Ciência
16/03/2023 às 11:00•2 min de leitura
Tomar remédio com café faz mal? Esta é uma dúvida bastante comum entre as pessoas que precisam ingerir algum medicamento e, na ausência da água, apelam para outro tipo de bebida disponível no momento, e também entre aquelas que procuram uma alternativa para despistar o eventual gosto amargo do comprimido.
Uma das bebidas mais consumidas pelos brasileiros, o café aparece como opção. No entanto, ele pode não ser a melhor solução para ajudar a engolir o remédio, pois se trata de uma grande fonte de cafeína, substância com potencial para interagir, de diferentes maneiras, com os fármacos.
Conhecido estimulante do sistema nervoso central, a cafeína, também encontrada em chás, refrigerantes e energéticos, apresenta capacidade de interagir com cerca de 60 medicamentos. Misturá-la com fórmulas que objetivam produzir um efeito sedativo, por exemplo, pode ser problemático.
(Fonte: Getty Images)
Tomar remédio para ansiedade ou insônia — que objetiva tranquilizar o usuário — com uma xícara de café, faz com que a pessoa receba a ação relaxante do fármaco e a estimulação da cafeína ao mesmo tempo. Assim, os efeitos da fórmula podem ser anulados, com o tratamento não apresentando o resultado esperado.
Além dos benzodiazepínicos, que atuam provocando uma sensação de relaxamento, há outros medicamentos cujo uso combinado com cafeína não é recomendado. Os fármacos utilizados para tratar esquizofrenia estão entre eles.
Neste caso, o problema está no aumento da concentração destes remédios no organismo, uma vez que eles usam as mesmas enzimas e proteínas que a cafeína durante a metabolização no fígado. E a maior quantidade da fórmula pode representar riscos para o paciente.
(Fonte: Getty Images)
Também há chances de interação da bebida com alguns antibióticos, como as quinolonas, com o medicamento inibindo ou diminuindo o metabolismo da cafeína, potencializando os efeitos dela. Já as tetraciclinas podem acabar não sendo absorvidas e consequentemente não apresentando resultado, se ingeridas em uma mistura de café com leite.
Outro exemplo de combinação problemática é entre broncodilatadores e cafeína. Prescritos para tratar bronquite, asma e doença pulmonar obstrutiva crônica, estes remédios podem ter a toxicidade elevada ao se associarem à substância, levando à taquicardia, agitação e falta de ar.
A melhor forma de evitar a diminuição ou a potencialização dos efeitos e a não absorção do remédio, como as causadas pelo uso de alguns fármacos com bebidas que contêm cafeína, é seguir as recomendações médicas. Provavelmente, a maioria dos profissionais vai indicar a ingestão do comprimido com água.
Também é importante ler a bula com atenção para verificar as interações medicamentosas da fórmula que está sendo usada e, em caso da dúvida persistir, pode ser interessante consultar um farmacêutico antes de escolher qualquer bebida. Vale lembrar que alguns sucos, como o de uva, são capazes de alterar os efeitos de certos medicamentos.