Como a respiração afeta o seu cérebro?

24/10/2022 às 12:002 min de leitura

Toda vez que você inspira, seus pulmões se enchem de ar rico em oxigênio que se espelha pela corrente sanguínea para ser distribuído por todo o corpo. Respirar é uma das condições básicas para a vida. Não por acaso, é algo que todos os serves vivos da Terra fazem e está diretamente relacionada com diversas atividades neurais.

Estudos recentes sugerem que a respiração pode influenciar o desempenho das pessoas em uma variedade surpreendentemente ampla de testes de laboratório. Por exemplo, sabe-se as pessoas tendem a inalar pouco antes de uma tarefa cognitiva — e isso tende a melhorar o desempenho. Mas como isso acontece?

Marcando o tempo com a respiração

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

A atividade elétrica que o nosso cérebro produz pode ser medida pelas oscilações rítmicas durante o seu funcionamento. Essas variações podem ser resultado de diferentes processos, mas, de modo geral, refletem as conexões realizadas entre as diferentes partes do cérebro. Porém, o que cientistas têm percebido é que a respiração pode definir o ritmo de algumas dessas oscilações. 

Um exemplo disso é a relação entre o ritmo respiratório e as ondas de atividade no hipocampo — uma região crítica para o aprendizado e para a memória. Existem várias ações, que podem ser observadas em diversos mamíferos, incluindo os humanos, nas quais a atividade elétrica dos neurônios no hipocampo aumenta e diminui a uma taxa consistente. Esse padrão é chamado de ritmo teta.

Em um estudo de 2016, o neurocientista Adriano Tort da Universidade Federal do Rio Grande do Norte estava medindo essas oscilações teta em roedores, e percebeu outro ritmo um pouco mais lento. O que ele descobriu é que esse segundo padrão estava sincronizado com a respiração, e agia como um metrônomo para definir o ritmo das oscilações teta mais rápidas no hipocampo.

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Outros estudos, realizados em paralelo por outros pesquisadores pelo mundo, mostraram que essa sincronização pode estar relacionada com atividades cerebrais bastante específicas.

Para monitorar isso, um experimento registrou a respiração de voluntários ao identificar a emoção expressa pelas pessoas em um conjunto de fotos. Os indivíduos foram mais rápidos em identificar rostos com medo quando a foto apareceu enquanto eles respiravam em comparação com a expiração.

Em outro estudo, foi possível verificar que a taxa de respiração sincroniza a atividade entre o hipocampo e o córtex pré-frontal em camundongos adormecidos. Emborra ainda não seja possível confirmar, é possível que essa sincronização indique um papel na criação de memórias de longo prazo.

Respiração controlada, mente calma?

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Por milênios, pessoas realizam diferentes tipos de meditação, que tem como princípio básico a respiração controlada. Mas foi somente nos últimos anos que a medicina passou a estudar essas técnicas de maneira mais intensa, para entender os reais efeitos desses mecanismos biológicos.

Por ser uma intervenção multicomponente, os benefícios das meditações podem ter diversas origens que não apenas a respiração. Em muitos casos, elas se somam a alongamentos, movimentos, visualizações e cantos. E há ainda os componentes culturais e espirituais que muitas pessoas atribuem à prática.

Sabe-se que há uma alteração da conectividade cerebral em idosos com comprometimento cognitivo leve — um potencial precursor da doença de Alzheimer e outros tipos de demência — durante a prática da yoga. O próximo passo é investigar se os métodos de controle da respiração por si só podem ajudar e descobrir quais técnicas de respiração funcionam melhor para quais condições e como elas podem ser adaptadas aos indivíduos.

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