Ciência
10/05/2023 às 06:00•3 min de leitura
As vacinas representam, desde o seu surgimento, um marco para a saúde global, impedindo o desenvolvimento de sintomas mais agressivos de uma série de doenças e sendo consideradas primordiais para o aumento da expectativa de vida da população. Para garantir que as vacinas sejam entregues em conformidade, elas passam por vários processos pensados cuidadosamente para garantir que tudo esteja em ordem.
Ao todo, pode ser necessário cerca de 10 a 15 anos para que elas estejam prontas para aplicação, mas em outros casos, esse processo pode ser muito mais rápido. Entenda agora como funciona cada uma dessas etapas e como é possível certificar a segurança da vacina:
De uma forma geral, as vacinas podem ter diferentes formulações. Mas em todas há a presença de um composto ativo, o antígeno, que induz a uma resposta imunológica ou apresenta uma espécie de instrução para o organismo se defender.
Isso pode ser feito tanto em doses com o organismo inativado, quanto por meio de vacinas que contenham um pequeno fragmento do agente causador da doença, como uma proteína.
Pensando nisso, ocorre uma pesquisa laboratorial envolvendo células ou animais, onde pesquisadores se dedicam a identificar os antígenos que devem ser incluídos numa vacina.
Em seguida, são iniciados testes de segurança e eficácia que avaliam se as vacinas estão no caminho certo, provocando a resposta imune desejada e até mesmo se elas precisam de algum tipo de mudança no seu processo de formulação.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Num primeiro momento, a vacina é aplicada num grupo menor de indivíduos, geralmente composto por adultos saudáveis, e os pesquisadores só prosseguem numa nova fase se os participantes do estudo desenvolvem uma resposta imune satisfatória.
Em seguida, um número maior de pessoas recebe a aplicação da vacina. Isso permite aos pesquisadores estabelecer comparações entre diferentes grupos e avaliar outros aspectos, como as doses necessárias para que a doença seja efetivamente combatida.
Só então é conduzido um estudo randomizado onde é aplicada tanto a vacina desenvolvida, quanto placebo, num grupo que pode alcançar milhões de pessoas, com idades e genéticas variadas. Assim, nesses processos que levam mais alguns anos para serem concluídos, é possível acompanhar se porventura algum efeito adverso se manifesta a longo prazo.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Uma vez que tudo está dentro dos conformes e com resultados devidamente comprovados, é possível solicitar a aprovação da vacina nos órgãos regulatórios. No Brasil, esse trabalho é realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Para ser regulamentada, a vacina deve atender a todos os critérios de segurança e eficácia.
Agora, com a vacina devidamente certificada, chega o tão aguardado momento de realizar a produção em massa. Nela, os processos de fabricação, distribuição e controle de qualidade são considerados nos mínimos detalhes.
E como nenhum cuidado é demais, as doses fabricadas seguem sendo monitoradas. Assim, é possível tanto detectar a ocorrência de efeitos mais raros, quanto fazer eventuais ajustes para doses de reforço.
Lembrando que, como as vacinas não fazem pessoa desenvolver a doença, o que pode ocorrer é a resposta do organismo nesse processo de aprendizagem de como se defender. Assim, no momento em que há a produção de anticorpos, reações leves que eventualmente surjam não representam nenhum tipo de perigo.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Levando esses aspectos em consideração, é importante destacar o quanto vacinas que conseguem se desenvolver atendendo a todos esses requisitos num menor intervalo de tempo, como vimos ocorrer com a vacina contra a covid, demonstra a importância dos investimentos realizados na ciência e tecnologia.
Além disso, considerando que determinados agentes, como os vírus, passam por mutações, todos esses avanços possibilitaram que a vacina seja adaptada de tempos em tempos, de modo que seja viável aproveitar parte do material desenvolvido em laboratório para torná-la eficaz contra um número maior de patógenos.
É isso o que ocorre, por exemplo, anualmente com a vacina contra a gripe e explica a importância do reforço anual. Neste momento, o mesmo está sendo feito com a vacina contra a covid, possibilitando que a população também esteja protegida de outras variantes.