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Três pratos de trigo para três tigres tristes

Outro dia, minha irm&atilde; me prop&ocirc;s um <a href="https://www.megacurioso.com.br/comportamento/40265-pesquisadores-americanos-descobrem-o-trava-lingua-mais-dificil-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">trava-l&iacute;ngua</a>: casa suja, ch&atilde;o sujo.
A frase pode parecer simples, mas ser&aacute; que voc&ecirc; consegue falar rapidamente sem trope&ccedil;ar na pron&uacute;ncia? Um minuto de pausa para tentativas.
E a&iacute;, foi tranquilo? Ou soltou algo como: ca-sa su-ja s&atilde;o-ju-so?
Esse tipo de desafio &eacute; chamado de trava-l&iacute;ngua. Um trava-l&iacute;ngua &eacute; composto de uma ou v&aacute;rias frases que apresentam palavras com fonemas semelhantes. Um fonema &eacute; a menor parte sonora de uma palavra. O desafio dos trava-l&iacute;nguas est&aacute; em pronunciar corretamente cada termo com clareza e velocidade.
Esse jogo verbal faz parte da cultura de diversos povos e suas &ldquo;fun&ccedil;&otilde;es&rdquo; s&atilde;o v&aacute;rias. Podem ajudar em tratamentos de fonoaudiologia, pois auxiliam a melhorar a dic&ccedil;&atilde;o e a pron&uacute;ncia das palavras. S&atilde;o usados tamb&eacute;m em cursos de orat&oacute;ria, justamente por ajudar a desenvolver a melhor dic&ccedil;&atilde;o ao pronunciar um discurso. Al&eacute;m disso, servem para atividades de descontra&ccedil;&atilde;o e treino de alguns termos em sala de aula, principalmente para crian&ccedil;as em fase de alfabetiza&ccedil;&atilde;o.
<h2>E por que alguns s&atilde;o t&atilde;o dif&iacute;ceis?</h2>
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Como dito, o desafio desses textos consiste em pronunciar cada fonema (menor parte sonora de uma palavra) com clareza e velocidade.&nbsp;
Os trava-l&iacute;nguas podem ser categorizados, a depender de sua complexidade:
<ul>
<li>simples &mdash; t&ecirc;m apenas um fonema consonantal, ou seja, o foco est&aacute; em uma &uacute;nica letra (ainda que associada a vogais). Por exemplo, &ldquo;a pia perto do pinto, o pinto perto da pia. Quanto mais a pia pinga, mais o pinto pia&rdquo;. Note que o foco do desafio recai sobre a letra P.</li>
<li>compostos &shy;&mdash; t&ecirc;m mais de um fonema. Por exemplo: &ldquo;Sabia que o sabi&aacute; n&atilde;o sabia assobiar?&rdquo;. Nessa frase, a dificuldade est&aacute; na pron&uacute;ncia de S e B. Aqui, a confus&atilde;o &eacute; ainda maior porque nosso c&eacute;rebro precisa lidar com dois pontos de articula&ccedil;&atilde;o, que s&atilde;o a forma como mexemos a boca ao dizer tais termos. Se quiser entender melhor esse ponto, diga &ldquo;sabi&aacute;&rdquo; prestando aten&ccedil;&atilde;o na posi&ccedil;&atilde;o da boca ao pronunciar o S: levemente aberta, com dentes quase cerrados e l&iacute;ngua pr&oacute;xima do c&eacute;u da boca. Agora, pronunciando o B: boca que abre e fecha, tocando-se os l&aacute;bios. Esse troca-troca de posicionamentos ajuda a tornar o trava-l&iacute;ngua ainda mais desafiador.</li>
<li>complexos &mdash; t&ecirc;m fonema e encontro consonantal, ou seja, confus&atilde;o completa! Por exemplo: &ldquo;Caixa de graxa grossa de gra&ccedil;a&rdquo;. Nesse trava-l&iacute;ngua, precisamos acertar quando pronunciar som de X e som de S, al&eacute;m de acertar sempre o encontro consonantal GR. Quer tentar a&iacute;?</li>
</ul>
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Categorias t&eacute;cnicas &agrave; parte, esses jogos verbais podem ser usados para diversas finalidades. A melhor delas? A divers&atilde;o! <a href="https://www.tecmundo.com.br/software/217856-alexa-brinca-trava-linguas-dia-lingua-nacional.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">At&eacute; a Alexa, a assistente virtual da Amazon, entrou nessa brincadeira em comemora&ccedil;&atilde;o ao Dia da L&iacute;ngua Nacional</a>.
Que tal treinar alguns trava-l&iacute;nguas e depois desafiar outras pessoas? A&iacute; v&atilde;o algumas op&ccedil;&otilde;es:
<ul>
<li>A aranha arranha a r&atilde;. A r&atilde; arranha a aranha. Nem a aranha arranha a r&atilde;. Nem a r&atilde; arranha a aranha.</li>
<li>O rato roeu a rica roupa do rei de Roma! A rainha raivosa rasgou o resto e depois resolveu remendar!</li>
<li>O doce perguntou pro doce qual &eacute; o doce mais doce que o doce de batata-doce. O doce respondeu pro doce que o doce mais doce que o doce de batata-doce &eacute; o doce de doce de batata-doce.</li>
<li>A vaca malhada foi molhada por outra vaca molhada e malhada.</li>
<li>A pia perto do pinto, o pinto perto da pia.</li>
<li>N&atilde;o confunda ornitorrinco com otorrinolaringologista, ornitorrinco com ornitologista, ornitologista com otorrinolaringologista, porque ornitorrinco, &eacute; ornitorrinco, ornitologista, &eacute; ornitologista, e otorrinolaringologista &eacute; otorrinolaringologista.</li>
</ul>

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Por que travamos a língua no trava-língua?

Imagem de O português brasileiro em Portugal no megacurioso

Crianças portuguesas estão falando 'brasileiro' por influência de youtubers do Brasil

Em 10 de novembro, uma reportagem do portal portugu&ecirc;s <a href="https://www.dn.pt/sociedade/ha-criancas-portuguesas-que-so-falam-brasileiro-14292845.html" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Di&aacute;rio de Not&iacute;cias</a> alertou para o fato de que "h&aacute; crian&ccedil;as portuguesas que s&oacute; falam brasileiro". Essa &eacute; a preocupa&ccedil;&atilde;o de alguns pais e respons&aacute;veis que notaram diferen&ccedil;as na fala dos filhos em Portugal: "Dizem grama&nbsp;em vez de relva, autocarro&nbsp;&eacute; &ocirc;nibus, rebu&ccedil;ado&nbsp;&eacute; bala, riscas&nbsp;s&atilde;o listras&nbsp;e leite est&aacute; na geladeira&nbsp;em vez de no frigor&iacute;fico". O fen&ocirc;meno acontece em raz&atilde;o do contato das crian&ccedil;as com v&iacute;deos de youtubers brasileiros famosos, como Luccas Neto.
Na pandemia, o acesso a esses conte&uacute;dos aumentou consideravelmente, a ponto de influenciar a comunica&ccedil;&atilde;o dos pequenos, que passaram a falar "brasileiro". Na reportagem, alguns pais relataram o quanto o contato com as redes sociais afetou a fala dos filhos. "Todo o discurso dele &eacute; como se fosse brasileiro. Chegamos ao ponto de nos perguntarem se algum de n&oacute;s era brasileiro, eu ou o pai", conta uma m&atilde;e.
Mas, afinal, Portugal e Brasil n&atilde;o t&ecirc;m o mesmo idioma oficial? Em tese sim, principalmente depois do Novo Acordo Ortogr&aacute;fico de 2009, que teve o objetivo de unificar a escrita dos pa&iacute;ses de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118643-a-origem-da-lingua-portuguesa-e-sua-implantacao-no-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">l&iacute;ngua portuguesa</a>. Na pr&aacute;tica, por&eacute;m, as diferen&ccedil;as se mant&ecirc;m e s&atilde;o bastante acentuadas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/19/19170225553674.jpg" alt="Fonte: Shutterstock" />(Fonte: Shutterstock)
<h2>Que portugu&ecirc;s deve ser usado na escola?</h2>
Durante a pandemia, os estudantes passaram das aulas presenciais ao modelo online. Foi nessa oportunidade que a psic&oacute;loga goiana <a href="https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/05/portugues-brasileiro-rende-nota-menor-e-discriminacao-em-escolas-e-universidades-de-portugal.shtml" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Adriana Campos presenciou uma conversa</a> entre a filha e a professora de Portugu&ecirc;s. A jovem questionava por que sua nota havia sido menor do que a da colega portuguesa com quem fez um trabalho em dupla. "A professora falou que o trabalho estava excelente, elogiou a criatividade das duas, mas disse para a minha filha: 'S&oacute; que voc&ecirc;, infelizmente, ainda fala esse portugu&ecirc;s inapropriado, esse portugu&ecirc;s brasileiro. E voc&ecirc; precisa aprender a falar direito'. Eu n&atilde;o conseguia acreditar", afirmou ela.
O relato da psic&oacute;loga se soma a reclama&ccedil;&otilde;es de brasileiros que afirmam sofrer discrimina&ccedil;&atilde;o em raz&atilde;o de sua variante dialetal. H&aacute; depoimentos at&eacute; de alunos universit&aacute;rios que temem receber notas mais baixas ao usarem a variante brasileira. O receio &eacute; t&atilde;o grande que muitos estudantes chegam a entregar trabalhos em ingl&ecirc;s &mdash; o programa do Erasmus promove a mobilidade acad&ecirc;mica entre pa&iacute;ses europeus, por isso em muitas universidades portuguesas &eacute; poss&iacute;vel entregar trabalhos em ingl&ecirc;s.
Essas atitudes de preconceito lingu&iacute;stico n&atilde;o est&atilde;o de acordo com a pol&iacute;tica de acolhimento e incentivo &agrave; interculturalidade de Portugal. O secret&aacute;rio de Estado da Educa&ccedil;&atilde;o de Portugal, Jo&atilde;o Costa, conta que os documentos orientadores para o ensino da l&iacute;ngua portuguesa "preveem o dom&iacute;nio do portugu&ecirc;s europeu padr&atilde;o, integrando tamb&eacute;m a consci&ecirc;ncia da diversidade de registros e de caracter&iacute;sticas das variantes faladas pelo mundo".
<h2>O "verdadeiro" portugu&ecirc;s</h2>
Diante desse alvoro&ccedil;o sobre as mudan&ccedil;as na l&iacute;ngua em Portugal, &eacute; interessante chamar a aten&ccedil;&atilde;o para o fato de que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118652-4-diferencas-entre-o-portugues-do-brasil-e-de-portugal.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">diferencia&ccedil;&atilde;o</a>&nbsp;entre o portugu&ecirc;s brasileiro e o portugu&ecirc;s europeu &eacute; assunto recorrente na &aacute;rea da lingu&iacute;stica. Desde 1980, pesquisadores buscam estudar por que as duas l&iacute;nguas est&atilde;o se afastando.
Muitos acreditam que foi o portugu&ecirc;s do Brasil que se diferenciou e adquiriu caracter&iacute;sticas pr&oacute;prias. No entanto, alguns estudos sugerem que n&atilde;o &eacute; bem assim. No v&iacute;deo "As marcas do portugu&ecirc;s brasileiro", linguistas comentam que os colonos portugueses que chegaram ao Brasil no s&eacute;culo XVI terem transmitido aos ind&iacute;genas o idioma que falavam em Portugal. Analisando documentos escritos da &eacute;poca, &eacute; poss&iacute;vel perceber que aquele portugu&ecirc;s se assemelha muito mais ao brasileiro do que ao europeu.
<iframe width="853" height="480" src="https://www.youtube.com/embed/0sDuGRKwguY?start=0" frameborder="0" allowfullscreen="allowfullscreen"></iframe>
Diante dessa constata&ccedil;&atilde;o, podemos dizer que o "verdadeiro portugu&ecirc;s" (e muitas aspas aqui!) &eacute; o falado no Brasil. Foi o portugu&ecirc;s europeu que sofreu modifica&ccedil;&otilde;es ao longo do tempo, principalmente a partir do s&eacute;culo XVIII, e acabou se afastando daquela l&iacute;ngua falada no s&eacute;culo XVI.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/19/19170229756675.jpg" alt="Fonte: Shutterstock" />(Fonte: Shutterstock)
<h2>E onde est&atilde;o as evid&ecirc;ncias?</h2>
Um dos casos interessantes que vale comentar &eacute; a diferencia&ccedil;&atilde;o entre o ger&uacute;ndio (no Brasil) e o infinitivo (em Portugal). Os brasileiros usam de forma recorrente a estrutura "estou dan&ccedil;ando", por exemplo, enquanto para os portugueses o mais comum &eacute; "estou a dan&ccedil;ar". Analisando um dos textos mais famosos em l&iacute;ngua portuguesa, Os Lus&iacute;adas, podemos encontrar muitas e muitas estruturas de ger&uacute;ndio. E a estrutura do infinitivo? Quase nenhuma! A l&iacute;ngua portuguesa empregada na obra &eacute; muito mais semelhante ao portugu&ecirc;s hoje chamado de "brasileiro" do que ao portugu&ecirc;s europeu. Essa &eacute; uma das evid&ecirc;ncias de que a l&iacute;ngua na Europa sofreu muito mais modifica&ccedil;&otilde;es do que no Brasil.
Aqui, vale chamar a aten&ccedil;&atilde;o para o fato de que o portugu&ecirc;s no Brasil tamb&eacute;m sofreu altera&ccedil;&atilde;o ao longo do tempo, principalmente com a chegada de imigrantes a partir do s&eacute;culo XIX.
<h2>Preconceito lingu&iacute;stico</h2>
Sendo assim, a afirma&ccedil;&atilde;o de que o portugu&ecirc;s europeu &eacute; o "certo" e o portugu&ecirc;s do Brasil &eacute; o "errado" n&atilde;o faz sentido. Primeiro, nenhuma das formas &eacute; certa ou errada, ambas s&atilde;o variantes de uma mesma l&iacute;ngua inicial. Segundo, se formos apelar para a l&iacute;ngua mais "tradicional", as marcas do portugu&ecirc;s brasileiro indicam que ele est&aacute; muito mais pr&oacute;ximo do portugu&ecirc;s que veio de Portugal no s&eacute;culo XV do que o falado na Europa atualmente.
Ent&atilde;o, vale a pena discutir as mudan&ccedil;as sofridas pelas l&iacute;nguas ao longo do tempo? Mas &eacute; claro! Agora, temer pelos filhos que falam "brasileiro" em raz&atilde;o da influ&ecirc;ncia de youtubers n&atilde;o tem l&oacute;gica alguma. Todas as l&iacute;nguas vivas est&atilde;o em constante transforma&ccedil;&atilde;o. Se influ&ecirc;ncias lingu&iacute;sticas e sociais diversas trazem mudan&ccedil;as a qualquer idioma, por que com o portugu&ecirc;s seria diferente?
No caso do receio dos pais portugueses, quem sabe a quest&atilde;o n&atilde;o seja lingu&iacute;stica, e sim social. Mas a&iacute; ca&iacute;mos em outra tem&aacute;tica, assunto de uma pr&oacute;xima coluna!
***
Mariana Bordignon S. de Souza, colunista semanal do Mega Curioso, &eacute; formada em Letras &mdash; Portugu&ecirc;s, p&oacute;s-graduada em Doc&ecirc;ncia Universit&aacute;ria e especialista em Gest&atilde;o de Projetos. Est&aacute; envolvida com o mercado editorial h&aacute; mais de 10 anos.

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O português brasileiro em Portugal

Imagem de "À medida que" e "na medida em que": quando usá-las? no megacurioso

As duas estruturas, apesar de parecidas, são usadas em contextos diferentes

As estruturas &agrave; medida que&nbsp;e na medida em que&nbsp;podem parecer semelhantes &agrave; primeira vista, mas a verdade &eacute; que elas s&atilde;o empregadas de maneiras diferentes. Enquanto uma tem papel de conjun&ccedil;&atilde;o, ligando ora&ccedil;&otilde;es, a outra &eacute; uma express&atilde;o que pode variar dependendo do contexto.&nbsp;
Para come&ccedil;ar, &eacute; preciso saber que&nbsp;&agrave; medida que &eacute; uma locu&ccedil;&atilde;o conjuntiva. Portanto, &eacute; utilizada para ligar duas ora&ccedil;&otilde;es, servindo mesmo de conjun&ccedil;&atilde;o (sendo, portanto, invari&aacute;vel).
Na medida em que&nbsp;&eacute; outra hist&oacute;ria! Nela, &ldquo;que&rdquo;&nbsp;&eacute; pronome relativo, por isso esse bloco de texto n&atilde;o constitui uma locu&ccedil;&atilde;o, o que permite varia&ccedil;&otilde;es.
De maneira geral, podemos fazer duas afirma&ccedil;&otilde;es sobre os usos dessas estruturas:
<h3>&Agrave; medida que equivale a &ldquo;conforme&rdquo;</h3>
Por exemplo:
<ul>
<li>Eles ficaram mais cansados &agrave; medida que o tempo passou.</li>
<li>A natureza foi destru&iacute;da &agrave; medida que a cidade cresceu.</li>
<li>&Agrave; medida que&nbsp;as provas foram sendo descobertas, ficou dif&iacute;cil n&atilde;o consider&aacute;-lo culpado.</li>
</ul>
<h3>Na medida em que&nbsp;equivale a &ldquo;tendo em vista que&rdquo;; &ldquo;porque&rdquo;, &ldquo;desde que&rdquo;; &ldquo;da mesma maneira que&rdquo;</h3>
Por exemplo:
<ul>
<li>A cr&iacute;tica nem sempre ajuda, na medida em que as pessoas podem encarar os coment&aacute;rios de forma negativa.</li>
<li>Essa decis&atilde;o &eacute; absurda, na medida em que&nbsp;os trabalhadores ter&atilde;o que pagar mais impostos.</li>
<li>A moda n&atilde;o se desenvolve em S&atilde;o Paulo na mesma medida em que em outros lugares do mundo.</li>
</ul>
O uso de uma ou de outra forma depende, como dito, do contexto. Se a ideia for de propor&ccedil;&atilde;o, usamos a locu&ccedil;&atilde;o conjuntiva de proporcionalidade &agrave; medida que. Em todos os outros casos, usamos a express&atilde;o na medida em que (e suas varia&ccedil;&otilde;es).
Cuidado! A express&atilde;o&nbsp;&agrave; medida em que n&atilde;o existe.
Que outra dica de l&iacute;ngua portuguesa voc&ecirc; gostaria de ver por aqui?
***
Mariana Bordignon S. de Souza, colunista semanal do Mega Curioso, &eacute; formada em Letras &mdash; Portugu&ecirc;s, p&oacute;s-graduada em Doc&ecirc;ncia Universit&aacute;ria e especialista em Gest&atilde;o de Projetos. Est&aacute; envolvida com o mercado editorial h&aacute; mais de 10 anos.

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'À medida que' e 'na medida em que': quando usá-las?

Imagem de Como usar "próximo", "próximos" ou "próximas"?  no megacurioso

Vamos entender melhor como usar esses termos 

Pr&oacute;ximo&nbsp;pode ser tanto adjetivo quanto adv&eacute;rbio. A flex&atilde;o ou n&atilde;o desse termo envolve reconhecer sua categoria gramatical. A&iacute; v&atilde;o algumas dicas:
<ul style="list-style-type: circle;">
<li>Como adjetivo, pr&oacute;ximo&nbsp;varia em g&ecirc;nero&nbsp;e n&uacute;mero:</li>
</ul>
Na casa pr&oacute;xima&nbsp;&agrave; minha mora uma fam&iacute;lia italiana.
As festas de fim de ano est&atilde;o pr&oacute;ximas.
N&oacute;s somos amigas pr&oacute;ximas.
Nesses casos, pr&oacute;ximo&nbsp;pode fazer papel tanto de predicativo quanto de adjunto adnominal.
<ul style="list-style-type: circle;">
<li>Como adv&eacute;rbio, pr&oacute;ximo&nbsp;&eacute; invari&aacute;vel:</li>
</ul>
Ela mora pr&oacute;ximo&nbsp;da empresa onde trabalha.
Dois carros estacionaram pr&oacute;ximo&nbsp;do meu.
As crian&ccedil;as foram brincar pr&oacute;ximo&nbsp;ao mar.
Nessas situa&ccedil;&otilde;es, a locu&ccedil;&atilde;o prepositiva &eacute; tamb&eacute;m adjunto adverbial de lugar.
E por falar em locu&ccedil;&atilde;o prepositiva, &eacute; poss&iacute;vel usar pr&oacute;ximo de&nbsp;ou pr&oacute;ximo a. Ambas as formas est&atilde;o corretas.
Uma maneira de reconhecer se pr&oacute;ximo&nbsp;&eacute; adjetivo ou adv&eacute;rbio &eacute; olhando para o verbo que vem logo antes dele, ao qual ele est&aacute; vinculado. Verbos de liga&ccedil;&atilde;o (ser, estar, parecer, permanecer...) geralmente indicam que o termo &eacute; adjetivo, por isso flexionado. Qualquer outro verbo indica que o termo &eacute; adv&eacute;rbio, por isso n&atilde;o flexionado.
Volte aos exemplos que evidenciam pr&oacute;ximo&nbsp;como adv&eacute;rbio e note os verbos ao qual ele est&aacute; vinculado: morar, estacionar&nbsp;e brincar. Nenhum deles &eacute; de liga&ccedil;&atilde;o, certo? Isso nos d&aacute; a dica de que pr&oacute;ximo&nbsp;n&atilde;o deve ser flexionado, pois est&aacute; funcionando como um adv&eacute;rbio.
Ficou mais f&aacute;cil compreender o uso deste termo? Espero que sim!
At&eacute; a pr&oacute;xima!
***
Mariana Bordignon S. de Souza, colunista semanal do Mega Curioso, &eacute; formada em Letras &ndash; Portugu&ecirc;s, p&oacute;s-graduada em Doc&ecirc;ncia Universit&aacute;ria e especialista em Gest&atilde;o de Projetos. Est&aacute; envolvida com o mercado editorial h&aacute; mais de 10 anos.

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Como usar 'próximo', 'próximos' ou 'próximas'? 

Imagem de Linguagem inclusiva e neutra: entenda os diferentes pontos de vista no megacurioso

A proposta dessas duas abordagens de comunicação é incluir os gêneros que são excluídos em nosso discurso do dia a dia, embora cada uma faça isso de forma diferente

Uma discuss&atilde;o que tem ganhado destaque em diversos ve&iacute;culos e canais de comunica&ccedil;&atilde;o &eacute; sobre o uso das linguagens inclusiva e neutra. Estas s&atilde;o formas de se expressar que t&ecirc;m como objetivo abranger todos os destinat&aacute;rios do discurso, seja l&aacute; qual for o g&ecirc;nero da pessoa.
Da mesma forma que a discuss&atilde;o tem adeptos, tamb&eacute;m h&aacute; cr&iacute;ticos que questionam a necessidade de se fazer tal adapta&ccedil;&atilde;o no vocabul&aacute;rio. Existem diferen&ccedil;as importantes entre a linguagem inclusiva e a neutra. O nosso objetivo aqui &eacute; explicar o que significa cada uma delas e explicar os principais aspectos envolvidos na utiliza&ccedil;&atilde;o de ambas.
<h2 class="uk-text-justify">Definindo cada tipo de linguagem</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/27/27074134817001.jpg" alt="Existe diferen&ccedil;as entre a linguagem inclusiva e neutra. (Fonte: Pexels)" />Existe diferen&ccedil;as entre a linguagem inclusiva e a neutra. (Fonte: Pexels)
A linguagem inclusiva ou n&atilde;o sexista &eacute; uma forma de comunica&ccedil;&atilde;o que buscar abranger todos os g&ecirc;neros. Essa proposta utiliza artif&iacute;cios que j&aacute; existem na l&iacute;ngua portuguesa para fazer isso, sem necessariamente alterar os voc&aacute;bulos como os conhecemos.&nbsp;
Trata-se da simples utiliza&ccedil;&atilde;o de &ldquo;todos&rdquo; e &ldquo;todas&rdquo; ao iniciar um discurso, por exemplo; ou, ao se endere&ccedil;ar para um grupo infantil, falar &ldquo;meninos&rdquo; e &ldquo;meninas&rdquo; com o objetivo de que todas as crian&ccedil;as presentes se sintam parte do destino daquela mensagem; ou ainda a substitui&ccedil;&atilde;o de "bem-vindo" e "bem-vinda" por "boas-vindas".
J&aacute; a <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/118222-linguagem-neutra-proposta-de-inclusao-ou-modismo-passageiro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">linguagem neutra</a>, tamb&eacute;m chamada de n&atilde;o bin&aacute;ria, embora tenha o mesmo objetivo da proposta inclusiva, prop&otilde;e a adi&ccedil;&atilde;o de novas palavras para alcan&ccedil;ar esse alvo ao considerar que algumas vezes n&atilde;o conseguimos encontrar os recursos necess&aacute;rios na pr&oacute;pria l&iacute;ngua. &Eacute; o caso da utiliza&ccedil;&atilde;o de pronomes como &ldquo;elu&rdquo;, &ldquo;amigues&rdquo; e "todes" (em adi&ccedil;&atilde;o a, respectivamente, "ele" e "ela",&nbsp;&ldquo;amigos&rdquo; e "amigas", &ldquo;todos&rdquo; e "todas").
Os principais defensores da linguagem n&atilde;o bin&aacute;ria s&atilde;o os ativistas do movimento <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118134-dia-nacional-do-orgulho-lgbt-curiosidades-sobre-a-data.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">LGBTQIA+</a>. De acordo com o grupo, a linguagem tradicional &eacute; apenas mais uma forma de perpetuar a desigualdade entre as pessoas, e essas mudan&ccedil;as ajudariam a diminuir esse impacto negativo.
<h2 class="uk-text-justify">Pontos de vista diferentes</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/27/27074232614003.jpg" alt="A dificuldade de adapta&ccedil;&atilde;o &eacute; um dos maiores desafios dessas linguagens. (Fonte: Pexels)" />A dificuldade de adapta&ccedil;&atilde;o &eacute; um dos maiores desafios dessas linguagens. (Fonte: Pexels)
Ao apontarmos essas opini&otilde;es diferentes no uso das linguagens inclusiva e neutra, o nosso objetivo n&atilde;o &eacute; dizer o que &eacute; certo ou errado. Por&eacute;m, o fato &eacute; que todos e todas (ou &ldquo;todes&rdquo;, para os adeptos da linguagem <a href="https://www.megacurioso.com.br/sexo/99345-nao-binarios-o-3-genero-que-parece-novidade-hoje-ja-existe-ha-seculos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">n&atilde;o bin&aacute;ria</a>) dever&iacute;amos estar buscando diminuir as desigualdades existentes em nossa sociedade. N&atilde;o por conta de algum tipo de ideologia, mas porque isso seria o certo a se fazer.
Contudo, embora tenhamos tentado utilizar esses tipos de linguagem no par&aacute;grafo acima, este texto adotar&aacute; o que &eacute; considerado como a norma-padr&atilde;o na l&iacute;ngua portuguesa. A discuss&atilde;o ainda &eacute; longa e a desses pontos de vista discordantes talvez seja apenas o primeiro passo para avan&ccedil;armos e entendermos o prop&oacute;sito dessas propostas.
<h3 class="uk-text-justify">Linguagem inclusiva</h3>
Com base na defini&ccedil;&atilde;o de cada proposta, &eacute; f&aacute;cil perceber que a linguagem inclusiva &eacute; muito mais f&aacute;cil de adotar no discurso. A utiliza&ccedil;&atilde;o de palavras que j&aacute; fazem parte do nosso vocabul&aacute;rio torna o uso dessa linguagem uma forma clara de incentivar a inclus&atilde;o de todos, mais especificamente o g&ecirc;nero feminino, que muitas vezes &eacute; exclu&iacute;do na forma como nos expressamos na l&iacute;ngua portuguesa.
Isso n&atilde;o significa dizer necessariamente que o nosso idioma &ldquo;&eacute; machista&rdquo; &ndash; discuss&atilde;o que gera divis&atilde;o at&eacute; mesmo entre os linguistas. Por&eacute;m, a nossa linguagem &eacute; reflexo da sociedade e principalmente do mensageiro, significando que o preconceito muitas vezes est&aacute; exatamente na boca de quem fala.
Como desvantagem dessa linguagem, existe o fato de ela n&atilde;o abra&ccedil;ar totalmente os g&ecirc;neros expressos na sociedade atual. A comunidade LGBTQIA+ n&atilde;o se sente representada ao utilizarmos os pronomes &ldquo;todos&rdquo; e &ldquo;todas&rdquo;, motivo pelo qual a linguagem inclusiva &eacute; limitada nesse sentido.
<h3 class="uk-text-justify">Linguagem neutra</h3>
Se por um lado a linguagem inclusiva n&atilde;o abarca todos os g&ecirc;neros de uma determinada sociedade, a proposta neutra faz exatamente isso ao mudar a forma como algumas palavras s&atilde;o constru&iacute;das. Essa &eacute; a principal vantagem na utiliza&ccedil;&atilde;o desse formato de express&atilde;o, motivo pelo qual &eacute; o adotado e preferido das comunidades minorit&aacute;rias.
Contudo, do ponto de vista lingu&iacute;stico, a linguagem n&atilde;o bin&aacute;ria &eacute; a que oferece maiores desafios para a mudan&ccedil;a, especialmente por conta da transforma&ccedil;&atilde;o de algumas palavras de uso comum. Ao se referir a uma pessoa que se considera de g&ecirc;nero neutro, voc&ecirc; n&atilde;o deveria dizer &ldquo;ele/ela&rdquo; ou &ldquo;dele/dela&rdquo;, mas adotar o padr&atilde;o estabelecido para essa linguagem.
<h2 class="uk-text-justify">Do ponto de vista t&eacute;cnico</h2>
Para enriquecer essa discuss&atilde;o, convidamos a especialista em Revis&atilde;o e Produ&ccedil;&atilde;o Textual Juliana Rosado, revisora do time de Controle de Qualidade Textual da NZN, para falar sobre o tema. Elaboramos duas perguntas para ela responder. Confira-as a seguir.
Como a ado&ccedil;&atilde;o dessas linguagens (inclusiva e neutra) pode impactar o uso da l&iacute;ngua portuguesa?
As express&otilde;es n&atilde;o bin&aacute;rias evitam que algumas pessoas se sintam mal e exclu&iacute;das, ela &eacute; como se fosse uma &ldquo;preven&ccedil;&atilde;o&rdquo;. Primeiramente, &eacute; preciso compreender o termo adotado, no meu caso utilizo &ldquo;linguagem n&atilde;o bin&aacute;ria e inclusiva&rdquo;. Mas por que n&atilde;o s&oacute; &ldquo;linguagem neutra&rdquo; ou apenas &ldquo;linguagem inclusiva&rdquo;?
De acordo com a especialista Raquel Freitag, "toda vez que qualquer pessoa abre a boca ela j&aacute; diz quem ela &eacute;. Mesmo sem dizer explicitamente, ela d&aacute; pistas de onde vem, de qual a sua idade, do perfil social ao qual ela pertence. A linguagem neutra, portanto, n&atilde;o existe".
Ent&atilde;o, seguindo a perspectiva de Freitag, o termo "neutro" n&atilde;o seria adequado, visto que a l&iacute;ngua nunca &eacute; neutra. O que se prop&otilde;e, na realidade, &eacute; uma comunica&ccedil;&atilde;o que abranja todos, inclusive quem se identifica com o binarismo. Considerando isso, julgo &ldquo;linguagem n&atilde;o bin&aacute;ria e inclusiva&rdquo; a express&atilde;o mais adequada a ser utilizada, pensando que queremos promover a inclus&atilde;o de todas as pessoas.
Desse modo, pode-se afirmar que esse tipo de linguagem tem como objetivo principal desestabilizar a norma-padr&atilde;o vigente, e n&atilde;o impor novas regras. Visto isso, h&aacute; pluralidade nas maneiras como essa linguagem n&atilde;o bin&aacute;ria pode ser constru&iacute;da, apresentando v&aacute;rias op&ccedil;&otilde;es para &ldquo;neutralizar&rdquo; o discurso, e n&atilde;o somente uma forma. H&aacute; uma gama de possibilidades a serem incorporadas &agrave; l&iacute;ngua com o intuito de minimizar a binaridade existente e contemplar mais diversidade na estrutura da l&iacute;ngua portuguesa, fazendo as pessoas se sentirem inclu&iacute;das nos discursos presentes em seu cotidiano.&nbsp;
A l&iacute;ngua portuguesa &eacute; machista?
A l&iacute;ngua &eacute; uma constru&ccedil;&atilde;o hist&oacute;rica e social, portanto, um reflexo da nossa sociedade. Desse modo, afirmar que &ldquo;a l&iacute;ngua &eacute; excludente porque &eacute; machista&rdquo; &eacute; um erro; afinal, a l&iacute;ngua em si n&atilde;o &eacute; machista, inclusive se formos analisar a origem do portugu&ecirc;s, nas ra&iacute;zes latinas, saberemos que a marca&ccedil;&atilde;o de g&ecirc;nero em nossa l&iacute;ngua na realidade &eacute; feminina.&nbsp;
Nos prim&oacute;rdios, havia artigos neutro, masculino e feminino. No entanto, com o tempo, o neutro caiu em desuso, e isso aconteceu porque houve uma fus&atilde;o entre masculino e neutro em nossa l&iacute;ngua, por causa de semelhan&ccedil;as na estrutura morfossint&aacute;tica entre eles. Portanto:&nbsp;
<ul class="uk-text-justify">
<li>Todos (neutro)</li>
<li>Todas (feminino)</li>
<li>Todos (masculino)</li>
</ul>
Analisando esse exemplo fica claro que a marca&ccedil;&atilde;o de g&ecirc;nero ali &eacute; feminina (com o &ldquo;a&rdquo;), deixando claro, consequentemente, que a l&iacute;ngua em si n&atilde;o &eacute; machista. Por&eacute;m, existem dois fatores atrelados &agrave; nossa l&iacute;ngua: um deles &eacute; o que se chama de &ldquo;falso neutro&rdquo; e o outro &eacute; o fator social.
Alguns linguistas atestam que esse &ldquo;neutro&rdquo; do latim &eacute; falso, porque na verdade ele causa conflitos por ser muito similar ao masculino, o que acaba induzindo a uma confus&atilde;o, gerando um refor&ccedil;o de estruturas patriarcais sociais na constru&ccedil;&atilde;o lingu&iacute;stica. Um exemplo disso seria: quando falamos de profissionais da sa&uacute;de de modo gen&eacute;rico, dizemos &ldquo;m&eacute;dicos&rdquo; (e n&atilde;o m&eacute;dicas); mas j&aacute;, se vamos nos referir de modo geral a profissionais do ramo dom&eacute;stico, usamos &ldquo;empregadas&rdquo; (e n&atilde;o empregados).&nbsp;
Enfim, considerando esse contexto, para Freitag, a l&iacute;ngua &eacute; um reflexo da nossa sociedade, ent&atilde;o apesar de ela n&atilde;o ser machista em si, ela pode sim refletir esse tra&ccedil;o. A l&iacute;ngua &eacute; sempre um espelho da sociedade. Freitag questiona: &ldquo;A pergunta que a gente tem que fazer &eacute;: a nossa sociedade &eacute; sexista? Se for, a l&iacute;ngua vai refletir isso&rdquo;. Inclusive, podemos aplicar essa linha de racioc&iacute;nio a termos pejorativos, estes tamb&eacute;m revelam aspectos da nossa sociedade. Quando cuidamos para n&atilde;o usar express&otilde;es como nega-maluca, judia&ccedil;&atilde;o e denegrir, mostramos nosso posicionamento diante do racismo, por exemplo.&nbsp;
Enfim, s&oacute; precisamos ter consci&ecirc;ncia de que isso &eacute; um processo, ou seja, a sociedade muda e a&iacute; ent&atilde;o a l&iacute;ngua se modifica. Portanto, n&atilde;o podemos impor nada, para nenhum lado, mas sim entender que os seres humanos v&atilde;o se desenvolvendo conforme suas necessidades e, nisso, podemos incluir com certeza as nuances da nossa l&iacute;ngua.&nbsp;

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Linguagem inclusiva e neutra: entenda os diferentes pontos de vista

Imagem de Crianças bilíngues se desenvolvem melhor? no megacurioso

Você sabia que falar duas ou mais línguas desde a primeira infância também proporciona inúmeros benefícios cognitivos?

Aprender um novo idioma, principalmente o ingl&ecirc;s, &eacute; essencial hoje, seja para estudos (30%), seja para viagens (20%), seja para trabalhos (16%). Os dados s&atilde;o do Duolingo Language Report, nosso relat&oacute;rio anual sobre o aprendizado de idiomas no mundo. Mas voc&ecirc; sabia que falar duas ou mais l&iacute;nguas desde a primeira inf&acirc;ncia tamb&eacute;m promove in&uacute;meros benef&iacute;cios cognitivos?
Segundo um estudo publicado na revista cient&iacute;fica Nature, os adultos que cresceram falando dois idiomas t&ecirc;m muito mais facilidade em concentrar sua aten&ccedil;&atilde;o em diferentes tarefas do que os que s&oacute; falavam uma l&iacute;ngua quando crian&ccedil;as. Isso porque elas alternam constantemente entre as l&iacute;nguas distintas, o que melhora a "flexibilidade cognitiva", que &eacute; a habilidade em mudar a aten&ccedil;&atilde;o e alternar entre m&uacute;ltiplos conceitos.
Mais especificamente, a idade da pr&eacute;-escola (de 0 a 6 anos) foi batizada de &ldquo;mente absorvente&rdquo; pela educadora Maria Montessori, e isso quer dizer que o c&eacute;rebro consegue absorver e reter muito mais informa&ccedil;&otilde;es nesse per&iacute;odo.
Al&eacute;m dos benef&iacute;cios cognitivos ao longo dos anos, ser bil&iacute;ngue desde cedo tamb&eacute;m proporciona muitas vantagens culturais: o acesso a outro idioma facilita o entendimento de outras culturas e das ra&iacute;zes familiares, no caso de os pais serem estrangeiros. Aqueles que s&atilde;o bil&iacute;ngues desde a primeira inf&acirc;ncia tamb&eacute;m s&atilde;o mais sens&iacute;veis em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s pessoas, por meio de diferentes perspectivas e experi&ecirc;ncias, sendo mais emp&aacute;ticos.
N&atilde;o existe um jeito melhor de ensinar uma nova l&iacute;ngua para as crian&ccedil;as em casa, cada fam&iacute;lia deve adaptar essa fun&ccedil;&atilde;o &agrave; sua rotina, mas h&aacute; dicas valiosas para auxiliar nessa tarefa. Veja abaixo algumas das principais d&uacute;vidas sobre o assunto, assim como sugest&otilde;es do Duolingo para incentivar o aprendizado de idioma em casa.
<h2>1. Precisa dominar a l&iacute;ngua que os filhos v&atilde;o aprender?</h2>
N&atilde;o sinta obriga&ccedil;&atilde;o de ensinar um novo idioma &mdash; essa deve ser uma tarefa divertida e prazerosa para todos. O mais importante &eacute; o entusiasmo em ajudar. Se voc&ecirc; n&atilde;o domina o idioma, voc&ecirc;s podem encontrar filmes e v&iacute;deos, bem como ouvir m&uacute;sica juntos, al&eacute;m de achar v&iacute;deos e apps para facilitar o aprendizado.
<h2>2. Pode falar dois idiomas (ou mais) dentro de casa?</h2>
Seja porque &eacute; estrangeiro e deseja que seus filhos aprendam sua l&iacute;ngua nativa, seja porque quer ensinar um novo idioma, para ajud&aacute;-los no futuro, n&atilde;o tem problema algum em falar mais de um idioma dentro de casa. As crian&ccedil;as conseguem distinguir os diferentes idiomas e sabem usar cada um no momento apropriado.
<h2>3. A leitura &eacute; fundamental</h2>
Tanto no pr&oacute;prio idioma quanto em um novo, ler &eacute; fundamental para o aprendizado. Al&eacute;m de desenvolver melhor o vocabul&aacute;rio, a leitura em outra l&iacute;ngua ajuda na leitura em portugu&ecirc;s, j&aacute; que a habilidade "se transfere" de um idioma para o outro. Complemente com filmes e m&uacute;sicas nas outras l&iacute;nguas para deixar o exerc&iacute;cio ainda mais divertido.
<h2>4. &Eacute; completamente normal que as crian&ccedil;as troquem de idioma ao longo do dia</h2>
N&atilde;o precisa se preocupar: o c&eacute;rebro delas mistura as l&iacute;nguas e elas aprendem a separ&aacute;-las, o que tamb&eacute;m ajuda no desenvolvimento de cada idioma. Por exemplo, se os av&oacute;s s&oacute; falam portugu&ecirc;s, ela saber&aacute; escolher o idioma de acordo com a situa&ccedil;&atilde;o.
<h2>5. Cole recados ou adesivos pela casa</h2>
Para uma memoriza&ccedil;&atilde;o mais r&aacute;pida e pr&aacute;tica, cole recados ou adesivos com nomes e verbos em m&oacute;veis, objetos, brinquedos e mais. Divirta-se!
Quanto mais cedo a crian&ccedil;a for introduzida a um novo idioma, melhor ser&aacute; o seu aprendizado. E, para quem quer um empurr&atilde;ozinho para come&ccedil;ar a estudar agora com os seus filhos, o Duolingo &eacute; uma ferramenta eficiente, gratuita, acess&iacute;vel e que pode ser usada por pessoas de todas as idades, com 500 milh&otilde;es de downloads no mundo, e 30 milh&otilde;es no Brasil.
<ul>
<li>Coluna escrita com a colabora&ccedil;&atilde;o de&nbsp;Cindy Blanco.</li>
</ul>
***
Analigia Martins &eacute; diretora de Marketing no Brasil de Duolingo, a maior plataforma de aprendizado de idiomas do mundo e o aplicativo mais baixado na categoria de Educa&ccedil;&atilde;o no iTunes e na Google Play. Respons&aacute;vel por aumentar a notoriedade e o crescimento do Duolingo no Brasil, segundo maior mercado da empresa, a executiva tem 20 anos de experi&ecirc;ncia em marketing de servi&ccedil;os, especialmente na &aacute;rea de Educa&ccedil;&atilde;o no Brasil e nos Estados Unidos. Analigia &eacute; p&oacute;s-graduada em Administra&ccedil;&atilde;o de Empresas pela Universidade Harvard e bacharel em Publicidade pela Funda&ccedil;&atilde;o C&aacute;sper L&iacute;bero.

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Crianças bilíngues se desenvolvem melhor?

Imagem de 5 palavras com histórias curiosas ligadas à Roma Antiga no megacurioso

Conheça a história por trás de alguns termos usados na língua portuguesa e que vieram do cotidiano dos antigos romanos

A l&iacute;ngua portuguesa que usamos para nos comunicar atualmente &eacute; resultado de um processo evolutivo gigantesco que nasceu no latim &mdash; a l&iacute;ngua materna na <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/109442-13-fatos-fascinantes-e-malucos-sobre-os-antigos-romanos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Roma Antiga</a>. Pensando nisso, n&oacute;s separamos uma lista com seis termos que ainda s&atilde;o muito usados e cujas hist&oacute;rias est&atilde;o ligadas ao cotidiano dos antigos romanos. Confira!
<h2>1. Dizimar</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://en.wikipedia.org/wiki/Decimation_(punishment)#/media/File:Decimation_by_William_Hogarth_(Beaver's_Roman_Military_Punishments,_Chapter_4,_1725).jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21161315890287.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
A palavra &ldquo;dizimar&rdquo; &eacute; usada hoje para representar uma grande derrota ou a perda de um n&uacute;mero grande, por&eacute;m n&atilde;o especificado. Apesar de o termo ter nascido no antigo ex&eacute;rcito romano no mesmo contexto, ele era mais utilizado para falar de uma destrui&ccedil;&atilde;o bastante espec&iacute;fica.&nbsp;
Dizimar &eacute; proveniente do n&uacute;mero "10", assim como os n&uacute;meros decimais. Portanto, uma das puni&ccedil;&otilde;es dos romanos aos seus inimigos era dizim&aacute;-los, ou simplesmente acabar com um d&eacute;cimo de suas for&ccedil;as. Um a cada 10 soldados era escolhido aleatoriamente para morrer de uma forma cruel: espancado pelos seus pr&oacute;prios colegas.
<h2>2. Circo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21161726858293.jpg" alt="(Fonte: Pixabay)" />(Fonte: Pixabay)
Na Roma Antiga, todos os anfiteatros eram famosos por apresentar um formato redondo. Portanto, o termo &ldquo;circo&rdquo; significa simplesmente uma estrutura circular, como era o caso das arenas. Entretanto, o n&iacute;vel das atra&ccedil;&otilde;es n&atilde;o era exatamente o mesmo ao qual estamos acostumados hoje.
Se hoje uma ida ao circo parece ser um programa familiar, antes isso significava assistir a uma variedade de esportes sangrentos, como as corridas de bigas e as lutas de gladiadores.
<h2>3. Sal&aacute;rio</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21161901280295.jpg" alt="(Fonte: Pixabay)" />(Fonte: Pixabay)
A palavra &ldquo;sal&aacute;rio&rdquo; deve ser um dos termos mais adorados por qualquer trabalhador, mas nem sempre significou a quantia financeira recebida ao final do m&ecirc;s. Os romanos usavam os sal&aacute;rios para recompensar os soldados pelos seus servi&ccedil;os, por&eacute;m a premia&ccedil;&atilde;o n&atilde;o era em ouro, mas, sim, em sal.
Se hoje esse mineral &eacute; visto como algo nada especial, naquela &eacute;poca muitas civiliza&ccedil;&otilde;es o usavam como moeda de troca e remunera&ccedil;&atilde;o, sobretudo por ser um elemento mais escasso e essencial para a alimenta&ccedil;&atilde;o.
<h2>4. Fascismo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21162035312298.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Quando o usamos o termo &ldquo;fascismo&rdquo; para descrever uma pol&iacute;tica autorit&aacute;ria, facilmente acabamos pensando que essa &eacute; uma palavra que nasceu mais recentemente na Hist&oacute;ria. Entretanto, isso &eacute; algo falado em territ&oacute;rio europeu desde os tempos da Roma Antiga.
A express&atilde;o &ldquo;fasces&rdquo;, nos tempos romanos, referia-se ao conjunto dos feixes de varas em torno de um machado carregado por um lictor &mdash; o s&iacute;mbolo da lei. Desde ent&atilde;o, virou s&iacute;mbolo m&aacute;ximo do autoritarismo e muitos pesquisadores acreditam ser da&iacute; que a palavra &ldquo;fascismo&rdquo; surgiu.
<h2>5. Testemunho</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21162139390301.jpg" alt="(Fonte: Pixabay)" />(Fonte: Pixabay)
Como os romanos basicamente fundaram os sistemas de lei, &eacute; de se imaginar que muitas das palavras nesse meio tenham nascido do latim. E n&atilde;o &eacute; diferente para o termo &ldquo;testemunhar&rdquo;. Segundo algumas teorias, a palavra nasceu do ato de fazer um juramento em nome dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/corpo-humano/75696-9-curiosidades-divertidas-sobre-os-testiculos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">test&iacute;culos</a> &mdash; s&iacute;mbolo de virilidade masculina.
Portanto, o testemunho de um homem seria a prova de que ele estaria falando o &aacute;pice da verdade em nome de uma parte &ldquo;sagrada&rdquo; do seu corpo. Bizarro, n&atilde;o &eacute;?

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5 palavras com histórias curiosas ligadas à Roma Antiga

Imagem de Paraolimpíada ou Paralimpíada, qual o jeito certo de escrever? no megacurioso

Existe uma forma correta para se referir ao evento? Entenda o que diz a língua portuguesa e as recomendações de autoridades

Voc&ecirc; j&aacute; se pegou pesquisando no Google se o certo era escrever "paraolimp&iacute;ada" ou "paralimp&iacute;ada"? Pois n&atilde;o se sinta sozinho. Essa &eacute; uma d&uacute;vida frequente na cabe&ccedil;a de muitos brasileiros, especialmente nesse per&iacute;odo em que os eventos esportivos est&atilde;o em alta.&nbsp;
No fim das contas, a verdade &eacute; que, independente da forma que for escrito, estar&aacute; errado e correto ao mesmo tempo. Isso tudo ocorre porque linguistas e organizadores do torneio t&ecirc;m uma vis&atilde;o diferente do assunto e usam caminhos distintos para nomear a competi&ccedil;&atilde;o. Por isso, vamos tentar entender melhor esse assunto.
<h2>Origem do termo</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Athletics_at_the_1960_Summer_Paralympics#/media/File:Paralimpiadi_di_Roma_1960_-_Lancio_del_giavellotto_02.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/25/25154136333323.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
O termo paralympic,&nbsp;que &eacute; registrado nos dicion&aacute;rios em ingl&ecirc;s, nasceu na d&eacute;cada de 1950 pela simples jun&ccedil;&atilde;o dos voc&aacute;bulos paraplegic&nbsp;e olympic. Isso ocorreu pelo fato de a 1&ordf; edi&ccedil;&atilde;o das <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119728-oksana-chusovitina-a-ginasta-que-se-aposentou-apos-8-olimpiadas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">olimp&iacute;adas</a> para pessoas com defici&ecirc;ncia (PCD) ser voltada apenas para aquelas que tinham algum tipo de paralisia.
Entretanto, daquele tempo para c&aacute; muito mudou. At&eacute; mesmo na l&iacute;ngua inglesa, levantou-se a hip&oacute;tese de substituir o paralympics&nbsp;por paraolympics, fazendo o prefixo "para"&nbsp;assumir o mesmo papel que tem em palavras como paramilitar, paradid&aacute;tico e param&eacute;dico, com significado de "semelhante" ou "paralelo".&nbsp;
Por conta disso, a maioria dos linguistas considera o termo "paraolimp&iacute;adas" como o correto para se referir ao evento, uma vez que atletas com diversos outros tipos de defici&ecirc;ncia tamb&eacute;m foram inclu&iacute;dos nas edi&ccedil;&otilde;es. O problema, por&eacute;m, &eacute; que os organizadores n&atilde;o t&ecirc;m a mesma vis&atilde;o.
<h2>Nome oficial</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/25/25154005708319.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
H&aacute; algum tempo, o Comit&ecirc; Paral&iacute;mpico Internacional (CPI) pede para que todos os comit&ecirc;s nacionais utilizem a palavra "paralimp&iacute;ada" e derivados para se referir aos jogos. Por isso, tem-se tornado mais comum ler "<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119728-oksana-chusovitina-a-ginasta-que-se-aposentou-apos-8-olimpiadas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">jogos paral&iacute;mpicos</a>" e "atletas paralimp&iacute;cos" na imprensa, desde 2016.
Essa recomenda&ccedil;&atilde;o inclusive contraria a tend&ecirc;ncia dentro da <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/118034-10-exemplos-de-como-a-lingua-portuguesa-pode-ser-confusa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">l&iacute;ngua portuguesa</a> de mudar a grafia de uma palavra conforme ela for se tornando mais popular entre as pessoas, uma vez que "paraolimp&iacute;ada" era muito mais utilizada pelos brasileiros. Isso foi inclusive motivo de pol&ecirc;mica entre estudiosos, que acusaram o Brasil de ter abandonado a autonomia de seu idioma para seguir regras internacionais.
Sendo assim, "paralimp&iacute;ada" &eacute; o correto de acordo com as normas do CPI, mas "paraolimp&iacute;adas" &eacute; o que mais traduz o significado certeiro do que a competi&ccedil;&atilde;o significa hoje, segundo a l&iacute;ngua portuguesa.&nbsp;

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Paraolimpíada ou Paralimpíada, qual é o jeito certo de escrever?

Imagem de 6 curiosidades sobre Monteiro Lobato que você precisa saber no megacurioso

Conheça um pouco mais o polêmico autor Monteiro Lobato, o criador do Sítio do Picapau Amarelo

O pr&eacute;-modernista Monteiro Lobato (1882-1948) foi uma das maiores refer&ecirc;ncias liter&aacute;rias na hist&oacute;ria brasileira. O seu regionalismo nato e a an&aacute;lise da realidade do pa&iacute;s conquistaram p&uacute;blicos de todas as idades. Por&eacute;m, apesar do talento para a escrita e de ter criado O S&iacute;tio do Picapau Amarelo, um dos maiores universos <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119550-5-livros-infantis-para-ensinar-sobre-o-racismo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">infantojuvenis</a> nacionais de todos os tempos, o autor teve uma vida recheada de pol&ecirc;micas e fatos controversos, como esc&acirc;ndalos raciais e uma personalidade defensora de ideias retr&oacute;gradas.
Confira abaixo alguns fatos curiosos sobre Monteiro Lobato que voc&ecirc; precisa saber.
<h2>1. Dia do Livro Monteiro Lobato</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19071408240000.jpg" alt="(Fonte: Liveworksheets / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Liveworksheets / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O Dia Nacional do Livro Infantil, importante data que celebra a literatura para crian&ccedil;as, &eacute; comemorado no anivers&aacute;rio de nascimento de Monteiro Lobato. Assim, 18 de abril &mdash; tamb&eacute;m conhecido como Dia de Monteiro Lobato &mdash; &eacute; apenas uma das grandes homenagens j&aacute; feitas ao autor, como a Vila Buquira, em S&atilde;o Paulo, e a fazenda de seu av&ocirc;, al&eacute;m de escolas, bibliotecas e ruas que receberam o nome do escritor imortal.
<h2>2. Carreira e biografia de Monteiro Lobato</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19071900881001.jpg" alt="(Fonte: Estad&atilde;o / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Estad&atilde;o / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Antes de se dedicar exclusivamente &agrave; carreira de escritor, Monteiro Lobato se formou em Direito, mas optou por n&atilde;o seguir trabalhando na &aacute;rea mesmo sendo considerado um aluno brilhante. Al&eacute;m disso, ele foi editor, tradutor, empres&aacute;rio e jornalista, com v&aacute;rias mat&eacute;rias e editoriais publicados&nbsp; em O Estado de S. Paulo, como tamb&eacute;m tentou desenvolver habilidades na pintura, mas n&atilde;o deu sequ&ecirc;ncia ap&oacute;s confundir uma caixa de aquarelas com tinta-&oacute;leo.&nbsp;
<h2>3. Principais obras&nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19074504522005.jpg" alt="(Fonte: Prefeitura de S&atilde;o Paulo / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Prefeitura de S&atilde;o Paulo / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ao longo de sua vida como escritor, Monteiro Lobato escreveu livros in&eacute;ditos e realizou importantes tradu&ccedil;&otilde;es, al&eacute;m de artigos, cr&iacute;ticas, cr&ocirc;nicas, pref&aacute;cios, cartas e livros sobre o ferro e o petr&oacute;leo. Por&eacute;m, foi no conto infantil que o autor obteve mais sucesso, especialmente com o surgimento dos personagens do S&iacute;tio do Picapau Amarelo, que resultou em uma colet&acirc;nea de 24 livros, e com o popular Jeca Tatu, que posteriormente tornou-se s&iacute;mbolo da conscientiza&ccedil;&atilde;o do saneamento b&aacute;sico brasileiro.
Confira abaixo algumas de suas principais obras.
<h3>Urup&ecirc;s</h3>
Urup&ecirc;s &eacute; uma antologia formada por 14 contos que narra diferentes situa&ccedil;&otilde;es na vida de um caboclo, desde seu cotidiano e h&aacute;bitos at&eacute; cren&ccedil;as, forma&ccedil;&atilde;o e tradi&ccedil;&otilde;es. Quase todos se passam em Itaoca, S&atilde;o Paulo, e s&atilde;o dotados de elementos tragic&ocirc;micos, navegando entre a fina ironia at&eacute; a abordagem de situa&ccedil;&otilde;es delicadas.
<h3>Negrinha</h3>
Escrita em v&aacute;rias etapas da vida do autor, a antologia&nbsp;&nbsp;Negrinha &eacute; constitu&iacute;da por 22 contos fict&iacute;cios, em uma s&eacute;rie de narrativas emotivas que conversam com a linguagem. A obra se destaca por apresentar personagens mais mundanos e centrados no ambiente urbano, enquanto denuncia os bastidores da sociedade patriarcal com temas como preconceito, racismo e debates abolicionistas.
<h3>F&aacute;bulas de Monteiro Lobato</h3>
Al&eacute;m dos contos, artigos e romances infanto-juvenis, as f&aacute;bulas fizeram parte do rico acervo de Monteiro Lobato e o consagraram como um dos maiores escritores do g&ecirc;nero de todos os tempos, trazendo hist&oacute;rias curtas com li&ccedil;&otilde;es de moral valiosas. Conhe&ccedil;a abaixo algumas das principais f&aacute;bulas escritas pelo autor.
<ul>
<li style="font-style: italic;">A Corrida de Sapinhos</li>
<li style="font-style: italic;">O Macaco e O Gato</li>
<li style="font-style: italic;">A Gar&ccedil;a Velha</li>
<li style="font-style: italic;">O Julgamento da Ovelha</li>
<li style="font-style: italic;">A On&ccedil;a Doente</li>
<li style="font-style: italic;">Pau de Dois Bicos</li>
<li style="font-style: italic;">O Ratinho, O Galo e O Gato</li>
<li style="font-style: italic;">A Assembleia dos Ratos</li>
<li style="font-style: italic;">O Pastor e O Le&atilde;o</li>
<li style="font-style: italic;">A Coruja e A &Aacute;guia</li>
<li style="font-style: italic;">O Touro e as R&atilde;s</li>
<li style="font-style: italic;">O Le&atilde;o e O Ratinho</li>
<li style="font-style: italic;">O Lobo Velho</li>
<li style="font-style: italic;">As Duas Cachorrinhas</li>
</ul>
<h2>4. Paix&atilde;o pelos valores norte-americanos</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Folha de S&atilde;o Paulo&nbsp;" data-fonte-url="https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/07/a-frustrada-tentativa-de-monteiro-lobato-em-ganhar-mercado-nos-eua-com-livro-considerado-racista.shtml"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19072425819002.jpeg" alt="(Fonte: Folha de S&atilde;o Paulo / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Folha de S&atilde;o Paulo / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Mesmo sendo nacionalista e se encaixando de forma ideal na cultura regionalista brasileira, Monteiro Lobato esbo&ccedil;ava uma paix&atilde;o pelos valores norte-americanos e se alegrava com as conquistas do gigante da Am&eacute;rica do Norte. Mesmo passando um per&iacute;odo relativamente curto no Tio Sam (entre 1926 e 1930), o escritor atuou na Uni&atilde;o Cultural Brasil-Estados Unidos, mas acabou desistindo do projeto quando julgou os EUA como na&ccedil;&atilde;o opressora.
<h2>5. "O Esc&acirc;ndalo do Petr&oacute;leo", de 1936</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19073032256003.jpg" alt="(Fonte: Unicamp / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Unicamp / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Censurada pelo governo de Get&uacute;lio Vargas, a obra O Esc&acirc;ndalo do Petr&oacute;leo, lan&ccedil;ada em 1936, sofreu grande influ&ecirc;ncia da ind&uacute;stria petrol&iacute;fera e da participa&ccedil;&atilde;o de Monteiro Lobato como um dos fundadores da Companhia Petr&oacute;leos do Brasil. O registro da empresa ocorreu logo depois do escritor retornar dos Estados Unidos, quando passou a apoiar a extra&ccedil;&atilde;o do produto em terras nacionais e, posteriormente, a integrar tr&ecirc;s corpora&ccedil;&otilde;es diferentes de prospec&ccedil;&atilde;o de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118155-exxon-valdez-um-dos-maiores-derramamentos-de-petroleo-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">petr&oacute;leo</a>.
<h2>6. Monteiro Lobato racista?</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/19/19073710460004.jpg" alt="(Fonte: O Globo / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: O Globo / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Segundo um estudo publicado em 2013 pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Monteiro Lobato era membro da Sociedade Eug&ecirc;nica de S&atilde;o Paulo e amigo pr&oacute;ximo dos m&eacute;dicos Renato Kehl e Arthur Neiva, principais respons&aacute;veis por divulgar, no Brasil, ideais de seletividade social baseado em caracter&iacute;sticas gen&eacute;ticas. Al&eacute;m disso, o autor defendia a cria&ccedil;&atilde;o de uma Ku Klux Klan tupiniquim ao comentar que "um dia se far&aacute; justi&ccedil;a ao <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/117792-roupa-de-ze-gotinha-vira-meme-ao-ser-comparada-com-ku-klux-klan.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ku Klux Klan</a>; tiv&eacute;ssemos a&iacute; uma defesa dessa ordem, que mant&eacute;m o negro em seu lugar, e estar&iacute;amos hoje livres da peste da imprensa carioca".

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6 curiosidades sobre Monteiro Lobato que você precisa saber

Imagem de Talibã ou Taleban: entenda as variações e se há uma forma correta no megacurioso

Muitos termos estrangeiros têm versões diferentes, mas nem sempre as alterações são corretas

<head></head><body>Nos últimos dias o mundo todo está prestando atenção nos <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119658-6-fatos-para-entender-retorno-do-taliba-ao-poder-no-afeganistao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">acontecimentos no Afeganistão</a>. Afinal, após 20 anos longe do poder, o Talibã retomou o governo do país. Mas deixando o conflito de lado, outra coisa que tem gerado confusão na cabeça de muitas pessoas é sobre a forma correta de se escrever o nome do grupo radical. Afinal, dependendo do caso é posssível encontrar talibã, taleban ou taliban, por exemplo.<h2>Por dentro do assunto</h2>O aportuguesamento da palavra aconteceu tanto aqui quanto do outro lado do Atlântico, em países que falam o português.Aliás, essas variações ocorrem com quase todas as palavras que são provenientes de línguas que não usam o alfabeto romano, também conhecido como latino, que é esse do teclado de nossos computadores.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/08/17/17153648272338.png" alt="(Fonte: Pixabay/ Reprodução)">(Fonte: Pixabay/ Reprodução)O que temos aqui é uma transliteração. Ou seja, no lugar de buscarmos uma palavra que <a href="https://www.megacurioso.com.br/cultura/43274-mais-19-palavras-de-outros-idiomas-que-nao-possuem-traducoes-literais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tenha o mesmo sentido (traduzir)</a>, adaptamos o termo para que seu som na língua original seja reproduzido por meio de nosso alfabeto (transliterar). Por exemplo, Kabul e Cabul, ou Kyoto e Quioto.Dito isso, não existe uma forma correta para se escrever o nome do grupo radical afegão em português. O que acontece é que cada veículo escolhe usar a forma que mais pareça ser útil ao seu estilo.No entanto, vale fazer uma observação: na língua portuguesa, não são muitas as palavras que usam a consoante N no final, a exemplo de hímen e abdômen.Por isso, é muito mais comum vermos talibã, quando o objetivo é falar do grupo, e talibãs para se referir aos seus integrantes. Contudo, taleban/taliban e talebans/talibans, tem ganhado espaço na comunicação brasileira nos últimos tempos.<h2>Atenção!</h2>A transliteração, que basicamente é <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118482-16-palavras-da-lingua-tupi-que-usamos-em-nosso-cotidiano.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">trocar as letras utilizadas</a> na escrita de uma palavra no seu alfabeto original, pelas letras correspondentes num outro alfabeto, a exemplo da feita com a palavra taleb de onde vem o termo talibã e os demais, não pode ser usada em todos os casos.No livro A imprensa e o caos na ortografia, do jornalista Marcos Castro, o professor Mansour Chalita cita o exemplo de Corão, usado por muitos veículos de comunicação de forma inadequada. Isso porque tem a ver com a etimologia da palavra. Ou seja, retirar o al de alcorão seria como pronunciar outras palavras de origem árabe sem o al, como (al)cool, (al)fândega, (al)goz ou (al)gebra.</body>

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