Quando universidades encobriram um estudo doentio com calouros nus

17/12/2021 às 11:002 min de leitura

Harvard, Yale, Princeton, Cornell, Brown, Penn, Columbia e Dartmouth. Essas são 8 das universidades privadas do nordeste dos Estados Unidos que fazem parte da Ivy League, uma conferência desportiva da Associação Atlética Universitária Nacional (NCAA).

É muito provável que você as conheça por sua notoriedade e grande grau de dificuldade para ingresso. Se você não tiver contatos, não tiver conquistado algo excepcional no Ensino Médio, como ser um atleta famoso ou ter feito uma grande descoberta científica, não significa que suas possibilidades de ingressar em uma delas estejam anuladas, mas sua admissão se torna um processo quase impossível.

No entanto, depois que é passada essa etapa e o estudante recebe sua carta de admissão, tudo o que ele enfrentará será uma orientação demorada, com reuniões enfadonhas sobre todas as regras do campus, visões gerais do código de conduta da universidade, sessões de aconselhamento e outras burocracias até que seja liberado para que a "festa" realmente comece.

Pode parecer tudo lindo depois disso, mas existe um passado obscuro escondido, entre o século XVIII até meados do século XX, em que as instituições da Ivy League obrigavam seus calouros a tirar fotos nus como parte de um "estudo sobre postura" que atormentou aqueles que realizaram o sonho de cruzar os portões de uma das universidades.

A grande mentira

(Fonte: Antiques Navigator/Reprodução)(Fonte: Antiques Navigator/Reprodução)

De 1880 até 1960, as faculdades da Ivy League sustentaram essa prática pervertida e invasiva de ordenar fotos de seus estudantes pelados. Eles eram fotografados com alfinetes de metal colocados em suas costas para que fosse estudado a postura ou pelo menos para fazer parecer que esse era o motivo pelo qual eles eram forçados a se despirem na frente de um conselho de estranhos vestindo jalecos brancos.

O real objetivo da coleta das imagens fazia parte de um estudo antropológico desenvolvido pelo psicólogo W. H. Sheldon, da Universidade de Columbia, que tentou encontrar correlações entre os tipos de corpos das pessoas, suas personalidades e temperamentos.

W.H. Sheldon. (Fonte: CoinWeek/Reprodução)W.H. Sheldon. (Fonte: CoinWeek/Reprodução)

Ele desenvolveu a teoria dos "somatótipos", que visava explicar os maneirismos, comportamentos, hábitos e outras características pseudopsicológicas por meio do biótipo das pessoas: ectomorfo, mesomorfo e endomorfo.

No final das contas, o que Sheldon estava fazendo era analisando as fotos em busca de traços raciais que pudessem não ser compatíveis com o perfil das universidades, ou seja, eugenia. Em 1950, o psicólogo levou seu projeto para a Universidade de Washington, onde esperava coletar fotos de calouras nuas para formar a base de seu Atlas das Mulheres, que também tinha uma versão masculina.

(Fonte: Arnold Zwicky Blog/Reprodução)(Fonte: Arnold Zwicky Blog/Reprodução)

Porém, a pesquisa de Sheldon desabou quando um dos alunos fotografados contou a seus pais, cujos advogados destruíram o psicólogo. Todas as universidades da Ivy League acabaram queimando milhares de fotos de postura entre as décadas de 1960 e 1970. Contudo, um dos assistentes de Sheldon conseguiu roubar várias caixas com os arquivos, que pararam nos Arquivos Antropológicos Nacionais, em Washington.

No final das contas, os documentos de Sheldon revelaram que, embora ele não fosse exatamente igual aos nazistas, certamente era extremamente racista e isso já era o suficiente péssimo. 

O mais absurdo em tudo isso, porém, é como as práticas do psicólogo foram endossadas por essas instituições renomadas, que só tomaram uma atitude quando tiveram a reputação ameaçada em todos os aspectos possíveis.

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