Imagem de Chupa-cabra? Lobisomem? Criatura estranha assombra Itaparica no megacurioso

Boato circulando no WhatsApp mostra fotos de criatura semelhante a uma mistura de lobisomem com chupa-cabra circulando pelas ruas da Ilha de Itaparica

<head></head><body>Os moradores da Ilha de Itaparica não têm enfrentado dias fáceis durante as últimas semanas. Após o governo da <a href="https://www.megacurioso.com.br/turismo-e-viagens/100379-7-lugares-sensacionais-para-visitar-na-bahia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Bahia</a> ter determinado um toque de recolher para impedir a circulação da população durante o período da noite, a aparição de uma criatura horripilante tem garantido que os moradores da região permaneçam dentro de suas casas.Os boatos que circulam pelas redes sociais dos moradores do município exibem algumas fotos de um bicho "de outro mundo" andando pelas vias vazias do bairro da Ilha da Misericórdia. Ainda sem confirmação do que poderia ser o personagem das fotografias, os habitantes locais falam em <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/111926-confusao-com-medicamentos-transforma-bebes-em-lobisomens.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">lobisomem</a>, chupa-cabra e até mesmo um "homem-macaco".<h2>Mistério da criatura estranha</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Internet/Reprodução&nbsp;" data-fonte-url="https://correio-cdn1.cworks.cloud/fileadmin/_processed_/8/9/csm_monstros_de_itaparica_boatos_do_whatsapp_foto_reproducao_d3eda81f2d.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/03/03031417163011.jpg" alt="(Fonte: Reprodução)">(Fonte: Reprodução)Em entrevista para o Correio 24 Horas, a moradora da ilha Marise explicou como toda situação passou a ser divulgada. "Está todo mundo falando sobre isso nos grupos de 'zap' e no 'face'", informou. Já para Gerusa, outra residente local, tudo não passa de uma brincadeira de mau gosto de alguma pessoa fantasiada para assustar os cidadãos.Na mesma reportagem, as delegacias de Itaparica negam ter qualquer informação sobre pessoas que possam estar praticando uma suposta pegadinha e, portanto, tudo o que se sabe até o momento são apenas uma série de especulações criadas pelos habitantes da cidade.Através de uma busca reversa no Google, é possível confirmar de que as imagens sobre a <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117435-5-criaturas-assustadoras-que-podem-existir-de-verdade.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">criatura</a> não aparecem em mais nenhum lugar da internet. Sendo assim, é bem possível que as fotografias foram tiradas exatamente para repercutir pelo município baiano.<h2>Edição ou verdade?</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/03/03031635490013.jpg" alt="(Fonte: Pixabay/Reprodução)">(Fonte: Pixabay/Reprodução)Como ambas as fotos estão em baixa qualidade e com pouca iluminação, existe a possibilidade delas serem verdadeiras sem serem necessariamente reais. Isto é, alguém poderia estar de fato vestindo uma fantasia e parecer muito mais assustador do que a realidade por conta do efeito produzido pelo material.Outra coisa que chamou a atenção dos internautas é um letreiro estampado na parede exibida em uma das fotos, o qual aparenta estar escrito em árabe. Caso essa informação fosse comprovada, seria possível afirmar com plena convicção de que a imagem não foi feita em Itaparica. Porém, não dá para ter convicção.Dessa forma, os moradores da ilha devem continuar com uma pulga atrás da orelha por mais alguns dias enquanto o mistério da criatura bizarra não é solucionado. </body>

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Chupa-cabra? Lobisomem? Criatura estranha assombra Itaparica

Imagem de Caso Daniella Perez: o marcante assassinato da atriz global no Megacurioso

Filha de Glória Perez e protagonista em Corpo e Alma, Daniella foi brutalmente assassinada por seu colega de profissão Guilherme de Pádua

ATENÇÃO: esse texto pode trazer conteúdos sensíveis por abordar um caso real.



A última semana de dezembro de 1992 foi extremamente agitada nos noticiários brasileiros. Além do pedido de renúncia do então presidente da república, Fernando Collor de Mello, um acontecimento causou grande comoção nacional: o caso Daniella Perez.



Conhecida por ser filha da célebre escritora e roteirista Glória Perez, Daniella foi morta a facadas e encontrada em um matagal na Barra da Tijuca, no <a href="https://www.megacurioso.com.br/crimes-e-misterios-brasileiros/99839-a-fera-da-penha-um-dos-crimes-que-mais-chocaram-o-rio-de-janeiro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Rio de Janeiro</a>. Na época, a atriz fazia par romântico com o ator Guilherme de Pádua na novela Corpo e Alma. Segundo o relatório da polícia, o crime foi premeditado e teve participação de duas pessoas.



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/22/22162541308264.jpg" alt="(Fonte: Agência O Globo)" /><figcaption>(Fonte: Agência O Globo)</figcaption></figure>



Aos 22 anos de idade, Daniella despontava como uma das atrizes mais promissoras da <a href="https://www.megacurioso.com.br/televisao/70023-16-fatos-sobre-os-50-anos-de-historia-da-rede-globo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Rede Globo</a>. Em 1989, ela chegou a assumir o papel de Eduarda na novela Kananga do Japão, na qual conheceu e se apaixonou pelo ator Raul Gazolla, com quem se casou em 1990.



Porém, 1992 veio como &#8220;um balde de água fria&#8221; nos planos da carreira da jovem. Após o término diário das gravações de Corpo e Alma,&nbsp;por volta das 21h, Daniella e Guilherme saíram junto dos estúdios da Globo em direção a seus carros, sendo abordados por alguns fãs no caminho.



O ator, acompanhado da esposa, Paula Thomaz, saiu na frente dirigindo um Santana, e a filha de Glória Perez foi logo atrás em um Escort. No meio do trajeto para casa, Guilherme parou em um acostamento da via, e ele e Paula prepararam uma emboscada para capturar e assassinar Daniella.



<h2>A morte de Daniella Perez&nbsp;</h2>



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/24/24160701986335.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: Pinterest/Reprodução)</figcaption></figure>



Percebendo que Daniella havia parado para abastecer seu veículo, Guilherme foi até o posto de gasolina no qual o Escort estava estacionado e trancou a saída. Ao perceber que se tratava de seu parceiro de profissão, a atriz global foi averiguar o que estava acontecendo. Foi então que o criminoso desferiu um soco no rosto dela, nocauteando-a.



Guilherme deitou a vítima no banco de trás do carro e pediu para que Paula conduzisse o Santana em direção a um matagal na Barra da Tijuca enquanto realizava o mesmo trajeto com o carro de Daniella. Após estacionar os carros na rua Cândido Portinari, o casal carregou a vítima desmaiada para dentro da mata e desferiu 18 golpes de faca que causaram a morte da jovem. Foram quatro perfurações no pescoço, oito no peito e seis na região dos pulmões.



Em um primeiro momento, acreditava-se que a arma utilizada no crime tinha sido uma tesoura, porém a autopsia confirmou que o objeto seria semelhante a um punhal, visto que a modelagem da tesoura deixaria algum tipo de ferimento nas mãos dos assassinos. A polícia suspeita que Guilherme tenha jogado o instrumento no mar durante um passeio por Copacabana para se livrar de qualquer ligação com o crime.



<h2>Quem matou Daniella Perez?</h2>



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/22/22162629823266.jpg" alt="(Fonte: Agência O Globo)" /><figcaption>(Fonte: Agência O Globo)</figcaption></figure>



No dia seguinte, as fotos de Daniella Perez morta estampavam a capa de todos os jornais do Brasil. De maneira muito fria, Guilherme chegou a ir ao enterro da atriz e consolou <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/116270-a-forca-do-querer-esta-de-volta-relembre-as-novelas-de-gloria-perez.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Glória Perez</a>, Raul Gazolla e os demais amigos presentes. Entretanto, no mesmo dia, o casal acabou confessando a autoria do crime para as autoridades locais.



A revelação teria acontecido após uma testemunha entrar em contato com a polícia. A pessoa tinha&nbsp;anotado a placa de um dos carros parados de maneira suspeita na Barra da Tijuca, o que levou as autoridades a encontrarem o Escort da atriz parado na via e o corpo dela largado entre as árvores.



Com a descrição feita pela testemunha, os policiais descobriram que Guilherme havia adulterado a placa de seu veículo com fita isolante, evidenciando que o crime fora premeditado. Apesar de a motivação para o assassinato de Daniella nunca ter sido revelada, estima-se que o ator teria ficado irritado por seu personagem ter sido cortado de dois capítulos da novela e acreditava que atriz teria influenciado a mãe, que era a roteirista do programa.



<h2>O julgamento e a sentença</h2>



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/22/22162652167267.jpg" alt="(Fonte: Agência O Globo)" /><figcaption>(Fonte: Agência O Globo)</figcaption></figure>



Guilherme e Paula foram acusados de homicídio qualificado por motivo torpe e por terem utilizado recursos para dificultar a defesa da vítima, descartando qualquer possibilidade de homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Em 1997, ambos foram condenados a 19 anos de prisão, com a mulher tendo redução de pena de 6 meses por ter menos de 21 anos na data do fato.



Os dois foram liberados antes de cumprirem 7 anos de prisão, em 1999, pois a lei garante liberdade condicional para detentos com bom comportamento após um terço da sentença ter sido cumprida.



Atualmente, Paula mora no Rio de Janeiro com o filho Felipe e uma criança fruto do casamento com o atual marido. Guilherme retornou para sua cidade natal, Belo Horizonte (MG), e passou a trabalhar em uma igreja evangélica na qual conheceu a atual esposa.

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Caso Daniella Perez: o marcante assassinato da atriz global

Imagem de Caso Escola Base: quando a mídia brasileira destruiu vidas no Megacurioso

Até onde o jornalismo sensacionalista vai pela audiência?

Um estudo levantado pelo famoso teórico em comunicação George Gerbner apontou que os norte-americanos que consomem mais de 4 horas por dia de noticiários sensacionalistas tendem a apresentar níveis mais altos de medo do crime, podendo ser levados a uma espécie de “pânico moral”.



O Brasil não fica atrás, principalmente no quesito de telejornais considerados “pinga sangue”. Em uma verdadeira corrida midiática para entregar a notícia primeiro e render mais pontos em audiência, os profissionais acabam atrapalhando investigações com um punhado de informações não periciadas, que são apenas especulações ou opiniões recheadas de um sensacionalismo melodramático que pode ser fatal.



Invadindo casas, cenas de um crime e vidas de maneira exploratória e doentia, esse jornalismo age como uma forma de &#8220;justiceiro da Segurança Pública&#8221;, pois tudo o que importa, no final das contas, é apresentar um culpado para que os espectadores se sintam mais seguros – como aconteceu nos casos de Isabela Nardoni, Eloá Cristina e <a href="https://www.megacurioso.com.br/policia/99043-9-casos-assustadores-de-filhos-que-mataram-os-pais.htm" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Suzane Von Richthofen</a> –, em vez de apurar os fatos.



<h2>A Escola Base</h2>



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/13/13094952381418.png" alt="(Fonte: ClickPB/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: ClickPB/Reprodução)</figcaption></figure>



Em 1992, o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada resolveram comprar uma escola infantil que passava por um momento de crise. Localizada no bairro da Aclimação, Zonal Sul da capital São Paulo, Brasil, a instituição tinha apenas 17 matrículas e estavam prestes a serem canceladas.



A educadora Paula Milhim de Monteiro Alvarenga, prima de Maria Aparecida Shimada, entrou como sócia no negócio para poder contribuir com mais capital, visto que o casal precisava de alguém para completar a quantia necessária.



Por 2 anos, o trio de sócios se esforçou para reformar a Escola de Educação Infantil Base, remodelar a grade de ensino, ajustar as finanças e conseguir mais alunos. No início de 1994, eles já reuniam 72 matrículas, e a instituição de ensino não parava de crescer e render bons lucros.



Até que algo aconteceu.



<h2>&#8220;É assim que eles fazem&#8221;</h2>



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/13/13095239852419.png" alt="Edélson Lemos. (Fonte: Medium/Reprodução)" /><figcaption>Edélson Lemos. (Fonte: Medium/Reprodução)</figcaption></figure>



Lúcia Eiko Tanoue estava deitada com o seu filho Fábio, então com 4 anos de idade, em cima de sua barriga, quando ele teria começado a se movimentar para frente e para trás e teria dito à mãe que “era assim que o homem fazia com a mulher”, referindo-se a uma prática sexual.



Horrorizada, a mãe pressionou o filho para saber mais sobre onde ele havia visto aquele tipo de atitude. De acordo com o depoimento da mulher, o garoto teria confessado que assistiu a um filme com &#8220;gente pelada&#8221; na casa de um colega chamado Rodrigo e que teria sido conduzido até esse local em uma Kombi dirigida pelo senhor Icushiro Shimada. Além disso, Lúcia ainda acrescentou que o filho foi beijado na boca, fotografado por 3 homens, sendo um deles Saulo, pai do coleguinha, e sido agredido com vários tapas. A &#8220;Tia Cida&#8221;, como a criança teria se referido à Maria Aparecida, teria esfregado suas nádegas no menino enquanto outros homens faziam o mesmo.



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/13/13095418775420.jpeg" alt="(Fonte: VEJA/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: VEJA/Reprodução)</figcaption></figure>



Tanoue descobriu que o filho experimentou essa violência sexual com mais 3 crianças, sendo eles Rodrigo, Iracema e Cibele, todos com 4 anos de idade.



Em 26 de março daquele ano, Lúcia Eiko Tanoue e Cléa Parente de Carvalho, mãe de Cibele, registraram um Boletim de Ocorrência contra os proprietários da escola na 6ª Delegacia de Polícia. Durante o depoimento prestado por Carvalho, ela contou uma história parecida com a de Tanoue, acrescentando detalhes mais gráficos que teriam sido descritos pela sua filha, como ter um objeto introduzido em seu ânus enquanto os “tios” se deitavam sobre ela.



Ficou registrado que os criminosos eram o casal Shimada, que organizavam essas &#8220;orgias pedófilas&#8221; na casa de Saulo e Mara Nunes, pais de Rodrigo, e também Maurício Alvarenga, esposo de Paula Alvarenga.



<h2>O circo midiático</h2>



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/13/13095540214421.jpg" alt="(Fonte: Conexão Jornalismo/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: Conexão Jornalismo/Reprodução)</figcaption></figure>



Sem o acompanhamento de psicólogos, as crianças foram interrogadas pelo delegado Edélson Lemos e depois encaminhadas ao Instituto Médico Legal (IML) para que fosse realizado um exame de corpo de delito, visto que elas apresentavam assaduras. Com um mandado de busca e apreensão, a polícia revirou a casa de Saulo e Maria, mas não encontraram nada. Eles seguiram para a Escola Base e também não se depararam com nada que comprovasse o crime.



Inconformadas com a falta de provas enquanto o laudo médico não saía, as mães levaram o caso ao jornalismo da Rede Globo, mas só não sabiam que Lemos já havia comunicado o Jornal Diário Popular sobre um “caso quente envolvendo violência sexual contra criancinhas”, tanto que o repórter Antônio Carlos foi o primeiro a chegar ao local. Então, o circo midiático foi armado rapidamente, uma vez que nada de muito importante ocupava as páginas dos jornais.



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/13/13095946373422.jpg" alt="(Fonte: DocPlayer/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: DocPlayer/Reprodução)</figcaption></figure>



Os acusados se declararam inocentes e negaram o suposto crime, porém a situação já havia atingido um ponto em que Paula Alvarenga estava sendo agredida física e verbalmente por policiais para confessar algo que não cometeu.



A essa altura, o repórter Valmir Salaro, correspondente da Rede Globo, já realizava viagens até à delegacia para fazer “inquirições informais” com os acusados e descobrir fatos. Antes que o delegado Lemos pudesse informar o resultado da perícia, o laudo do IML já havia sido vazado em rede nacional. O documento acusava positivo para a &#8220;prática de atos libidinosos&#8221;, porém não havia sido verificado ainda se as microlesões foram causadas por micose, vermes ou fezes duras – o que alteraria o resultado do exame para inconclusivo.



Apesar disso, o delegado chegou à imprensa com um discurso confuso e repleto de declarações dúbias, inflamando ainda mais os espectadores contra os possíveis criminosos.



<h2>Destruindo vidas</h2>



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/13/13100125109423.jpeg" alt="(Fonte: VEJA/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: VEJA/Reprodução)</figcaption></figure>



O programa Aqui e Agora comandado por Gil Gomes invadiu a casa das mães para poder explorar a vida delas e das crianças, expondo-as sem qualquer ética profissional. A Rede Globo também não ficou atrás, com o Jornal Nacional publicando notícias sem expor a versão dos acusados, sugerindo contaminação das vítimas por HIV e consumo de drogas enquanto mostravam um delegado que fazia alegações falsas e reforçavam para o público a imagem de &#8220;pedófilos imperdoáveis&#8221;.



A investigação foi tão distorcida e manchada pelo apelo midiático, que a polícia chegou a prender o fotógrafo norte-americano Richard Harrod Pedicini após uma denúncia anônima. Mesmo sem ter nenhuma conexão com os fatos, seu nome foi parar em manchetes da Folha de S.Paulo: “Alunos ligam americano a abuso em escola”.



Enquanto o Brasil linchava os acusados, a Escola Base era destruída e atentados eram movidos contra as residências e as vidas deles. Icushiro Shimada enfartou e desenvolveu o quadro de cardiopatia, enquanto sofria junto à esposa, e Paula Alvarenga desenvolveu fobia, estresse social e síndrome do pânico, forçando-os ao isolamento total da sociedade.



<h2>Tudo certo, nada resolvido</h2>



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/13/13100255814424.jpg" alt="(Fonte: Jornal da PUC/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: Jornal da PUC/Reprodução)</figcaption></figure>



Com a ação dos advogados, as provas da inocência dos acusados começaram a ser reforçadas, inclusive com a própria mãe de Fábio admitindo que seu filho tinha constipação intestinal, o que sustentava ainda mais o laudo inconclusivo do IML. As provas apresentadas pela imprensa eram baseadas no frenesi da população, os depoimentos das crianças nunca foram analisados com profundidade, tampouco elas foram submetidas a analises psicológicas para apurar o que de fato aconteceu para elas pensarem aquilo.



A defesa de outros pais e funcionários também foi essencial para que o delegado Gérson de Carvalho, que assumiu o caso, decretasse a inocência dos acusados em junho daquele ano, embora já fosse tarde demais para que eles pudessem refazer as próprias vidas.



A mídia apenas parou de noticiar a história sem declarar a inocência dos proprietários ou dar qualquer margem para explicações. Diversos processos foram abertos contra o Estado e os veículos de imprensa, porém os acusados não receberam nenhuma indenização pelos danos morais e materiais causados.



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/13/13100430877425.jpeg" alt="(Fonte: Record TV/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: Record TV/Reprodução)</figcaption></figure>



A paranoia acabou com o casamento de Paula Alvarenga, que voltou a morar com os pais e nunca mais pôde lecionar de novo. Maria Aparecida Shimada morreu de câncer em 2007 e Icushiro de infarto em 2014, ambos em ostracismo social. Saulo, Mara e Richard se afundaram em dívidas tentando provar a própria inocência, mesmo após a conclusão do caso.



Os desdobramentos do caso Escola Base serviram para reforçar a questão: quem arca com as injustiças e destruição sistemática de vidas nesse tipo de abordagem e julgamento midiático, social e criminal?

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Caso Escola Base: quando a mídia brasileira destruiu vidas

Imagem de Daniele Alves: o suicídio que foi transmitido em rede nacional no Megacurioso

O caso se tornou um dos episódios mais preocupantes do telejornalismo brasileiro

ATEN&Ccedil;&Atilde;O: esse texto pode trazer conte&uacute;dos sens&iacute;veis por abordar um caso real.
Em 20 de maio de 1991, o SBT lan&ccedil;ou o telejornal Aqui Agora com o intuito de popularizar a linguagem do jornalismo, dando aos telespectadores informa&ccedil;&atilde;o e entretenimento, com rep&oacute;rteres correndo com a pol&iacute;cia atr&aacute;s de bandidos e mat&eacute;rias recheadas de um sensacionalismo melodram&aacute;tico que causava um clamor popular. O programa era o inverso do TJ Brasil, apresentado pelo not&oacute;rio Boris Casoy, e tamb&eacute;m do Jornal Nacional da Rede Globo, o que na &eacute;poca causou um alarde na corrida por audi&ecirc;ncia.
Foi assim que nasceu o primeiro tipo de telejornal conhecido como &ldquo;pinga sangue&rdquo;, cujo &uacute;nico intuito &eacute; se autopromover como um tipo de &ldquo;justiceiro da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica&rdquo;, e apresentar &ldquo;o que acontecia no Brasil&rdquo;, como o drama das fam&iacute;lias das v&iacute;timas que era explorado at&eacute; a &uacute;ltima gota pelas perguntas invasivas e ret&oacute;ricas dos rep&oacute;rteres. Informar, no final das contas, se tornou a &uacute;ltima das preocupa&ccedil;&otilde;es.
Com nomes que se tornaram famosos, como Ivo Morganti, Christina Rocha, Patr&iacute;cia Godoy, Adilson Maguila Rodrigues, Celso Russomanno e Roberto Cabrini, o notici&aacute;rio baseado no telejornal argentino Nueve Diario se tornou um sucesso instant&acirc;neo, com seus picos de audi&ecirc;ncia contaminado as demais atra&ccedil;&otilde;es do SBT. Em 1993, o sucesso dividiu o telejornal em duas edi&ccedil;&otilde;es, com a primeira parte sendo exibida &agrave;s 18h30, e a segunda entrando no ar &agrave;s 19h45, tendo o jornal do Boris Casoy entre os dois.
<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/17/17205045676436.jpg" alt="(Fonte: VEJA/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption>(Fonte: VEJA/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
E apesar de todos os nomes de peso que compunham o time do notici&aacute;rio, nada superava o &iacute;cone do r&aacute;dio popular, Gil Gomes, que cobria o perturbador quadro policial com sua voz marcante e comportamento irreverente, considerado mais &ldquo;chulo&rdquo; e tamb&eacute;m muito mais pr&oacute;ximo da &ldquo;linguagem cotidiana&rdquo;. Ele era o que &ldquo;todos os brasileiros pensavam&rdquo; das situa&ccedil;&otilde;es, com a agressividade e revolta necess&aacute;ria, e por isso se tornou t&atilde;o adorado.
Por incr&iacute;vel que pare&ccedil;a, no mesmo ano em que o Aqui Agora atingiu seu &aacute;pice de popularidade, foi o mesmo em que se iniciou um debate sobre os limites do jornalismo e como a invas&atilde;o do sensacionalismo em casos policiais e nas vidas das pessoas poderia simplesmente destru&iacute;-las.
<h2>Um corpo que cai</h2>
<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/17/17205140067437.webp" alt="(Fonte: Rota News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption>(Fonte: Rota News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Em 5 de julho de 1993, a equipe de reportagem do SBT, que tinha r&aacute;dios sintonizados na mesma frequ&ecirc;ncia que os das corpora&ccedil;&otilde;es da Defesa Civil, ouviu um chamado para que o Corpo de Bombeiros se encaminhasse para o centro da capital de S&atilde;o Paulo para uma ocorr&ecirc;ncia de uma jovem que estava sentada a 25 metros do ch&atilde;o na beirada do topo de um edif&iacute;cio residencial.
O rep&oacute;rter S&eacute;rgio Frias com o cinegrafista Jos&eacute; Meraio chegaram ao local &agrave;s 11h daquele dia, praticamente com a equipe dos socorristas.
Longe do ch&atilde;o, Daniele Alves Lopes, ent&atilde;o com 16 anos, estava obstinada em pular para a sua morte.
<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/17/17205311522438.jpg" alt="(Fonte: TV Foco/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption>(Fonte: TV Foco/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Por aproximadamente 15 minutos, a jovem ficou encarando l&aacute; do alto a lente do Aqui Agora, totalmente alheia aos esfor&ccedil;os dos bombeiros. E ent&atilde;o, ela simplesmente pulou do 7&ordm; andar diante de todos, e a c&acirc;mera acompanhou toda a trajet&oacute;ria de seu corpo sendo atra&iacute;do pela gravidade at&eacute; a pancada dilacerante no ch&atilde;o de concreto. &ldquo;Ela pulou, ai meu Deus&rdquo;, foi tudo o que S&eacute;rgio Frias foi capaz de falar.
Com o &oacute;bito declarado na ambul&acirc;ncia a caminho do hospital, a jovem recepcionista Daniele Alves Lopes n&atilde;o deixou nenhum bilhete de despedida, por&eacute;m sua amiga V&acirc;nia Maria Duarte de Oliveira (15), em entrevista &agrave; Folha de S&atilde;o Paulo, relatou que ela sofria h&aacute; 3 anos por um amor que n&atilde;o era correspondido, e que a dor seria o &uacute;nico motivo para que ela decidisse colocar um ponto final em tudo.
<h2>&ldquo;Um flagrante da cidade&rdquo;</h2>
<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/17/17205622462440.jpg" alt="(Fonte: OCP News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption>Gil Gomes. (Fonte: OCP News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
&Agrave;s 20h30 daquele mesmo dia, o Aqui Agora entrou no ar ap&oacute;s anunciar durante toda a primeira edi&ccedil;&atilde;o que possu&iacute;a um caso dram&aacute;tico e horrendo para apresentar. O programa exibiu sem censura alguma o <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/116271-4-fatos-macabros-sobre-a-floresta-do-suicidio-no-japao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">suic&iacute;dio&nbsp;</a>de Daniele, mostrando at&eacute; o seu corpo quase sem vida no ch&atilde;o, elevando a audi&ecirc;ncia do programa em 33,5%, de acordo com o Ibope. A mat&eacute;ria de 10 minutos alcan&ccedil;ou 20 pontos na Grande S&atilde;o Paulo, o equivalente a 800 mil domic&iacute;lios sintonizados, em contraste com os 15 pontos que normalmente o notici&aacute;rio fazia.
Apesar do evidente &ldquo;sucesso&rdquo;, a postura do telejornal foi extremamente condenada por outros jornais e especialistas. Maria Baccega, ent&atilde;o professora da Escola de Comunica&ccedil;&otilde;es da USP, declarou &agrave; Folha que o programa fez foi tornar algo s&eacute;rio como uma m&oacute;rbida atra&ccedil;&atilde;o. &ldquo;O SBT misturou realidade com fic&ccedil;&atilde;o. Agora n&atilde;o sabemos se a menina se suicidou porque queria morrer ou por iria sair na televis&atilde;o&rdquo;, declarou a professora.
Essa press&atilde;o midi&aacute;tica e o medo do vexame ap&oacute;s a documenta&ccedil;&atilde;o de seu caso, tamb&eacute;m foi contestado pelo psicanalista Jurandir Freire Costa. &ldquo;O Aqui Agora trabalha com dissimula&ccedil;&atilde;o&rdquo;, afirmou o profissional. &ldquo;Eles se apresentam cheios de bons sentimentos, se horrorizam com o p&uacute;blico, mas s&atilde;o abutres&rdquo;.
<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/02/17/17205712806441.jpg" alt="(Fonte: Youtube/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption>(Fonte: YouTube/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Marcos Wilson, o ent&atilde;o diretor de jornalismo do SBT, disse que captar o suic&iacute;dio de Daniele n&atilde;o passou de &ldquo;um flagrante da cidade&rdquo;. &ldquo;N&oacute;s tivemos a preocupa&ccedil;&atilde;o de avisar ao telespectador que as imagens eram fortes, pedimos para que as crian&ccedil;as n&atilde;o assistissem e mostramos que o suic&iacute;dio nunca &eacute; a sa&iacute;da&rdquo;, alegou Wilson. Ele reafirmou que n&atilde;o houve abuso jornal&iacute;stico e que a exibi&ccedil;&atilde;o foi uma decis&atilde;o editorial.
O Aqui Agora foi enfraquecido com o processo de 1 milh&atilde;o de reais por danos morais que o SBT recebeu dos advogados dos pais de Daniele Alves, em setembro de 1994. No entanto, isso n&atilde;o parou a jornada dos notici&aacute;rios &ldquo;pinga sangue&rdquo;.
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Caso voc&ecirc; esteja pensando em cometer suic&iacute;dio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valoriza&ccedil;&atilde;o da Vida) e os CAPS (Centros de Aten&ccedil;&atilde;o Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e tamb&eacute;m atende por e-mail, chat e pessoalmente. S&atilde;o mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

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Daniele Alves: o suicídio que foi transmitido em rede nacional

Imagem de Gallotti: a 'múmia' encontrada no Pão de Açúcar em 1949 no Megacurioso

Encontrado preso pelo pescoço em um vão entre rochas, o cadáver se tornou um dos maiores mistérios do Rio de Janeiro

ATENÇÃO: esse texto pode trazer conteúdos sensíveis por abordar um caso real.



Eram 7h de 19 de setembro de 1949 quando Antônio Marcos de Oliveira, Ricardo Menescal, Tadeuzs Hollup, Patrick White e Laércio Martins se encontraram na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha (RJ). Os cinco amigos membros do Clube Excursionista Carioca (CEC) eram praticantes de alpinismo, e o objetivo deles naquele dia era escalar o Pão de Açúcar.



Não era uma subida fácil, visto que o morro de 396 metros de altura não só tirava o fôlego como também tinha seus obstáculos. Os montanhistas decidiram ir por uma trilha inédita, que era mais perigosa por ser pouco explorada, muito diferente das outras duas disponíveis, que já eram de fácil acesso e conhecidas. Anos mais tarde, o trajeto recebeu o nome de Chaminé Gallotti, em homenagem ao Senador Francisco Benjamin Gallotti.



Eram aproximadamente 8h quando os homens começaram a subir, seguindo um percurso sem muitas surpresas, apesar do desafio de encarar algo novo. Por volta das 11h30, Oliveira, então com apenas 18 anos de idade, deparou-se com algo preso em uma fenda estreita da rocha que era apelidada de “chaminé”. Ao se aproximar, percebeu que se tratava de um cadáver.



<h2>A múmia de cabelos longos</h2>



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/12/11/11122845889135.jpg" alt="(Fonte: G1 Globo/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: G1 Globo/Reprodução)</figcaption></figure>



A primeira reação dele foi gritar: “Tem uma pessoa morta aqui!”. A princípio, os amigos não acreditaram e começaram a rir, porém, depois que se aproximaram, constataram que de fato era um cadáver que não estava em estado de putrefação, e sim &#8220;mumificado&#8221;. Pendurada pelo pescoço, a pessoa tinha cabelos longos e lisos e aparentava ser uma mulher.



“Quando o vento bateu mais forte, o cabelo dela se desprendeu de sua cabeça e pousou no meu ombro. Foi aí que vi que era uma pessoa mesmo. Fiquei apavorado”, relatou Oliveira no documentário&nbsp;Cinquentona&nbsp;Gallotti, produzido em 2004.



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/12/11/11123014577137.jpg" alt="(Fonte: Mundo Tentacular/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: Mundo Tentacular/Reprodução)</figcaption></figure>



Os alpinistas decidiram desistir da escalada e descer para avisar imediatamente à polícia. Na manhã seguinte, os cinco homens voltaram ao morro acompanhados de jornalistas, policiais e legistas, quando o corpo foi grampeado, içado do vão da rocha e carregado até o Instituto Médico Legal (IML).



O caso ganhou os jornais de todo o país, e as pessoas aguardaram explicações. Assinado pelo médico legista José Seve Neto, o laudo médico saiu na edição do jornal&nbsp;O Globo de 20 de setembro de 1949. O documento destacou que o cadáver estava no local há 6 meses e que se tratava de um homem. De pele branca, com cerca de 35 anos, a “múmia” tinha aproximadamente 1,60 metro de altura e vestia um suéter sobre uma camisa de algodão sem mangas. Não foram encontrados sinais de agressão, tampouco fraturas, e o homem não carregava documentos.



<h2>Mar de suposições</h2>



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/12/11/11123303407140.jpg" alt="(Fonte: Noroeste Online/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: Noroeste Online/Reprodução)</figcaption></figure>



O químico Emiliano Chemello, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), explicou que o corpo do homem foi “mumificado” devido ao mormaço da região e ao sal presente na maresia, o qual absorve a água e ajuda a retardar o processo de decomposição.



Os jornais apelidaram o indivíduo de “múmia da Gallotti”, uma vez que não tinha identificação. Apesar de a repercussão nacional e de várias descrições do cadáver espalhadas por jornais, ninguém apareceu para reconhecer o corpo.



A falta de evidências impossibilitou determinar como o homem foi parar naquele local, se por um crime ou suicídio, mas alguns jornalistas da época arriscaram que poderia se tratar dos restos mortais de um mendigo que teria se perdido e acabado no local, o que explicaria também a cabeleira longa e desgrenhada.



<figure class="mt-2"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/12/11/11123451595144.jpg" alt="(Fonte: Companhia da Escalada/Reprodução)" /><figcaption>(Fonte: Companhia da Escalada/Reprodução)</figcaption></figure>



Rodolfo Campos, roteirista e diretor do curta&nbsp;A Múmia da Gallotti, acredita que era uma travesti. “Por ser um homem vestido de mulher e ter os cabelos cumpridos, ele poderia estar fugindo de alguém e tentou se esconder na mata”, opinou. Já para Milton Teixeira, historiador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, existe a possibilidade de que fosse um pescador e artesão português que morou em uma caverna na década de 1940.



A múmia da Gallotti foi sepultada como indigente, literalmente colocando várias pás de terra sobre qualquer chance de descobrir qual era seu nome e que tipo de horror passou para ter tido aquele fim trágico.

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Gallotti: a 'múmia' encontrada no Pão de Açúcar em 1949

Imagem de George Parrott, o homem transformado em sapatos no megacurioso

O criminoso se tornou referência de como era a realidade do Velho Oeste norte-americano

Quando o assunto &eacute; sobre os acontecimentos durante o famoso per&iacute;odo do Velho Oeste norte-americano, &eacute; inevit&aacute;vel n&atilde;o pensar nos confrontos policiais entre cowboys, ind&iacute;genas, garimpeiros, empres&aacute;rios e outros "pe&otilde;es" hist&oacute;ricos que compuseram um dos momentos de maior avan&ccedil;o daquele tempo.
Ent&atilde;o, o xerife representava o figur&atilde;o das empoeiradas cidades, cujo &uacute;nico objetivo era manter a ordem e capturar uma das piores "ervas daninhas" daquela &eacute;poca: os ladr&otilde;es.&nbsp;
O museu de Carbon County, situado em Rawlings, no estado do Wyoming, &eacute; respons&aacute;vel por ser a "prateleira" de diversos artefatos que mant&ecirc;m viva a mem&oacute;ria do Velho Oeste norte-americano. No local, h&aacute; um item que ilustra bem como funcionava, naquela &eacute;poca, a lei do povo quando as autoridades perdiam o controle da situa&ccedil;&atilde;o. No canto do museu, atr&aacute;s de uma parede e dentro de uma redoma de vidro, est&aacute; o primeiro par de sapatos feito de restos humanos.
Entre a retrospectiva do impacto que as estradas de ferro causaram na regi&atilde;o e as imagens da visita de Thomas Edison ao local em 1878, o repulsivo par de sapatos &eacute; considerado o s&iacute;mbolo mais significativo de como era a realidade naqueles &aacute;ridos tempos.
<h2>Os fora da lei</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Prairie Rose Publications&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/cp-PH9zLWEW6aKtODjWNJ7ALtYrrxWzsP_lkMFKZnKLj2BFpIJPOrQstVWTJJseuN6Q5jb0YyyYYZX_wN2BEkahWnE7drFPRXxENT06pdiKAgO1Uc15Osr3KqAK1UON9HT2LQoSzXg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/16/16122408742011.jpg" alt="(Fonte: Prairie Rose Publications/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Prairie Rose Publications/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ele s&oacute; era um entre os milhares que percorriam os quatro cantos do Velho Oeste. Provavelmente nascido em 20 de mar&ccedil;o de 1834, George Parrott era um homem de muitos nomes, por&eacute;m de uma face incompar&aacute;vel. Dono de um nariz enorme, ele era conhecido em muitos lugares, e principalmente pelas autoridades, como "Big Nose" George, "Big Bick" Parrott, George Manuse e George Warden.
Parrott e sua gangue atuavam geralmente na regi&atilde;o censit&aacute;ria de Powder River, no Wyoming, roubando carro&ccedil;as, remessas de dinheiro, passageiros e cavalos. No dia 16 de agosto de 1878, eles arquitetaram um plano mais ambicioso do que nunca: assaltar o vag&atilde;o de um trem que transportava todo o dinheiro da companhia de estradas f&eacute;rreas Union Pacific Railroad. O plano era manipular os trilhos na se&ccedil;&atilde;o pr&oacute;ximo ao rio Medicine Bow para que o trem descarrilasse e eles agissem.
No dia do assalto, a gangue se escondeu em arbustos perto dos trilhos e aguardaram at&eacute; que o comboio passasse. No entanto, para o azar dos homens, funcion&aacute;rios de inspe&ccedil;&atilde;o da ferrovia apareceram e notaram o dano proposital nos trilhos. Logo, um dos guardas alertou o maquinista e impediu que o trem continuasse a viagem. Um dos membros da gangue quis mat&aacute;-lo, mas foi impedido por Parrott.
Com o plano frustrado, o bando partiu do local e encontrou ref&uacute;gio no Canyon de Rattlesnake, em Elk Mountain. O xerife Robert Widdowfield e o policial Henry Vincent rastrearam os bandidos e chegaram at&eacute; o esconderijo. No entanto, os policiais foram emboscados pelos ladr&otilde;es, sendo baleados e mortos. Depois disso, a Union Pacific Railroad aumentou os esfor&ccedil;os para encontrar a gangue e at&eacute; ofereceu uma recompensa de 20 mil d&oacute;lares para quem os capturasse.
<h2>Procura-se: vivo ou morto &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/16/16122734819013.jpg" alt="(Fonte: Camisas e Manias/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Camisas e Manias/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em fevereiro de 1879, Parrott migrou para o Miles City para assaltar um rico comerciante local chamado Morris Cahn, que sempre carregava o seu dinheiro para o leste a fim de comprar mercadorias. Com a ajuda de dois homens, o criminoso realizaria o ousado assalto mesmo com o comerciante sendo escoltado por uma frota de 15 soldados e 2 policiais. Incrivelmente, o roubo deu certo, e os homens fugiram com um valor de 14 mil d&oacute;lares.
Em 1880, em um bar em Miles City, os criminosos beberam demais e acabaram se gabando de seus feitos, incluindo o assassinato dos homens da lei. Algu&eacute;m acabou escutando e ligou para o xerife James Rankin, do Condado de Carbon. Parrott e seus colegas foram presos no local e transferidos de volta ao territ&oacute;rio do Wyoming. Naquela &eacute;poca, o clima de tens&atilde;o social devido &agrave;s mortes e aos roubos dos homens j&aacute; havia atingido n&iacute;veis alarmantes na regi&atilde;o de Rawlings.
No dia 2 de abril de 1881, George Parrott foi condenado &agrave; forca. Dez dias antes de sua execu&ccedil;&atilde;o, ele tentou escapar da pris&atilde;o local usando um canivete para desparafusar os rebites da barra onde as suas algemas estavam presas, fazendo o mesmo com a fechadura de sua cela. Parrott golpeou o carcereiro antes de seguir em dire&ccedil;&atilde;o &agrave; entrada da pris&atilde;o, por&eacute;m foi impedido pela esposa do xerife Rankin, que fechou as portas antes que o homem as alcan&ccedil;asse. Para acu&aacute;-lo, a mulher atirou para o alto e v&aacute;rias pessoas surgiram para saber o que estava acontecendo.
<h2>A corda do povo</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="Amusing Planet&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/-77QgVAgMJXc/WRnQjipBi8I/AAAAAAABSnI/ISCBV6rNhU8hkC9PDVOM3OHj7K2C9JbdACHM/big-nose-george-42?imgmax=1600"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/16/16122950631014.jpg" alt="(Fonte: Amusing Planet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Amusing Planet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Uma multid&atilde;o de 200 pessoas se formou na frente da pris&atilde;o, e Parrott foi arrancado de l&aacute;. Amarraram as m&atilde;os dele nas costas, colocaram uma corda em seu pesco&ccedil;o, prenderam a outra ponta da corda em um poste de tel&eacute;grafo e o for&ccedil;aram a subir em uma escada de 4 metros de altura. Parrott implorou para que atirassem nele, mas os civis simplesmente puxaram a escada e assistiram-no agonizar at&eacute; a morte.
N&atilde;o havia ningu&eacute;m para reivindicar o corpo, tampouco quem se preocupasse em remov&ecirc;-lo da corda quando esfriou. Os m&eacute;dicos Dr. Osborne e Dr. Thomas Maghee recolheram o cad&aacute;ver de Parrott para estudo. Maghee examinou o c&eacute;rebro do homem para tentar descobrir alguma altera&ccedil;&atilde;o estrutural que justificasse organicamente a sua &iacute;ndole criminosa. Ele cortou o nariz do homem e presenteou Lilian Heath, que o fez de cinzeiro.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/16/16123210271015.jpg" alt="(Fonte: My Wyoming Adventure/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: My Wyoming Adventure/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Osborne, por outro lado, simplesmente esfolou toda a pele do rosto, das coxas e do peito de Parrott e usou para confeccionar um par de sapatos de baile, que usou no dia de sua elei&ccedil;&atilde;o como o primeiro governador democrata do Wyoming. O cad&aacute;ver ainda foi explorado ao longo de 1 ano at&eacute; que fosse enterrado em um barril de u&iacute;sque e descoberto por trabalhadores somente em 1950.
Em 1995, o antrop&oacute;logo George Gill e o arque&oacute;logo Mark Miller fizeram uma an&aacute;lise comparativa entre o cr&acirc;nio e a pele no par de sapatos encontrados de Osborne e confirmaram a rela&ccedil;&atilde;o de um com o outro.&nbsp;
Parrott entrou para a hist&oacute;ria dos Estados Unidos como o primeiro a ser transformado em um par de sapatos e n&atilde;o por ter se tornado uma esp&eacute;cie de Clyde do faroeste.

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George Parrott, o homem transformado em sapatos

Imagem de Gran Circus Norte-Americano: a maior catástrofe circense brasileira no megacurioso

Cerca de 3 mil pessoas estavam dentro do circo quando um crime horrível aconteceu. Era o início de uma tragédia

Assim como v&aacute;rios modos de arte, nos s&eacute;culos passados o circo representou n&atilde;o somente um ambiente de escapismo social como se tornou um elemento fundamental de entretenimento.
Em uma &eacute;poca na qual guerra e conflitos criaram tens&atilde;o pelo mundo inteiro, a magia circense uniu fam&iacute;lias e levou o esp&iacute;rito sonhador &agrave;s crian&ccedil;as, que voltavam para casa contagiadas por todo o espet&aacute;culo.&nbsp;Para a maioria dos jovens, por&eacute;m, o circo era um ponto de encontro, assim como se tornariam as feiras estaduais em 1933 nos Estados Unidos.
Em meados do s&eacute;culo XIX, a arte do circo europeu encontrou no Brasil uma segunda casa e tamb&eacute;m acabou se tornando uma aliada do panorama social. As companhias chegavam at&eacute; as periferias carregando um sentimento de consci&ecirc;ncia m&uacute;tua por meio das interpreta&ccedil;&otilde;es teatrais, atraindo um p&uacute;blico variado para debaixo de sua lona e servindo como fonte de renda para aqueles que precisavam de trabalho tempor&aacute;rio.
Em car&aacute;ter art&iacute;stico, o Brasil contribuiu para que o molde do palha&ccedil;o europeu &mdash; conhecido por ser m&iacute;mico e mudo &mdash; fosse alterado para um personagem muito falante, que usava a com&eacute;dia sorrateira e os instrumentos musicais para fazer o show acontecer. Extremamente perseguidos na Europa, os ciganos se instalaram no Brasil por meio do circo e se apresentavam ao p&uacute;blico com suas habilidades de ilusionismo e doma de animais.
<h2>Respeit&aacute;vel p&uacute;blico</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/04/29/29203257946011.jpg" alt="(Fonte: Jornal da Record/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Jornal da Record/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O Gran Circus Norte-Americano pertencia ao ga&uacute;cho Danilo Stevanovich, nascido em Cacequi, no Rio Grande do Sul, e que integrava uma fam&iacute;lia de 7 irm&atilde;os que possu&iacute;am uma rede de circos. Em dezembro de 1961, Stevanovich levou o seu Gran Circus para a cidade do Rio de Janeiro sob o an&uacute;ncio de que se tratava do maior e mais completo circo da Am&eacute;rica Latina&nbsp;&mdash; e de fato era. A comitiva empregava 60 artistas, contava com 20 empregados fixos e uma frota de 150 animais (que sempre foram o suprassumo dos espet&aacute;culos circenses no Brasil).
A atra&ccedil;&atilde;o se instalou na Pra&ccedil;a dos Expedicion&aacute;rios, situada na Avenida Feliciano Sodr&eacute; (centro de Niter&oacute;i). Antes de come&ccedil;arem a desembarcar os equipamentos, a companhia realizou um grande desfile para apresentar os seus artistas e deixar o p&uacute;blico com um gostinho da magia que testemunhariam em uma semana.
Para consolidar a magnitude do espet&aacute;culo, Stevanovich comprou uma lona de nylon verde envernizada&nbsp;&mdash; o &aacute;pice da modernidade naquele per&iacute;odo &mdash; que pesava cerca de 6 toneladas. Al&eacute;m disso, para levantar o Gran Circus do ch&atilde;o e chegar at&eacute; os 17 metros de altura, o dono contratou mais de 50 trabalhadores para colaborar na montagem. Ad&iacute;lson Marcelino Alves, mais conhecido pelo apelido de &ldquo;Dequinha&rdquo;, foi um deles. Com antecedentes criminais por furto e um hist&oacute;rico de doen&ccedil;a mental, o homem apresentou problemas logo nos primeiros dias de trabalho. Ele teria se desentendido com outro funcion&aacute;rio ap&oacute;s cometer v&aacute;rios erros em sua fun&ccedil;&atilde;o e repet&iacute;-los, causando discuss&otilde;es e brigas. Com isso, acabou sendo demitido.
A "f&aacute;brica de shows" n&atilde;o parou at&eacute; que tudo estivesse armado, com direito &agrave; ilumina&ccedil;&atilde;o de holofotes no que prometia ser o maior espet&aacute;culo que o Rio de Janeiro presenciaria. Ironicamente, foi.
<h2>O espet&aacute;culo mais triste da Terra</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/04/29/29203419025012.jpg" alt="(Fonte: Acervo O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Acervo O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Na noite do dia 15 de dezembro de 1961, o Gran Circus Norte-Americano estreou para uma legi&atilde;o de pessoas que esperavam nas filas desde a madrugada, tudo para garantir um lugar entre os 3 mil assentos que o circo comportava.
Tudo correu como o esperado, e a sess&atilde;o foi um absoluto sucesso! O &uacute;nico problema foi a importuna&ccedil;&atilde;o causada por Dequinha, que, revoltado com a sua demiss&atilde;o, voltou ao local e provocou Maciel Felizardo, um dos armadores da companhia. Dequinha acusou-o de ser o respons&aacute;vel pela sua demiss&atilde;o, partindo para cima do homem. Felizardo acabou agredindo o ex-funcion&aacute;rio e colocou-o para fora do circo sem causar muito alarde.
Na tarde do dia 17 de dezembro de 1961, o Gran Circus estava com a sua capacidade m&aacute;xima para a sess&atilde;o matin&ecirc;. Por volta das 15h45, Antonietta Stevanovich &mdash; a irm&atilde; de Danilo e tamb&eacute;m uma das melhores trapezistas&nbsp;&mdash; notou um rasgo luminescente vindo do mastro principal do circo enquanto se preparava para o seu salto triplo que encerrava o show. Por uma fra&ccedil;&atilde;o de segundos, ela achou que fosse um raio de sol, mas n&atilde;o demorou para perceber que era fogo.
A mulher gritou e a plateia rapidamente reagiu, assim como as chamas que se espalharam por toda a lona. Os 5 minutos iniciais foram os mais cru&eacute;is. Milhares de pessoas subindo ao mesmo tempo pelas arquibancadas fez a estrutura desmoronar fatalmente e causar v&aacute;rias v&iacute;timas. Sem saber para onde ir, o p&uacute;blico rumou em massa para as entradas e com isso centenas de indiv&iacute;duos foram pisoteados e mortos no local.
De cima a baixo tomado por labaredas, o Gran Circus era um inferno de onde ningu&eacute;m conseguia escapar. Com o passar dos minutos, as pessoas eram incendiadas vivas, atropeladas pelos animais ou soterradas. A lona comprada por Stevanovich era na verdade feita de algod&atilde;o e revestida com parafina, dois componentes altamente inflam&aacute;veis. Ao se acumular, esse besunte de parafina formou uma ab&oacute;bada de fogo em todo o teto da tenda, assim 372 pessoas arderam em chamas quando isso despencou. As atingidas tinham peda&ccedil;os de pl&aacute;stico ardentes colados em sua pele ou ficaram grudadas no ch&atilde;o do espa&ccedil;o.
Em puro desespero, uma elefante chamada Sema conseguiu escapar da jaula. Com a sua for&ccedil;a, ela arrebentou parte da lona em seu caminho para se livrar da morte iminente e acabou salvando a maioria das pessoas, que conseguiu escapar pela enorme fenda na tenda deixada pelo animal.
Em 10 minutos, o tempo que durou o inc&ecirc;ndio, o circo se extinguiu. Nele, 500 pessoas morreram, sendo 70% crian&ccedil;as.
<h2>Um alerta geral</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/04/29/29204100681018.jpg" alt="(Fonte: Ah Duvido/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Ah Duvido/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Assim que a estrutura do circo derreteu, o estado do Rio de Janeiro entrou em calamidade. Ironicamente, os m&eacute;dicos estavam em greve naquele dia e foi necess&aacute;rio que fossem convocados pelo r&aacute;dio para se dirigirem aos hospitais. Salas de cinema, teatros, bares, praias e outros locais p&uacute;blicos foram inspecionados pela pol&iacute;cia &agrave; procura desses profissionais. Hospitais particulares e at&eacute; cl&iacute;nicas foram mobilizados para atender os feridos.
Os mortos apareciam aos montes, e se tornou imposs&iacute;vel para as ag&ecirc;ncias funer&aacute;rias fornecerem caix&otilde;es o suficiente. Assim, o Est&aacute;dio Caio Martins se tornou uma oficina tempor&aacute;ria para a confec&ccedil;&atilde;o de novos caix&otilde;es. O cemit&eacute;rio de Niter&oacute;i esgotou os seu espa&ccedil;o, ent&atilde;o um terreno em S&atilde;o Gon&ccedil;alo foi usado para enterrar os corpos restantes.
Ivo Pitanguy, o mais not&oacute;rio cirurgi&atilde;o pl&aacute;stico do Brasil e do mundo, que chefiou a equipe de cirurgi&otilde;es do epis&oacute;dio, foi o respons&aacute;vel por dar a import&acirc;ncia ao procedimento est&eacute;tico no tratamento das v&iacute;timas pelo inc&ecirc;ndio. Ele teve o suporte da comunidade, que chegava com caminh&otilde;es de folhas de bananeira, as quais foram fundamentais nos tratamentos.&nbsp;
Al&eacute;m disso, rem&eacute;dios, leitos e outras provis&otilde;es foram encomendadas por pessoas solid&aacute;rias. Quando milhares de volunt&aacute;rios se enfileiraram para doar sangue, o mundo se comoveu ainda mais, e o Brasil recebeu doa&ccedil;&otilde;es de sangue dos Estados Unidos e at&eacute; do Vaticano.
<h2>Tudo &eacute; cinzas e tempo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/04/29/29204227993019.jpg" alt="(Fonte: A Tribuna RJ/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: A Tribuna RJ/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Horas antes de a trapezista Stevanovich notar o in&iacute;cio de uma trag&eacute;dia, Dequinha chamou os seus comparsas Jos&eacute; dos Santos, apelidado de &ldquo;Pardal&rdquo;, e Walter Rosa dos Santos, conhecido na regi&atilde;o como &ldquo;Bigode&rdquo;, para que participassem de sua sede de vingan&ccedil;a. Segundo o criminoso, Danilo devia algo para ele e precisava pagar de alguma forma, nem que fosse com a vida das 3 mil pessoas reunidas dentro da tenda do Gran Circus.
Dequinha tinha o plano claro de atear fogo no circo. Ele se encontrou com os seus c&uacute;mplices em um local denominado Ponto de Cem R&eacute;is, situado na divisa do bairro Fonseca com o centro de Niter&oacute;i. Dequinha comprou a gasolina e com a ajuda de Pardal a despejou ao longo da lona e ao redor de todo o circo enquanto Bigode vigiava.
Ap&oacute;s colher os depoimentos de funcion&aacute;rios e artistas que sobreviveram, a pol&iacute;cia chegou at&eacute; os 3 homens no dia 22 de dezembro de 1961. Dequinha confessou a autoria do crime e foi condenado a 16 anos de pris&atilde;o, sendo 6 anos em manic&ocirc;mio judici&aacute;rio, como medida de seguran&ccedil;a. Sete anos depois, ele fugiu e foi encontrado morto com 13 tiros. Bigode recebeu 16 anos de encarceramento e mais 1 ano em col&ocirc;nia agr&iacute;cola. Pardal, por sua vez, foi sentenciado a 14 anos de pris&atilde;o e mais 2 anos em col&ocirc;nia agr&iacute;cola.
Segundo os registros, 503 pessoas morreram naquele dia, e 800 ficaram gravemente feridas. O circo apresentou v&aacute;rios problemas el&eacute;tricos, n&atilde;o dispunha de extintores de inc&ecirc;ndio nem sa&iacute;das de emerg&ecirc;ncias. No entanto, o Corpo de Bombeiros enfatizou as boas condi&ccedil;&otilde;es de funcionamento da atra&ccedil;&atilde;o e permitiu ao circo que fosse aberto.
Com todos os olhares voltados para o crime, Stevanovich sequer foi autuado por usar de produtos perigosos, e o Brasil se omitiu em vez de tomar alguma atitude em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; neglig&ecirc;ncia das medidas de seguran&ccedil;a.&nbsp;
O espet&aacute;culo mais triste da Terra, como Mauro Ventura intitulou o seu livro-document&aacute;rio, s&oacute; marcou a mem&oacute;ria de quem viveu naquele momento. Por&eacute;m, n&atilde;o existe um memorial endere&ccedil;ado &agrave;s v&iacute;timas, apenas uma fria lacuna no local onde pessoas perderam entes queridos e n&atilde;o tiveram nem como os enterrar.

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Gran Circus Norte-Americano: a maior catástrofe circense brasileira

Imagem de Caixas misteriosas de navio da 2ª Guerra Mundial aparecem no Nordeste  no megacurioso

A descoberta foi feita por pesquisadores durante análises das manchas de óleo no litoral nordestino

Em janeiro de 1944, um navio alem&atilde;o da 2&ordf; Guerra Mundial naufragou&nbsp;pr&oacute;ximo ao Brasil. Somente 50 anos depois, em 1996, ele foi encontrado a cerca de 1 mil quil&ocirc;metros do litoral. Ningu&eacute;m imaginaria, contudo, que essa teria sido a origem de caixas misteriosas que apareceram recentemente em praias do Cear&aacute; e outras regi&otilde;es do Nordeste.
A hist&oacute;ria dessas caixas teve in&iacute;cio em outubro de 2018, quando a primeira de muitas apareceu em Alagoas. Ap&oacute;s isso, uma s&eacute;rie de caixas come&ccedil;ou a surgir em outras praias, contabilizando cerca de 200 unidades at&eacute; agora.&nbsp;
O evento tomou mais visibilidade a partir dos estudos sobre as manchas de &oacute;leo que afetaram os mares do Nordeste. Um grupo de pesquisadores do Instituto de Ci&ecirc;ncias do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Cear&aacute; (UFC) acabou descobrindo novas informa&ccedil;&otilde;es acerca das caixas enquanto faziam an&aacute;lises sobre o &oacute;leo.
<div style="text-align: center;">
<figure class="image" style="display: inline-block;"><img alt="" height="1320" src="https://s2.glbimg.com/tOdnDuZDLc1eObl0WqPQS53_png=/0x0:780x1040/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/D/V/TpFigBQfO5cyiANzWlwg/whatsapp-image-2018-10-29-at-13.54.48.jpeg" width="990" /> <figcaption>(Fonte: Jos&eacute; Cl&aacute;udio de Ara&uacute;jo/Divulga&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
</div>
<h2 dir="ltr">Novas pe&ccedil;as para o quebra-cabe&ccedil;a</h2>
Os materiais encontrados s&atilde;o grandes fardos de borracha, mas ainda n&atilde;o se sabe para o que eram utilizados. Em uma das caixas havia uma placa met&aacute;lica com inscri&ccedil;&otilde;es em alem&atilde;o, uma pista importante para identificar a origem desses objetos.&nbsp;
O professor Lu&iacute;s Ernesto Bezerra come&ccedil;ou a se interessar pelo enigma das caixas ap&oacute;s encontrar uma delas em Itarema, interior do Cear&aacute;. "[Ela] tinha uma inscri&ccedil;&atilde;o pertencente &agrave; Indon&eacute;sia Francesa, que ficou independente em 1953, ou seja, &eacute; muito antiga. Ent&atilde;o come&ccedil;amos a pesquisas e encontramos confirma&ccedil;&otilde;es desse naufr&aacute;gio", afirma.
De acordo com o ocean&oacute;grafo f&iacute;sico do Labomar, Carlos Teixeira, o navio "SS Rio Grande" utilizava um nome brasileiro para se disfar&ccedil;ar dos inimigos de guerra e estava carregado com os tais fardos de borracha. Ao ser descoberto, ele foi afundado por for&ccedil;as a&eacute;reas dos Estados Unidos. Confira o v&iacute;deo neste <a href="http://globoplay.globo.com/v/7124603" target="_blank">link</a>.
O professor Ernesto Bezerra nos ajuda a entender por que os fardos come&ccedil;aram a aparecer agora, tantas d&eacute;cadas depois do naufr&aacute;gio. "Navios naufragados come&ccedil;am a sofrer corros&atilde;o, ent&atilde;o, d&eacute;cadas depois, come&ccedil;am a vazar as suas cargas. E por ter acontecido no Oceano Atl&acirc;ntico perto do Nordeste, elas [as caixas] chegaram at&eacute; aqui", conta.
<h2 dir="ltr">E as manchas de &oacute;leo?</h2>
"A gente sabia das caixas, mas nunca t&iacute;nhamos conseguido desvendar de onde elas vinham. A&iacute; veio a problem&aacute;tica do &oacute;leo. Por coincid&ecirc;ncia, ou n&atilde;o, a ocorr&ecirc;ncia desse &oacute;leo est&aacute; acontecendo na mesma &eacute;poca do ano em que as caixas come&ccedil;aram a aparecer no ano passado", afirma Carlos Teixeira.
De acordo com os pesquisadores, ainda n&atilde;o foi encontrada nenhuma evid&ecirc;ncia que relacione o vazamento de &oacute;leo e as caixas, sobretudo porque o petr&oacute;leo encontrado nas praias que foi analisado &eacute; recente. "Para ter rela&ccedil;&atilde;o [com as caixas], o &oacute;leo teria que ser muito velho.", explica o ocean&oacute;grafo.&nbsp;

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Caixas misteriosas de navio da 2ª Guerra Mundial aparecem no Nordeste 

Imagem de Assassinato misterioso de Aída Curi assustou o Rio nos anos 1950 no megacurioso

Uma jovem de 18 anos é jogada do alto de um prédio da parte mais rica da cidade após ser torturada e assassinada, um crime aparentemente sem motivo

No dia 14 de julho de 1958, fim da d&eacute;cada de 1950, a jovem A&iacute;da Curi sofreu uma sess&atilde;o de abuso psicol&oacute;gico e tortura f&iacute;sica&nbsp;em um duplex em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Na &eacute;poca, o caso foi alvo de muita explora&ccedil;&atilde;o da imprensa, principalmente pelo crime n&atilde;o ter um motivo declarado para ter acontecido.
A&iacute;da Curi era filha de imigrantes s&iacute;rios, tinha 18 anos e morava na G&aacute;vea na &eacute;poca do crime, mas passara toda a sua inf&acirc;ncia em um col&eacute;gio de freiras. No per&iacute;odo, A&iacute;da estava trabalhando com o seu irm&atilde;o&nbsp;em uma loja&nbsp;e fazia cursos em Copacabana &mdash; de datilografia, portugu&ecirc;s e ingl&ecirc;s.
No dia em quest&atilde;o, sem nenhum motivo, A&iacute;da Curi foi atra&iacute;da para dentro do apartamento onde ocorreu o crime, na Avenida Atl&acirc;ntica, e foi cruelmente assassinada pelos jovens C&aacute;ssio Murilo e Ronaldo Castro, ambos de classe m&eacute;dia alta. Os dois ainda tiveram ajuda do porteiro, Ant&ocirc;nio Souza.
<div style="text-align: center;">
<figure class="image" style="display: inline-block;"><img alt="" height="404" src="https://mega.ibxk.com.br/2019/10/08/08113228034072.jpg" width="660" /> <figcaption>&nbsp;A&iacute;da Curi e Ronaldo Castro (Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
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Para encobrir o crime, os tr&ecirc;s jogaram A&iacute;da do duplex&nbsp;querendo simular um suic&iacute;dio. Por&eacute;m, os peritos encontraram arranh&otilde;es nas coxas, ventre e pesco&ccedil;o de A&iacute;da, al&eacute;m de machucados nos bra&ccedil;os e punhos, mostrando uma luta corporal entre ela e os assassinos,&nbsp;al&eacute;m de uma tentativa de estrangulamento e abuso sexual.
Ap&oacute;s o crime ter seus assassinos expostos, foi descoberto que os dois pertenciam ao movimento juventude transviada (os jovens rebeldes dos anos 1950), e a princ&iacute;pio n&atilde;o teriam um real motivo para estarem cometendo o crime.
<h2 style="text-align: justify; margin-bottom: 13px;">O futuro ap&oacute;s o crime</h2>
Durante o julgamento, os r&eacute;us foram condenados, mas a defensa conseguiu inocentar Ronaldo e Ant&ocirc;nio, condenando apenas C&aacute;ssio Murilo que, por ser menor de idade, acabou inocentado. 
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<figure class="image" style="display: inline-block;"><img alt="" height="240" src="https://mega.ibxk.com.br/2019/10/08/08113258596081.jpg" width="556" /> <figcaption>A&iacute;da Curi (Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
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Algum tempo depois, em um terceiro julgamento, condenaram Ronaldo Castro que, ap&oacute;s cumprir sua pena, se tornou um empres&aacute;rio bem sucedido. C&aacute;ssio virou&nbsp;militar, mas foi assassinado por volta de 1978.&nbsp;O caso A&iacute;da Curi se tornou mais uma fra&ccedil;&atilde;o do quadro de feminic&iacute;dio no Brasil. Um crime que foi incorretamente julgado e explorado pela imprensa, que chegou a publicar fotos do corpo da jovem estirado no ch&atilde;o de Copacabana.

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Assassinato misterioso de Aída Curi assustou o Rio nos anos 1950

Imagem de Cientista extrai o DNA de assassinos de cabelos sem raiz no megacurioso

Paleogeneticista usa técnica que criou para ajudar a polícia a encontrar serial killers e identificar vítimas sem nome

A imagem de um detetive coletando pontas de cigarros, fiapos de roupas e fios de cabelos povoa o imagin&aacute;rio popular e se transporta para a realidade forense atrav&eacute;s das modernas t&eacute;cnicas que extraem, dessas evid&ecirc;ncias, DNA tanto da v&iacute;tima quanto do agressor. Nos dois primeiros casos, saliva e pele carregam a carga gen&eacute;tica do corpo que as geraram; no terceiro, por&eacute;m, a boa sorte tem que sorrir para o investigador&nbsp;na forma da raiz do cabelo: sem raiz, sem DNA.

Extrair o perfil gen&eacute;tico de um fio quebrado era imposs&iacute;vel&nbsp;&ndash;&nbsp;pelo menos, at&eacute; um paleogeneticista da Universidade da Calif&oacute;rnia desenvolver uma t&eacute;cnica que permite recuperar e sequenciar o&nbsp;DNA de qualquer parte do&nbsp;cabelo.&nbsp;Ed Green &eacute; conhecido dentro da comunidade cient&iacute;fica por seu trabalho no sequenciamento dos genes do homem de Neandertal &ndash; &eacute; dele o m&eacute;rito de ter identificado, a partir de um osso de 38 mil anos,&nbsp;o primeiro genoma ancestral completo.

<h2 style="margin-bottom: 13px;">Trabalho ajudou a encerrar caso aberto em 1985</h2>

Desde meados de 2017, ele tem cooperado silenciosamente com a pol&iacute;cia para, usando a t&eacute;cnica empregada nos ancestrais do homem, extrair perfis gen&eacute;ticos e, assim, dar um rosto a assassinos, ajudar a solucionar crimes ainda em aberto e identificar v&iacute;timas sem nome.

Frequentemente, Green recebe (sempre em m&atilde;os) pacotes contendo cabelos achados em cenas de crimes. Alguns s&atilde;o de serial killers agindo h&aacute; d&eacute;cadas, sem que a pol&iacute;cia consiga a menor pista sobre sua identidade; outros s&atilde;o de v&iacute;timas ainda sem um nome.&nbsp;

Ele entrou no mundo do crime pelas m&atilde;os da genealogista gen&eacute;tica Barbara Rae-Venter, conhecida do grande p&uacute;blico por ter <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/107048-dna-em-site-de-genealogia-leva-policia-a-serial-killer-procurado-ha-40-anos.htm">descoberto a identidade do Assassino de Golden Gate</a>, serial killer respons&aacute;vel por 45 estupros e 12 assassinatos de 1979 a 1986. Em 2017, ela colaborava&nbsp;com a pol&iacute;cia de New Hampshire na&nbsp;identifica&ccedil;&atilde;o de uma mulher e tr&ecirc;s meninas, cujos corpos foram&nbsp;achados dentro de barris em um parque. Depois de d&eacute;cadas praticamente ao relento, tudo que poderia ter DNA j&aacute; havia se degradado.

<figure class="image"><img alt="" height="640" src="https://mega.ibxk.com.br/2019/09/20/20003701417454.jpg" width="960" />
<figcaption>O assassinato de uma mulher e tr&ecirc;s meninas, cujos corpos foram achados em dois barris (o primeiro em 1985 e o segundo, em 2000), foi um dos mais longos casos em aberto dos EUA. (Fonte: Procuradoria do Estado de New Hampshire/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption>
</figure>

A solu&ccedil;&atilde;o estava na bancada do laborat&oacute;rio de Green, criador, em 2005, de uma t&eacute;cnica para extrair DNA de ossos fossilizados. Ajustar o processo para ser usado em cabelos levou cerca de um ano. Depois de terminar o trabalho com os&nbsp;fios dos cad&aacute;veres n&atilde;o identificados de New Hampshire, Green n&atilde;o sentiu nada de diferente &ndash; at&eacute; ouvir os nomes de Marlyse Elizabeth Honeychurch e de suas duas filhas, Marie Elizabeth Vaughn e Sarah Lynn McWaters (resta ainda uma crian&ccedil;a por identificar).

&quot;Eu me senti como o inventor de um foguete para ir &agrave; Lua e que, depois, o v&ecirc; pela TV, pousando em solo lunar&quot;, lembra ele.&nbsp;

<figure class="image"><img alt="" height="640" src="https://mega.ibxk.com.br/2019/09/20/20020157454004.jpg" width="960" />
<figcaption>Um t&eacute;cnico do laborat&oacute;rio do paleogeneticista Ed Green examina amostras do cabelo da mulher achada em um barril em New Hampshire, depois identificada como Marlyse Elizabeth Honeychurch. (Fonte: The New York Times/James Tensuan</figcaption>
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<h2 style="margin-bottom: 13px;">Uso do DNA de pessoas inocentes gera pol&ecirc;mica</h2>

Usar o perfil de DNA encontrado em bancos de dados geneal&oacute;gicos (ou seja, de parentes de criminosos), por&eacute;m, suscitou controv&eacute;rsia sobre a validade do m&eacute;todo. Mesmo assim, Green espera que seu processo seja usado para o bem. A cientista forense Suzana Ryan, que recentemente enviou a ele a cabe&ccedil;a embalsamada de uma mulher, v&iacute;tima de assassinato ainda por identificar, compartilha esse desejo.

Segundo ela, existem de 200 mil a 250 mil casos &agrave; espera de solu&ccedil;&atilde;o apenas nos EUA. Mesmo que o cabelo tenha sido coletado em apenas 10% das vezes, s&atilde;o 20 mil casos que podem ser resolvidos. Por&eacute;m, nenhum dos dois acredita que a t&eacute;cnica ser&aacute; amplamente adotada: al&eacute;m de caro (o sequenciamento de apenas um fio custa milhares de d&oacute;lares), o processo ainda precisa de um genealogista gen&eacute;tico para encontrar a origem familiar do DNA.

Crimes e Mistérios Brasileiros

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