul&ocirc;veres el&aacute;sticos com mangas repletas de cintos de conten&ccedil;&atilde;o e algemados &agrave;s macas. As doses eram administradas de acordo com o peso e a altura de cada detento.</p>
<p>As rea&ccedil;&otilde;es demoravam em m&eacute;dia 5 minutos para aparecer e, enquanto alguns manifestavam apenas epis&oacute;dios de alucina&ccedil;&otilde;es, outros entravam em completo colapso, tendo convuls&otilde;es e rea&ccedil;&otilde;es f&iacute;sicas dos efeitos colaterais na pr&oacute;pria pele. Os homens n&atilde;o tinham no&ccedil;&atilde;o de que estavam sendo cobaias de v&aacute;rios tranquilizantes, analg&eacute;sicos e antibi&oacute;ticos experimentais da ind&uacute;stria farmac&ecirc;utica.</p>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" src="https://i.dailymail.co.uk/i/pix/2015/04/14/11/278E48C700000578-3038202-image-a-49_1429008763334.jpg" /> <figcaption>(Fonte: Daily Mail/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p><span style="background-color: transparent;">Eram injetados no corpo solu&ccedil;&otilde;es de lauril&eacute;ter sulfato de s&oacute;dio, componente presente em produtos higi&ecirc;nicos, que causava lacera&ccedil;&otilde;es cut&acirc;neas, incha&ccedil;os e rachava tanto a pele que alguns sangravam por dias. Outros&nbsp;procedimentos requeriam que os homens se exercitassem &agrave; exaust&atilde;o para que depois tivessem as suas gl&acirc;ndulas sudor&iacute;paras arrancadas &agrave; faca para an&aacute;lises, e eles ainda&nbsp;tinham os ferimentos&nbsp;cauterizados&nbsp;a sangue frio.</span></p>
<p>Houve estudos patrocinados pela empresa Johnson &amp; Johnson, fundada em 1886, que corroeram a boca de mais de 100 presos com a mistura de componentes &aacute;cidos para enxaguante bucal.</p>
<h2>T&oacute;xico e radioativo</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" src="https://static01.nyt.com/images/2006/08/13/us/13inmates.xlarge1.jpg" /> <figcaption>(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p><span style="background-color: transparent;">Durante 23 anos, na esteira disso, Albert Kligman tamb&eacute;m executou experimentos envolvendo exposi&ccedil;&atilde;o a altos n&iacute;veis de radia&ccedil;&atilde;o para a produ&ccedil;&atilde;o de revestimentos de micro-ondas e para testar a capacidade de reconstru&ccedil;&atilde;o da pele humana. Em solu&ccedil;&otilde;es que mergulhavam as pessoas em tanques, &aacute;cido sulf&uacute;rico e carb&ocirc;nico, corroeram a epiderme dos bra&ccedil;os dos homens e tornaram a pele uma carapa&ccedil;a dura como couro. Test&iacute;culos empolaram; cabelos, dentes e unhas ca&iacute;ram.</span></p>
<p>Em atos mais horrendos, fragmentos de &oacute;rg&atilde;os foram costurados ou remendados com outros em estado vital de funcionamento, fosse dentro ou fora do corpo dos presos, para analisarem se voltariam a ser funcionais de novo. Estima-se que cerca de 80% da popula&ccedil;&atilde;o da Holmesburg foi infectada com agentes biol&oacute;gicos, como os pat&oacute;genos da gripe de Hong Kong, em busca de resultados mais eficazes.</p>
<p>Em 1981, o jornal <em>Philadelphia Inquirer</em>&nbsp;fez uma den&uacute;ncia, e boa parte desses atos vieram a p&uacute;blico atrav&eacute;s do esc&acirc;ndalo das dioxinas aplicadas nos detentos. Foi descoberto por um jornalista que a emergente ind&uacute;stria agr&iacute;cola financiava com milh&otilde;es de d&oacute;lares os experimentos de Albert Kligman, para que o especialista alcan&ccedil;asse solu&ccedil;&otilde;es com testes de pesticidas em seus pacientes. As dosagens eram t&atilde;o altamente t&oacute;xicas que muitos morriam por asfixia ou fal&ecirc;ncia m&uacute;ltipla dos &oacute;rg&atilde;os.</p>
<h2>Os ecos do forte</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" src="http://www.leesaloutos.com/Scans/2014_10/jpg/2014_10%2056_131%203%20work%20s-rgb%20640.jpg" /> <figcaption>(Fonte: Lee Saloutos/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p><span style="background-color: transparent;">Em 1973,&nbsp;o Congresso de Experimenta&ccedil;&atilde;o Humana que discutiria as implica&ccedil;&otilde;es &eacute;ticas e legais no estudo experimental em seres humanos foi o respons&aacute;vel por come&ccedil;ar a causar a derrocada do que acontecia dentro da pris&atilde;o Holmesburg &mdash; e em tantas outras espalhadas pelo pa&iacute;s. No entanto, a voz da oposi&ccedil;&atilde;o, Solomon McBride, l&iacute;der da malha prisional dos Estados Unidos, alegava que os experimentos n&atilde;o eram nada nocivos e que simplesmente se tratava de prender tecidos com lo&ccedil;&atilde;o ou cosm&eacute;ticos nas costas de pacientes. Ele ainda defendia a renda que os prisioneiros tiravam disso e como a pris&atilde;o contribu&iacute;a para a sociedade com o desenvolvimento do Retin A &mdash;&nbsp;medicamento de Kligman para acne.</span></p>
<p>Nenhum desses argumentos se sustentou e, ap&oacute;s press&atilde;o do p&uacute;blico e do poder judici&aacute;rio, os testes em prisioneiros foram finalmente interrompidos. E n&atilde;o demorou para que os experimentos&nbsp;em humanos tamb&eacute;m chegasse ao fim em todos os Estados Unidos, uma vez que a rea&ccedil;&atilde;o severa dos americanos foi percebida como uma nega&ccedil;&atilde;o definitiva quanto a esse tipo de pr&aacute;tica.</p>
<p>Todos os anos de pesquisa em forma de&nbsp;tortura&nbsp;realizada&nbsp;por&nbsp;Albert Kligman n&atilde;o significaram absolutamente nada para a medicina mundial.</p>
<p>Em&nbsp;1995, a pris&atilde;o Holmesburg teve suas atividades devidamente encerradas, por&eacute;m a estrutura se mant&eacute;m l&aacute;, intacta, como um forte de horrores: cheio de lixo e ainda com os ecos de um passado desumano.</p>

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Os cruéis experimentos da Prisão Holmesburg

Imagem de A triste e trágica história de "Charlie Sem Rosto" no megacurioso

Conhecido também como 'O Homem Verde', Raymond Robinson virou uma famosa lenda urbana depois de seu curioso e deformado passado

<p>Lendas urbanas nascem da boca de qualquer um a qualquer momento. A dissemina&ccedil;&atilde;o ao longo do tempo garante que elas se tornem uma parcela de um registro coletivo e p&uacute;blico. Pregadas para servirem como um tipo de moral ou advert&ecirc;ncia, parte de seu car&aacute;ter tamb&eacute;m existe devido ao seu tom fabulesco, inventado, mantendo-se em p&eacute; por conta daquele famoso ditado popular: &ldquo;quem conta um conto, aumenta um ponto&rdquo;.</p>

<p>Mas nem todas s&atilde;o exatamente inven&ccedil;&otilde;es, pelo menos n&atilde;o o fato em si que a originou. Um exemplo disso &eacute; a hist&oacute;ria do &quot;Homem Verde&quot; ou &quot;Charlie Sem Rosto&quot;, como ficou conhecido em meio aos moradores do condado de Lawrence County, no estado da Pensilv&acirc;nia, nos Estados Unidos, antes de ganhar o mundo.</p>

<p>As crian&ccedil;as cresceram ouvindo de seus pais e av&oacute;s a hist&oacute;ria de um homem alto, vestindo terno &mdash;, com a pele t&atilde;o esbranqui&ccedil;ada que parecia esverdeada e com o rosto completamente desfigurado, &mdash; que vagava pelo acostamento das estradas durante a noite e a madrugada, fumando seu cigarro e soltando fuma&ccedil;a pelos buracos que haviam em seu rosto . Reza a lenda que sua monstruosidade ia bem mais al&eacute;m de sua apar&ecirc;ncia. Ele era feroz, atacava os carros e tentava comer gente.</p>

<p>Esse conto ficou t&atilde;o forte que &quot;Charlie Sem Rosto&quot; ou &quot;O Homem Verde&quot; passou a causar o mesmo n&iacute;vel de horror que o Bicho Pap&atilde;o. S&oacute; que nem todo mundo sabe que essa figura, esse homem, realmente existia e que sua hist&oacute;ria, antes de virar uma f&aacute;bula assombrosa e repleta de misticismo, na verdade, foi mais dura do que qualquer um poderia inventar.</p>

<h2>Eu existi: caindo do c&eacute;u</h2>

<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="1600" src="https://laurenmuchnok.atavist.com/data/files/organization/18144/image/derivative/scale~1600x1600xcanscaleup~kidsonbrid-1418294472-3.jpg" width="2659" />
<figcaption>(Fonte: Atavist/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption>
</figure>
</div>

<p></p>

<p>Robert Raymond Robinson nasceu no s&aacute;bado, dia 29 de outubro de 1910, no condado de Beaver County, na Pensilv&acirc;nia. Filho de Robert Robinson e Louise H. Winnail, Raymond teve o curso de sua vida completamente alterado quando tinha apenas oito anos de idade. Quase no final de uma quarta-feira ensolarada de ver&atilde;o, no dia 18 de junho de 1919, o garoto e quatro de seus amigos estavam vindo de um riacho quando passaram pela ponte Morado, por onde circulava uma linha de bondes que levavam &agrave; parte sul de Beaver Falls. Ele foi desafiado por um dos meninos a subir numa das colunas da ponte e checar se o ninho de passarinhos estava cheio de ovos.</p>

<p>No que Raymond aceitou a proposta e escalou uma das se&ccedil;&otilde;es de ferro da estrutura,&nbsp;seu ombro entrou em contato com um fio de alta tens&atilde;o da linha de bondes e ele recebeu uma descarga el&eacute;trica de 1.200 volts&nbsp;que o lan&ccedil;ou do alto num rastro incandescente, como um roj&atilde;o. A voltagem foi t&atilde;o destrutiva que queimou seu rosto, removeu seu bra&ccedil;o esquerdo na altura do cotovelo, distorceu sua boca, corroeu seu nariz e deixou apenas buracos no lugar das &oacute;rbitas dos olhos, que foram totalmente derretidos.</p>

<p>Ele foi levado para o Hospital Providence e rapidamente virou manchetes por todo o estado. Apesar dos ferimentos e mutila&ccedil;&otilde;es, surpreendentemente, Raymond conseguiu sobreviver. Durante meses, o garoto passou por uma longa s&eacute;rie de opera&ccedil;&otilde;es em Pittsburgh, na tentativa de restaurar o m&aacute;ximo o poss&iacute;vel do que sobrara de seu corpo.</p>

<p>Em 1920, cego, mutilado e com sua autoestima infantil abalada, Raymond Robinson come&ccedil;ou uma nova vida longe do lugar onde havia se acidentado. Mas nada nunca mais foi o mesmo.</p>

<h2>Eu existi: uma vida de sombras</h2>

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<figure class="image"><img alt="" src="https://lh3.googleusercontent.com/-sPfT7NYVjbM/W0mQJA8U-ZI/AAAAAAAAGF4/VjNyMqbbw-UiRN69xTaFXIP8u28mktnswCHMYCw/s1600/GREEN-MAN-002.png" />
<figcaption>(Fonte: Devilmanman/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption>
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</div>

<p></p>

<p>Depois que completou o ensino fundamental, Raymond Robinson nunca mais voltou ao meio social. Ele evitava sair durante o dia por conta das piadas e do quanto sua apar&ecirc;ncia causava choque nas pessoas que, por vezes, chegavam at&eacute; a ligar para pol&iacute;cia por acharem que se tratava de algum tipo de brincadeira ou algo do parecido. Tamb&eacute;m incapaz de se comunicar com sua fala prejudicada, ele passou a viver de artesanato para gerar alguma renda, deixando seu trabalho em consigna&ccedil;&atilde;o em algumas lojas pr&oacute;ximas onde os donos tinham mais empatia, ou pena, do que medo dele.</p>

<p>Os que tiveram a chance de conhecer Raymond mais al&eacute;m&nbsp;confessaram que ele era uma pessoa introvertida, por&eacute;m extremamente amig&aacute;vel, mais do que podia se esperar de algu&eacute;m que fora banido da sociedade.</p>

<p>Ent&atilde;o, por volta de 1940, para que pudesse preservar o que restava de seu corpo funcionando razoavelmente bem, o homem come&ccedil;ou a fazer caminhadas noturnas. Para n&atilde;o encontrar nenhuma como&ccedil;&atilde;o, elas eram feitas pela Rota Estadual 351, e foi a partir da&iacute; que a lenda do &quot;Homem Verde&quot; ganhou vida. Crian&ccedil;as do Ensino M&eacute;dio o viam andando pelo acostamento ou surgindo em meio a&agrave;s &aacute;rvores, apoiado numa bengala e fumando seu cigarro.</p>

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<figure class="image"><img alt="" src="https://thechive.files.wordpress.com/2017/10/every-hometown-has-its-own-urban-legends-and-these-are-chilling-x-photos-22.jpg?quality=100&amp;strip=info&amp;w=600" />
<figcaption>(Fonte: theCHIVE/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption>
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<p></p>

<p>Acredita-se que o termo &quot;O Homem Verde&quot; tenha surgido por conta de como as luzes dos carros se refletiam no uniforme militar de flanela que costumava usar, ou pelo tom perolado de sua pele devido &agrave;&nbsp;falta de Sol.</p>

<p>Alguns que o viam eram cru&eacute;is com ele, dando cigarros com drogas, colocando-o &agrave; for&ccedil;a em porta-malas e o descartando em lugares que o homem n&atilde;o conhecia. Outros, no entanto, presenteavam-no e at&eacute; chegavam a convid&aacute;-lo para beber, como afirmou certa vez o morador Pete Pavlovic, de 60 anos, em uma entrevista &agrave; <em>Post-Gazette</em>.</p>

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<figure class="image"><img alt="" src="data:image/jpeg;base64,/9j/4AAQSkZJRgABAQAAAQABAAD/2wCEAAkGBxMSEhUSExITFhISEhUQFRMSFRASFRIQFRIWFhUVFRUYHSggGBolGxUVITEhJSkrLi4uFx8zODMtNygtLisBCgoKDQ0NDw0NDysZFRktKysrKzcrKy0rLS0rKys3KystNzctKzcrLTctKysrKzcrLS0rKzcrLSstNystKys3Lf/AABEIAQMAwgMBIgACEQEDEQH/xAAbAAACAgMBAAAAAAAAAAAAAAAEBQMGAAECB//EADoQAAEDAwMCBAUCBAUEAwAAAAEAAhEDBCESMUEFUQYiYXETMoGRoRSxI0JSwTPR4fDxYnKCkxUWQ//EABcBAQEBAQAAAAAAAAAAAAAAAAABAgP/xAAbEQEBAQACAwAAAAAAAAAAAAAAEQECURITQf/aAAwDAQACEQMRAD8Am8J/HNG5c91YlzDocXOMASTGVTql/X1x8etsP/0fz9Vb+h3Wq2LNR1a3sABI8rhgql3rXMeCZ+voYXJxMa93XDGVTWrYmk4a3/O3bE8gpnQuqnFxV8zYb53eZ3E+qAph1WlJgjFQ+jmnT/dMOh25dUbOwM/6oLZ4f+LoEvqH3c4q22JdiS7A7lKrClpaAB9e6dWRPZVRdJp/qP3RLQe5XLIPCmVV2sC5ldKq3K0twsVVxqXawhYoRy6VA4H1CJK5cFNTS2tSP9TvulPULN5BAe7buVY6rBygbhn2UZeW+I2VqYMVao/83Km1eqVwf8arP/e//NereJbPW04zwvMOrWWkkRlRALuqV9/1FX21v/zUI6zXn/Hrf+x/+aGqYn0Q5GUD7pnVapf5riqGHBOt5jviUxdf1gY+NV7iXvyOOVW7EQ45zpIHrKbUwSJAJgSTPHCCzs648gE1askT8x3WKuir/wBQWIALLqnwpEHLgZmNijLyvSqY1RyNXE7qu18HdQsye8oPSen2jadlr1gl0j6cZTrw7QAa0xJjHoqVZue9jKezG9l6P0G1hjRzGUDqlU2TS3fBB7/VLqmBEIi2eIgqqbMcfSFOwpQy+YDBO+E0pvBEqqmC6UHxgu21Ai1IsWpW1pWSsWlhKlKxaK0HLT6gCI04ISqJldfqUNXrx9VEKOo0R7qmdesA6ccYKu9znjB5Se7oB8tI4UZeO9SttDi1Aupztv64V8650mJnMbKo3LCDEKAOzJDxtIP3HKdsjETBHH5n6pDUIB9iD9eFY6MGmfMNTHg6eNDhx9ZQEU7FpAOsZAO3osUTHCBngLEFUr7wurKnqeB3MLiqIO+xPqmXhumDXZq2Bn8E/wBkF2srMaGRAAAn1V88P0xpHdUumNTpbtwBt2Vx6MYCBtcUiVxQpbg7/wBkc3LUIJmAqpV1NpacbDKmsesFzQ2PSVP1GzLjI5EFR23TsARsgY2dWQc5RQqkcoG0pFpKL+KM4QHW7jGUQgadUR6Kf4k7KrXT3qKo+FIKaDu2HccoOhWK5uKvHJCjG3qonOjdRAtOm7V80QpalXvkcLipVkGIlKbm4JfM8bIGNV0tKT1Heb1RlKpjJ9UK58P9EQs6xTlpneIXnvV7cAr0vqJ1NOMgFee9eYQSdpUFXuWb+ibWLpx/WwDPeMJZemTxEIizfLGnsgZB8Y2jEdliZUwCAdTMgHY8rESqU+Qc/wC8orpRIqA+/wCyBrb5RVqOQdjsivS+igaBG8K2dJBj2VA8P1yYGcDZX6xqANj0QPbeuIhR0HnWewQVs4xPdR3d58MepVU5fcRhDMcQ73SOleuJmcJjaXzHEAnzIHtBuMqZtAQo6SIYqqN1MNGyjtOScKZ4ldubiEAd5fBm2f8ANCUa7n5d9kbVtQgxQIMqI7+I0e6Evr1oEo1ttOSEqv8Ap5cY43QLbi8IktySPwlTa79YnnaOB6p1TsCCY7Qha1jieVEd0Kk++y1WOxXLAQBkTKi+LNRzY+Xvyg3pAB9VSfE1NpLgTEK31XkSPyqj4iti5rnagI7oKPcfgIjp58v1KjuMCOy6tXHS6BtlX4GjbkgRhYh21hAxx6LFj2cSaU12yVLQJn6rVwMoixtzIJwPutC5+G3kQ53AV3sssLuw+6pHR2HA4PKuNv8A4ZA3j8IGNvdgNBXbmCoZMQllrDWQdySfomGsgDSJBQSfom8FROs9LtQyUZZ27nZPBTI2o3hVU1hOkeyKBhR2bYClqDKCVi7IUdFsKQqqjcxRBsIglcOCDQcoazAVKRlcuZ2URF8AQgr21EY7I5lTgri62QVJ9Ah4PPbhEXtADPKkqsJqCF1fVIMYmMohDcQNz/wqx4loA03fsrdcU2EHVtx6Ks9VYJg7fuoKNR6e6o/S0TI37I+v4fq0RJEiCSRx2Vn6X0qq06qVIZHzEwmdcPjRWZEjcZCdI8wbSPYratj/AAsCSZOST8xWJ48WqprWguk5ynNk9kgEDaYH90lBAIU/6nhuAcE9+6IvfTPNBAgDburFbBxBOwBj6KteHngUw4GeIVrou/g+pQLqtU6w2e4HsrN0hm05wqfVpTcB3EQr10lvlCGGVuYClLuyidTxPdS0W4VVJSOVK8DBUeqFA+45O3CqiqlyGiShW9XZMSPuFT/EfXf4jaTd93DsOFT+vXr6VWnUDiGkwQpUr2n9SPvlbbXBVTZ1MOpU3NdLoCddNu/iZ2H2QNNS5c9CXjzgN+vsp2kASSg1GUPcvgZRjHA5BlAX8IA6A8yE6vOoeyxlX+IApupsBQI7snT9UjvGB1RrQ3MiT3VgqM8qQ3df4dRjuzgoi32VoAwY9FHeWwcCEZa1g5oI5Eri5Kqqwbc9ltNfhLaiPB64bMgQMQMmPuuW/juua5n2hcNeYjhBa/DlzEN3Eq+uH8P229F5p4Zr/wARoMZXpIMtIBxCATpNT+IQeTHsvQOmwGiF5rRrClUIIyXSHK99Gu5aPYShh7UyMKS3GMriiApTgLTQW+rABVzqXVNm8plfsJdkmDhIupaIc0kCoNlEIbQ/Er1Hu5Jz7JZ4qp6m/kemE2oPDRMTG/qVXOuX5e2IiJn2lRBPg7qbnfwyYLY+y9RsmaGgtOOSV4z4JJ+Lj0XtnT6OqlHohjP1OZncId187n6IqhadxhTPs2gZVVJZ1jp7Jd1Ksfou61XTOnvsgnkvMIOOl0i4645R96PVSW1LS2Bwh+okfZAkuZBH+5STrFPEjcZhN7mvz9vdKr6tIJ5/0URZOl1CGNPGkfsib0jG+UN0pwNFv/aFLcvwB6oONXosSSr1QBxE7Ej8rFR43Xbx6KIA/QQp31RHqRHsoqZ3HBx9VAx6EYqA+69O6JUlkcry7oh84G69N6NjTv3QZ1K0a5wJkEEZ7Dkpn0W5DXwDInBO6y9pyQ6PdQ2Vq3VrEifVBdGVwYHdFAmISe0Mx6DdHUrqTHZVUPVHEAHskXV7KlUaXkw6N55VkrtndJep9P1Agc9kFcvG6KQJ7DPcqodZ+UmMFXjp9ka1B1N2XMJA9IO5SHq3Q65ECnPtAwogDwNbtFTf1XrnSyQ1eeeEeivpuLniM7dlfm3Ia2BwhhhUqgJfd3uUK+7JOdlCc5GVVQ3t5pOCpen3gcZQdxRDt0Iw/CIz8yiLlSeCJSm9f+VqheHSAuXmclVSjqdGWn9lU7u5cwkeg391buoOPHZVO+t5dn6qItvSqx+CydtIUnVLwMY55/lbKRWd05jQwnHCWeLesD4JpA+Z37IKvW6k9zi6dyT9zKxL2VWwN9liABwMrmMLt5+65ORlAb0epFQe69N6dXAbHbP0XlFs/SQexV56TdahvxCC7Un6m7zP4XFqwtd/0ylnTbkNAB7qx0IdjvlBPbVoE5WnXOTC3dEacHbhJjd+cjj9kFgZfTEoh7ux3CSCpGeAimXRVDHplsGSYEu+m6nuC0cBL2XBW3Pz7oqG4dw0ATyuWsMbo9lIERypW24CBS+mT3UrKRhGmmui1AnryDhCdQbInsm94AEovHjSZ7FRHPTLiW+xTOpn2Vc6WfJ/5J45+IQAXxkFV59drXEvOBum9/cAAhUrxNW8pHfhBL1fxLTOKYJIwqreXLqj9TpUM4hYHY/b1QENOFpbbTwM8LEAT25WBhmFO0QRyuK9WXYEAII3AgwrL0Cv34Vc188lH9KrmY9UF3rVsD/eytfR3w0HuJXnhuyC0fRX7w86Wt7wgZdTgNkbQT+FW+j+eoTwrN1ynFF3o0/sq34VZLZnugevaNKxrIGd0TRo4PK3UpeiDm13RTaXdcWtNTveG5+iAuiPuiw1BWtw1Gm4EKqjqtAyg6tXCkdcAoSo9APWqYSm+IIjk4+6Y3HuhKdHW6OxlRANaj8JjR6yYRLq3llDeJGxt34Qz3/wx3QDX9cQT+VQOu3ZdU9lZes3OkE7wFR6zi4knlBHUwuW7rFHqQFtdhaXLHYHstIMJgqN3ddv3XI+iDprvypqJyCON1tlOdoEjdHWtMQdDQYGSUHQrElvuvUPDJ8ojkBeU6tvdeleEbmabfQAILzcW4fTLeXNLfuFR+ht+G91Plri36K9WdWcJL1zoxFT49MTOHNH7qiejVEKU1wR7JUaVVw8m8ZBwql1e+u6bsiBMYyoL5Su87hdVrhp/mC87s6N7cFw1kaW6oJ0ylVejdAF5NSA4tOSYIKD1htRgGXqf9Qw4Dl45+ruOXPP3Uor3Q80vj6oPWX1Q3ndcVK7e68tbdXjiAHOym3T7K6c4B1QD7kgILoH6jpbklN6Vp8NhnchCeHrZtIDUdTiPmKYdRq433VVUPEBnbull9U0jthGdbf52jkuCU9ZJieFEVLrl5J0j3SSo6MIm6Jc4k4yhKo9UEb3KMHMldPB/K4JhAQwYHssWmOwPYLaoyputNapXiCojvyoCLatpmRI7JnYPDmlgIBIlJmnjuibM+cElAbfiGt8uY37q0+DrvAHYKr3bvL3+qN8MXMOj67oPYun105ouBwqr0+sCB9E6pVOxVU0DBPH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/>
<figcaption>(Fonte: Altered Dimensions Paranormal/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption>
</figure>
</div>

<p></p>

<p>Foi quando as pessoas passaram a encontrar Raymond com mais frequ&ecirc;ncia vagando pela estrada, no final dos anos 1950 e in&iacute;cio dos 1960, que sua presen&ccedil;a se tornou mais popular. Esper&aacute;-lo surgir das sombras virou uma forma de entretenimento entre os jovens e contar isso para as crian&ccedil;as, um jeito de amedront&aacute;-las.</p>

<p>No dia 11 de junho de 1985, aos 74 anos, Raymond Robinson, ou &ldquo;Ray&rdquo; &mdash; quando n&atilde;o era apelidado de &quot;Charlie Sem Rosto&quot; e &quot;O Homem Verde&quot; &mdash;, morreu sozinho em sua casa&nbsp;por causas naturais. Tendo sua hist&oacute;ria espalhada para gera&ccedil;&otilde;es e milhares de pessoas, ele ficou famoso n&atilde;o pela solid&atilde;o de seus passos, mas pelo desastre que carregava no pr&oacute;prio corpo &mdash; que ganhou mais aten&ccedil;&atilde;o do que deveria.</p>


thumb-image-2024-02-29T14:04:23.487Z

A triste e trágica história de 'Charlie Sem Rosto'

Imagem de Saiba o que acontece com criminosos que sobrevivem a execuções no megacurioso

Um fato que, por si só, já uma situação extremamente delicada

<p>Os crimes brutais e contra as funda&ccedil;&otilde;es sociais, por mais que inc&ocirc;modos e tr&aacute;gicos, n&atilde;o facilitam a decis&atilde;o pela pena de morte. Apesar de v&aacute;rios pa&iacute;ses encararem a tratativa como estrat&eacute;gia necess&aacute;ria de julgamento para fazer justi&ccedil;a, os processos de execu&ccedil;&atilde;o s&atilde;o demorados e levam dias, em casos mais extremos at&eacute; anos, por conta de processos burocr&aacute;ticos de recursos e prazos, tornando ainda mais delicado do que deveria ser. Por&eacute;m, no dia da senten&ccedil;a, existem casos em que o condenado sobrevive &agrave; execu&ccedil;&atilde;o, resistindo e apresentando sinais vitais est&aacute;veis mesmo ap&oacute;s o fim.&nbsp;</p>

<p>Para a primeira tentativa, muitos ainda comentam sobre a cl&aacute;usula de duplo risco, significando que, caso o condenado sobreviva &agrave; execu&ccedil;&atilde;o, ele estar&aacute; livre. Por&eacute;m, isso &eacute; um mito e &eacute; aplic&aacute;vel apenas em casos de acusa&ccedil;&atilde;o, at&eacute; mesmo comuns no dia a dia do judici&aacute;rio, e n&atilde;o para casos de execu&ccedil;&atilde;o ap&oacute;s culpabilidade. Ent&atilde;o, ap&oacute;s a falha na primeira tentativa, haver&aacute; uma segunda, &agrave; espera dos resultados previstos por lei, ou seja, &quot;at&eacute; a morte&quot;.</p>

<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="https://www.csindy.com/coloradosprings/faced-with-the-death-sentence/Content?oid=12215762" height="601" src="https://mega.ibxk.com.br/2019/12/03/03172520890159.jpg" width="900" />
<figcaption>(Fonte: Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption>
</figure>
</div>

<p>Caso os m&eacute;todos de execu&ccedil;&atilde;o como a cadeira el&eacute;trica, inje&ccedil;&atilde;o, enforcamento n&atilde;o funcionarem inicialmente, novas tentativas ser&atilde;o realizadas, como ocorreu em 1984, na Ge&oacute;rgia, com o condenado&nbsp;Alpha Otis O&#39;Daniel Stephens, sentenciado &agrave; cadeira de morte por assassinar um homem. O criminoso sobreviveu &agrave; primeira carga el&eacute;rica, mesmo ap&oacute;s seu corpo permanecer desacordado e frio por cerca de seis minutos. Os m&eacute;dicos, percebendo que o rapaz n&atilde;o havia sido executado, resolveram enviar uma segunda carga de choque, dessa vez fatal.</p>

<p>Casos curiosos j&aacute; foram observados pelo mundo, como o do condenado&nbsp;Romell Broom, sentenciado &agrave; inje&ccedil;&atilde;o letal pelo sequestro e estupro de uma menina de 14 anos. Durante procedimento de execu&ccedil;&atilde;o, os m&eacute;dicos falharam em encontrar uma veia para injetar as drogas, perfurando o criminoso mais de 18 vezes e&nbsp;traumatizando-o. Seus advogados foram ent&atilde;o acionados e passaram a questionar o&nbsp;Supremo Tribunal de Ohio sobre a necessidade de novas tentativas e se &eacute; justo, com o sentenciado, tortur&aacute;-lo mais ainda at&eacute; que a senten&ccedil;a original seja cumprida.</p>


thumb-image-2024-02-29T14:04:23.324Z

Saiba o que acontece com criminosos que sobrevivem a execuções

Imagem de Elizabeth Stride, a vítima que Jack, O Estripador, não mutilou no megacurioso

Conhecido por seus trabalhos completos e com extrema violência, o assassino de Whitechapel deixou apenas uma mulher escapar de seus métodos

<p>Nem todos os planos de Jack O Estripador sa&iacute;ram como planejado, &eacute; o que relata uma mat&eacute;ria publicada no <em>All That&#39;s Interesting</em>. O caso da v&iacute;tima que &quot;escapou&quot; das crueldades do mutilador de Whitechapel &eacute; bastante curioso e circunstancial, revelando a grande (e talvez a maior) ponta solta na fria metodologia do serial killer. Conhe&ccedil;a, ent&atilde;o, Elizabeth Stride.</p>

<p>Elizabeth, nascida na Su&eacute;cia em 27 de novembro de 1843, era conhecida popularmente como Long Liz, ganhou a vida como empregada dom&eacute;stica e garota de programa, mesmo tendo fundos financeiros para buscar outras oportunidades mais promissoras. J&aacute; na Inglaterra, viveu anos complicados com seu esposo, John Stride, at&eacute; uma iminente separa&ccedil;&atilde;o, o que fez a jovem tornar a frequentar as ruas, agora j&aacute; no condado de Whitechapel, dormindo em apartamentos de v&aacute;rios homens durante seus &uacute;ltimos meses de vida.</p>

<p>No dia de sua morte, Elizabeth estava alojada em uma casa entre a 32 Flower e a Dean Street, se arrumando para uma noite de divers&atilde;o, a fim de ganhar um dinheiro nas ruas pr&oacute;ximas. Suas caminhadas fugazes e movimenta&ccedil;&otilde;es passaram despercebidas por muitos, mas n&atilde;o pelos olhares curiosos de alguns traseuntes que viam, constantemente, a mo&ccedil;a acompanhada de um rapaz baixo.</p>

<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="https://spiderman-animated.fandom.com/wiki/Elizabeth_Stride" height="929" src="https://mega.ibxk.com.br/2019/12/03/03164439055129.jpg" width="1351" />
<figcaption>(Fonte: Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption>
</figure>
</div>

<p>Apesar dos alertas e da situa&ccedil;&atilde;o de risco com um assassino a solta, a mo&ccedil;a continuava &agrave; procura de um local &iacute;ntimo, at&eacute; que&nbsp;o cidad&atilde;o Israel Schwartz escutou seus gritos&nbsp;pela &uacute;ltima vez.</p>

<p>Segundo relatos, um homem parou e conversou com Elizabeth pr&oacute;ximo &agrave; Berner Street e a levou para uma rua escura. L&aacute;, invis&iacute;vel por todos, foi encontrada morta no dia seguinte e levada para exuma&ccedil;&atilde;o. Por&eacute;m, o Dr. George Phillips, que j&aacute; trabalhou em outro caso de Jack O Estripador, percebeu que Elizabeth n&atilde;o foi morta por seus m&eacute;todos e sugeriu que o assassino ficou assustado com a movimenta&ccedil;&atilde;o na rua, tendo que interromper a morte lenta de Stride e indo &agrave; ca&ccedil;ada de uma outra v&iacute;tima em sequ&ecirc;ncia.</p>

<p>A suspeita comprovou-se&nbsp;depois, em um bilhete escrito pelo pr&oacute;prio Estripador, relatando que &quot;n&atilde;o pude terminar direito&quot;, afirmando que Elizabeth, a v&iacute;tima n&uacute;mero um da noite, &quot;gritou um pouco&quot; e que a pr&oacute;xima vez seria um &quot;evento duplo&quot;.</p>

<p>Elizabeth faleceu em 30 de setembro de 1888.</p>


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Elizabeth Stride, a vítima que Jack, O Estripador, não mutilou

Imagem de Fred e Rose West: os monstros de Gloucester no megacurioso

Com um doentio apetite sexual, o casal de psicopatas fez muito mais que apenas vítimas, eles espalharam o horror

<p>Hibristofilia &eacute; um padr&atilde;o comportamental caracterizado pelo desejo sexual, o atrativo, por pessoas que sentem excita&ccedil;&atilde;o por estarem com parceiros que j&aacute; realizaram crimes como assassinatos, estupros, roubo seguido de morte e qualquer outro tipo de crime que envolva a viol&ecirc;ncia f&iacute;sica ou sexual de terceiros. Quando esse tipo de conduta sexual paraf&iacute;lica est&aacute; direcionada para algo potencialmente danoso e cruel, j&aacute; &eacute; considerada uma distor&ccedil;&atilde;o da prefer&ecirc;ncia sexual, sendo vinculada com um grande dist&uacute;rbio de pervers&atilde;o e anormalidade.</p>
<p>A S&iacute;ndrome de Bonnie e Clyde, como popularmente &eacute; conhecido esse padr&atilde;o, foi um dos tra&ccedil;os que psic&oacute;logos definiram a rela&ccedil;&atilde;o entre Fred e Rose West. Um dos casais de assassinos em s&eacute;rie mais famosos do mundo, os dois apertaram as estat&iacute;sticas de que pessoas com caracter&iacute;sticas psicop&aacute;ticas t&ecirc;m mais probabilidade de criar v&iacute;nculos afetivos entre si.</p>
<h2>A anatomia de uma vida: Rose</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="767" src="https://www.thesun.co.uk/wp-content/uploads/2016/10/nintchdbpict000232123556-e1476572403764.jpg" width="591" /> <figcaption>(Fonte: The Sun/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>Em 29 de novembro de 1953, nasceu na pequena cidade de Northam, em Devon, Inglaterra, Rosemary Pauline Letts. Ela foi a quinta filha do eletricista William Andrew Letts e sua mulher Daisy Gwendoline Fuller, e come&ccedil;ou a sofrer os impactos do que seria uma vida totalmente inst&aacute;vel quando ainda estava na barriga de sua m&atilde;e.</p>
<p>Daisy sofria de uma depress&atilde;o t&atilde;o profunda e severa que recebeu traum&aacute;ticos tratamentos de choques enquanto estava gr&aacute;vida de Rose. Por isso, muitos m&eacute;dicos, como o Doutor Raj Dargee, suspeitam que essas cargas tenham causado les&otilde;es pr&eacute;-natais em algumas partes do c&eacute;rebro de Rose, pois essa cresceu com problemas de mudan&ccedil;as de humor muito precoce, tanto quanto sintomas de d&eacute;ficit de aten&ccedil;&atilde;o que afetavam diretamente o seu desempenho escolar, que era p&eacute;ssimo. Isso sem contar as abruptas explos&otilde;es de agressividade.</p>
<p>Em meio a essas condi&ccedil;&otilde;es, Rose foi criada em um lar naturalmente turbulento e abusivo. Al&eacute;m de ter que lidar com a condi&ccedil;&atilde;o psicol&oacute;gica da m&atilde;e desde muito nova, tamb&eacute;m tinha que enfrentar o seu pai que, embora tenha sido diagnosticado apenas muitos anos depois, possu&iacute;a esquizofrenia paranoide. Com uma presen&ccedil;a muito violenta e ditatorial, al&eacute;m de o homem submet&ecirc;-la a rituais di&aacute;rios de espancamento e tortura, ele tamb&eacute;m a estuprava junto com sua irm&atilde; mais velha, Patr&iacute;cia. William&nbsp;for&ccedil;ava que as duas tivessem rela&ccedil;&otilde;es sexuais entre si e que uma ou outra assistisse o abuso e se masturbasse para ele.</p>
<p>Acredita-se que os dist&uacute;rbios psicol&oacute;gicos causados pelo ambiente familiar e os abusos, foram desencadeando comportamentos t&atilde;o antinaturais em Rose Letts que a levaram a reproduzir muito do que via e tamb&eacute;m passava. Aos 13 anos de idade, ela come&ccedil;ou a experimentar molestar os seus irm&atilde;os mais novos. Por diversas vezes ela subiu na cama de Gordon Letts, de 9 anos, e o tocou durante a noite toda. Quando Grahm Letts tinha 12 anos, a garota o estuprou tr&ecirc;s vezes seguidas.</p>
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<figure class="image"><img alt="" height="1463" src="https://vignette.wikia.nocookie.net/criminalminds/images/6/6d/Caroline_Owens.jpeg/revision/latest?cb=20130718005639" width="2197" /> <figcaption>(Fontes: Criminal Minds/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>Foi nessa mesma &eacute;poca, durante a puberdade, que Rose come&ccedil;ou a desenvolver um fasc&iacute;nio obsessivo pelo pr&oacute;prio corpo. Ela desfilava nua ou seminua pela casa na frente de seus irm&atilde;os, se insinuava pelas ruas para homens mais velhos&nbsp;e usava roupas sensuais para a sua idade.</p>
<p>No in&iacute;cio de sua adolesc&ecirc;ncia, aos 15 anos, foi quando os pais se separaram. Ela chegou a ir morar com a m&atilde;e, mas acabou se mudando para a casa do pai em Bishop&rsquo;s Cleeve, pr&oacute;ximo a Cheltenham. Em 1969, enquanto esperava um &ocirc;nibus, Rose conheceu Fred West, que j&aacute; tinha 27 anos.</p>
<h2>A anatomia de uma vida: Fred</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="514" src="https://i1.wp.com/www.thesun.co.uk/wp-content/uploads/2018/08/NINTCHDBPICT000232123556-e1534082651904.jpg?w=350" width="350" /> <figcaption>(Fontes: UK and World News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>Nascido Frederick Walter Stephen West em 29 de setembro de 1941, na cidadezinha de Much Marcle, Herefordshire, na Inglaterra, Fred West teve uma inf&acirc;ncia controv&eacute;rsia e que, mais uma vez, vai contra a forma&ccedil;&atilde;o &ldquo;comum&rdquo; de um comportamento e de uma mente perturbadora.</p>
<p>Ele veio de uma pobre fam&iacute;lia de fazendeiros. Seu pai, Walter West, tinha uma postura autorit&aacute;ria e sempre quis que Fred e os irm&atilde;os trabalhassem desde cedo junto com ele na fazenda para valorizarem o trabalho e poder serem&nbsp;mais disciplinados. A sua m&atilde;e, Daisy Hill, era superprotetora e sufocava os filhos com o seu excesso de cuidado e aten&ccedil;&atilde;o, mas Fred sempre foi considerado &ldquo;o filhinho da mam&atilde;e&rdquo;.</p>
<p>Foi desde crian&ccedil;a que Fred desenvolveu o h&aacute;bito de cometer pequenos furtos, apesar da &eacute;tica moral e de trabalho que seu pai sempre o ensinara. O garoto tamb&eacute;m passou perder o gosto de tomar banho ou se vestir bem. Sempre problem&aacute;tico por onde passava, aos 15 anos, em 1956, ele largou de vez os estudos e passou a trabalhar em uma outra fazenda.</p>
<p>Os seus instintos sexuais come&ccedil;aram a surgir a partir dessa idade, assim como a vis&atilde;o que ele tinha das mulheres. Ele as objetificava e as definia como fontes de prazer para a sua satisfa&ccedil;&atilde;o pessoal. Fred as assediava tanto verbal quanto fisicamente e, quando alguma garota reagia positivamente com os seus avan&ccedil;os, ele se sentia frustrado, pois o seu objetivo principal era um tipo de autogratifica&ccedil;&atilde;o.</p>
<p>Segundo Fred West, muito de seu comportamento foi induzido pelos atos de zoofilia apresentado a ele por sua m&atilde;e, aos 12 anos, e a s&eacute;rie de incestos que viu&nbsp;o pai cometer com as suas irm&atilde;s. Doug West, o irm&atilde;o mais novo de Fred, alegou que isso n&atilde;o passava de fantasias e desculpas da mente deturpada&nbsp;do homem.</p>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="430" src="https://media.bizarrepedia.com/images/young-fred-west-and-sisters.jpg" width="700" /> <figcaption>(Fonte: Bizarrepedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>Dois meses depois de seu anivers&aacute;rio de 17 anos, Fred West sofreu um acidente de moto e fraturou o cr&acirc;nio, teve um bra&ccedil;o e uma perna quebrados. Os sete dias que ficou em coma e a placa de metal colocada em sua cabe&ccedil;a, segundo m&eacute;dicos que o avaliaram, dizem que isso pode ter afetado alguns comportamentos mentais dele. A partir disso&nbsp;que ele se tornou mais propenso a ataques de raiva extrema, que pioraram ainda mais depois que ele teve um ferimento ap&oacute;s cair dois andares de escadas, cerca de dois anos depois, devido a uma briga.</p>
<p>Por volta de 1961, Fred West foi a julgamento depois de estuprar sua irm&atilde;, Kitty, de 13 anos, e engravid&aacute;-la. O caso desabou depois que ela se recusou a testemunhar. Ele foi expulso de casa e deu in&iacute;cio a sua vida desregrada. &Agrave; essa altura, ele j&aacute; era famoso pelos seus pequenos crimes nas redondezas, mas tudo s&oacute; piorou.</p>
<p>Em 1962, ele casou e se mudou para Gloucester com Rena Costelo, de 21 anos, sua primeira mulher, que j&aacute; estava gr&aacute;vida de Charmaine, resultado de um relacionamento anterior que tivera com um motorista de &ocirc;nibus. O casal se mudou junto com Anne McFall, uma garota de 16 anos que era a melhor amiga de Rena. S&oacute; em julho de 1964 que Rose deu a luz &agrave; Anne Marie, a primeira filha deles juntos.</p>
<p>Na cidade de Gloucester, ele arranjou trabalho como a&ccedil;ougueiro e isso talvez tenha contribu&iacute;do para o aumento de sua obsess&atilde;o por morte e brutalidade. Estima-se que s&oacute; nessa &eacute;poca o homem tenha cometido cerca de 8 crimes sexuais que n&atilde;o foram conectados a ele por falta de provas.</p>
<p>Depois de manter um relacionamento extraconjugal com Anne por muito tempo e engravid&aacute;-la, a garota pediu que ele se divorciasse de Rena, sen&atilde;o contaria tudo para a sua esposa. Ent&atilde;o, em julho de 1967, Fred matou Anne McFall, desmembrou o seu corpo e a enterrou em uma planta&ccedil;&atilde;o de milho que ficava entre Much Marcle e Kempley. Os restos mortais dela levaram anos para sempre encontrados.</p>
<p>No come&ccedil;o do ano de 1969, depois de Rena Costello j&aacute; ter se separado de Fred West, foi durante as idas e vindas dele e se sentindo altamente atra&iacute;do pelo grau de promiscuidade da garota, que ele come&ccedil;ou a se tornar cada vez mais pr&oacute;ximo de Rose Letts.</p>
<h2>O quarto de Rose</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="512" src="https://murderpedia.org/male.W/images/west/midlands_032.JPG" width="768" /> <figcaption>(Fonte: Murderpedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>O pai de Rose, &agrave; princ&iacute;pio, se mostrou relutante o seu relacionamento com Fred West, tanto que tentou de tudo para mant&ecirc;-la longe dele, inclusive a internando v&aacute;rias vezes. No entanto, no in&iacute;cio de 1970, Rose j&aacute; estava gr&aacute;vida do homem e o pai acabou largando m&atilde;o dos atos da filha. Foi com esse rein&iacute;cio de uma nova fam&iacute;lia em uma nova casa, que Fred West decidiu retirar as suas duas filhas da assist&ecirc;ncia social.</p>
<p>Incentivada pelo marido, Rose come&ccedil;ou a se prostituir usando a pr&oacute;pria casa como motel, ou, mais especificamente, um dos quartos da casa, que ficou conhecido como O Quarto de Rose. Ela trazia os clientes que a encontravam atrav&eacute;s de an&uacute;ncios em revistas e Fred levava amigos e colegas de trabalho. Deliciados e com uma vis&atilde;o de domin&acirc;ncia extremista e m&oacute;rbida, tanto Fred quanto Rose aumentavam o n&iacute;vel de sadismo ao fazer as clientes mulheres sofrerem mais durante orgias que ele participava. Entre si, o casal se excitava durante simula&ccedil;&otilde;es de estupros, em que Fred espancava Rose at&eacute; tirar sangue dela, tanto f&iacute;sica quanto sexualmente, geralmente enquanto assistiam v&iacute;deos de pornografia infantil.</p>
<p>Ao longo de tudo isso, Rose West engravidou cerca de 8 vezes, sendo 3 dessas de clientes. Fred adotou a todos. No decorrer dos anos, as crian&ccedil;as se tornaram servas do casal, em tarefas dom&eacute;sticas e tamb&eacute;m para satisfaz&ecirc;-los como objetos sexuais. Todos foram estuprados diversas vezes, principalmente as garotas, embora eles n&atilde;o fizessem muita distin&ccedil;&atilde;o.</p>
<h2>A anatomia de um crime</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" src="https://www.thesun.co.uk/wp-content/uploads/2017/10/nintchdbpict000361164516.jpg?strip=all&amp;w=960&amp;quality=100" /> <figcaption>(Fonte: The Sun/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>Quando Rena Costelo foi reivindicar a cust&oacute;dia dos filhos para Fred West em agosto de 1971, ele a drogou, estuprou e a enforcou at&eacute; a morte no banco de tr&aacute;s de seu carro. Rena teve o corpo destro&ccedil;ado, colocado em sacos pl&aacute;sticos e enterrado.</p>
<p>Durante certo tempo, o comportamento brutalmente severo e descontrolado de Rose foi voltado para Anne Marie e Charmaine &ndash; filhas de Fred -, que eram sujeitas a todos os tipos de agress&otilde;es existentes. Com o total apoio de Fred, os epis&oacute;dios geralmente tinham Charmaine como foco&nbsp;principal, pois a crian&ccedil;a se mostrava irredut&iacute;vel aos espancamentos, por isso sofria mais. Nua, colocada sobre uma cadeira, amarrada e amorda&ccedil;ada, a crian&ccedil;a apanhava com colheres de pau e levava chicotadas, chegando at&eacute; a ser pendurada pelos cabelos.</p>
<p>E, alguns dias antes de 24 de junho de 1974, quando Fred West foi solto ap&oacute;s um curto per&iacute;odo preso por roubo, acredita-se que Rose West assassinou Charmaine, a mutilou e a colocou no por&atilde;o da casa onde eles moravam, na Midland Road.</p>
<p>A partir disso, Fred e Rose West come&ccedil;aram a agir como um casal. Durante 6 anos, eles fizeram 8 v&iacute;timas letais, sendo elas Lynda Gough, Carol Ann Cooper, Lucy Katherine Partington, Therese Siegenthaler, Shirley Hubbard, Juanita Marion Mott, Shirley Anne Robinson e Alison Chambers.</p>
<p>Os dois cometeram tudo isso quando tornaram o por&atilde;o da casa em um c&aacute;rcere e c&acirc;mara de tortura, onde aprisionavam essas adolescentes menores de idade, as violentavam usando de pr&aacute;ticas grotescas de bondage, as matavam e enterravam no terreno da propriedade, sempre arrancando os dedos dos cad&aacute;veres como uma esp&eacute;cie de gratifica&ccedil;&atilde;o pessoal.</p>
<h2>Venha para mim</h2>
<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="409" src="https://i2-prod.devonlive.com/news/devon-news/article769337.ece/ALTERNATES/s615/1_west_01.jpg" width="615" /> <figcaption>(Fonte: Devon Live/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<p>Como os Wests nem sempre assassinavam todas as v&iacute;timas que abusavam sexualmente, algumas delas os denunciaram para a pol&iacute;cia. Em resposta a isso, em agosto de 1992, o detetive Hazel Savage conduziu uma busca na casa de Fred e Rose com o pretexto de que procurava por ind&iacute;cios de roubo de propriedade. O detetive, no entanto, encontrou diversos v&iacute;deos caseiros de pornografia infantil e registros dos estupros que Fred e Rose West cometeram&nbsp;com&nbsp;membros da fam&iacute;lia.</p>
<p>Durante a investiga&ccedil;&atilde;o,&nbsp;Anne Marie confirmou os anos de abusos que sofreu, por&eacute;m, temendo as consequ&ecirc;ncias e devido aos anos de opress&atilde;o, n&atilde;o conseguiu dizer nada sobre as mortes que sabia ter acontecido na casa, principalmente a de sua irm&atilde;.</p>
<p>Com essas e outras dificuldades, s&oacute; conseguiram um mandado de busca e apreens&atilde;o na casa em fevereiro de 1994. Foi dessa vez que a pol&iacute;cia encontrou os restos mortais de duas mulheres, sendo uma delas Shirley Robinson, de 18 anos, morta no dia 10 de maio de 1978.</p>
<p>&Agrave; medida que os ossos humanos come&ccedil;aram a surgir mais e mais, Fred West confessou tudo a pol&iacute;cia, e no dia 13 de novembro de 1994 ele foi acusado por 11 homic&iacute;dios e Rose West por 10. Antes de ser levado para o tribunal, Fred deu um fim a sua vida se enforcando em sua cela na Winson Green Prison.</p>
<p>Depois de cerca de 10 meses de julgamento, Rose West foi culpada por todos os 10 crimes e condenada &agrave; pris&atilde;o perp&eacute;tua, sem jamais poder recorrer a liberdade condicional.</p>
<p>E enquanto os filhos que corrompeu e deixou para tr&aacute;s tentam tirar a vida pelo tanto que foi roubado deles, Rose, apesar de estar em profunda depress&atilde;o, se manteve firme e assim continua. Nem&nbsp;o&nbsp;pedido de Fred West em sua nota de suic&iacute;dio para que ela se juntasse logo a ele&nbsp;foi&nbsp;o suficiente para faz&ecirc;-la desistir de tudo, mesmo com o homem alegando&nbsp;ter se sacrificado por ela&nbsp;e pelo amor que acreditavam nutrir um pelo outro.</p>

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Fred e Rose West: os monstros de Gloucester

Imagem de Animais e insetos já foram colocados em julgamentos e condenados no megacurioso

Touros, vacas, porcos, besouros, aranhas, cães e gatos. A sociedade culpava todos, sem exceções

<p>Na Gr&atilde;-Bretanha, durante as not&oacute;rias Guerras Napole&ocirc;nicas, por volta de 1800, tudo o que era de origem francesa foi&nbsp;considerado suspeito e motivo para qualquer medida letal. Quando um navio franc&ecirc;s naufragou na costa de Hartlepool e o &uacute;nico sobrevivente, um macaco, alcan&ccedil;ou a cidade, todos ficaram cismados de que ele fosse um espi&atilde;o. De acordo com os registros hist&oacute;ricos locais, os moradores se reuniram em assembl&eacute;ia e levaram o caso ao tribunal da cidade. O juiz considerou o macaco culpado de todas as acusa&ccedil;&otilde;es e o primata foi enforcado em pra&ccedil;a p&uacute;blica.</p>

<h2>Culpe quem tem que ser culpado</h2>

<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" src="http://www.cabinetmagazine.org/issues/4/cabinet_004_kastner_jeffrey_001.jpg" />
<figcaption>(Fonte: Cabinet Magazine/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption>
</figure>
</div>

<p></p>

<p>Esse tipo de procedimento considerado &ldquo;padr&atilde;o&rdquo; durante os s&eacute;culos aconteceu muito antes da ascens&atilde;o dos sangrentos e barb&aacute;ricos&nbsp;Tribunais da Inquisi&ccedil;&atilde;o. Antes das bruxas serem queimadas em fogueiras, a Europa j&aacute; condenava animais, inclusive insetos, a morrerem queimados, torturados ou enforcados por &ldquo;crimes&rdquo; que supostamente haviam cometido. &nbsp;</p>

<p>A convic&ccedil;&atilde;o de que esses bichos eram perigosos e deveriam responder por suas ofensas partia do princ&iacute;pio de que, por vezes, eles acabavam machucando os humanos, de maneira direta ou indireta, fosse atrav&eacute;s de uma nuvem de besouros que destru&iacute;ra&nbsp;uma planta&ccedil;&atilde;o, ou fosse porque uma vaca empurrou sua dona, que caiu e morreu. A natureza do culpado era irrelevante.</p>

<p>O historiador Edward Payson&nbsp;Evans escreveu em seu livro de 1906,<em> &ldquo;The Criminal Punishment and Capital Prosecution of Animals&rdquo;</em>, que as autoridades chegaram at&eacute; a enviar cartas para&nbsp;ratos, os aconselhando a deixar a resid&ecirc;ncia na qual haviam invadido&nbsp;antes que eles decidissem ca&ccedil;ar e julg&aacute;-los formalmente.</p>

<p>Segundo a historiadora Sara McDougall, professora associada da Faculdade de Justi&ccedil;a Criminal de John Jay, de Nova York, boa parte dessa pr&aacute;tica de colocar animais em julgamentos estava relacionada com a necessidade da sociedade em depositar em algo a culpa de seus atos ou de qualquer coisa que n&atilde;o pudessem explicar.</p>

<p>A cultura da culpabilidade era tamb&eacute;m a maneira que encontravam de manter toda uma hierarquia nos eixos, uma vez que as pessoas acreditavam profundamente em uma ordem divina pr&eacute;-estabelecida, em que os humanos estavam no topo, como Deus desejava, e qualquer ruptura precisava ser restaurada com uma medida formal.</p>

<p>Em consequ&ecirc;ncia a&nbsp;tudo isso, ainda, muitas hist&oacute;rias de tribunais de animais eram inventadas como uma maneira de difamar qualquer um que estivesse conectado ao caso, como aconteceu com um advogado que supostamente havia defendido uma horda de ratos. Isso passou a ser algo frequente ao longo das eras, talvez como uma forma de confundir os registros.</p>

<h2>Quanto maior, pior o pre&ccedil;o</h2>

<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="530" src="https://media.wired.com/photos/5932423226780e6c04d2a90d/master/pass/trial.jpg" width="709" />
<figcaption>(Fonte: Wired/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption>
</figure>
</div>

<p></p>

<p>Em tempos r&uacute;sticos e tamb&eacute;m em que pessoas eram encontradas mortas em campos e pelas ruas, por fome, doen&ccedil;a ou condi&ccedil;&otilde;es de trabalhos;&nbsp;acidentes, por mais comuns que fossem, n&atilde;o eram uma alternativa para absolutamente nada. Isso valia principalmente para os animais que possu&iacute;am um entrosamento mais &iacute;ntimo com o meio social e cotidiano, como touros, vacas, c&atilde;es, porcos e cabras. Esses costumavam receber as puni&ccedil;&otilde;es mais severas.</p>

<p>No entanto, o problema das eras sempre foram os su&iacute;nos. De todas as criaturas que j&aacute; foram levadas &agrave; corte, os porcos s&atilde;o os que encabe&ccedil;am a lista. Em 1494, em Clermont, na Fran&ccedil;a, um porco foi julgado e condenado &agrave; forca por ter &ldquo;estrangulado e desfigurado o rosto de uma crian&ccedil;a com as pr&oacute;prias patas&rdquo;. Ele teria escapado de seu cercado na fazenda, invadido a casa de seus donos,&nbsp;subido no ber&ccedil;o da crian&ccedil;a e cometido o ato hediondo.</p>

<p>Em adi&ccedil;&atilde;o a isso, existem tamb&eacute;m&nbsp;registros de algumas vezes em que os su&iacute;nos foram vestidos com roupas de humanos e encaminhados para o julgamento, como em um caso de 1386. Condenado por infantic&iacute;dio, antes de sua execu&ccedil;&atilde;o, o porco usava um colete, luvas e at&eacute; um colar. Al&eacute;m disso, foi colocado uma m&aacute;scara humana em sua cabe&ccedil;a.</p>

<p>Quando a vida deles era poupada, os bichos eram encarcerados para o cumprimento de pena em celas ao lado de criminosos humanos, com o intuito de que pudessem ter uma chance de reabilita&ccedil;&atilde;o.</p>

<h2>Excomungados</h2>

<div class="image-align-center">
<figure class="image"><img alt="" height="428" src="https://brewminate.com/wp-content/uploads/2016/05/BugsBeasts01.jpg" width="540" />
<figcaption>(Fonte: Brewminate/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption>
</figure>
</div>

<p></p>

<p>No que se tratava de insetos &ndash; como se o resto j&aacute; n&atilde;o fosse o suficiente -, esses tinham o seu julgamento <em>in absentia</em>, ou seja, em aus&ecirc;ncia, pois as esp&eacute;cies acusadas n&atilde;o estavam na sala de julgamentos.</p>

<p>Historicamente, esse m&eacute;todo parece ter ganhado for&ccedil;a em 1587, num acontecimento famoso que levou a Igreja a um julgamento de oito meses contra besouros que atacaram uma colheita de uvas sagradas de propriedade exclusiva da Igreja. Para isso, assim como em outras situa&ccedil;&otilde;es que envolviam pestes e pragas, a condena&ccedil;&atilde;o dos insetos foi por anatematiza&ccedil;&atilde;o. Perante a B&iacute;blia, os besouros foram excomungados aos olhos de Deus, j&aacute; que n&atilde;o podiam receber uma pena f&iacute;sica. Apenas quando o inseto possu&iacute;a algum propriet&aacute;rio ou culpado indireto que a pena era automaticamente transferida para esse, junto com o banimento eclesi&aacute;stico.</p>

<p>O escritor James E. McWilliams, em um de seus ensaios sobre o assunto, tentava levar em considera&ccedil;&atilde;o a posi&ccedil;&atilde;o dos animais na sociedade, a maneira como eram enxergados. A intera&ccedil;&atilde;o humana consistia em uma rela&ccedil;&atilde;o mais de trabalho, chegando a dividir jornadas&nbsp;de 16 horas di&aacute;rias. Os animais eram seres geradores de capital, ao inv&eacute;s de um objeto de estima&ccedil;&atilde;o. Com esse fato, o autor afirmava, entre muitas de suas an&aacute;lises, que colocar animais em julgamentos por seus crimes, ent&atilde;o, n&atilde;o parecia t&atilde;o estranho e grotesco como soa atualmente.</p>

<p>Estima-se que os tribunais que incriminavam os animais sobreviveram formalmente at&eacute; mais ou menos o final do s&eacute;culo XIX, embora&nbsp;uma de&nbsp;suas &uacute;ltimas ocorr&ecirc;ncias tenha sido&nbsp;documentada na Su&iacute;&ccedil;a, em 1906, onde dois homens e um cachorro foram julgados por roubar e matar um homem. Para os humanos, foi dado pris&atilde;o perp&eacute;tua, mas o cachorro foi condenado &agrave; morte.</p>

<p>Reincid&ecirc;ncias aconteceram ao longo do s&eacute;culo XX. Um&nbsp;caso, por exemplo, aconteceu em 1916 no Tennessee envolvendo um elefante. No entanto, o mais assustador foi o de&nbsp;2008, na Maced&ocirc;nia, n&atilde;o por ser chocante demais, mas por essa pr&aacute;tica primitiva e irracional ainda se estender para dentro de um s&eacute;culo que j&aacute; deveria ser mais evolu&iacute;do.</p>

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