Artes/cultura
31/05/2021 às 04:00•2 min de leitura
Um dos acontecimentos marcantes da Primeira Guerra Mundial foi o batalhão dos Estados Unidos liderado pelo major Charles W. Whittlesey, que ganhou o nome de Batalhão Perdido devido às 9 companhias da 77ª Divisão, com cerca de 550 homens, que foram isoladas pelas forças alemãs na Floresta Argonne, na França, em 3 de outubro de 1918. Aproximadamente 197 deles foram mortos em combate em 6 dias, sendo que mais de 150 desapareceram antes que eles pudessem ser resgatados.
Por incrível que pareça, quem salvou o batalhão da dizimação foi Cher Ami, um dos quase 600 pombos-correio treinados pelo US Army Signal Corps durante a Primeira Guerra Mundial. Os animais se tornaram imprescindíveis para comunicação durante a guerra, visto que os rádios eram grandes e repleto de fios.
Os pombos podem voar a cerca de 80 km/h e, apesar de o risco de ter a mensagem interceptada pelo inimigo, eles eram eficientes. Foi por isso que os alemães treinaram para localizar e matá-los com suas metralhadoras MG 08, que disparavam mais de 500 tiros por minuto.
(Fonte: Military/Reprodução)
Em 4 de outubro daquele ano, enquanto o Batalhão Perdido estava preso em um fogo cruzado atrás das linhas alemãs nas encostas de uma colina, sem reforços e suprimentos, e muito além do alcance do rádio, a única maneira que Whittlesey encontrou de se comunicar com as próprias linhas era através de um pombo-correio.
Cher Ami foi o último pombo-correio vivo do batalhão, visto que os alemães haviam destroçados todos os outros com sua artilharia antes mesmos de eles pensarem em usá-los para alguma coisa. O major prendeu um bilhete na pata do pássaro que dizia: “Estamos na estrada paralela à 276.4. Nossa própria artilharia está atirando diretamente sobre nós. Pelo amor de Deus, parem com isso!”.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
O pombo-correio voou direto através do fogo alemão, desviando de todas as centenas de balas que choviam sobre ele enquanto avançava. No entanto, Cher Ami foi atingido no peito, ainda às vistas dos americanos, e desabou no solo. Contrariando todas as probabilidades, o pombo se levantou e voou novamente, apesar dos ferimentos. Ele atravessou mais de 40 quilômetros durante 30 minutos, chegando à base americana em estado grave.
Os médicos conseguiram salvar a vida de Cher Ami, que havia ficado cego de um olho e tinha uma das pernas presa ao corpo por um fio. Mas a mensagem ainda estava atada nele, e foi por causa dela que eles pararam de atirar e assumiram novas coordenadas. Em 8 de outubro, os 194 soldados sobreviventes do Batalhão Perdido conseguiram voltar às linhas americanas graças ao sacrifício de Cher Ami.
O pássaro foi premiado com a Croix de Guerre, uma das maiores honrarias militares da França por sua bravura em campo, e seu cadáver foi preservado após a sua morte.