Artes/cultura
11/04/2021 às 12:00•2 min de leitura
É inegável a relação peculiar que as pessoas que viveram no período da Era Vitoriana, entre 1837 e 1901, na Inglaterra, tiveram com a morte. Muito diferente da modernidade, os vitorianos não temiam tanto a morte, visto que não podiam depender da medicina da época que não conseguia ser mais ágil para tratar os ferimentos, infecções e doenças que acometiam o corpo humano de maneira muito rápida.
Eles tiveram apenas que aprender a lidar com os jovens morrendo cada vez mais cedo, portanto criaram rituais de luto, como as fotografias pós-mortem, para que pudessem dar um pouco mais de sentido à efemeridade da vida de seus entes queridos.
(Fonte: Wikipedia/Reprodução)
No final do século XIX, tornou-se parte do ritual de superação da dor as famílias encomendaram as intituladas “bonecas de luto” para colocarem sobre o túmulo de uma criança. Apesar de possuírem outros recursos para manterem a lembrança de seus filhos que partiram, as bonecas se tornaram uma maneira de representar fisicamente a criança falecida.
Naquela época, era absolutamente comum que as famílias criassem efígies (representação de uma pessoa em algo) de cera e em tamanho real da criança, que era medida depois de morta, pois a maioria dos óbitos acontecia em casa. A boneca era vestida com réplicas das roupas com as quais o cadáver do bebê foi enterrado, ou com outras que o pertencessem. Era também adicionado o próprio cabelo da criança na cabeça da boneca, a fim de torná-la o mais realista o possível.
(Fonte: Burials & Beyond/Reprodução)
Os “fazedores de bonecas” tentavam até replicar os cheiros dos corpos em vida usando fórmulas químicas e perfumes. Os corpos das bonecas eram confeccionados em pano e recheados com areia para que traduzissem a sensação de peso natural. Todas elas eram feitas de olhos fechados, de modo que imitassem um sono tranquilo, e tinham a parte traseira da cabeça achatada para que pudessem ficar bem acomodadas nos berços, travesseiros ou sobre os túmulos.
Em alguns casos, os efígies eram emoldurados, principalmente os de crianças mais velhas, sendo usado apenas o busto para que coubessem em uma espécie de porta-retratos. Também se tornou comum os pais cuidarem da boneca como se ela tivesse vida, e foi a partir desse comportamento que os bebês reborn nasceram, ainda no período vitoriano. Esse tipo de boneca servia unicamente para confortar famílias que perderam seus próprios bebês e queriam ter a oportunidade de poder cuidar de um como se estivesse vivo.
(Fonte: Stefanie Vega/Reprodução)
No início da década de 1990, fabricantes de bonecas adotaram esse conceito do século XIX e criaram as bonecas reborn que, com o passar dos anos, foram se tornando cada vez mais realistas. Atualmente, elas são usadas tanto por crianças quanto por adultos, sejam esses em situação de luto ou não.