Ciência
13/03/2018 às 12:01•2 min de leitura
Embora já façam parte de costumes dos seres humanos há cerca de 5 mil anos, as tatuagens ainda nos surpreendem. E não estamos falando só da parte artística, desenvolvida dia após dia pelos profissionais ao redor do mundo e que, não raras vezes, nos deixa boquiabertos.
Desta vez, a novidade veio de um grupo de cientistas da Aix-Marseille Université, da França, que publicaram um estudo bastante interessante. O objetivo? Investigar a dinâmica dos macrófagos em relação à tinta aplicada nos desenhos, a fim de compreender tanto a permanência dela sob a nossa pele quanto os meios de remoção.
Se você não sabe bem ou não se lembra, macrófagos são células do nosso sistema imunológico cuja função é digerir toda e qualquer substância estranha que encontram no corpo. E adivinha só: a tinta entra nessa lista também.
Quando você escolhe aquele desenho bacana e se submete ao processo, a tinta é colocada sob a pele pelas agulhas, e cientistas já sabem há algum tempo que ela não se mantém lá pela saturação das células da pele. Quem trabalha nesse caso são os macrófagos, que absorvem a tinta para proteger o corpo desse agente considerado agressor.
Com esse novo estudo, os pesquisadores franceses conseguiram responder à questão seguinte: como os macrófagos ficam tanto tempo ali? Na verdade, eles não ficam para sempre, pois morrem após determinado período e são substituídos assim que isso acontece.
Esse processo explicaria também o motivo de os desenhos desbotarem com o tempo. Segundo a pesquisa, a luz do Sol até pode ter influência, mas a causa real é que, nesse processo de troca de macrófagos, pequenas quantidades de tinta se perdem, sendo absorvidas pelo corpo.
Primeiro, pigmentos absorvidos por macrófagos; na imagem do meio, macrófagos mortos pelos cientistas, liberando o pigmento; por fim, o pigmento reabsorvido por novos macrófagos.
Com esses resultados, o desenvolvimento de novas soluções para a remoção de tatuagens se tornou mais fácil. Atualmente, o método utilizado envolve laser, que explode os macrófagos em pedaços menores para que o corpo absorva a tinta. São necessárias várias sessões e, em alguns casos, o desenho só desbota, pois provavelmente novos macrófagos aparecem e absorvem a tinta liberada.
Os pesquisadores argumentam que uma possibilidade é criar um antibiótico local que consiga inibir os novos macrófagos, fazendo com que o corpo absorva o pigmento de forma mais eficaz e tornando mais rápida a remoção da tatuagem.
Todos os estudos foram feitos em ratos, então uma nova solução prática para remoção provavelmente ainda leve algum tempo. De qualquer forma, trata-se de uma boa notícia para os arrependidos.