Imagem de Cartórios divulgam os nomes mais registrados no Brasil em 2021 no megacurioso

Nomes simples, curtos e bíblicos se destacaram

O ano est&aacute; chegando ao fim e como &eacute; de praxe, os cart&oacute;rios do Brasil divulgaram a lista dos nomes mais escolhidos pelos brasileiros para as certid&otilde;es de nascimento em 2021.&nbsp;
O levantamento realizado pela Associa&ccedil;&atilde;o Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil) considerou os dados obtidos de 7.658 Cart&oacute;rios de Registro de Civil. No decorrer do ano, foram quase <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120169-enzo-e-valentina-ja-eram-veja-quais-sao-os-nomes-da-moda-agora.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">2,5 milh&otilde;es de nascimentos</a>. Miguel e Helena seguem na lideran&ccedil;a como os preferidos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/22/22112154535164.jpg" alt="(Fonte: Shutterstock)" />(Fonte: Shutterstock)
<h2>Mudan&ccedil;a de cen&aacute;rio</h2>
O ranking dos nomes mais registrados em 2021 tamb&eacute;m apresentou algumas novidades. O nome Gael, por exemplo, est&aacute; entre os <a href="https://www.megacurioso.com.br/cotidiano/85321-20-nomes-proibidos-para-bebes-ao-redor-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tr&ecirc;s mais escolhidos para os meninos</a>. At&eacute; 2019, ele nem sequer estava entre os 50 mais usados. Outro que tem se destacado &eacute; Theo, que saltou da 36&ordf; posi&ccedil;&atilde;o em 2019 para a 6&ordf; em 2020, sendo que ocupa agora o 7&ordm; lugar. Outras novidades aqui s&atilde;o Anthony, Isaac, Ravi e Noah.
Entre os nomes femininos tamb&eacute;m &eacute; poss&iacute;vel observar algumas altera&ccedil;&otilde;es. Em 2021, os nomes Liz e Elo&aacute; surgiram pela primeira vez, assim como Antonella, Mait&ecirc; e Sophia.
Apesar de haver uma tend&ecirc;ncia por novas op&ccedil;&otilde;es, as varia&ccedil;&otilde;es de Maria continuam fortes, a exemplo de Maria J&uacute;lia, Maria Clara e Maria Alice.
<h3>Os nomes mais registrados no Brasil em 2021</h3>
<ol>
<li>Miguel (28.301)</li>
<li>Arthur (26.655)</li>
<li>Gael (23.973)</li>
<li>Heitor (22.368)</li>
<li>Helena (21.890)</li>
<li>Alice (20.381)</li>
<li>Theo (19.863)</li>
<li>Laura (18.448)</li>
<li>Davi (18.304)</li>
<li>Gabriel (17.159)</li>
</ol>
<h3>Os nomes masculinos mais escolhidos em 2021</h3>
<ol>
<li>Miguel (28.301)</li>
<li>Arthur (26.655)</li>
<li>Gael (23.973)</li>
<li>Heitor (22.368)</li>
<li>Theo (19.853)</li>
<li>Davi (18.304)</li>
<li>Gabriel (17.159)</li>
<li>Bernardo (15.935)</li>
<li>Samuel (15.563)</li>
<li>Jo&atilde;o Miguel (13.254)</li>
</ol>
<h3>Os nomes femininos mais escolhidos em 2021</h3>
<ol>
<li>Helena (21.890)</li>
<li>Alice (20.381)</li>
<li>Laura (18.448)</li>
<li>Maria Alice (14.677)</li>
<li>Valentina (11.643)</li>
<li>Helo&iacute;sa (11.355)</li>
<li>Maria Clara (10.980)</li>
<li>Maria Cec&iacute;lia (10.850)</li>
<li>Maria J&uacute;lia (10.235)</li>
<li>Sophia (10.163)</li>
</ol>
<h2>&Eacute; poss&iacute;vel mudar de nome?</h2>
De acordo com a legisla&ccedil;&atilde;o brasileira, o <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118611-50-nomes-mais-estranhos-registrados-nos-cartorios-do-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nome de uma pessoa</a> deve respeitar o princ&iacute;pio da dignidade humana. Isso significa que ele n&atilde;o pode ser motivo de vergonha, desonra, discrimina&ccedil;&atilde;o ou humilha&ccedil;&atilde;o.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/22/22112156972165.jpg" alt="(Fonte: Shutterstock)" />(Fonte: Shutterstock)
Al&eacute;m disso, precisa seguir a regra da imutabilidade. Portanto, n&atilde;o pode ser alterado, especialmente para que seja poss&iacute;vel garantir quest&otilde;es legais relacionadas &agrave;s quest&otilde;es jur&iacute;dicas. Afinal, trata-se de algo individual, al&eacute;m de ser um direito de personalidade.
Todavia, h&aacute; situa&ccedil;&otilde;es em que a lei permite que o nome seja modificado. Por exemplo, substitui&ccedil;&atilde;o do nome por exposi&ccedil;&atilde;o ao rid&iacute;culo, como op&ccedil;&atilde;o no primeiro ano ap&oacute;s a maior idade, casamento ou div&oacute;rcio, erro de grafia, reconhecimento de filho, ado&ccedil;&atilde;o, nome igual ao de outra pessoa e altera&ccedil;&atilde;o de nome estrangeiro para o correspondente brasileiro.
Em alguns casos &eacute; necess&aacute;rio ter uma autoriza&ccedil;&atilde;o judicial. No entanto, para&nbsp;pessoas transexuais que desejam mudar de nome, a altera&ccedil;&atilde;o pode ser feita diretamente no cart&oacute;rio, sendo que n&atilde;o &eacute; exigida a autoriza&ccedil;&atilde;o para isso. Basta que ela manifeste interesse. Ali&aacute;s, transexuais podem mudar de nome mesmo que n&atilde;o tenham passado pelo procedimento cir&uacute;rgico de transgenitaliza&ccedil;&atilde;o.

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Cartórios divulgam os nomes mais registrados no Brasil em 2021

Imagem de Como as irmãs Sutherland ficaram milionárias com o próprio cabelo no megacurioso

Muitas pessoas com problemas financeiros optam por uma sa&iacute;da vi&aacute;vel e r&aacute;pida para angariar aquele dinheiro extra no fim do m&ecirc;s para terminar de pagar as contas ou complementar a renda: a venda de cabelos.
Todos os meses, milhares de mulheres se dirigem pessoalmente at&eacute; sal&otilde;es de beleza especializados em compra e venda de cabelos, que confeccionam perucas naturais ou apliques que podem custar mais que R$ 2 mil, dependendo da condi&ccedil;&atilde;o do fio e da grama.
De acordo com uma mat&eacute;ria de 2017 do G1, Nilta Murcel, dona de um sal&atilde;o em S&atilde;o Paulo, explicou em entrevista que os pre&ccedil;os de compra e venda de cabelo humano s&atilde;o muito diferentes. Para comprar, o pre&ccedil;o varia em torno de R$ 3 a R$ 9 por grama, mas na hora de vender ele fica ainda mais baixo. Isso porque os sal&otilde;es e sites precisam ter lucro com a venda e gastam muito com a prepara&ccedil;&atilde;o dos cabelos.
Portanto, j&aacute; ficou claro que vender o pr&oacute;prio cabelo n&atilde;o &eacute; considerado um neg&oacute;cio milion&aacute;rio, n&atilde;o importa o qu&atilde;o natural e raro ele for, mas,sim, pode render um dinheiro &uacute;til em um momento de aperto financeiro.
Por outro lado, no s&eacute;culo XVIII, essa realidade foi bem diferente para as irm&atilde;s Sutherland.
<h2 class="uk-text-justify">Fazendo fortuna &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/08/08195607132810.jpg" alt="(Fonte: Spoki/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Spoki/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quase na virada do s&eacute;culo XIX, sete irm&atilde;s do interior de Nova York, Estados Unidos, ficaram famosas ao viajarem pelo mundo mostrando o comprimento de seus cabelos em apresenta&ccedil;&otilde;es de "<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118685-eko-e-iko-os-irmaos-negros-e-albinos-sequestrados-pelo-freak-show.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">freak show</a>" do not&oacute;rio showman <a href="https://www.megacurioso.com.br/bizarro/75843-show-de-horrores-os-artistas-que-ganhavam-a-vida-com-suas-anomalias.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">P. T. Barnum</a>, chegando a ficar em vitrines de feiras mundiais.
Sarah, Victoria, Isabella, Grace, Naomi, Dora e Mary Sutherland cresceram em uma fazenda de perus, onde a m&atilde;e delas preparava uma lo&ccedil;&atilde;o f&eacute;tida que passava em seus cabelos para faz&ecirc;-los crescer cada vez mais. O resultado foram cabelos que mediam at&eacute; 11 metros de comprimento e que conferiram a alcunha de &ldquo;7 maravilhas do mundo&rdquo; e uma carreira mete&oacute;rica &agrave;s mo&ccedil;as.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/08/08195714414811.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Antes de serem exibidas como aberra&ccedil;&otilde;es, elas come&ccedil;aram a vida como cantoras, mas perceberam que, apesar do talento que tinham, as pessoas se aglomeravam mais para v&ecirc;-las soltarem seus cabelos imensos no palco do que as ouvir cantar. Naquela &eacute;poca, ter cabelo comprido fazia parte da moda, mas uma mulher respeit&aacute;vel sempre o mantinha preso, e as sete irm&atilde;s, com cabelos t&atilde;o imensos que n&atilde;o se sustentavam na cabe&ccedil;a, eram consideradas indecentes para a sociedade.
<h2 class="uk-text-justify">O grande esquema</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/08/08195811617813.jpg" alt="(Fonte: Daily Mail/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Daily Mail/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Se voc&ecirc; est&aacute; pensando que elas ficaram ricas sendo exibidas pelo mundo em palcos baratos de circo, pensou errado. Apesar de a maioria das personalidades exploradas nesses shows terem, de fato, ficado ricas ao longo da hist&oacute;ria, foram necess&aacute;rios muitos anos&nbsp;para isso acontecer, e a fam&iacute;lia Sutherland tinha algo imediato em m&atilde;os: um t&ocirc;nico "milagroso".
As irm&atilde;s foram a melhor propaganda que a fam&iacute;lia poderia ter para vender o produto que fez aumentar o cabelo delas de maneira t&atilde;o extraordin&aacute;ria, sobretudo em um per&iacute;odo no qual rem&eacute;dios patenteados faziam parte da ind&uacute;stria vitoriana.
Os "fertilizantes" para cabelos foram comercializados em shows sob slogans de que era uma receita secreta desenvolvida pela m&atilde;e das jovens, mas n&atilde;o passava de uma mistura de &aacute;lcool, &oacute;leo e &aacute;gua que elas inventaram &mdash; a m&atilde;e havia morrido recentemente e levado a verdadeira receita do crescimento de cabelos para o t&uacute;mulo.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Mental Floss&nbsp;" data-fonte-url="https://images2.minutemediacdn.com/image/upload/c_fit,f_auto,fl_lossy,q_auto,w_728/v1555994156/shape/mentalfloss/new_hair_oil.jpg?itok=Jmy3UgkX"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/08/08200008195814.jpg" alt="(Fonte: Mental Floss/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Mental Floss/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Vendendo tamb&eacute;m pomadas, cremes e sabonetes capilares que estimulariam o crescimento, as irm&atilde;s Sutherland arrecadaram US$ 90 mil apenas no 1&deg; ano de vendas. Quando Naomi morreu, em 1893, a fam&iacute;lia simplesmente contratou uma irm&atilde; substituta para manter o marketing e o show na estrada.
A fortuna delas alcan&ccedil;ou a marca de US$ 3 milh&otilde;es, empreendida em uma mans&atilde;o na fazenda da fam&iacute;lia onde viveram juntas para o resto de suas vidas, visto que apenas duas das irm&atilde;s se casaram, sobrevivendo mesmo depois que o cabelo curto se tornou a nova moda no mundo.

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Como as irmãs Sutherland ficaram milionárias com o próprio cabelo

Imagem de Qual é a diferença entre canibal e antropófago? no megacurioso

Um pouco sobre o ato de comer carne humana na história

Voc&ecirc; j&aacute; parou para pensar que comer carne humana est&aacute; entre os fatos mais conden&aacute;veis e errados que algu&eacute;m pode praticar, mas, ainda assim, de modo geral somos profundamente atra&iacute;dos por esse tema?&nbsp;
Por exemplo, a maioria das pessoas n&atilde;o hesitam em comprar um livro para saber mais sobre o <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119829-canibalismo-na-europa-de-pratica-heroica-a-barbara.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">caso de antropofagia</a> da equipe de r&uacute;gbi do Uruguai, que ficou sem comida depois que o avi&atilde;o em que estavam caiu nos Andes ou em assistir a algum filme sobre um "canibal" qualquer.
Ao longo dos mil&ecirc;nios de exist&ecirc;ncia da ra&ccedil;a humana, diversos povos comeram membros da mesma esp&eacute;cie pelos mais variados motivos, do sagrado ao m&oacute;rbido.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/20/20133512641263.jpg" alt="(Imagem: Shutterstock)" />(Imagem: Shutterstock)
<h2 class="uk-text-justify">Antropofagia e canibalismo t&ecirc;m o mesmo significado?</h2>
A resposta r&aacute;pida &eacute; n&atilde;o. &Eacute; muito comum que a antropofagia e o canibalismo sejam considerados sin&ocirc;nimos, pois ambos os termos, de alguma maneira, remetem-se ao ato de comer carne humana. Todavia, especialistas em etnologia preferem fazer uma diferencia&ccedil;&atilde;o entre eles.
A express&atilde;o "antropofagia" tem como base os termos gregos anthropos (homem) e phagein (para comer). Sendo assim, antropofagia &eacute; o ato comer carne humana, simples assim, e por isso pode ser usado para se referir tanto a uma pessoa que come outra, quanto ao caso de um animal que se alimenta de um ser humano.
J&aacute; o termo "canibalismo" surgiu bem mais tarde, tendo suas origens no espanhol canibal, uma varia&ccedil;&atilde;o de cariba, palavra usada para se referir aos habitantes do Caribe na &eacute;poca das grandes navega&ccedil;&otilde;es. Originalmente, significava "resistente", mas, por influ&ecirc;ncia dos espanh&oacute;is, passou a ter o conceito de selvagem, cruel e acabou sendo usado para designar pr&aacute;ticas antrop&oacute;fagas.
A grande diferen&ccedil;a nesse caso &eacute; que "canibalismo" passou a designar a pr&aacute;tica de se comer um indiv&iacute;duo da mesma esp&eacute;cie, n&atilde;o necessariamente um ser humano.
Resumindo:
<ul class="uk-text-justify">
<li>Um homem que come outro homem &eacute;, ao mesmo tempo, um canibal e um antrop&oacute;fago.</li>
<li>Um le&atilde;o que come um ser humano &eacute; um antrop&oacute;fago, mas n&atilde;o &eacute; um canibal.</li>
<li>Agora, se um le&atilde;o come outro le&atilde;o, ele &eacute; um canibal, mas n&atilde;o &eacute; um antrop&oacute;fago.</li>
</ul>
Faz sentido?
No mundo animal, o canibalismo pode acontecer por v&aacute;rios motivos, como a falta de alimentos, ou f&ecirc;meas que devoram sua ninhada devido ao estresse, ou at&eacute; por controle populacional. Esse &eacute; o caso dos peixes guppies de aqu&aacute;rio, por exemplo, que comem seus filhotes para evitar a superlota&ccedil;&atilde;o.
<h2 class="uk-text-justify">Imagin&aacute;rio popular</h2>
Foi a descoberta das Am&eacute;ricas, em especial, as viagens de Colombo para as &Iacute;ndias Ocidentais, que forneceu ao imagin&aacute;rio popular europeu <a href="https://www.megacurioso.com.br/bizarro/98928-3-casos-bizarros-envolvendo-canibalismo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">relatos de antropofagia</a> como nunca antes.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/22/22133018439276.jpg" alt="(Fonte: Getty Imagens/ Thought Co./ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Getty Imagens/ Thought Co./ Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Colombo chegou a escrever em seu di&aacute;rio de viagens os encontros com &ldquo;canibais&rdquo; no continente americano. Em um deles, o navegador escreve que &ldquo;h&aacute; homens com um olho e outros com focinho de cachorro que comem homens. Ao tomar um homem, eles o decapitam, bebem seu sangue e cortam seus &oacute;rg&atilde;os genitais&rdquo;. Em novembro de 1492, ele registrou em seu di&aacute;rio a palavra &ldquo;canibales&rdquo; pela 1&ordf; vez.
<h2 class="uk-text-justify">Canibais por conveni&ecirc;ncia&nbsp;</h2>
Como tudo tem dois lados, ao desembarcar no Novo Mundo, um dos primeiros registros que Colombo fez foi descrever os ind&iacute;genas como pessoas amigas e que n&atilde;o causavam grandes complica&ccedil;&otilde;es, ou seja, n&atilde;o tinham nada de canibais, ao menos por enquanto. Por&eacute;m, os espanh&oacute;is queriam achar ouro e, como n&atilde;o obtiveram sucesso, perceberam que a segunda melhor "posse" seriam os escravos.
Quando Colombo voltou, os nativos que haviam sido considerados amig&aacute;veis se transformaram, repentinamente, em canibais. Com isso, os conquistadores n&atilde;o teriam desculpas para trat&aacute;-los bem: poderiam ser escravizados, serem tratados como animais ou terem suas terras tomadas, por exemplo.
Isso aconteceu em v&aacute;rios momentos durante o per&iacute;odo das grandes navega&ccedil;&otilde;es. Dar ao nativo a classifica&ccedil;&atilde;o de antropofagista ou acus&aacute;-lo de praticar rituais de canibalismo, mesmo que n&atilde;o fizessem isso, era uma excelente ferramenta para desumanizar essas pessoas.
<h2 class="uk-text-justify">&Eacute; crime comer carne humana?</h2>
Podemos dizer que &eacute; errado, que fere princ&iacute;pios morais e religiosos, que &eacute; abomin&aacute;vel e por a&iacute; vai. Contudo, talvez voc&ecirc; se surpreenda em saber que muitos pa&iacute;ses n&atilde;o t&ecirc;m uma lei para proibir e, muito menos, <a href="https://www.tecmundo.com.br/internet/134852-casal-canibais-usava-aplicativos-namoro-encontrar-vitimas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">punir o canibalismo</a>.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/22/22133354032279.png" alt="(Fonte: Anthro Encyclopedia/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Anthro Encyclopedia/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os Estados Unidos, a maioria dos pa&iacute;ses europeus e at&eacute; o Brasil entram na lista. Geralmente, quando algu&eacute;m pratica o canibalismo nessas regi&otilde;es, o criminoso &eacute; acusado de homic&iacute;dio, necrofilia ou profana&ccedil;&atilde;o de cad&aacute;veres.
Essa situa&ccedil;&atilde;o ainda tem um &ldquo;problema t&eacute;cnico&rdquo;. Em v&aacute;rios casos recentes de antropofagia, as v&iacute;timas concordaram em ser mortas e comidas. Um exemplo disso foi o caso de Armin Meiwes, na Alemanha, no qual a v&iacute;tima simplesmente respondeu ao an&uacute;ncio do assassino na internet que dizia &ldquo;procurando um homem bem constru&iacute;do de 18 a 30 anos para ser abatido e depois consumido&rdquo;.
<h2 class="uk-text-justify">Por que as pessoas comem outras pessoas?</h2>
A Biologia, Sociologia, Antropologia e Arqueologia ainda buscam explica&ccedil;&otilde;es para essa pergunta. O canibalismo ritual&iacute;stico, assim como o de sobreviv&ecirc;ncia s&atilde;o mais f&aacute;ceis de serem entendidos, mas as demais situa&ccedil;&otilde;es ainda demandam muitos estudos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/22/22133234814278.jpg" alt="(Fonte: Salon/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Salon/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Para se ter ideia, v&aacute;rios manuais de doen&ccedil;as psiqui&aacute;tricas n&atilde;o listam a pr&aacute;tica como uma doen&ccedil;a. Contudo, alguns psic&oacute;logos especulam que a antropofagia pode estar relacionada &agrave; ansiedade de separa&ccedil;&atilde;o da m&atilde;e e a agress&otilde;es. Tamb&eacute;m h&aacute; linhas de pesquisa avaliando se alguns dos atos de canibalismo foram cometidos porque o indiv&iacute;duo sofria de esquizofrenia.
Em algumas situa&ccedil;&otilde;es, ainda h&aacute; elementos de satisfa&ccedil;&atilde;o sexual que tornam ainda mais complexo o estudo do caso. Armin Meiwes, o t&eacute;cnico de reparo alem&atilde;o que comeu o homem que respondeu ao seu an&uacute;ncio, durante seu julgamento explicou o que estava por tr&aacute;s de sua motiva&ccedil;&atilde;o.&nbsp;
Ele disse que sempre quis ter um irm&atilde;o mais novo, algu&eacute;m que fizesse parte dele. Como uma forma de preencher essa obsess&atilde;o, terminou fascinado pela antropofagia.
<h2 class="uk-text-justify">Qual &eacute; o gosto da carne humana?</h2>
Miewes, que sempre pareceu lidar muito bem com o que havia feito, foi entrevistado em sua cela. Quando questionado sobre qual &eacute; o&nbsp;gosto da carne humana, afirmou que parece porco, s&oacute; que um pouco mais amarga, com um sabor mais forte. &ldquo;Tem um gosto muito bom&rdquo;, disse ele.
Ao que parece, ele est&aacute; certo. Na d&eacute;cada de 1920, tamb&eacute;m na Alemanha, um casal serial killer vendeu por um bom tempo carne humana em um mercado ilegal como sendo de porco.

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Qual é a diferença entre canibal e antropófago?

Imagem de Sérgio e Baco: os santos que possivelmente eram um casal gay no megacurioso

Segundo pesquisadores, os soldados romanos Sérgio e Baco, martirizados no século IV, eram um casal homoafetivo

O tema "homossexualidade" causa grande pol&ecirc;mica entre membros da igreja cat&oacute;lica, inclusive quando declara&ccedil;&otilde;es favor&aacute;veis &agrave; uni&atilde;o homoafetiva s&atilde;o feitas por figuras simb&oacute;licas no catolicismo, como recentemente aconteceu com o Papa Francisco I.&nbsp;
Entretanto, esse n&atilde;o &eacute; um assunto somente da atualidade. De acordo com pesquisadores, os soldados romanos S&eacute;rgio e Baco, martirizados no s&eacute;culo IV e transformados em santos pela <a href="https://www.megacurioso.com.br/religiao/45161-voce-sabe-qual-e-a-maior-igreja-catolica-do-planeta.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">igreja</a>, eram na verdade um casal gay. A hist&oacute;ria desses dois guerreiros foi resgatada por um estudo da Universidade de Yale, liderado pelo historiador John Boswell.
<h2 class="uk-text-justify">Origem da hist&oacute;ria</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/17/17141238617249.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
O enredo de que S&eacute;rgio e Baco teriam sido um casal gay &eacute; baseado principalmente em um relato grego datado do s&eacute;culo V. Embora apresente algumas incongru&ecirc;ncias, o texto batizado de A Paix&atilde;o dos Santos S&eacute;rgio e Baco foi escrito originalmente em grego e &eacute; o principal documento sobre a exist&ecirc;ncia deles.&nbsp;
Foi escrito pela por volta de 425 d.C., cerca de 100 anos ap&oacute;s a morte de ambos os santos. De acordo com essa biografia, os dois eram soldados de alta patente no <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119808-imperio-romano-so-1-a-cada-4-imperadores-morreram-de-causas-naturais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Imp&eacute;rio Romano</a> de Gal&eacute;rio Maximiano, mas acabaram martirizados durante uma viagem ao Oriente M&eacute;dio entre 260 e 311 d.C.
Naquela &eacute;poca, o cristianismo era perseguido pelos romanos, enquanto S&eacute;rio e Baco professavam a f&eacute; escondidos dos demais. Por&eacute;m, eles teriam-se entregado ap&oacute;s recusarem participar de uma oferta ao rei J&uacute;piter, divindade das religi&otilde;es pag&atilde;s. Por terem-se negado a renunciar a sua f&eacute;, os dois foram vestidos com roupas femininas e torturados. Baco morreu durante o processo, e S&eacute;rgio foi decapitado dias depois.
<h2 class="uk-text-justify">An&aacute;lise do enredo</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Saints_Sergius_and_Bacchus#/media/File:Sergius_and_Bacchus_(Menologion_of_Basil_II).jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/17/17141533305252.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Na vis&atilde;o de Boswell, a vis&atilde;o como S&eacute;rgio e Baco s&atilde;o descritos no texto com "unidos por um amor um ao outro" &eacute; muito semelhante &agrave; forma como faziam para descrever casais heterossexuais casados naquela &eacute;poca. Inclusive, eles teriam participado de um ritual antigo de "irmandade", assumindo um v&iacute;nculo afetivo perante a igreja &mdash; o adelphopoiesis.&nbsp;
Para o historiador, esse ritual transcendia a amizade e muitas vezes era tomado como forma de legitimar uma uni&atilde;o homossexual. Algo que corroboraria essa tese &eacute; o mais antigo &iacute;cone sacro existente sobre a dupla, datado do s&eacute;culo VII. Na imagem, podemos ver S&eacute;rgio e Baco retratados lado a lado com Cristo, em tamanho menor, no meio deles.&nbsp;
Boswell explica que isso era algo comum entre casais na Roma Antiga, com a divindade assumindo o papel de "dama de honra", como se estivesse supervisionando o casamento. Isso foi o suficiente para que os dois se tornassem um s&iacute;mbolo entre a comunidade LGBTQI+ cat&oacute;lica, sobretudo nos Estados Unidos, onde passaram a ser cultuados como s&iacute;mbolo da f&eacute; entre pessoas homoafetivas e de representatividade.
<h2 class="uk-text-justify">Pol&ecirc;micas sobre o caso</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/17/17141431086250.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Se entre a comunidade LGBTQI+ a hist&oacute;ria de S&eacute;rgio e Baco &eacute; aceita como um marco hist&oacute;rico, o conte&uacute;do dela gera controv&eacute;rsia e est&aacute; longe de ser unanimidade entre estudiosos cat&oacute;licos. O Martirol&oacute;gio Romano, usado quase como um cat&aacute;logo dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119333-6-santos-catolicos-com-historias-bem-curiosas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">santos</a>, s&oacute; dedica uma linha aos dois: "Em Bets&aacute;loe, na Augusta Eufratesia, hoje S&iacute;ria, os santos S&eacute;rgio e Baco, m&aacute;rtires, s&eacute;culo III ou IV."
Nesse caso, essa linha de pensamento acredita que a viol&ecirc;ncia contra os crist&atilde;os deveria ser vista como o &uacute;nico motivo para a martiriza&ccedil;&atilde;o de S&eacute;rgio e Baco &mdash; tendo nada relacionado com a homoafetividade. Al&eacute;m disso, alguns pesquisadores levantam a ressalva de que n&atilde;o havia processo de canoniza&ccedil;&atilde;o para o reconhecimento de santos at&eacute; 880 e que alian&ccedil;a de irmandade poderia ser vista apenas como um gesto entre dois amigos que queriam se considerar irm&atilde;os &mdash; sem envolver "intuitos er&oacute;ticos".
De todo modo, S&eacute;rgio e Baco continuam servindo como s&iacute;mbolo para muitos homossexuais que desejam expressar sua f&eacute; no cristianismo e se sentem abra&ccedil;ados por tamanhas figuras.

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Sérgio e Baco: os santos que possivelmente eram um casal gay

Imagem de As 3 dietas perturbadoras que moldaram a sociedade do século XIX no megacurioso

Foi até sugerido que mastigar 700 vezes causaria uma sensação de saciedade

Dieta cetog&ecirc;nica, dieta paleol&iacute;tica, dieta low-carb&nbsp;e dieta mediterr&acirc;nea.
&Eacute; muito prov&aacute;vel que voc&ecirc; j&aacute; tenha ouvido falar sobre algum desses regimes alimentares famosos em sua vida, porque viu uma celebridade emagrecer 10 quilos por meio de um desses h&aacute;bitos ou porque simplesmente sabe que eles existem.
Segundo um relat&oacute;rio do Centro de Controle de Doen&ccedil;as (CDC), 17% dos americanos alegaram fazer alguma dieta durante o per&iacute;odo da pesquisa, entre 2017 e 2018, em compara&ccedil;&atilde;o aos 14% da d&eacute;cada anterior.
Atualmente, nos Estados Unidos, cerca de 670 mil pessoas morrem a cada ano devido a doen&ccedil;as relacionadas a uma dieta n&atilde;o saud&aacute;vel, segundo dados do Centro de Ci&ecirc;ncia para o P&uacute;blico.
Muito diferente do Renascentismo, quando comer em abund&acirc;ncia era um h&aacute;bito e sin&ocirc;nimo de puro luxo e riqueza, <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-e-beleza/63208-confira-a-mudanca-nos-padroes-de-beleza-feminina-nos-ultimos-3-mil-anos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ter curvas ou uma barriga mais saliente</a> adquiriu aspecto de doen&ccedil;a &agrave; medida que a civiliza&ccedil;&atilde;o avan&ccedil;ou. O s&eacute;culo XIX ficou marcado como um dos per&iacute;odos em que dietas duvidosas ganharam o gosto das pessoas, engatando em um modismo alimentar que foi o in&iacute;cio do problema.
<h2 class="uk-text-justify">A dieta de Banting</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Calorizator&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQPojvd2Z6hDnAF3oCTSVWxZqgYM-Y3LQzUxxf8nQFUv_h1nZJPd4486UY7y6otUmqvAxQ&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06201916414178.png" alt="William Banting. (Fonte: Calorizator)" />William Banting. (Fonte: Calorizator)
Em 1860, Wiliam Banting, um agente funer&aacute;rio ingl&ecirc;s, acabou se tornando uma esp&eacute;cie de celebridade do s&eacute;culo quando decidiu que precisava perder peso. Aos 60 anos, com 1,70 de altura, o homem pesava 90 quilos e estava totalmente descontente com sua apar&ecirc;ncia, sobretudo por sofrer de v&aacute;rias doen&ccedil;as f&iacute;sicas, como resultado de seu sobrepeso, sendo a depress&atilde;o uma delas, devido &agrave; tanta zombaria da qual era alvo na rua.
Ele n&atilde;o viu sa&iacute;da a n&atilde;o ser seguir o conselho de seu novo m&eacute;dico e tentar uma dieta que suspendeu o consumo carboidratos, amido e a&ccedil;&uacute;car de suas refei&ccedil;&otilde;es. Em pouco mais de 12 meses, Banting perdeu 20 quilos.
Impressionado com o resultado, o homem publicou uma carta aberta intitutalada&nbsp;Uma Carta sobre Corpul&ecirc;ncia, que se tornou um best-seller em Londres, vendendo 50 mil c&oacute;pias em apenas 2 anos. Foi assim que nasceu a mania de fazer dietas, ficando t&atilde;o famosa que o nome do homem foi transformado em um verbo. As pessoas falavam como estavam &ldquo;banteando&rdquo;, ou seja, emagrecendo ou planejando &ldquo;bantear&rdquo; para perder peso.
<h2 class="uk-text-justify">Fletcherismo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06202101993179.jpg" alt="Horace Fletcher. (Fonte: Vitonica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Horace Fletcher. (Fonte: Vitonica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quase na virada do s&eacute;culo XX, foi a vez de Horace Fletcher lan&ccedil;ar seu modismo para uma dieta em que a pr&oacute;pria saliva servia como agente principal para dar volume na comida e uma melhor sensa&ccedil;&atilde;o de saciedade. Mas, para isso, Fletcher acrescentou que as pessoas precisavam mastigar muito, especificamente 700 vezes antes de engolir.
Desse modo, o peda&ccedil;o da comida seria mastigado at&eacute; se liquefazer na boca, formar um bolo de muita saliva e render mais no est&ocirc;mago, assim a pessoa poderia beb&ecirc;-la como uma esp&eacute;cie de suco proteico.
Visto que Fletcher era rico e tinha muitos amigos famosos e figuras influentes, como Henry James e <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120066-arthur-conan-doyle-e-sua-obsessao-pelo-espiritismo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Arthur Conan Doyle</a>, ele os convenceu a experimentar o que chamou Fletcherismo.&nbsp;
A moda pegou, por mais absurda, cansativa e nojenta que fosse.
<h2 class="uk-text-justify">A dieta Byroniana</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06202146618181.jpg" alt="Lord Byron. (Fonte: Uol/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Lord Byron. (Fonte: Uol/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Autor de poemas como A Peregrina&ccedil;&atilde;o de Chide Harold, Lord Byron foi um influente poeta brit&acirc;nico, conhecido por ser uma das principais figuras do Romantismo na Europa. No s&eacute;culo XIX, ele tamb&eacute;m se tornou uma das primeiras celebridades tidas como modernas a endossar uma dieta considerada a mais insalubre de todos os tempos.
No apogeu de sua carreira, vivendo as aventuras dos personagens que criava, Byron tamb&eacute;m sofria internamente com sua "propens&atilde;o m&oacute;rbida para engordar", provavelmente um caso grave de dismorfia corporal (transtorno mental que envolve um foco obsessivo em um defeito que o indiv&iacute;duo considera ter na pr&oacute;pria apar&ecirc;ncia).
Para evitar ganhar peso, o escritor fumava muitos charutos por dia para suprimir o apetite, e vivia a base de uma dieta doentia que envolvia beber uma grande quantidade de vinagre para matar a fome.
N&atilde;o demorou muito para que sua horda de f&atilde;s seguissem o exemplo, em sua maioria para imitar sua apar&ecirc;ncia macilenta e p&aacute;lida, que era romantizada como o jeito dele em expressar seu eu l&iacute;rico dram&aacute;tico e sua turbul&ecirc;ncia interna.&nbsp;Foi assim que v&aacute;rios governos da Europa temeram, pela primeira vez, que uma gera&ccedil;&atilde;o inteira de jovens acabasse &agrave;s portas da morte devido a uma dieta.

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As 3 dietas perturbadoras que moldaram a sociedade do século XIX

Imagem de Moais: o que são as estátuas da ilha de Páscoa? no megacurioso

Essa ilha é cercada de lendas, mas a boa notícia é que os cientistas já têm respostas para as principais dúvidas sobre esse território

A Ilha de P&aacute;scoa &eacute; um dos lugares mais misteriosos da Terra. Muitos desses mist&eacute;rios, como a origem dos antigos habitantes desse local, j&aacute; foram objetos de longas pesquisas antropol&oacute;gicas. O mist&eacute;rio mais comum est&aacute; ligado ao significado dos moais &mdash; as famosas esculturas de pedra espalhadas pelo lugar.
Seriam est&aacute;tuas de antigos deuses? Eram uma homenagem ao rei da ilha? Serviam para amedrontar forasteiros? Bem, se voc&ecirc; quer a resposta para essas e outras perguntas, reunimos os principais fatos sobre a Ilha de P&aacute;scoa &mdash; pelo menos aqueles para os quais a Ci&ecirc;ncia j&aacute; conseguiu alguma resposta.
<h2 class="uk-text-justify">O que eram os moais?</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/16/16172407122630.jpg" alt="Imagem: Shutterstock" />Imagem: Shutterstock
Ainda que possam parecer assustadores, essas est&aacute;tuas serviam para render homenagens aos antepassados dos habitantes da Ilha de P&aacute;scoa. &Eacute; por isso que existem tantas esculturas desse tipo espalhadas pela ilha. S&atilde;o cerca de 900 moais.
A produ&ccedil;&atilde;o de moais era t&atilde;o fren&eacute;tica que alguns ficaram incompletos e jamais foram entregues. No interior da ilha havia uma esp&eacute;cie de altar que foi completamente restaurado nos anos 1960. Em seu interior, os restauradores encontraram nada mais, nada menos, do que 300 esculturas moais que jamais foram finalizadas.
Os moais eram colocados pr&oacute;ximo um dos outros em altares. Nesses locais, os habitantes da ilha faziam seus rituais religiosos e, possivelmente, cremavam os corpos de seus familiares e amigos. Ao que tudo indica, esses rituais cultuavam os antepassados. Portanto, os moais n&atilde;o s&atilde;o representa&ccedil;&otilde;es de deuses.
<h2 class="uk-text-justify">Do que eram feitos os moais?</h2>
Essas est&aacute;tuas eram feitas de rocha bas&aacute;ltica. Esse tipo de rocha &eacute; muito comum em ilhas vulc&acirc;nicas, como &eacute; o caso da Ilha de P&aacute;scoa. Os pascoenses extraiam as rochas de uma cratera chamada Rano Raraku. Os peda&ccedil;os de rochas extra&iacute;dos eram grandes, variando de 2 a 20 metros. Depois, eles eram esculpidos. Quando finalizados, os pascoenses levavam as est&aacute;tuas gigantes para os altares, mas a pergunta &eacute;: como eles faziam isso?
Ora, do mesmo modo que os <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/115518-as-5-historias-mais-incriveis-sobre-o-nascimento-do-egito-antigo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">eg&iacute;pcios</a> transportaram as pedras que deram origem &agrave;s pir&acirc;mides &mdash; usando tecnologia alien&iacute;gena, obviamente! O qu&ecirc;? Voc&ecirc; n&atilde;o acreditou nessa parte? Que bom, porque ela n&atilde;o &eacute; nem um pouco verdade!
As esculturas eram colocadas sobre toras de madeira que eram puxadas por v&aacute;rias pessoas, como se fosse uma esp&eacute;cie de tren&oacute;. Outra hip&oacute;tese &eacute; que os pascoenses amarravam cordas na cabe&ccedil;a dos moais que eram puxadas de forma alternada, fazendo com que as est&aacute;tuas se movessem de forma mais veloz.
Este &eacute; um v&iacute;deo que demonstra essa hip&oacute;tese:
<iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/iTEWf6klvIg" title="YouTube video player" frameborder="0" allowfullscreen="allowfullscreen"></iframe>
<h2 class="uk-text-justify">Por que os habitantes dessa ilha morreram?</h2>
De acordo com antrop&oacute;logos, os primeiros habitantes da Ilha de P&aacute;scoa chegaram de barco, provavelmente em meados de 900 d.C. Cientistas acreditam que eles vieram de outras ilhas polin&eacute;sias. J&aacute; os primeiros polin&eacute;sios vieram do territ&oacute;rio que hoje forma a <a href="https://www.megacurioso.com.br/proxima-parada/52360-proxima-parada-tailandia-um-pais-exotico-fascinante-e-historico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Tail&acirc;ndia</a> durante um longo fluxo migrat&oacute;rio que durou s&eacute;culos.
Em sua l&iacute;ngua original, os moradores da ilha eram chamados de Rapa Nui. De acordo com a tradi&ccedil;&atilde;o Rapa Nui, os primeiros habitantes da Ilha de P&aacute;scoa somavam 100 pessoas, sendo que uma delas era o rei Hotu Matu'a. Assim como os eg&iacute;pcios, o povo Rapa Nui tinha um sistema de escrita que usava hier&oacute;glifos, o rongorongo. Ele tinha 120 elementos gr&aacute;ficos que podiam formar at&eacute; 2 mil ideogramas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/16/16171535419618.jpg" alt="A escrita rongorongo da Ilha de P&aacute;scoa. (Fonte: Wikimedia Commons)" />A escrita rongorongo da Ilha de P&aacute;scoa. (Fonte: Wikimedia Commons)
O povo Rapa Nui chegou a somar 15 mil pessoas. Contudo, com a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120545-recursos-naturais-nao-renovaveis-como-lidaremos-com-a-escassez.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">falta de recursos naturais</a> a serem explorados, o crescimento populacional os levou &agrave; fome, &agrave; falta de abrigos e, consequentemente, ao seu decl&iacute;nio.
Hoje, a Ilha de P&aacute;scoa &eacute; uma grande atra&ccedil;&atilde;o tur&iacute;stica devido a todos os mist&eacute;rios que envolvem a sua hist&oacute;ria. Ah! Mais uma curiosidade: a Ilha de P&aacute;scoa &eacute; parte do territ&oacute;rio chileno, ainda que esteja bem distante da Am&eacute;rica do Sul.

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Moais: o que são as estátuas da ilha de Páscoa?

Imagem de Ernie Chambers: o homem que processou Deus no megacurioso

Em 2007, alguns membros da legislatura do estado do Nebraska, nos Estados Unidos, tentaram banir o uso do lit&iacute;gio fr&iacute;volo (utiliza&ccedil;&atilde;o de processos judiciais com aparente desconsidera&ccedil;&atilde;o do m&eacute;rito dos pr&oacute;prios argumentos). Mas o pol&iacute;tico Ernie Chambers acreditava que essa era uma tentativa equivocada e que o acesso ao sistema judicial n&atilde;o deveria ser restringido, e sim aberto para todos, ricos e pobres.&nbsp;
"A constitui&ccedil;&atilde;o exige que as portas do tribunal sejam abertas, ent&atilde;o voc&ecirc; n&atilde;o pode proibir o ajuizamento de processos", disse Chambers, de acordo com a Associated Press. "Qualquer um pode processar quem quiser, at&eacute; mesmo Deus".
E foi assim que come&ccedil;ou. Para elucidar e dramatizar seu ponto de vista, o pol&iacute;tico decidiu abrir um processo judicial formal contra Deus no tribunal distrital do Condado de Douglas em setembro daquele ano, alegando que o acusado era respons&aacute;vel por "morte generalizada, destrui&ccedil;&atilde;o e aterroriza&ccedil;&atilde;o de bilh&otilde;es de habitantes da Terra".
E, por incr&iacute;vel que pare&ccedil;a, Chambers teve seu dia diante de uma corte.
<h2>O primeiro, mas n&atilde;o o &uacute;nico</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Lincoln Journal Star&nbsp;" data-fonte-url="https://bloximages.chicago2.vip.townnews.com/journalstar.com/content/tncms/assets/v3/editorial/c/65/c6528740-c571-594f-b5ed-e331abc77207/586da083ae10b.image.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06134927734430.jpg" alt="Ernie Chambers. (Fonte: Lincoln Journal Star/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Ernie Chambers. (Fonte: Lincoln Journal Star/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em agosto de 2008, o juiz Marlon Polk, do Nebraska, presidiu o processo de Chambers, mas rapidamente rejeitou a a&ccedil;&atilde;o antes que a corte pudesse entrar em sess&atilde;o. Polk arquivou o caso alegando que o r&eacute;u, Deus, "n&atilde;o p&ocirc;de ser igualmente servido devido a seu endere&ccedil;o residencial n&atilde;o listado", segundo a Associated Press.
Chambers rebateu alegando que o pr&oacute;prio tribunal reconhecia a exist&ecirc;ncia de Deus. Uma consequ&ecirc;ncia desse reconhecimento era o entendimento de sua onisci&ecirc;ncia, visto que Deus sabe de tudo, inclusive notificou o pr&oacute;prio processo. Ainda assim, Polk negou o provimento ao processo, e o assunto foi encerrado.
Apesar de o protesto em prol da causa sempre ter sido o fator principal, Chambers foi motivado pelo fato de ser um anticrist&atilde;o nato. Ateu convicto, ele pulava as ora&ccedil;&otilde;es matinais durante a sess&atilde;o legislativa, como notou a CBS News, e fazia duras cr&iacute;ticas aos crist&atilde;os.
Mas ele n&atilde;o foi o &uacute;nico a se sentir injusti&ccedil;ado por Deus. No mesmo ano, um homem do Kansas pediu uma indeniza&ccedil;&atilde;o de US$ 1 trilh&atilde;o por Deus n&atilde;o ser "totalmente certo e n&atilde;o governar bem o mundo". O processo n&atilde;o foi muito longe antes de ser encerrado &mdash; como era de se esperar.

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Ernie Chambers: o homem que processou Deus

Imagem de Por que alguns povos antigos "não enxergavam" a cor azul? no megacurioso

Foi através de A Odisseia de Homero que um político percebeu isso

A f&iacute;sica explica que o mar &eacute; azul porque a energia luminosa de algumas cores &eacute; absorvida pelo oceano mais perto da superf&iacute;cie do que a energia de outras cores, funcionando como uma esp&eacute;cie de filtro da luz solar. Quando a luz &eacute; absorvida, sua energia &eacute; transformada em calor.
Ainda que essa explica&ccedil;&atilde;o seja algo &ldquo;recente&rdquo; na Hist&oacute;ria, a percep&ccedil;&atilde;o do azul sempre foi algo considerado &oacute;bvio &mdash; a menos que voc&ecirc; seja dalt&ocirc;nico &mdash;, mas William Gladstone (1809-1898), quatro vezes o primeiro-ministro brit&acirc;nico do final do s&eacute;culo XIX, descobriu que os povos da antiguidade n&atilde;o enxergavam o azul.
<h2>A explica&ccedil;&atilde;o de Geiger</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Instituto de Humanidades&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/4NnXzYLKeRJ8suTu4RNZF_Cd5ipva8zkf9VuSkbDgsoWQW-oZm0B6M_vCeOTOU92K0GPd5ZHmrF06nhwmCP--J1zsdoFY78VL-zZ0lu2ObqaPQ"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06201209774173.jpg" alt="William Gladstone. (Fonte: Instituto de Humanidades/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />William Gladstone. (Fonte: Instituto de Humanidades/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Antes de ingressar na pol&iacute;tica, Gladstone era obcecado pela Odisseia de Homero, que segue a hist&oacute;ria do her&oacute;i grego Odisseu em sua jornada para casa ap&oacute;s a queda de Troia. O pol&iacute;tico fez quest&atilde;o de estudar o poema &eacute;pico do s&eacute;culo VIII a.C. sem parar, at&eacute; que percebesse algo ins&oacute;lito: o azul nunca foi mencionado. Mas como, sendo que a maior parte da jornada do personagem acontece em alto-mar?
Gladstone pensou, a princ&iacute;pio, que Homero fosse dalt&ocirc;nico, mas acabou percebendo que a Odisseia&nbsp;n&atilde;o era a &uacute;nica hist&oacute;ria grega que apresentava a mesma anomalia. Portanto, ele passou a cogitar a possibilidade de que talvez todos os escritores gregos fossem dalt&ocirc;nicos, por&eacute;m esse tamb&eacute;m n&atilde;o foi o caso &mdash; ainda que ele tenha permanecido com a ideia.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Conversation&nbsp;" data-fonte-url="https://images.theconversation.com/files/184474/original/file-20170904-17903-1b267s2.jpg?ixlib=rb-1.1.0&amp;q=45&amp;auto=format&amp;w=1200&amp;h=900.0&amp;fit=crop"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06201334133175.jpg" alt="(Fonte: The Conversation/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Conversation/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Mais de 10 anos depois de sua descoberta, o fil&oacute;logo Lazarus Geiger (1829-1870)&nbsp;mostrou que os gregos n&atilde;o eram os &uacute;nicos que n&atilde;o enxergavam o azul, porque as hist&oacute;rias islandesas, antigas sagas chinesas e at&eacute; mesmo a b&iacute;blia hebraica original n&atilde;o continha nenhuma men&ccedil;&atilde;o ao azul. Ele tamb&eacute;m mostrou que as cores aparecem na mesma ordem em quase todos os idiomas: preto e branco; depois vermelho, amarelo ou verde; e enfim o azul.
O que aconteceu &eacute; que a divis&atilde;o entre as cores nos tempos antigos era muito mais ampla, ou seja, as descri&ccedil;&otilde;es de Homero, como &ldquo;um mar escuro como vinho&rdquo;, n&atilde;o eram apenas liberdades criativas, mas sim, uma abrang&ecirc;ncia de cores.
Por exemplo, no russo, n&atilde;o existe um &uacute;nico termo para o azul. O que os norte-americanos e brasileiros consideram diferentes tons da mesma cor, como azul-escuro e claro, s&atilde;o duas cores e palavras distintas em russo.
<h2>A explica&ccedil;&atilde;o de Deutscher</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06201524665177.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Guy Deutscher, autor de Through the Language Glass: Why the World Looks Different in Other Languages, escreve que o motivo pelo qual existe essa falta de distin&ccedil;&atilde;o entre as cores seja porque o azul simplesmente n&atilde;o &eacute; uma cor que aparece com frequ&ecirc;ncia na natureza, ent&atilde;o n&oacute;s n&atilde;o precis&aacute;vamos de uma palavra para isso. A &uacute;nica civiliza&ccedil;&atilde;o antiga que tinham uma palavra distinta para o azul era os eg&iacute;pcios, que j&aacute; faziam o uso de tintas azuis.
Em um experimento com sua filha, Deutscher conta em seu livro que ensinou as cores, mas nunca mencionou a cor do c&eacute;u como azul. Quando julgou que ela estava pronta, ele perguntou qual era a cor do c&eacute;u, mas ela n&atilde;o soube responder. Levou 4 meses para que ela chegasse a uma resposta: o c&eacute;u era branco. Um m&ecirc;s depois, sua filha disse finalmente que o c&eacute;u &eacute; azul, embora hesitasse ainda sobre o branco ou azul quando era indagada. Levou mais 6 meses para que ela come&ccedil;asse a reconhecer os azuis com seriedade.
Para isso, Geiger teve uma resposta l&aacute; atr&aacute;s: &ldquo;Toda a cadeia de desenvolvimento de cada uma de nossas ideias, at&eacute; sua forma mais primitiva, est&aacute; enterrada diante de n&oacute;s em palavras, aguardando sua escava&ccedil;&atilde;o pela ci&ecirc;ncia lingu&iacute;stica&rdquo;.

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Por que alguns povos antigos 'não enxergavam' a cor azul?

Imagem de Tecnologia demais pode prejudicar o cérebro das crianças no megacurioso

Nem todas as informações são boas para a construção de uma personalidade. O celular pode ser um grande vilão nisso, por exemplo

A inf&acirc;ncia &eacute; uma das fases mais importantes da vida do ser humano &mdash; &eacute; nela que as primeiras bases de conhecimentos e interesses s&atilde;o fomentadas. &Eacute; o momento no qual as estruturas cerebrais est&atilde;o em desenvolvimento cont&iacute;nuo, tendo a neuroplasticidade como importante agente desses est&iacute;mulos.
Por&eacute;m, nem todas as informa&ccedil;&otilde;es s&atilde;o boas para a constru&ccedil;&atilde;o de uma personalidade. O celular pode ser um grande vil&atilde;o nisso, por exemplo. Precisamos criar maneiras alternativas para formar uma personalidade que possa abrir portas para aquele indiv&iacute;duo no futuro.
<h2>Desenvolvimento cerebral nas crian&ccedil;as</h2>
&Eacute; um comportamento comum dos pais da contemporaneidade utilizarem-se da tecnologia para distrair e acalmar as crian&ccedil;as. Por&eacute;m, ter esse h&aacute;bito leva a crian&ccedil;a a crer que sempre que ela tiver um comportamento parecido, mesmo que negativo, ser&aacute; recompensada com o uso de aparelhos eletr&ocirc;nicos. Essa conduta pode n&atilde;o s&oacute; prejudicar a forma&ccedil;&atilde;o da personalidade da crian&ccedil;a, como tamb&eacute;m o desenvolvimento de &aacute;reas importantes do c&eacute;rebro como o lobo frontal.
Algumas &aacute;reas encef&aacute;licas espec&iacute;ficas est&atilde;o mais relacionadas ao processo de aprendizagem e &agrave; forma&ccedil;&atilde;o do comportamento do indiv&iacute;duo. Por isso, a neuroplasticidade dessas &aacute;reas &eacute; extremamente importante na inf&acirc;ncia. Nesta fase, h&aacute; maior capacidade de aprendizagem e maior crescimento de neur&ocirc;nios, logo, a neuroplasticidade ocorre mais facilmente.
O uso de aparelhos eletr&ocirc;nicos, como celular e TV, &eacute; respons&aacute;vel pelo desenvolvimento de problemas cognitivos. Estudos mostraram a rela&ccedil;&atilde;o entre o v&iacute;cio em internet e altera&ccedil;&otilde;es encef&aacute;licas, chegando a afetar 38 &aacute;reas distintas. O excesso de exposi&ccedil;&atilde;o &agrave;s telas est&aacute; relacionado a problemas como a sonol&ecirc;ncia diurna, dificuldade de memoriza&ccedil;&atilde;o e de aprendizagem.
O <a href="https://ciencialatina.org/index.php/cienciala/article/view/1022/1394" target="_blank">meu estudo</a>, publicado na Revista Multidisciplinar Ci&ecirc;ncia Latina, concluiu que os pais t&ecirc;m um papel fundamental como mediadores na vida das crian&ccedil;as para evitar o v&iacute;cio em telas. Afinal, existem alternativas mais saud&aacute;veis como papel e caneta, leitura de hist&oacute;rias, divers&atilde;o com jogos n&atilde;o virtuais ou ainda, utiliza&ccedil;&atilde;o de quebra-cabe&ccedil;as e esportes. Se atendermos a essas curiosidades, podemos fomentar uma personalidade curiosa sem prejudicar o desenvolvimento cerebral dos pequenos.
***
Fabiano de Abreu Rodrigues &eacute; PhD, neurocientista com forma&ccedil;&otilde;es tamb&eacute;m em neuropsicologia, biologia, hist&oacute;ria, antropologia, neurolingu&iacute;stica, neuroplasticidade, intelig&ecirc;ncia artificial, neuroci&ecirc;ncia aplicada &agrave; aprendizagem, filosofia, jornalismo e forma&ccedil;&atilde;o profissional em nutri&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica. Atualmente, &eacute; diretor do Centro de Pesquisas e An&aacute;lises Her&aacute;clito; Chefe do Departamento de Ci&ecirc;ncias e Tecnologia da Logos University International e membro da Federa&ccedil;&atilde;o Europeia de Neuroci&ecirc;ncias e da Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neuroci&ecirc;ncias.

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Tecnologia demais pode prejudicar o cérebro das crianças

Imagem de San'ya: o bairro dos desprezados de Tóquio no megacurioso

É para lá que a sociedade e o governo japonês mandam quem não se encaixa no padrão

No Jap&atilde;o, quando algu&eacute;m <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120317-johatsu-os-japoneses-que-decidem-desaparecer-de-suas-vidas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">decide desaparecer</a>,&nbsp;vai se refugiar em San'ya, uma &aacute;rea localizada entre os bairros Taito e Arakawa, em T&oacute;quio. Antes de 1966, San&rsquo;ya era um bairro completo, mas acabou sumindo entre v&aacute;rios bairros para acomodar a popula&ccedil;&atilde;o pobre crescente.
O local &eacute; considerado uma "terra de ningu&eacute;m" desde o per&iacute;odo Edo, em que trabalhadores muito pobres de castas inferiores viviam em pens&otilde;es ou casas de alugu&eacute;is insalubres. Ainda que o bairro tenha sofrido um processo de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120227-o-que-e-gentrificacao-e-por-que-esse-processo-e-tao-danoso.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gentrifica&ccedil;&atilde;o</a>, que transformou algumas pens&otilde;es decr&eacute;pitas das redondezas em hostels para mochileiros do mundo inteiro, a regi&atilde;o permanece uma "mancha" na sociedade japonesa.
Conforme uma pesquisa levantada pela Live Japan, cerca de 14 milh&otilde;es de pessoas vivem espalhadas entre os 23 distritos centrais de T&oacute;quio. Entretanto, o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de, Trabalho e Bem-Estar do Jap&atilde;o contabilizou 3.824 desabrigados em todo o pa&iacute;s, que tem 38 milh&otilde;es de habitantes, ou seja, um valor que corresponde a apenas 0,00003% da popula&ccedil;&atilde;o.&nbsp;Talvez voc&ecirc; j&aacute; saiba onde est&aacute; a parcela real de desabrigados.
<h2 class="uk-text-justify">Um local esquecido</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/01/01202541803553.jpg" alt="(Fonte: Tokyo Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Tokyo Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Sim, San'ya se tornou um grande "dep&oacute;sito social", onde o governo "enfiou" aqueles que n&atilde;o tinham mais vaga na estrutura rigorosa de sobreviv&ecirc;ncia da sociedade japonesa. O bairro &eacute; como uma cidade fantasma com v&aacute;rios pr&eacute;dios de tijolos aparentes pichados, que est&atilde;o ruindo sobre os pr&oacute;prios alicerces em fun&ccedil;&atilde;o de anos de falta de reparo. Espremendo-se entre o concreto armado, est&atilde;o as casas de telhados de metal corrugado devastados pela ferrugem, com caixas de correio repletas de lixo dos propriet&aacute;rios que j&aacute; se foram.
O com&eacute;rcio no local &eacute; resumido em lanchonetes e lojas familiares decadentes espalhadas por toda a extens&atilde;o de San'ya para alimentar os muito pobres, b&ecirc;bados, viciados e aqueles que se mudaram para l&aacute; com o intuito de desaparecer.
Em 2002, Masaki Yamamoto fundou as Casas da Esperan&ccedil;a (Kibo no le em japon&ecirc;s), habita&ccedil;&otilde;es provis&oacute;rias para acolher aqueles que enfrentam a morte iminente, como ela disse em entrevista ao Japan Times, bem como os que ca&iacute;ram pelas "fendas da sociedade".
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/01/01202720146554.jpg" alt="(Fonte: Trek Earth/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Trek Earth/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com sua esposa Mie, Yamamoto re&uacute;ne indiv&iacute;duos desprezados por serem soropositivo, terem c&acirc;ncer, Parkinson ou que t&ecirc;m algum tipo de transtorno mental &mdash; um dos piores problemas de sa&uacute;de do pa&iacute;s.
Como apontou uma mat&eacute;ria de 2019 do The Guardian, a esmagadora maioria das pessoas que vivem sem teto ou que moram em San'ya s&atilde;o mulheres que s&atilde;o diaristas, isso porque "o rolo compressor social" japon&ecirc;s espera que uma pessoa conclua seus estudos e entre para algum cargo de uma entidade corporativa. Qualquer um que n&atilde;o seguir esse padr&atilde;o social, &eacute; considerado automaticamente uma esc&oacute;ria da natureza, desprezado por todos ao seu redor, inclusive pelo pr&oacute;prio governo.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/01/01202912662556.jpg" alt="(Fonte: Tokyo Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Tokyo Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ironia ou n&atilde;o, os que acabaram em San'ya por motivos econ&ocirc;micos s&atilde;o tamb&eacute;m os respons&aacute;veis pela reconstru&ccedil;&atilde;o da cidade antes da hist&oacute;rica Olimp&iacute;adas de 1964, que colocou o Jap&atilde;o no mapa novamente ap&oacute;s ter sido bombardeado pelos Estados Unidos em 1945.

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