Por que alguns asiáticos ficam vermelhos após consumir bebidas alcoólicas?

Beber um copo de cerveja num momento de descontração aparenta ser algo inofensivo, e dependendo da forma como o álcool atua no organismo, consumir quantidade moderada de bebidas ocasionalmente não gera grandes efeitos.

Quem exagera na dose, por outro lado, lida com a ressaca no dia seguinte, e se transforma o consumo num hábito, também sofre com problemas de saúde no médio e longo prazo.

Agora, para 8% da população mundial, boa parte descendente de asiáticos, em virtude de uma mutação genética que provoca intolerância ao álcool, basta beber um copo de cerveja para ficar com o rosto vermelho e vivenciar uma experiência bastante desagradável. Entenda do que se trata a condição, conhecida como síndrome do rubor asiático, ou asian glow, e quais riscos essa mutação representa.

40% dos descendentes de asiáticos possuem mutação genética que provoca intolerância ao álcool. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Sintomas da síndrome do rubor asiático

Os sintomas variam, mas de forma geral, acabam induzindo a redução no consumo. Dentre eles, temos o rubor facial, tontura, aumento da frequência cardíaca, falta de ar, náusea e dor de cabeça, sendo efeitos que surgem quase que imediatamente após o consumo e podem permanecer por dias.

Para se ter uma ideia da prevalência no oriente, estima-se que 40% dos descendentes de asiáticos sejam afetados pela mutação.

O mais preocupante nisso tudo é que há evidências que estabelecem uma relação existente entre a mutação na enzima ALDH2 e o desenvolvimento de doenças entre aqueles que consomem bebidas alcoólicas em quantidades moderadas ou mais elevadas.

(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Deficiência enzimática eleva o risco de desenvolvimento de câncer

Dentre as doenças relacionadas, destaque para as cardiovasculares e o surgimento de variados tipos de câncer, como o de cabeça, pescoço e do esôfago. Este último, por exemplo, possui uma chance até 100 vezes maior de se apresentar em quem consome dois drinques diariamente, quando em comparação com pessoas que não são portadoras da mutação.

Ou seja, além de desencadear uma reação mais exagerada do organismo no curto prazo, dada a toxidade que a bebida representa para esse público, ainda há uma relação entre a quantidade de álcool ingerida e o desenvolvimento de doenças no decorrer do tempo. Lembrando que a síndrome do rubor asiático não se trata de uma alergia.

Falha dentro do processo responsável por eliminar substâncias tóxicas do organismo gera efeitos imediatos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Por que as bebidas alcoólicas não são toleradas pelo organismo?

Tudo isso porque ocorre falha na atuação de uma enzima responsável pela quebra da molécula do álcool no organismo, a ALDH2. Durante esse processo, inicialmente o álcool é convertido em acetaldeído, que é bastante tóxico, o que ocorre no organismo de pessoas com ou sem a mutação.

O problema é o que não acontece na segunda etapa, quando esse material tóxico deveria sofrer a ação da ALDH2 e se transformar em ácido acético rapidamente – o que garantiria a sua eliminação sem maiores problemas, uma vez filtrado e convertido em um composto inofensivo.

Ou seja, o acetaldeído, que é mais nocivo que o álcool, em virtude da inatividade de uma segunda enzima que atua num ritmo mais lento que o normal, não é metabolizado de forma correta e fica acumulado no organismo.

Por conta da mutação que gera essa falha, o composto, considerado cancerígeno, gera seus efeitos de forma imediata, explicando por que dois copos de cerveja já podem ser consideravelmente nocivos para aqueles que sofrem com a síndrome do rubor asiático.