Ciência
10/04/2023 às 08:39•2 min de leitura
As ruas da cidade de Goiás (GO) são tomadas por pessoas encapuzadas durante a Semana Santa, usando túnicas e com tochas nas mãos, para uma tradicional cerimônia católica que muitas vezes é confundida com reuniões da organização supremacista americana Ku Klux Klan (KKK), devido às roupas dos participantes.
Trata-se da Procissão do Fogaréu, que ocorre desde 1745 na madrugada da quinta-feira santa na antiga capital de Goiás e é acompanhada por milhares de pessoas. Ela só deixou de acontecer em 2020 e 2021, por conta da pandemia do novo coronavírus.
Esta encenação, realizada pela primeira vez em meados do século XVIII, conta com a participação de 40 farricocos, vestidos a caráter, que representam os soldados romanos. Eles seguem descalços pelas ruas de pedra, acompanhados pela multidão, até a escadaria da Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
(Fonte: Agência Brasil/Reprodução)
A Procissão do Fogaréu encena os eventos que resultaram na perseguição e na prisão de Jesus Cristo, antecedendo a sua crucificação. Ela é uma das maiores tradições da Semana Santa em todo o Brasil e também costuma ser realizada em outras cidades.
A cerimônia católica não tem nenhuma relação com o movimento que defende a supremacia branca surgido nos Estados Unidos, no século XIX. A KKK é conhecida por promover atos terroristas contra pessoas negras e simpatizantes dos direitos dos negros.
O que pode levar as pessoas a confundi-las é a vestimenta parecida, uma túnica comprida acompanhada de um longo capuz pontiagudo, consistindo em um traje de origem medieval que era usado por penitentes para esconder a sua identidade.
Membros da KKK. (Fonte: Wikimedia Commons)
Embora haja uma clara diferença entre Procissão do Fogaréu e KKK, inclusive nas roupas (a encenação católica possui cores variadas para não ser associada aos grupos intolerantes), manifestantes usaram a farda dos farricocos na cidade de Goiás para fazer apologia à tortura no sábado (1º).
A manifestação foi repudiada por entidades como a Associação Cultural Pilão de Prata da cidade de Goiás e a Organização Vilaboense de Artes e Tradições (OVAT), que condenaram o uso das roupas no ato e pediram ao Ministério Público e à Polícia Civil para investigar o caso.