Artes/cultura
29/08/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 29/08/2024 às 08:00
Chama-se de placebo um remédio "falso" elaborado para ter a mesma aparência de um medicamento real, mas composto por substâncias químicas inativas. A ideia é poder testar se o efeito causado por um novo remédio é psicológico ou não.
Agora, um estudo sugere que os placebos não enganosos – que são aqueles administrados para pessoas que têm consciência de que estão tomando placebos – podem produzir efeitos reais, ajudando a controlar o estresse.
Um estudo intitulado Applied Psychology: Health and Well-Being buscou investigar os efeitos do placebo em caso de estresse, mesmo quando as pessoas sabiam que não estavam tomando o remédio real. Isso foi feito por meio de um experimento conduzido com pessoas que passavam por estresse prolongado por conta da pandemia de covid-19.
Dois grupos participaram de um ensaio clínico controlado durante duas semanas. O primeiro grupo recebeu o placebo não enganoso, em entregas feitas pelo correio, enquanto o segundo não recebeu nada. Depois, todos os participantes interagiram entre si e com os pesquisadores por meio de reuniões virtuais.
O que se observou é que o grupo que recebeu o placebo não enganoso mostrava uma redução significativa no estresse, ansiedade e depressão em apenas duas semanas, em comparação ao outro grupo, que estava sem tratamento.
A grande questão dos pesquisadores foi entender por que os pacientes apresentavam melhora. Os participantes da pesquisa relataram então que os placebos não enganosos eram "fáceis de usar, não onerosos e apropriados para a situação".
“A exposição ao estresse de longo prazo pode prejudicar a capacidade de uma pessoa de controlar as emoções e causar problemas significativos de saúde mental. Por isso estamos animados em ver que uma intervenção que exige esforço mínimo ainda pode levar a benefícios significativos”, afirmou Jason Moser, professor do departamento de psicologia da Michigan State University, que foi um dos autores do estudo.
O professor ainda explicou que essa "carga mínima torna os placebos não enganosos uma intervenção atraente para aqueles com estresse, ansiedade e depressão significativos". Por conta disso, os cientistas consideraram os resultados promissores.
“Essa capacidade de administrar placebos não enganosos remotamente aumenta drasticamente o potencial de escalabilidade. Os placebos não enganosos administrados remotamente têm o potencial de ajudar indivíduos que lutam contra problemas de saúde mental e que, de outra forma, não teriam acesso aos serviços tradicionais de saúde mental”, concluiu Darwin Guevarra, pesquisador de pós-doutorado na Universidade da Califórnia.