Saúde/bem-estar
08/01/2016 às 11:46•2 min de leitura
Nesta semana alguns veículos noticiaram que um avião retornou ao seu destino de origem na Coreia do Sul, após a tripulação descobrir que a aeronave estava com parte da porta aberta em pleno voo. Mesmo sem riscos evidenciados nessa situação, os passageiros alegaram estar sentindo dores de cabeça e de ouvido ao desembarcarem.
Esses sintomas podem ter sido causados em função da despressurização — grande risco caso aconteça a abertura de uma fresta inesperada em qualquer parte da cabine, incluindo, eventualmente, a porta. Porém, nesse caso, aconteceria a chamada descompressão súbita.
As máscaras de oxigênio servem para evitar que os passageiros sofram com a despressurização e permitam o piloto levar o avião a uma altitude segura
Essa descompressão repentina poderia resultar em um cenário como o que estamos acostumados a ver no cinema, quando um acidente rompe parte da aeronave. O caos estaria instaurado, na medida em que as pessoas próximas à porta seriam ejetadas pelo ar, a temperatura da cabine despencaria rapidamente a níveis de indução de congelamento e o avião poderia até começar a se quebrar.
Segundo o site Telegraph, há inúmeros casos reais de rachaduras e fissuras nas aeronaves, como o de um Boeing 737 da Aloha Airlines, ocorrido em 1988, quando apenas uma das 90 pessoas a bordo teve um final fatal. Quando estava a 24 mil pés (7,3 mil metros) de altitude, o teto da aeronave sofreu uma ruptura e a aeromoça Clarabelle Lansing, de 57 anos, foi jogada para fora do avião. Como estavam usando o cinto de segurança, todos os outros passageiros aterrissaram em segurança 13 minutos depois do acidente.
O Boeing 737 que levava o voo da Aloha Airlines no solo, após o acidente que vitimou a aeromoça Clarabelle Lansing
Portanto, isso também aconteceria se alguém realmente conseguisse abrir a porta de um avião em pleno voo, o que, na prática, é quase impossível de acontecer atualmente. Veja por que a seguir.
A pressão no interior da aeronave exerce uma força tão grande sobre a porta que é humanamente impossível conseguir abri-la durante o voo. Segundo o piloto Patrick Smith, autor de “Cockpit Confidential” (Confissões do Cockpit, em tradução livre), todas as peças que fecham a entrada dos aviões, antes de se abrirem totalmente, precisam de um movimento para dentro, e a força contrária exercida pela pressão interior impede que a abertura aconteça.
Aí você pode estar se perguntando: e se a altitude for menor, é possível? Smith explica que, ainda que a altitude fosse muito reduzida, a força exercida pela pressão da cabine seria muito maior do que uma pessoa é capaz de deslocar. Além disso, Smith lembra, há uma série de travas elétricas e mecânicas que precisariam de um macaco hidráulico para serem abertas. No entanto, houve um caso em que um passageiro conseguiu abrir a porta.
Em 1971, um Boeing 727 foi sequestrado por Dan Cooper, que exigiu um resgate de US$ 200 mil e, com um paraquedas, pulou da porta traseira da aeronave em pleno ar. Para conseguir tal feito, o sequestrador fez o piloto despressurizar a cabine antes de partir. O homem nunca mais foi visto, mas o seu plano deu origem às chamadas “palhetas Cooper”, lançadas um ano após o crime. Elas fazem com que as portas de um avião fiquem totalmente desativadas enquanto os trens de pouso estiverem recolhidos.
Retrato falado de Dan Cooper
Portanto, atualmente não é mais possível abrir a porta durante um voo de altitude normal. Com relação aos aviões militares e os que transportam paraquedistas, não há pressão no interior da cabine, permitindo que a porta seja aberta para qualquer operação.