
Ciência
13/10/2014 às 12:20•3 min de leitura
Nas últimas semanas, um dos temas mais comentados tem sido a epidemia provocada pelo ebola na África e a possibilidade de que ela se alastre pelo planeta. Por sorte já sabemos um bocado de coisas sobre o vírus: ele é transmitido através do contato direto com o sangue e outros fluidos corporais — como a urina, lágrimas, sêmen, saliva, suor e fezes —, que o período de incubação é de 2 a 21 dias e que a taxa de mortalidade pode chegar a 90%.
Também sabemos que alguns de seus sintomas são parecidos com os da gripe — como febre, dor de cabeça, fraqueza, calafrios e dor de garganta — e que ainda não existe um medicamento específico para tratar a doença. Mas, apesar de tantas informações sobre o ebola, existem algumas coisas sobre ele que nem todo mundo conhece. O pessoal do site mental_floss reuniu uma série delas em um artigo, e nós aqui do Mega Curioso selecionamos 5 para você conferir:
Como você deve se lembrar das aulas de biologia, existem alguns critérios para que algo seja considerado um organismo vivo — como ter capacidade de se alimentar e de se reproduzir sozinho, por exemplo —, e os vírus não cumprem com esses requisitos. Sendo assim, o ebola, embora seja capaz de se reproduzir de maneira agressiva no corpo do hospedeiro, precisa invadir suas células para fazer isso e sobreviver.
Além disso, outro critério que define um organismo vivo é a capacidade de metabolizar sua própria energia, algo que o ebola também não consegue fazer por si só. Tudo isso o torna uma espécie de zumbi, um agente que não está nem vivo nem morto, mas que conta com um genoma, uma incrível habilidade de replicação e péssimas intenções.
Os cientistas estão descobrindo novas características sobre como o ebola se comporta após “invadir” o organismo do hospedeiro, e uma analogia interessante é imaginar o curso da infecção como uma operação militar. Um dos principais fatores de sua eficácia está na forma — furtiva — como o vírus mobiliza o sistema imunológico da vítima, como se tratasse de uma força aérea que neutraliza a defesa antiaérea do oponente antes de iniciar o bombardeio.
Segundo explicaram, o ebola interfere na ação do interferon, uma proteína produzida pelo sistema imunológico como resposta à infecção por patógenos como bactérias e vírus. O interferon age sobre receptores presentes na superfície das células infectadas, comandando diferentes vias de sinalização que ativam diversas proteínas antivirais que impedem que os patógenos se repliquem.
Em outras palavras, o ebola obstrui a atividade da substância responsável por “avisar” às células que é necessário defender o organismo. E, sem essa comunicação, as coitadas não conseguem se defender ou pedir ajuda. Então, o ebola invade as células e as usa para produzir mais vírus que, por sua vez, invadem outras células e continuam o ataque. Depois disso, na próxima etapa, o hospedeiro começa a sofrer hemorragias.
Os seres humanos não são os hospedeiros naturais do ebola, mas sim — conforme acreditam os epidemiologistas — os morcegos-da-fruta, que podem transmitir o vírus a outros mamíferos, como primatas, pequenos roedores e até outros morcegos. Ninguém sabe ao certo como é que pessoas se tornaram infectadas pelo ebola, e uma das hipóteses mais aceitas é a de que macacos tenham sido a “ponte”.
É bastante comum que a carne de primatas — assim como a dos próprios morcegos — seja consumida na África, e tudo indica que caçadores tenham se infectado pelo ebola depois de caçar animais portadores da doença, transmitindo o vírus para familiares e outros doentes em hospitais pouco preparados.
Existem cinco espécies conhecidas do ebola — Sudão, Taï Floresta (na Costa do Marfim), Bundibugyo, Zaire e Reston — e, como você deve ter percebido, todas foram nomeadas de acordo com as localidades nas quais foram identificadas. Pois a variedade “Reston” se chama assim graças a uma cidade de mesmo nome localizada na Virginia, nos EUA.
O Reston ebolavirus foi descoberto em macacos oriundos das Filipinas que foram importados por um laboratório dos EUA em 1989. Esse incidente foi seguido por outros dois casos — um no Texas e o outro na Filadélfia —, mas, por sorte, nenhum ser humano foi contaminado na época, diferente das transmissões que estão ocorrendo fora da África desta vez.
Todo mundo sabe que ainda não existe um tratamento ou medicamento específico para tratar os doentes — apenas drogas e terapias experimentais. Para deter uma epidemia, os profissionais de saúde devem trabalhar como verdadeiros detetives para rastrear todas as pessoas que entraram em contato com os doentes. E isso pode resultar em uma verdadeira caçada.
Assim, depois de isolar e conversar com a vítima, o próximo passo consiste em encontrar todas as pessoas que tenham tido contato com esse indivíduo e colocar todo mundo em isolamento por 21 dias. Após esse período, quem não exibir qualquer sintoma é liberado. Contudo, se alguém tiver o diagnóstico confirmado, então a caçada se repete e, se os profissionais de saúde não encontrarem todos os infectados, a epidemia continua.