'Guerra dos Loucos': o confronto étnico esquecido no tempo

01/06/2021 às 06:002 min de leitura

Os povos hmong nasceram nas regiões montanhosas do sul da China, especificamente em Guizhou, e no norte do Vietnã e em Laos, referindo-se a si mesmo como “povo da montanha”, detentores de um idioma próprio da família hmong-mien.

Em 1900, no sudeste da Ásia, eles pertenciam a um dos territórios colonizados pelos franceses, e começaram a sofrer com o poder do país que impunha diversos tipos de impostos às tribos que habitavam a região da Indochina.

Em consequência a isso, o líder Vue Pa Chay deu início a uma revolta contra as altas taxações dos franceses e o abuso de poder pelos coletores de impostos, que ficou conhecida como "Guerra dos Loucos" pelo lado dos franceses, principalmente porque Pa Chay subia em árvores para receber ordens militares do céu.

A revolta

(Fonte: Cambridge University Press/Reprodução)(Fonte: Cambridge University Press/Reprodução)

O povo hmong foi dividido em facções que eram pró-franceses e anti-franceses antes de a rebelião ter início. Todas as armas foram forjadas de pederneira e fabricadas pelos próprios hmong. A pólvora foi outro elemento diferente do que era usado tradicionalmente no oeste, pois possuía pétala de sal, carvão e guano, que eram usados de forma semelhante à pólvora negra ocidental, mas com aparas de árvore para aumentar a explosividade.

O maior trunfo do grupo étnico era que os franceses não sabiam como lutar em território selvagem, ainda mais quando o exército dos hmong ficava totalmente invisível. Os franceses ficaram assustados com as armas do povo inimigo, especialmente um canhão feito com o tronco de uma árvore e embalado com pedaços de metal e uma grande quantidade de pólvora. Estima-se que a arma pesava aproximadamente 90 quilos e era carregada por apenas uma pessoa. Muitos soldados franceses morreram com seu poder de fogo enquanto subiam a montanha.

(Fonte: Hmong Catholique/Reprodução)(Fonte: Hmong Catholique/Reprodução)

Foi por isso também que os hmongs ganharam batalhas na maior parte da rebelião. Para tentar aumentar seu poder de combate, a França recorreu ao uso de 50% dos vietnamitas nativos, soldados de Laos e Tai, uma vez que estavam envolvidos na Primeira Guerra Mundial. Isso foi uma tentativa desesperada de recuperar as perdas, visto que o país estava sendo envergonhado pelos rumores de que o exército de Pa Chay era protegido por magia – e ninguém admitiria perder para aquele tipo de bobagem.

O boato surgiu pelo fato de que os combatentes franceses não encontravam nenhum soldado hmong morto pelo caminho, por mais que soubessem que haviam atingido vários deles. Na verdade, não passava de uma técnica de guerrilha de Pa Chay de não deixar nenhum cadáver para trás e cobrir os rastros de sangue para dar a ilusão de que o exército era invencível.

No entanto, com o fim da Primeira Guerra Mundial, a perspicácia hmong não foi párea para o poder de fogo dos reforços franceses que chegaram. A "rebelião dos loucos" abrangeu cerca de 40 mil quilômetros da Indochina e, por mais importante que tenha sido, é considerada um acontecimento perdido na longa linha do tempo da História.

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