Ciência
13/02/2015 às 07:50•6 min de leitura
Hoje é dia de Próxima Parada e vamos conhecer melhor mais um dos países espalhados pela nossa pequena Terra. É dia de atravessar o Oceano Atlântico, pois a nação escolhida é a África do Sul, um país repleto de histórias importantes e significativas para o mundo todo, além de também possuir paisagens deslumbrantes. O que você sabe sobre os sul-africanos e esse grande país? Prepare-se para embarcar com a gente nessa viagem virtual repleta de curiosidades interessantes.
O nome completo do país é República da África do Sul e nos dias atuais detém grande variedade crenças religiosas, culturas e idiomas (existem 11 línguas oficiais, incluindo o inglês e o africâner, além de dialetos locais). Para termos noção, o inglês é somente a quinta língua mais falada do país, apesar der utilizada oficialmente pelo governo. Esse é o lugar com o maior número de europeus do continente africano, principalmente descendentes de ingleses.
É interessante pontuar que toda a região do país possui um dos sítios arqueológicos mais antigos do mundo, que datam fósseis de seres humanos há milhares de anos. Tribos indígenas também viviam em todo o território sul-africano, há milhares de anos antes de o país ser colonizado. Mas para falarmos sobre a África do Sul, é preciso falar de colonização (e todos os problemas que foram desencadeados graças a ela).
Com a chegada dos europeus, o cenário da África do Sul mudou bastante. Em 1652, depois da descoberta da rota marítima do Cabo, foi fundada a Cidade do Cabo em um ponto estratégico para as navegações entre Europa e Ásia. Em 1806, a Cidade do Cabo se tornou colônia britânica e depois de 1820 a colonização inglesa se expandiu significativamente por todo o território. Colonos de origem alemã, francesa e holandesa também se assentaram na região. Grande parte dos colonos chegou à região devido à exploração de diamantes e outros minérios.
Zulus atacam um acampamento em fevereiro de 1838
Já nesse período, conflitos de com os grupos Zulus e Afrikaners ocorriam. Na época dos períodos coloniais britânicos e holandês, a segregação racial já era comum – contudo, não existiam legislações e leis para efetivar esse tipo de separação. Depois que todas as regiões independentes do país se uniram (como a do Estado Livre de Orange), a União se tornou independente do Reino Unido, em 1931. Desde aquele momento, 87% do território do país já estava nas mãos dos brancos.
Partidos políticos racistas foram eleitos pelos brancos, que já possuíam mais autoridade do que os negros, e em 1948 o Partido Nacional chegou ao poder. Esse grupo reforçou as políticas de segregação racial que e classificou todos os povos em raças, sendo que todas elas possuíam direitos e limitações legais diferentes. O Apartheid estava instalado e as cidades foram dividas em espaços específicos que só brancos ou negros podiam circular.
Região de praia só para os brancos
Desse modo, a separação entre brancos e negros se tornou oficial por lei, e protegidos pela institucionalização da segregação as minorias brancas exerceram maior controle sobre o país e sobre os negros – que compunham a maior parte da população. Em praticamente todos os aspectos, os povos negros ficaram em desvantagem, enquanto os brancos usufruíam de padrões de vida semelhante aos de países desenvolvidos.
O Apartheid impedia que os negros votassem e que vivessem nas partes mais ricas do país – eles eram obrigados a viver em zonas residenciais afastadas e pequenas, ocasionando um tipo de confinamento geográfico. Além disso, casamentos e relações sexuais entre pessoas de etnias diferentes eram explicitamente proibidos e reprovados.
A África do Sul se tornou um país independente só em 1961 e apesar das críticas internacionais as leis do Apartheid vigoraram no país mesmo assim. Foi nesse contexto que Nelson Mandela iniciou as suas políticas de oposição, propondo as negociações e o ativismo para conter e acabar com a segregação. Inclusive, alguns países ocidentais começaram a boicotar o comércio com a África do Sul em sinal de desaprovação ao sistema racial implementado pelo país.
Somente em 1990 o governo iniciou as negociações que acabaram com o Apartheid – e o sistema só se encerrou definitivamente em 1994, vigorando de modo oficial por 48 anos. Nelson Mandela se tornou um dos ícones do país, considerado o mais importante líder da África Negra. Ele ganhou o Prêmio Nobel de Paz em 1993 e foi presidente da África do Sul de 1994 a 1999, eleito nas primeiras eleições universais do país.
Ao todo, Mandela passou 27 anos na prisão devido aos seus atos de rebeldia em combate às políticas do Apartheid. É claro que há muito mais para se falar sobre Nelson Mandela e o Apartheid, porém também devemos abordar também outros pontos importantes da África do Sul nesse artigo.
A bandeira da África do Sul foi adotada em 1994, após o encerramento efetivo do Apartheid. Para simbolizar a união dos povos e da cultura do país, podemos ver um desenho de um “Y”. Esse “Y” é a representação de dois caminhos opostos que se uniram e que hoje seguem em a mesma direção de modo igualitário – um traço de unificação para o país. A bandeira foi extremamente bem aceita entre brancos e negros, iniciando uma nova era na história turbulenta da África do Sul.
A África do Sul possui um dos ecossistemas mais diversos do mundo todo. O país possui inúmeros parques nacionais que abrangem centenas de quilômetros e protegem espécies de leões, elefantes, girafas, hipopótamos, leopardos, rinocerontes, entre muitos outros. Inclusive, os safáris são extremamente populares no país. Podemos encontrar montanhas, desertos, savanas e florestas em todo o território.
O clima é temperado e devido à altitude do país pode fazer muito frio em algumas regiões – características que muitas pessoas não associam com o continente africano. Inclusive, é muito comum nevar na África do Sul, algo que ocorre todos os anos em maior ou menor intensidade. Existem até estações de ski nas montanhas mais altas do país!
Sim! Neva esse tanto em algumas regiões da África do Sul
O país é um grande exportador de vinhos, produzindo variedades que são comercializadas em todo o mundo. As vinícolas da África do Sul são famosas e se estendem por paisagens impressionantes, normalmente cercadas por montanhas. O sudeste do país é conhecido pelos seus ventos traiçoeiros que sopram o ano inteiro e que já ocasionaram inúmeros naufrágios no Cabo da Boa Esperança.
Um dos pontos turísticos mais famosos da nação é a Montanha da Mesa – localizada na impressionante Cidade do Cabo. A Cidade do Cabo por si só já é uma grande atração turística com suas praias e belas paisagens dos arredores, porém é a Montanha da Mesa que chama atenção devido à formação geológica incomum, pois possui um planalto liso de aproximadamente três quilômetros de extensão no topo.
A África do Sul possui sérios problemas econômicos e sociais que refletem desde os tempos da colonização e do choque de culturas. De acordo com pesquisas relacionadas pela Organização das Nações Unidas, o país foi classificado em segundo lugar em número de assassinatos e em primeiro para assaltos em rankings mundiais.
As estatísticas apontam que 52 pessoas são assassinadas diariamente de diversas maneiras, o que faz desse um país bastante violento. Além disso, o estupro é um aspecto negativo muito forte, já que a África do Sul foi listada como o segundo país com o maior número de estupros em proporção à população várias vezes.
Johannesburgo
Pretoria
Durban
Devido a esses problemas sociais, que são agravados pelas altas taxas de desemprego (e 2011, 25% dos sul-africanos estavam desempregados), o surgimento de favelas tem aumentado. Em 2010, um relatório da ONU apontou as cidades de Buffalo City e Johannesburgo como as mais desiguais do planeta. As classes mais altas buscam segurança em grandes condomínios fechados, de modo parecido com o que vemos aqui no Brasil.
A desigualdade de renda é altíssima no país, ainda prevalecendo distinções entre brancos e negros, apesar das políticas atuais de inclusão. As riquezas estão concentradas nas cidades mais populosas, sendo que o interior da África do Sul ainda é bastante pobre. Por exemplo, a cidade mais rica do país, Johannesburgo, é responsável sozinha por 33% do PIB do sul-africano e 10% do PIB de todo o continente africano.
Costa da Cidade do Cabo