Saúde/bem-estar
22/05/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 22/05/2024 às 14:00
Mesmo com o fim da emergência pública de saúde para a covid-19 declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano passado, pesquisadores seguem investigando a doença que matou milhões de pessoas em todo o mundo. A descoberta mais recente é sobre a possibilidade de que ela deixe sequelas na visão.
Liderado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, o estudo publicado em abril na revista PLOS Pathogens aponta que o vírus causador da covid-19 é capaz de infectar o interior dos olhos. Isso acontece mesmo se o patógeno entrar no corpo em outras áreas além da superfície ocular.
Usando um modelo humanizado de ratos ACE2, o trabalho afirma que quando o Sars-CoV-2 chega ao organismo via inalação infecta os pulmões e os órgãos com proteção reforçada, como os olhos. No último caso, ele compromete as células que revestem a barreira hemato-retiniana.
Esta é a primeira pesquisa sugerindo que a covid-19 pode romper a barreira em pessoas saudáveis, causando problemas dentro do olho e gerando riscos de comprometimento da visão como efeito da exposição a longo prazo. Investigações anteriores se concentraram principalmente na superfície ocular.
Com a função de proteger a visão de agentes patogênicos, impedindo a chegada deles à retina, esta barreira pode acabar comprometida se os restos virais permanecerem no olho por muito tempo. Isso leva a uma resposta hiperinflamatória na retina, matando as células da barreira hemato-retiniana.
Além disso, os autores descobriram que a proteína spike, associada à capacidade de entrada do Sars-CoV-2 às células, é capaz de causar microaneurisma retinal, oclusão de artérias e veias retinais e vazamento vascular. Tais condições também têm maior probabilidade de ocorrer em infecções prolongadas.
“Para aqueles diagnosticados com covid-19, recomendamos que peça ao seu oftalmologista para verificar se há sinais de alterações patológicas na retina”, alertou o professor Pawan Kumar Singh, líder do estudo, em entrevista ao site da Universidade do Missouri. De acordo com ele, os danos podem surgir mesmo nos pacientes assintomáticos.
A possibilidade de danos à visão associada à covid longa é ainda maior em determinadas condições. Conforme o estudo, pessoas imunocomprometidas, com hipertensão ou diabetes correm mais riscos se permanecerem sem diagnóstico de problemas oculares causados pela infecção.
Os pesquisadores querem descobrir os mecanismos que levam ao rompimento da barreira de proteção da retina bem como compreender melhor as consequências. Essas informações podem ajudar no desenvolvimento de métodos para prevenir e tratar doenças oculares causadas pela covid-19 antes do comprometimento da visão.