Mistérios
26/08/2021 às 10:17•2 min de leitura
Poucas capas de álbuns na história da música são tão marcantes quando a de Nervermind (1991), do Nirvana. A tradicional foto do bebê pelado em uma piscina indo atrás da nota de um dólar pendurada em um anzol estampou o disco que lançou Kurt Cobain e companhia para o estrelato e completará 30 anos em 2021.
O problema, entretanto, é que nem todo mundo se sente satisfeito com o enredo dessa história. Agora com 30 anos de idade, Spencer Elden — o bebê da foto — está processando a banda por pornografia infantil e também alega que seus pais nunca assinaram qualquer documento autorizando o uso da imagem na capa do CD.
(Fonte: Wikimedia Commons)
De acordo com o documento registrado no Tribunal Federal da Califórnia nesta terça-feira (24) e obtido pela CNN, os advogados de Elden disseram que a imagem pode se enquadrar nos parâmetros de pornografia infantil e ressaltaram que o rapaz sofreu "danos irreparáveis ao longo da vida" por decorrência de seu envolvimento no álbum.
Como Kurt Cobain faleceu em 1994, a lista de pessoas indicadas como réus inclui os herdeiros do vocalista, os membros sobreviventes da banda, o fotógrafo e diversas gravadoras que participaram do processo de criação do disco. Atualmente, Elden está cobrando US$ 150 mil por danos morais de cada um dos indiciados, além dos custos judiciais — totalizando um valor de US$ 2 milhões.
A acusação também ressalta que a imagem do dólar incluída na fotografia original fez parecer como se o bebê fosse um "trabalhador do sexo". Spencer já recriou a imagem algumas vezes ao longo de sua vida adulta, mas também já havia sugerido durante entrevistas que se sentia desconfortável com a popularidade do disco.
(Fonte: John Chapple)
Em entrevista para a Time Magazine no passado, Elden disse que era muito estranho se sentir famoso por não ter feito nada. "Eu só acordei um dia já fazendo parte desse projeto enorme", destacou. Na época do lançamento de Nevermind, Spencer alega que seu pai teria recebido apenas US$ 200 dólares do fotógrafo Kirk Weddle, que era um amigo próximo da família, para que autorizasse o uso da foto na capa do álbum.
"Nós estávamos fazendo uma festa na piscina e ninguém entendeu nada do que estava acontecendo", destacou. Ele também afirma que a participação no disco lhe rendeu "sofrimento emocional extremo e permanente", bem como "interferência em seu desenvolvimento normal e progresso educacional" e "tratamento médico e psicológico".
Os representantes do Nirvana e as gravadoras envolvidas no processo ainda não responderam às reivindicações.